Buscar

Nutrição na fibrose cistica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

T E R A P I A N U T R I C I O N A L 
 
 
 
 
 
 
É uma doença genética caracterizada pela disfunção do gene 
cystic fibrosis transmembrane conductance regulator (CFTR), que 
codifica uma proteína reguladora do fluxo de íons cloro, sódio e 
água através das membranas. 
 
 
No Brasil estima-se que a incidência de FC seja de 1:7.576 
nascidos vivos. Porém, apresenta diferenças regionais, com 
valores mais elevados nos estados da região sul. 
 
 
O diagnóstico é realizado durante a triagem neonatal através da 
dosagem de tripsinogênio imunorreativa, que avalia a 
integridade da função pancreática. O teste em questão é 
realizado em duas dosagens (sendo a segunda dosagem após 30 
dias de vida). 
Caso as duas dosagens sejam positivas, deve ser realizado o teste 
do suor (sódio e cloro). A dosagem de cloreto por métodos 
quantitativos no suor (> 60 mmol/L) em duas amostras confirma 
o diagnóstico. 
Existem também algumas alternativas para o diagnósticos, sendo 
elas: a identificação de duas mutações relacionadas à FC e os 
testes de função da proteína CFTR. 
 
 
Disfunção generalizada das glândulas exócrinas, com deficiência 
no transporte de cloro na membrana das células epiteliais, 
gerando a produção de muco espesso e anormal, o que pode 
obstruir os ductos dos vários órgãos afetados. 
As manifestações clínicas envolvem os sistemas respiratório, 
digestório, hepatobiliar, reprodutor e glândulas sudoríparas. 
Além do fato do risco maior de desnutrição secundária, podendo 
culminar no retardo do início da puberdade e menarca. 
Comprometimento pulmonar: o espessamento do muco 
característico da doença afeta o sistema pulmonar, uma vez que 
bloqueia as trocas gasosas e cria um meio para colonização de 
bactérias, causando infecções e inflamações do sistema 
respiratório que vão piorando progressivamente (gerando 
aumento da demanda energética). 
Comprometimento gastrointestinal: normalmente são 
secundários à insuficiência pancreática. Ocorre obstrução dos 
canais pancreáticos pela presença de muco e impede a liberação 
de enzimas para o duodeno, determinando má digestão de 
gorduras, proteínas e carboidratos. Sendo manifestado por 
diarreia crônica com fezes volumosas, gordurosas, pálidas e 
fétidas, podendo levar a desnutrição energético proteica. 
 
 
 
 
 
 
 
Mais comuns: tosse crônica, pneumonias de repetição, perda de 
gordura nas fezes (esteatorreia) e suor mais salgado. 
Outros sintomas: pólipos nasais (pequenos nódulos carnosos no 
nariz), sibilos, retardo no ganho de peso, prolapso retal e 
baqueteamento digital. 
 
 
▶ Manter ou recuperar o estado nutricional e acompanhar a 
evolução pôndero- estatural do paciente, para evitar a 
desnutrição (desnutrição/infecção), estabilizar o quadro 
pulmonar e melhorar o quadro clínico geral. 
▶ Promover educação alimentar e nutricional para garantir uma 
alimentação adequada. 
▶ Utilizar os gráficos da OMS (2006-2007) para avaliar o 
crescimento em crianças e adolescentes, escore z <-2 revelam 
deficiências antropométricas. Avalições adicionais da composição 
corporal como circunferência do braço, pregas cutâneas e 
bioimpedância auxiliam na determinação do estado nutricional. 
Parâmetros nutricionais e frequência sugeridada para 
monitorização em pacientes com fibrose cística 
Parâmetro Frequência de avaliação 
Antropometria A cada três meses 
Peso e altura A cada três meses 
Circunferência do braço e preda 
tricipital Anualmente 
Ingestão alimentar A cada visita 
Recordatório alimentar A cada visita 
Estratégias alimentares A cada visita 
Uso de suplementos A cada visita 
Análise comportamental A cada visita 
Análise bioquímica Anualmente 
 Fonte: Athanazio, 2017 
 
 
 
 
Uma variedade de exames pode ser útil na avaliação do estado 
nutricional, sendo eles: hemoglobina, contagem de leucócitos e 
neutrófilos, albumina sérica, balanço de gordura fecal, avaliação 
da função hepática (TGO, TGP, gama GT, fosfatase alcalina) e 
curva glicêmica. 
 
