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ARTIGO DAS OBRAS LITERARIAS

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ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE OBRAS LITERÁRIAS: 
NA PERSPECTIVA DE CADA PERÍODO 
 
 
 
Andrielly Caroliny Oliveira de Souza - Unemat 
Andriellyc28@gmail.com 
Curso de Letras 
RESUMO 
O presente artigo tem por finalidade destacar as principais obras literárias 
mostrando na perspectiva da época de cada obra literária, com o propósito de análise dos 
livros O Guarani (1857), Iracema (1865), Lucíola de José de Alencar e a obra de Dom 
Casmurro de Machado de Assis (1899), tendo como objetivo a análise da imagem da 
mulher na passagem da Monarquia para a República, e a obra O Primo Basílio (1878) 
que pertence ao Realismo. O romance, escrito por Eça de Queiroz, conta a história do 
triângulo amoroso composto por Jorge, Luísa e Basílio. 
 
Palavras-chave: Literatura Portuguesa, realismo, naturalismo, 
romantismo, contexto histórico. 
 
1- INTRODUÇÃO 
Em O Guarani – assim como em Iracema – Alencar busca adaptar o modelo 
literário que o inspira à realidade nacional. Esse era um dos fundamentos mais 
importantes do Romantismo como ele se manifestou entre nós. Já em Lucíola é o primeiro 
romance de José de Alencar em que o homem e mulher se confrontam num plano de 
igualdade, dotados de peso específicos e capazes dum amadurecimento interior 
inexistente em seus outros personagens. 
Na obra Dom casmurro Narrado em primeira pessoa, o protagonista Bento revela 
sua história de amor e o drama de sua vida ao se apaixonar por sua vizinha, Capitu. O 
romance tem esse nome pois o narrador recebe o apelido de “Dom Casmurro”. Nota-se, 
em muitas passagens, a ironia do autor e a crítica à sociedade brasileira da época. Temas 
como o amor, o ciúme, o caráter e a traição são destacados na obra de Machado. 
Em O Primo Basílio é um dos mais conhecidos e importantes romances do escritor 
português Queiroz, foi escrito em Portugal, numa época de forte tendência realista na 
literatura. Sua leitura reporta a um tema sempre presente na estética realista. O Primo 
mailto:Andriellyc28@gmail.com
https://www.infoescola.com/escritores/jose-de-alencar/
 
Basílio compõe a ação principal e focaliza o casamento, instituição básica da burguesia 
atingida severamente pelo adultério. 
 
2- CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO 
Fase inicial da literatura brasileira, foi no início da colonização, vemos o primeiro 
registro literário em terras brasileiras é a carta de Pero Vaz de Caminha, o escrivão da 
frota de Pedro Álvares Cabral. Além das cartas, há os diários onde o autor elabora uma 
literatura informativa, algo próximo às narrativas de viagens, sobre o Brasil. Seu objetivo 
era informar o rei de Portugal sobre as características geográficas e sociais da nova terra. 
 Assim, Romantismo foi um movimento artístico que surgiu na Europa no século 
XVIII e durou até meados do século XIX. Ele influenciou a literatura, a pintura, a música 
e a arquitetura. O Romantismo no Brasil possui três fases: a primeira mostra a face 
nacionalista; a segunda a face do exagero sentimental; a terceira a face de cunho social-
liberal. Foi uma fase de consciência nacional, o desejo de individualização nacional. 
O índio representa a independência estética do romantismo brasileiro, é a peça-
chave do nacionalismo. Há, nesse período, a inserção de termos indígenas nos textos 
como busca da identidade brasileira. José de Alencar é um dos principais escritores a 
fazer isso. Com base nas informações, partiremos para análise do corpus colhido, a obra 
O Guarani e Iracema, de José de Alencar. 
Na primeira fase do Romantismo, a representação do índio possui algumas 
características significativas que serviram para caracterizar esse período literário. A 
história da obra em análise passa-se no século XVII, às margens do rio Paraíba e tem por 
protagonista o índio Peri, portanto, uma época, uma cena, um herói. O protagonista Peri 
é descrito como um guerreiro, o herói das matas, um corajoso e bom selvagem, um líder. 
José de Alencar retrata na figura do índio as características marcantes do povo brasileiro, 
seu caráter e paixão pela natureza. Ele é detalhista em suas descrições e valoriza os traços 
do índio, acentuando-os, como podemos observar nesse trecho onde o autor destaca as 
características de Peri: “Uma simples túnica de algodão, a que os indígenas chamavam 
aimará, apertada à cintura por uma faixa de penas escarlates, caía-lhe dos ombros até o 
meio da perna, e desenhava o talhe delgado e esbelto como um junco selvagem. Sobre a 
alvura diáfana do algodão, a sua pele cor do cobre, brilhava com reflexos dourados; os 
cabelos pretos cortados rentes, a tez lisa, os olhos grandes com os cantos exteriores 
erguidos para a fronte: a pupila negra, móbil, cintilante; a boca forte, mas bem modelada 
e guarnecida de dentes alvos, davam ao rosto pouco oval a beleza inculta da graça, da 
https://www.infoescola.com/historia/carta-de-pero-vaz-de-caminha/
https://www.infoescola.com/biografias/pedro-alvares-cabral/
 
