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Ação Civil Pública por atos de improbidade

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AO JUÍZO DE DIREITO DE UMA DAS VARAS DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE TERRA DO NUNCA
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE TERRA DO NUNCA, por seu agente in fine assinado, no uso de suas atribuições legais, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com base nos art. 127, caput, 129, inciso III, art. 37 da Constituição Federal; art. 1º e 5º, da lei nº 7.347/85 (lei da ação civil pública); e lei nº 8.429 (lei de improbidade administrativa) propor a presente ação de: 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA C/C PEDIDO LIMINAR
Em desfavor de JOSÉ ALBÉRICO, esposo Letícia Silva, servidor municipal de terra do nunca, pregoeiro, portador do RG de nº XXX, inscrito no CPF de nº XXX, residente e domiciliado na rua XXX, nº XXX, bairro XXX, município Terra do Nunca e LETÍCIA SILVA, mulher de José Albérico, sócia da empresa Alimente bem LTDA, portadora do RG sob o nº XXX, inscrita no CPF sob o nº XXX, residente e domiciliada na rua XXX, nº XXX, bairro XXX, município Terra do Nunca. 
I-DO CABIMENTO DA AÇÃO E DA LEGITIMIDADE ATIVA
	A Constituição Federal, notadamente em seu art. 129, III, prevê como função institucional do Ministério Público promover a ação civil pública, visando à proteção do patrimônio público e de outros interesses difusos e coletivos. 	Assim, a legitimidade ativa ad causam do Ministério Público para a propositura da presente Ação por Ato de Improbidade Administrativa é inafastável e decorrente, também, do disposto nos artigos 25, IV, alíneas ‘a’ e ‘b’, da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei nº 8.625/93), 25, V, alíneas ‘a’ e ‘b’, da Lei Complementar Estadual nº 13/91, e 17, caput e §4º, da Lei Federal nº 8.429/92 (LIA). 
	Merece ressaltar que a remansosa jurisprudência da Corte Superior Federal culminou com a edição da Súmula 329, assim redigida: “O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do patrimônio público”. 
	A doutrina, por seu turno, consagra a tese de que a preservação do erário e a probidade administrativa são valores que se inserem no âmbito dos direitos e interesses difusos, porquanto constituem bem de todos, indivisível, cuja violação afeta a sociedade em geral. A propósito, colacionam-se as lúcidas anotações de Paulo de Tarso Brandão sobre o tema: 
“É inegável o caráter preponderantemente difuso do interesse que envolve a higidez do erário público. Talvez seja o exemplo mais puro de interesse difuso, na medida em que diz respeito a um número indeterminado de pessoas, ou seja, a todos aqueles que habitam o Município, o Estado ou o próprio País a cujos Governos cabe gerir o patrimônio lesado, e mais todas as pessoas que venham ou possam vir, ainda que transitoriamente, desfrutar do conforto de uma perfeita aplicação ou os dissabores da má gestão do dinheiro público”.
	Destarte, é o Ministério Público parte legítima para propor Ação Civil Pública em defesa do patrimônio público e da moralidade administrativa, além de ter legitimidade ativa para a promoção de ação de improbidade tendente a punir o agente ímprobo responsável por violações aos princípios estruturais do regime jurídico-administrativo, pela lesão ao erário e enriquecimento às custas dos cofres públicos.
II-DA LEGITIMIDADE PASSIVA “AD CAUSAM”
	Figuram como réus na presente demanda, José Albérico, servidor público municipal ocupante do cargo de pregoeiro e Letícia Silva que, mesmo não sendo agente público, concorreu para a prática do ato de improbidade e dele se beneficiou diretamente. 
	Conforme se demonstrará, os réus cometeram irregularidades que ensejam penalidades administrativas, cíveis e criminais, consistentes na conduta desonesta de influenciar na competitividade do pregão para beneficiar-se ilicitamente. 
	O art. 1º, da Lei 8.429/92 é explícito ao afirmar que “os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União (...) serão punidos na forma desta Lei”. 