 
Dieta hipercalórica e hiperlipídica, fracionada em pequenos 
volumes e com alta densidade energética. 
D e f i n i ç ã o 
I n c i d ê n c i a 
D i a g n ó s t i c o 
C a r a c t e r í s t i c a s 
S i n a i s e s i n t o m a s 
O b j e t i v o s d a t e r a p i a n u t r i c i o n a l 
I n v e s t i g a ç ã o l a b o r a t o r i a l 
C a r a c t e r í s t i c a s d a t e r a p i a n u t r i c i o n a l 
Sendo a recomendação para hipercalórica de 120 a 150% do 
RDA, todavia casos graves e/ou infecções podem demandar até 
200% do RDA. 
Em relação a distribuição de macronutrientes, recomenda-se: 
CHO: 40 a 50% 
LIP: 40% 
PTN: 15 a 20% 
Para atingir a recomendação nutricional de lipídios, pode ser 
utilizada a suplementação com óleos vegetais e TCM. Sendo que 
o acréscimo de módulos de lipídeos poderá ser feito entre 1,5 a 
3% do valor calórico total da dieta (podendo ser TCL e TCM) 
TCL – contém ácidos graxos essenciais 
os mais utilizados são os óleos de soja, milho, girassol e oliva que 
fornecem ácidos graxos tipo ômega-3 (acido linolênico) e ômega-
6 (ácido linoléico) 
 
 
Para o cálculo pode-se utilizar diferentes referências para 
pessoas saudáveis e acrescentar 20 a 50% pelo gasto energético 
exacerbado pela doença. 
Fórmula proposta pelo Institute of Medicine (IOM): 
 
 
Distribuição energética para atingir 120 a 150% da RDA de acordo 
com a faixa etária 
Idade Calorias Calorias a 120% Calorias a 150% 
0-6 meses 650 780 975 
7-12 meses 850 1020 1275 
1-3 anos 1300 1560 1950 
4-6 anos 1800 2160 2700 
7-10 anos 2000 2400 3000 
11-14 anos 
meninos 2500 3000 3750 
15-18 anos 
meninos 3000 3600 4500 
11-14 anos 
meninas 2200 2640 3300 
15-18 anos 
meninas 2200 2640 3300 
 
 
 
▶ Acrescentar farináceos às preparações: ao leite, pode-se 
adicionar aveia, amido de milho, fubá. E as preparações salgadas 
farinhas como mandioca e milho. 
▶ Para aumentar o valor calórico de tortas, purês e saladas 
adicione sardinha enlatada, ovos cozidos, queijo ou requeijão. 
▶ Acrescentar óleo de soja ou azeite no final das preparações 
salgadas e creme de leite ou chantilly em preparações doces ou 
saladas de frutas. 
▶ Ao consumir frutas de sobremesa, dê um toque especial com 
geleias, doce de leite ou doces concentrados. 
 
 
▶ Pré-escolares: a criança já possui certa independência, mas 
ainda precisam do auxílio dos pais para ingerir as enzimas 
pancreáticas. 
▶ Escolares: nessa fase é comum as crianças com FC terem 
receio de ingerir as enzimas e suplementos perto dos colegas de 
escola, por meio da não aceitação do grupo. Sendo importante a 
observação dos pais. 
▶ Adolescentes: grande necessidade energética, nem sempre 
pode ser suprida com a alimentação, muitas vezes há 
necessidade de utilização de suplementos orais. 
 
 
 
Devido ao distúrbio de eletrólitos, há alguns micronutrientes que 
merecem mais atenção, sendo eles: o cálcio, magnésio, ferro, 
zinco e sódio. 
Como a dieta deverá atender as necessidades energéticas 
aumentadas, automaticamente vai suprir as necessidades de 
micronutrientes, entretanto isso não irá acontecer com o sódio, 
pois a perda excessiva no suor faz com que o mesmo precise ser 
suplementado. 
Em relação as vitaminas, deve-se ter atenção para as 
lipossolúveis (A,D,E,K), pois a síndrome de má absorção 
ocasionada pelo déficit na secreção de enzimas pancreáticas, 
compromete a absorção de gorduras e consequentemente de 
vitaminas lipossolúveis. 
Doses para suplementação de vitaminas lipossolúveis em pacientes com 
fibrose cística 
Idade 
Vitamina A 
(UI) 
Vitamina E 
(UI) 
Vitamina K 
(UI) 
Vitamina D 
(UI) 
0 a 12 
meses 1500 40-50 0,3-0,5 400 
1-3 anos 50.000 80-150 0,3-0,5 400-800 
4-8 anos 5.000-10.000 100-200 0,3-0,5 400-800 
> 8 anos 10.000200-400 0,3-1,0 400-800 
Conversão de UI para mg: vitamina A: UI x 0,3; Vitamina D: UI/40; Vitamina E: acetato de all-rac-alfa-
tocoferol/UI=mg (forma sintética); Vitamina E: RRR-alfa-tocoferol: UI/1,49 mg (forma natural) 
 