força e da inteligência.” (ALENCAR, 1984, p. 20-21). Observemos a riqueza de detalhes 
com a qual escritor trabalha. Nota-se que esse foi um artifício que ele usa trabalhando em 
busca de pensamento de nacionalidade literária. Em suma, suas obras são um álibi 
poderoso na qual ele trabalha com a valorização adequada, defendendo o nacionalismo. 
Assim como afirma o próprio José de Alencar, era preciso muito mais que representar 
paisagens e linguagem. Faz-se necessário expressar o sentimento que comanda as ações. 
Na obra, Peri é representado como um “bom selvagem” que convive em harmonia 
com a família de D. Antônio de Mariz, um fidalgo que morava na região do Paraíba, onde 
o índio habitava. Era muito estimado pela família dos Mariz desde em que salvara a vida 
de Cecília, a filha do fidalgo. Desde então, era tratado com afinco e respeito por eles, a 
não ser por Isabel, uma jovem, filha ilegítima da família e por D. Lauriana, que mantinha 
por ele um desprezo e ingratidão pelo ato heroico por sua filha. Se referia, pois, a ele, 
sempre em tom de desprezo e palavras de tons pejorativos. Como mostra o trecho a seguir: 
“(...) Essa casta de gente, que nem gente é, só pode viver bem nos matos”. (ALENCAR, 
1984, p. 52). 
No século XIX, com o status elevado de reino unido a Portugal, o Brasil deixa de 
ser colônia e torna-se o lar da corte portuguesa. Esse acontecimento marca o início de sua 
formação cultural, com a construção de universidades, bibliotecas, museus, etc. Rio de 
Janeiro, São Paulo e Recife tornam-se centros urbanos efervescentes de produção 
artística, literária e acadêmica (com forte influência francesa), sem falar das grandes 
expedições científicas realizadas por pesquisadores e artistas brasileiros e estrangeiros em 
regiões tropicais inexploradas em busca de catalogação e estudo de novas espécies de 
fauna e flora. 
Na primeira metade do século XIX, temos a identidade cultural brasileira formada 
com forte influência do olhar estrangeiro e pela construção do ideal do homem nativo, 
“autenticamente” brasileiro. É quando nasce a ideia do “índio herói”, ilustrada na trilogia 
indianista de José de Alencar (O Guarani, Iracema). Neste momento, a ideia de pátria 
estava intimamente ligada ao amor e conexão à natureza primitiva que somente o nosso 
índio saberia estabelecer. Estas obras recontam as origens do Brasil e de nossa 
colonização, buscando regenerar na literatura a violência despendida contra os povos 
indígenas que ocupavam as terras brasileiras e a destruição de suas culturas. A estratégia 
utilizada foi recorrer a um passado mítico, anterior à própria história e que, ao mesmo 
tempo, a legitima. 
 