	Na Lei de Improbidade Administrativa, definem-se quais agentes são considerados públicos para fins de sua aplicação. Veja-se: 
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. 
	Ainda na referida lei, há dispositivo estendendo a sua incidência aos particulares: 
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta. 
	Pelo exposto, afasta-se qualquer dúvida acerca da legitimidade dos réus José Albérico e Letícia Silva para figurarem no polo passivo da presente demanda.
III- DOS FATOS
	O Secretário de Administração do Município de Terra do Nunca, Pedro Paulo, em 21 de novembro de 2019 constatou que o Pregoeiro José Albérico, servidor municipal, atuou em conluio com sua esposa Letícia Silva, que é sócia da pessoa jurídica Alimente Bem LTDA., durante a licitação de itens de merenda escolar para as escolas públicas municipais, de modo que esta empresa restasse como vencedora da licitação. 
	Para concluir seu objetivo, antes do início da sessão de licitação, José Albérico conversou e convenceu as outras pessoas jurídicas credenciadas, para que estas não apresentassem lances competitivos. 
	Diante disso, houve a contratação da empresa Alimente Bem LTDA., e ressalta-se, a homologação e a adjudicação foi realizada pelo próprio Pregoeiro, fazendo com que que a empresa se sagrara vencedora na sessão de licitação, já que apresentou a proposta mais vantajosa para todos os itens, dentro do parâmetro de mercado da pesquisa realizada pela Administração. 
	Nesse sentido, após desconfianças, foi instaurado processo administrativo interno, em que as apurações internas foram encerradas no dia 30 de janeiro de 2021, concluindo que a conduta fora efetivamente praticada por José Albérico, de forma a viabilizar a escolha da empresa Alimente Bem LTDA., a qual Letícia Silva era sócia. 
	Alinhado a esse quadro fático, dada a inegável influência de José Albérico para o resultado da licitação, imperiosa a propositura da presente Ação Civil Pública.
IV-DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
	A Constituição da República prevê em seu art. 37 §4º as penas que podem ser impostas aos que incorrem na prática de atos de Improbidade Administrativa, o que ocorre na presente ação. Confere-se o dispositivo constitucional:
Art. 37, §4º. Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
	Ademais, a Constituição da República prevê ainda no art. 37 acima já citado, em seu inciso XXI, os critérios e requisitos para a contratação de bens e serviços públicos através de forma lícita, qual seja por licitação pública. Observa-se o disposto na íntegra:
	Art. 37 XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.
 	
	Tais normas deveriam ter sido respeitadas pelo pregoeiro e réu da ação José Albérico, no entanto, o mesmo decidiu seguir seus instintos pessoais e violou o que há de mais importante na licitação e na administração pública que são os princípios que as regem, tais como eficiência, legalidade, impessoalidade, moralidade, bem como a competitividade imprescindível para quea prestação debens e serviços seja feita da forma mais efetiva possível.
	Se já não bastasse, José Albérico, na condição de pregoeiro, violou dispositivos da lei de licitação pública também aplicáveis à modalidade pregão, ao resolver de forma livre embaraçar a competitividade do procedimento licitatório para beneficiar a empresa que sua esposa Letícia também ré da ação é sócia. Confere-se o dispositivo da lei 8666/93:
Art. 3º, §1º. É vedado aos Agentes públicos:
I- admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato, ressalvado o disposto nos §§ 5o a 12 deste artigo e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991. 
	Para explicitar a condição de ré de Letícia Silva, esposa do pregoeiro responsável, que se beneficiou da conduta desonesta do agente, a lei de improbidade administrativa (lei 8.429/92) é clara ao expor quem pode ser responsabilizado e sofrer as sanções da presente lei. Observa-se o dispositivo da lei de Improbidade Administrativa (lei 8.429/92):
Art. 3°. As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
	Do dispositivo citado, é óbvio que a ré Letícia Silva deve responder pelo crime de improbidade administrativa, uma vez que se beneficiou da conduta de seu marido e se enriqueceu ilegalmente. 