 
C á l c u l o d o V a l o r c a l ó r i c o t o t a l 
V C T p a r a F C = ( E E R + A F ) x 1 , 2 a 1 , 5 
C o m o a u m e n t a r a s c a l o r i a s d a d i e t a 
C a r a c t e r í s t i c a s d a t e r a p i a n u t r i c i o n a l 
( f a i x a e t á r i a ) 
M i c r o n u t r i e n t e s 
A intervenção nutricional deve em primeiro lugar 
aumentar a densidade calórica dos alimentos da 
dieta. Se não conseguir manter um bom estado 
nutricional, lançar mão de suplementos energéticos 
via oral, se ainda assim não houver melhora do 
estado nutricional, indica-se uma nutrição mais 
agressiva, através da dieta enteral, que no início 
pode ser administrada somente no período noturno. 
Já a nutrição parenteral só é indicada para pacientes 
com desnutrição grave, em que o trato 
gastrointestinal não está funcionante. 
Suplementação de cloreto de sódio (NaCl) 
Crianças de 1 a 7 anos 1g/dia 
Crianças > 7 anos 2 a 4g (divididos em doses menores) 
Adolescentes 6g/dia 
 UK Cystic Fibrosis Trust Nutrition Working Group, 2002 
 
 
 
 
Dosagens iniciais recomendadas para a terapia de reposição de 
enzimas pancreáticas: 
Doses < 4 anos U/Kg/refeição > 4 anos U/Kg/refeição 
Dose inicial 1000 U 500 U 
Máxima por refeição 2500 U 2500 U 
Lanches Meia dose Meia dose 
Dose máxima diária 1000 U/kg/dia 
 Fonte: Athanazio, 2017 
A terapia de reposição enzimática na insuficiência pancreática 
exócrina (EPI) em pacientes com fibrose cística demonstra: 
normalização das fezes, redução da esteatorréia, redução da má 
absorção e da desnutrição, ajuda no alcance de um crescimento 
normal. 
 
 
Estratégias para manter ou recuperar o estado nutricional de 
crianças e adolescentes com fibrose cística devem ser 
incentivadas e reforçadas, bem como a detecção precoce do 
comprometimento do estado nutricional. Afinal, o 
comprometimento do estado nutricional é um fator de risco para 
o comprometimento da função pulmonar. 
 
 
NERI, L. de C. L. Fibrose cística. In: SILVA, A.P.A.; NASCIMENTO, A.F.; 
ZAMBERLAN, P. Manual de dietas e condutas nutricionais em pediatria. 
São Paulo: Editora Atheneu, 2014. Cap. 340, p. 361-369. 
ATHANASIO, R.A. et al. Diretrizes brasileiras de diagnóstico e tratamento 
da fibrose cística. J Bras Pneumol. V. 43, n. 3, p:219-245, 2017. 
MAURI, J.F.; PATIN, R.V.; CHIBA, S.M. Nutrição em fibrose cística. In: 
PALMA, D.; OLIVEIRA, F.L.C.; ESCRIVÃO, M.A.M.S. Guia de Nutrição clínica 
na infância e adolescência. Barueri, SP: Manole, 2009. Cap. 14, p: 205-
218. 
GRANDO, T.; PALUDO, J.; MARCADENTI, A. Tratamento com enzimas 
pancreáticas e absorção de nutrientes na fibrose cística. Rev Bras Nutr 
Clin. V. 29, n.3, p:251-5, 2014. 
CHAVES, C.R.M.M.; CUNHA, A.L.P. Avaliação e recomendações 
nutricionais para crianças e adolescentes com fibrose cística. Rev Paul 
Pediatr; v 30, n.1, p:131-8, 2012. 
MAUCH, R.M. et al. Associação dos parâmetros de crescimento e 
nutricionais com função pulmonar na fibrose cística: revisão da literatura. 
Rev Paul Pediatr. V.34, n.4, p:503-509, 2016. 
SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria et al. Fibrose cística: diagnóstico e 
tratamento. 2011. 13p. 
 
 
I n s u f i c i ê n c i a p a n c r e á t i c a e r e p o s i ç ã o 
e n z i m á t i c a 
C o n s i d e r a ç õ e s f i n a i s 
R e f e r ê n c i a s

Outros materiais