O Guarani fala do amor e devoção do índio Peri por Cecília de Mariz, filha do 
fidalgo português D. Antônio de Mariz. Trata-se da representação do índio assimilado na 
submissão de Peri às vontades de Ceci, bem como sua conversão ao cristianismo, 
ilustrando o momento histórico de colonização do Brasil de plena instalação portuguesae missões religiosas. Já em Iracema reinventa a fundação do estado do Ceará e do Brasil 
por meio do amor proibido entre a índia, protagonista que dá título ao livro, e Martim, 
guerreiro português que lidera a ocupação no litoral. Iracema é tabajara, filha do pajé 
Araquém e guardiã do segredo da jurema é uma virgem consagrada ao deus Tupã. 
Rompendo o voto de castidade, gera um filho de Martim, assim, o romance apresenta, 
que seria o primeiro cearense e Peri representa o índio assimilado, Iracema transita os 
dois polos, não sendo assimilada pela cultura europeia, mas não permanecendo ao lado 
dos seus, não só dorme com Martim, foge com ele. Além de personificar o Novo Mundo, 
a concepção de Moacir faz de Iracema uma espécie de mãe mítica do povo brasileiro. No 
entanto, Iracema apresenta a busca pela regeneração de um passado histórico de 
colonização, marcado por atos de violência extrema contra as etnias indígenas brasileiras. 
Um exemplo é a concepção de Martim, que sempre age de forma respeitosa e cortês com 
Iracema e os demais indígenas. O personagem, que representa a Europa civilizada, é 
destituído de qualquer traço que possa indicar explicitamente o povo europeu como 
intelectual e economicamente superior. 
Em Iracema, o índio é idealizado, de modo a demonstrar cordialidade, passividade 
e gentileza, especialmente com o estrangeiro. São características que a classe dominante 
de um país teria interesse em difundir como referência de comportamento. Identificar 
esses traços em nosso “povo de origem” seria uma forma de instituir um modelo 
legitimado pela força do mito de fundação. A narrativa de fundação, portanto, pode 
constituir-se em uma ferramenta eficaz de regulação e manutenção de poder. Iracema traz 
aspectos da heroína mítica, da beleza que personifica a graciosidade da natureza, dos 
atributos físicos (agilidade, velocidade e perícia com arco e flecha) e o status de 
sacerdotisa. No entanto, a sua velocidade e agilidade lembram o herói homérico Aquiles, 
conhecido como “pés velozes”. Filha de pajé, somente ela conhecia o preparo da bebida 
de Tupã, que os guerreiros tabajaras ingeriam em rituais sagrados, nas noites anteriores a 
combates, para que tivessem sonhos de vitória. Ela guarda, portanto, o “mistério do 
sonho”, atribuição que somente alguém que transita entre o sagrado e o profano poderia 
assumir. Alencar exalta de forma poética a natureza primitiva da serra e litoral cearenses. 
Durante todo o romance, mostra os indígenas, sobretudo Iracema, imersos de forma 
 