	Já em relação à conduta do réu José Albérico de influenciar na competitividade do pregão para que a empresa Alimente bem LTDA a qual sua esposa é sócia vencesse o pregão demonstra visivelmente o enquadramento da responsabilização por ato de improbidade administrativa na modalidade dos atos que importam prejuízo ao erário. A lei de Improbidade Administrativa esclarece:
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente;
XII – Permitir, facilitar ou concorrer para terceiro se enriqueça ilicitamente.
	José Albérico inicialmente incorreu na lição desses dois dispositivos. Por um lado embaraçou a competitividade do pregão e por outro lado permitiu de livre e espontânea vontade que sua esposa e ré Letícia Silva na posição de terceiro se beneficiasse indiretamente de tal conduta. 
	Em relação às sanções aplicáveis pelas condutas ilegais praticadas pelos réus que se enquadram no dispositivo supracitado, é necessário salientar que o art. 21 da lei de Improbidade Administrativa (lei 8.429/92) reza que a aplicação das sanções previstas em na lei de improbidade independem da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio, salvo quanto à pena de ressarcimento. 
	Diante disso, em relação às condutas ilícitas praticadas que se enquadram no art. 10 da Lei de Improbidade Administrativa (lei 8.429/92), deve-se aplicar proporcionalmente às sanções previstas no art. 12, II da citada lei 8.429/92. Confere-se o dispositivo: 
Art. 12.  Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:        
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
	O dispositivo supramencionado refere-se à primeira conduta dos réus que é considera causa de prejuízo ao erário. No entanto o pregoeiro e réu José Albérico de livre e espontânea vontade homologou dolosamente o procedimento do pregão quem nem sequer era de sua competência, na condição de pregoeiro. Observe-se o dispositivo:
Art. 4º.  A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e observará as seguintes regras:
XXII - homologada a licitação pela autoridade competente, o adjudicatário será convocado para assinar o contrato no prazo definido em edital. 
	Em razão desse excesso de poder, José Albérico ultrapassou sua competência de pregoeiro e cometeu crime também passível das sanções da lei de Improbidade Administrativa, desta vez, com base no art. 11, I da citada lei. Confere-se o dispositivo da Lei 8.429/92:
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições, e notadamente:
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto na regra de competência
	Para tal conduta ilegal praticada por José Albérico enquadrada no artigo supracitado, deve-se levar em consideração, para a aplicação da pena, as sanções mencionadas no art. 12, III da lei de Improbidade Administrativa. Confere-se o dispositivo:
Art. 12, III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
	A seguir, vale ressaltar que existe a necessidade de haver o ressarcimento ao erário, uma vez que o dano ao erário ficou evidente e presumido na conduta de José Albérico. Apesar de a jurisprudência ser pacífica no sentido de que uma vez existindo a prestação de serviços por parte do contratado, o pagamento é devido. No entanto, caso não haja ressarcimento das consequências dos presentes atos praticados, seria como ratificar sua prática e colaborar com a impunidade. 
V – DA LIMINAR DE INDISPONIBILIDADE DOS BENS
	O art. 7º da Lei nº 8.429/92 autoriza que quando o ato de improbidade administrativa causar lesão ao patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá à autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado, a qual, segundo o parágrafo único do mesmo dispositivo legal, recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito, devendo para tanto ocorrer ainda o bloqueio do valor ilicitamente gasto nas contas bancárias e/ou aplicações financeiras dos réus.
	 
	A Constituição Federal de 1988 conferiu a indisponibilidade de bens e à reparação do dano, quando o lesado for o erário, o caráter de medida cautelar e sanção com status constitucional em seu art. 37, § 4º.
	Do mesmo modo autoriza o art. 7º da Lei nº 8.429/92, e diante da presença do fumus boni iuris e do periculum in mora, ou seja, notadamente ante a inegável influência de JOSÉ ALBÉRICO para o resultado da licitação e risco de lesão aos cofres públicos, conforme posição da jurisprudência do STJ (REsp nº 821.720/DF), devendo ser concedida liminar para determinar a indisponibilidadedos bens dos réus, aplicando as penas pelas práticas apontadas nesta peça descritas no art.12, inciso III da Lei Federal nº 8.429/92.