harmônica em um cenário paradisíaco. As características dos personagens são 
frequentemente comparadas a atributos de alguma espécie da flora ou fauna locais, que 
seriam também, de certa forma, detentoras do sagrado, como a manifestação da voz de 
Tupã, quando o pajé Araquém move a grande pedra que fica em sua cabana. Trata-se da 
visão do índio não como indivíduo, mas como parte de um cenário. 
Diferentemente do perfil da heroína romântica e urbana de Alencar, Iracema 
possui o exotismo do corpo nu e selvagem, exposto e pronto a encantar Martim. 
Perfumava a si e a rede onde se deitava com o esposo. Também se banhava todas as 
manhãs na lagoa próxima de onde moravam. Os índios pitiguaras que a viam no banho 
batizaram a lagoa de Porangaba, a lagoa da beleza. As mães pitiguaras passaram a banhar 
suas filhas naquelas águas, porque elas teriam a propriedade mágica de dar beleza e 
formosura às jovens virgens. A exuberância da filha de Araquém acabou por forjar o mito 
da beleza. 
3- MULHER E A SOCIEDADE BURGUESA 
A burguesia é uma classe social que surgiu nos últimos séculos da Idade Média 
por volta do século XII e XIII, com o renascimento comercial e urbano. Dedicava-se ao 
comércio de mercadorias (roupas, especiarias, joias, etc.) e prestação de serviços 
(atividades financeiras). Habitavam os burgos, que eram pequenas cidades protegidas por 
muros. Como eram pessoas ricas, que trabalhavam com dinheiro, não eram bem vistas 
pelos integrantes do clero católico. 
Portanto, a obra Lucíola de José de Alencar, mostra as características da 
personagem, em contraste com a sociedade em formação no século XIX. Os ideais 
burgueses e consequentemente a sociedade patriarcal mostram muitas contradições à 
figura feminina, que se por um lado não se adequa a normas e regras, por outro é obrigada 
a seguir padrões pré-estabelecidos pela mesma. Observamos, assim, o conflito constante 
das personagens femininas de Alencar, sobretudo, no romance em análise. 
A obra Lucíola, apresenta-nos uma cortesã, mulher dona de seus desejos, forte e 
determinada que, ao apaixonar-se por Paulo, rapaz do interior recém chegado ao Rio de 
Janeiro, transfigura-se e passa por uma mudança significativa de perfil, tornando-se 
submissa a seu amado e ao amor que lhe purifica a alma. Os protagonistas da narrativa 
enfrentam as críticas da sociedade burguesa, pois, Lúcia e Paulo não seguem os ideais 
exigidos daquela época, sendo vítimas da injustiça e da hipocrisia. Sem saída desse 
contexto, ambos acabam conformando-se ao ideal burguês, que impossibilita Paulo de 
desposar Lúcia, por ela não ser mais casta. 
 
É impossível ler Lucíola excluindo o contexto histórico vivenciado no final do 
século XIX, durante a ascensão da burguesia. O autor traça um perfil desse contexto e 
nos apresenta personagens condicionados a padrões e preceitos, a estereótipos e 
preconceitos. Nesse sentido, a imagem que temos inicialmente de Lúcia, é leviana e 
independente, mas acaba por se diferenciar ao longo da narrativa, para adequar-se aos 
padrões românticos. A identidade da personagem é modificada, para que ela sofra as 
consequências de seus próprios atos. Por outro lado, o próprio Paulo, que inicialmente 
encanta-se com Lúcia, no decorrer de sua adequação à sociedade burguesa, acaba por 
rejeitá-la. 
Diante desta discussão inicial, vemos que as características presentes nas mulheres 
que seguiam o ideal burguês; “As mulheres de Alencar”, em que mostramos o perfil de 
algumas das heroínas do autor em sua obra; e por fim, “Lucíola um retrato da sociedade 
burguesa”, apresentando as características da personagem Lúcia, na sociedade romântica 
burguesa. 
O perfil da mulher, nesse sentido, empenhava-se em representar a “mãe burguesa” 
daquela época. Como era vetada a esfera pública, as altas responsabilidades da 
organização do lar, do casamento e dos filhos eram exigidas dela, para que pudesse ser 
reconhecida como um ser de bom caráter, comportamento e costumes. Era ainda a “mãe 
educadora”, àquela a quem cabia a educação dos filhos, geralmente, feita em casa. E 
representava também o “anjo submisso e obediente”, a quem cabiam características como 
doçura, facilidade em perdoar e delicadeza de espírito, sobretudo, a partir da constatação 
de que ela era mais frágil do que o homem, tanto fisicamente quanto psicologicamente. 
Sobre essas constatações. 
O narrador de Alencar representa em Lúcia o perfil de mulher contrário ao padrão 
exigido à mulher romântica e burguesa do século XIX, mostrando uma personagem com 
atitude, que era a dona dos salões e que detinha certa posse de bens. Mesmo que viesse o 
conflito dos amores proibidos e da situação social adversa, as razões pelas quais Lúcia 
precisava manter-se grandiosa na sociedade eram nobres. Lúcia pretendia, dentre outras 
coisas, manter a irmã Ana longe do triste destino vivido por ela. Se por um lado Lúcia é 
a mulher desafetuosa dos salões, por outro possui atos nobres e virtuosos. Nesse sentido, 
vemos na obra de Alencar, uma crítica ao desvirtuamento da mulher aos olhos dos padrões 
da burguesia e da sociedade patriarcal. Nem sempre havia uma escolha para essas 
heroínas e elas acabavam por trilhar caminhos contrários aos preceitos e regras, para 
poder sobreviver ou ajudar a família. A exemplo de Lúcia, muitas vezes por inocência e 
 
desespero, eram enganadas por homens despudorados, pela necessidadede urgências que 
as impeliam a romper as normas de conduta e comportamento, impostas pelos ideais 
burgueses. 
A protagonista de Alencar desempenha outros papéis e não teria o autor se 
submetido a copiar os estereótipos da sociedade do século XIX, mostrando que muitas 
dessas mulheres, pela própria condição de desigualdade imposta a elas, acabavam por ser 
enganadas e desviadas de seus anseios e sonhos. 
Aos padrões da burguesia, o modo de vestir-se de Lúcia permite que ela seja aceita 
pela Corte, que possa transitar pelos salões e receber atenções. Esse é um valor simbólico, 
uma alegoria que mostra, mais uma vez, o quanto a sociedade age pelas aparências. 
“Lúcia fitou-me por muito tempo, e chegou-se ao espelho para dar os últimos toques ao 
seu traje, que se compunha de um vestido escarlate com largos folhos de renda preta, 
bastante decotado para deixar ver as suas belas espáduas, de um filó alvo e transparente 
que flutuava-lhe pelo seio cingindo o colo, e de uma profusão de brilhantes magníficos 
capaz de tentar Eva, se ela tivesse resistido ao fruto proibido. Uma grinalda de espigas de 
trigo, cingia-lhe a fronte e cala sobre os ombros com a basta madeixa de cabelos, 
misturando os louros cachos aos negros anéis que brincavam.” (ALENCAR, 1957, p. 109) 
É a importância dos objetos sobre as pessoas e o preço com o qual se compra a 
dignidade e a frequência na Corte. Ao olhar despretensioso, Lúcia é uma bela mulher rica, 
provavelmente virtuosa e comprometida, características inferidas apenas por suas vestes 
e posses. Os utilitários ou símbolos de status conseguem mascarar a realidade da moça 
cortesã e a permitem andar livremente pelos salões. Ela demarca seu status na sociedade 
e não mostra recato. Nesse momento, para Paulo, Lúcia apresenta diversas características 
da mulher idealizada do Romantismo. 
Em “Lucíola”, encontramos uma personagem diferente desse padrão e 
deslumbrante, dona dos próprios desejos e dos próprios bens. Entretanto, essa mesma 
personagem busca a salvação e a redenção pelas escolhas que precisou seguir, para ajudar 
a família que estava morrendo de febre amarela. Sobretudo, busca salvar a irmã do 
caminho de pecados que foi obrigada a seguir. Seu amor por Paulo, um jovem recém 
chegado ao Rio de Janeiro, desperta nela uma grande transformação e ela entende que é 
preciso modificar o curso de seu futuro, abandonar os salões e a vida de luxos e 
futilidades. Ao fazer Lúcia obedecer aos padrões exigidos pela sociedade, Alencar mostra 
uma sociedade mesquinha e impiedosa, que nega aos amantes uma vida a dois, 
consequentemente, separando-os através das injustiças das regras e normas de conduta e 
 
castidade. A morte de Lúcia é um símbolo da crueldade dessas normas, que estabelecem 
o papel que a mulher deve manter para alcançar a felicidade. 
 