	Desta forma, diante do procedimento investigativo, que dá suporte à propositura da presente ACP, assim como demonstrado no corpo da presente exordial, a presença de ambos os requisitos de concessão da medida cautelar de INDISDPONIBILIDADE DE BENS, vem o Ministério Público do Município de Terra do Nunca, requerer, a concessão dessa medida, em face dos réus, por ser medida necessária à garantia da efetividade na aplicação da Justiça que o caso requer.
VI – DA MEDIDA CAUTELAR DE AFASTAMENTO DE CARGO DO RÉU JOSÉ ALBÉRICO
	Segundo o art. 20, parágrafo único, da Lei 8.429/92, é possível o afastamento do agente público do exercício do cargo, nas seguintes hipóteses:
“Art. 20. (...) Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual”.
	Desse modo, ao que se denota dos autos, o réu José Albérico se utilizou do seu cargo de pregão de modo a praticar graves condutas ímprobas e criminosas, objetivando enriquecer-se ilicitamente.
	Ademais, há fundadas razões de risco para instrução, consistente em possível influência no local de trabalho, omissão de informações e desvirtuamento da verdade dos fatos.
	Como se nota, há fundadas razões para se acautelar devidamente a colheita da prova. Deve-se adotar a medida cautelar pertinente, naturalmente precária e provisória, determinada em cognição sumária. 
	O que basta, para tanto, é o risco, o fundado receio de inutilidade do processo, o periculum in mora, evidenciado com base em indícios suficientes. 	Entendimento contrário seria permitir, em postura temerária, deixar o risco se converter em prejuízo para a instrução, ao se postergar a adoção da medida cautelar necessária.
VII – DOS PEDIDOS
	Ante o exposto, requer:
a) A decretação liminar da indisponibilidade dos bens dos demandados, até o valor correspondente ao prejuízo experimentado pelo erário de Terra do Nunca, bem como para bloquear o valor ilicitamente gasto nas contas bancárias dos réus.
b) Seja determinado o afastamento cautelar do réu José Albérido, para o fim de suspendê-lo imediatamente do exercício do cargo de pregão do município de Terra do Nunca.
c) seja esta petição inicial autuada juntamente com os documentos anexos, notificando-se o demandado para apresentar a manifestação preliminar prevista no art. 17, § 7º, da Lei de improbidade Administrativa;
d) após apresentar sua manifestação preliminar, ou, transcorrendo o prazo legal, seja recebida a presente ação, citando-se o demandado para oferecer contestação, sob pena de revelia (art. 17, § 9º, da LIA);
e) após a regular instrução do feito, sejam impostas aos demandados JOSÉ ALBÉRICO E LETÍCIA SILVA, cumulativamente, as sanções previstas no art. 12, II e III, da Lei de Improbidade Administrativa, por ter incorrido nas previsões legais vertidas nos arts. 10, VIII e XII, e 11, caput, I, todos da Lei 8.429/92;
f) seja o réu obrigado ao pagamento das despesas processuais;
g) sobrevindo o trânsito em julgado da sentença condenatória, sejam expedidos ofícios ao TSE para a efetivação da suspensão dos direitos políticos do réu (art. 20 da Lei 8.429/92), e ao BACEN para que este órgão comunique às instituições financeiras sobre as proibições de contratar com o poder público e de receber incentivos e benefícios fiscais ou creditícios.
Protesta provar o alegado pela produção de todas as provas juridicamente admitidas e, em especial, pela oitiva de testemunhas, depoimento pessoal do demandado e futura juntada de documentos.
Dá-se à causa o valor de R$ XXXX para fins legais.
Pede deferimento.
Terra do Nunca, 08 de Abril de 2021. (Local e Data)
Advogado do Município
OAB nº

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