4- DOM CASMURRO 
Este trabalho tem como objetivo a análise da imagem da mulher na passagem da 
Monarquia para a República, através da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, afim 
de perceber a relação existente entre a representação feminina no romance e as alegorias 
femininas como símbolo do sistema republicano. Para isso, analisamos o contexto 
político ideológico da instauração da República e as discussões acerca dos símbolos que 
foram construídos para a representação do novo regime político. Pretendemos mostrar 
como a figura feminina foi deslegitimada tanto na obra Dom Casmurro, como também, 
na simbologia do novo regime, num contexto marcado por transformações econômicas e 
socioculturais, em que emergem novos costumes e a nova mulher. 
Dom Casmurro é um romance de Machado de Assis, publicado em 1899. Narrado 
na primeira pessoa, conta a história de Santiago, o protagonista, que pretende "atar as 
duas pontas da vida", lembrar e reviver o seu passado. A narração começa na juventude, 
quando Santiago Bentinho, na época descobre o seu amor por Capitu, amiga de infância 
com quem acaba casando. A obra conta a história de um homem de posses que ama uma 
moça pobre e esperta e se casa com ela. Em sua velhice, ele escreve um romance de 
memórias com o objetivo de entender seu próprio passado e compreender melhor a vida. 
O romance explora temas como desconfiança, ciúme e traição. Embora o narrador 
pareça ter a certeza, para o leitor existe uma questão que paira no ar: Capitu traiu ou não 
traiu Bentinho? Traçando um retrato moral da época, a obra é considerada a maior de 
Machado de Assis, e uma das mais importantes da literatura brasileira. A obra de 
Machado de Assis, pode ser considerado o romance mais famoso da Literatura Brasileira. 
Discutido e falado, tanto pela crítica como em salas de aula, é a narrativa de um marido 
traído, de acordo com sua própria, visão. A obra era visto como o relato inquestionável 
de uma situação de adultério, do ponto de vista do marido traído. Mas o mundo caminhou, 
as ideias se modificaram e novas leituras foram surgindo. Na época em que questões 
relativas aos direitos da mulher assumiram importância maior em todo o mundo, isto é, 
na década de 1960, surgiram interpretações que indicavam outra possibilidade: a de que 
a narrativa pudesse ser expressão de um ciúme doentio, que cega o narrador e o faz 
conceber uma situação imaginária de traição. 
 
Podemos dizer que, assim como a obra de Machado pode ser dividida em duas 
fases, a romântica e a realista, ou seja, estas duas fases correspondem aos momentos 
básicos na vida dos personagens. A primeira fase narra o período da adolescência Capitu 
aos 14 anos e Bentinho 15 anos. Trata-se, nesta parte, de uma narrativa poética, em que 
Capitu se mostra uma pessoa dominadora, tomando toda iniciativa do jogo amoroso 
"Como se vê, Capitu, aos catorze anos, tinha já ideias atrevidas". (ASSIS, 2006, P. 39) A 
fase seguinte, narra o período que começa com o casamento entre Bentinho e Capitu. É 
uma fase mais realista e amarga, cheia de conflitos, gerados pela incompatibilidade de 
gênios. Bento desempenha o papel de homem patriarcal, assume o comando do 
relacionamento afetivo, levando-o à destruição. 
Capitu, até a metade do livro, é quem comanda a relação. É inteligente, tem 
iniciativa, arranja modos de livrá-lo do seminário etc. Trata-se de uma garota humilde, 
mas avançada e independente, muito diferente da mulher vista como modelo pela 
sociedade patriarcal do século XIX. Nesse sentido, Capitu representa no livro duas 
categorias sociais marginalizadas no Brasil da época, os pobres e as mulheres. A 
personagem acabará por “perturbar” a família abastada, ao casar-se com o homem rico. 
A personagem feminina se mostra perseverante aos problemas que o narrador e a 
sociedade lhe impõe. Ela assume dissimuladamente o que parece à sua frente e luta por 
aquilo que tem direito, mesmo que suspeitas caiam sobre si de uma hora para outra É a 
individualidade feminina sobreposta as imposições sociais, que a educação, a igreja e o 
homem colocam sobre a mulher. Ao apresentar o perfil de Capitu, Machado de Assis 
revela traços da psicologia feminina, a arte de dissimular e a capacidade que tem a mulher 
para sair-se bem de situações embaraçosas. Escolhendo suas personagens entre a 
burguesia que vive de acordo com o convencionalismo da época, Machado desmascara o 
jogo das relações sociais, enfatizando o contraste entre essência o que as personagens são 
e aparências, e o que as personagens demonstram ser. 
 
5- O PRIMO BASÍLIO 
O romance O Primo Basílio de Eça de Queirós, publicado em 1878, é uma obra 
fundamental do Realismo-Naturalismo português. Inova a criação literária da época, 
oferecendo uma crítica aos costumes da pequena burguesia de Lisboa. Eça de Queirós 
promove um ataque a uma das instituições burguesas tidas como mais sólidas: o 
casamento. O Primo Basílio representa um dos primeiros momentos de reflexão sobre o 
 
atraso da sociedade portuguesa em um mundo profundamente transformado pela 
Revolução Industrial e pelo desenvolvimentotecnológico. 
O enredo gira em torno do adultério cometido por Luísa e seu primo Basílio, que 
acabava de chegar do Brasil. Luísa está casada com Jorge há três anos, mas mesmo assim, 
se deixa seduzir pelo primo que fora seu primeiro namorado. Enquanto seu esposo viajava 
para Alentejo a trabalho os dois se encontram em um quarto alugado por Luísa 
especialmente para se dedicar a Basílio. Após ter seduzido sua prima, e vendo a situação 
em que se encontrava, desesperada de paixão e sendo chantageada por sua criada, que 
havia interceptado uma de suas cartas de amor para Basílio e não parava de tirar vantagem 
disso, conseguindo assim, dinheiro e regalias dentro de casa. Basílio abandona Luísa 
partindo sozinho para Paris. Jorge desconfia da situação quando retorna de viagem e 
acaba por saber de tudo. Luísa adoece gravemente e morre. 
O Primo Basílio de Eça de Queirós é um romance realista que retrata a sociedade 
burguesa Lisboeta do século XIX, se expressa através de um episódio doméstico, um 
adultério praticado pela personagem principal, Luísa. Eça de Queirós trata em sua trama 
romanesca. O autor chama atenção para aqueles que se aproveitam dos desvios e das 
fraquezas humanas, Luísa, a protagonista, paga caro pelo seu envolvimento com Basílio. 
As personagens são primorosamente construídas como que aprisionadas em seus 
impulsos e alternativas, pela circunstância social que as limita e condiciona. Com este 
“episódio doméstico”, o autor pretende mostrar as pessoas de forma exemplar, a tese 
realista da corrupção da família vista como instituição burguesa, mais especificamente a 
família da média burguesia lisboeta. 
O romance faz parte da 2ª fase de Eça de Queirós, onde sua produção é marcado 
pela influência realista – naturalista, compondo um vasto quadro da sociedade portuguesa 
da época, ele analisa e critica as instituições, a hipocrisia do clero, a aristocracia decadente 
e a família burguesa lisboeta. Afirmando que a família lisboeta é produto do namoro, 
reunião desagradável de egoísmos que se contradizem, e mais tarde ou mais cedo centro 
de bambochata. 
A burguesia consegue definitiva ascensão ao poder político na Europa no final do 
século XVIII. A Revolução Francesa de 1789 foi o marco histórico desse processo. A 
consolidação do poder burguês se fez de forma expressiva durante o século XIX, 
principalmente por causa do desenvolvimento que o capitalismo alcançou neste período. 
Houve uma acelerada industrialização que acentuou os mecanismos de exploração social 
do sistema capitalista. Os países industrializados disputavam o tempo todo as áreas de 
 
exploração de matérias-primas e os mercados de consumo de manufaturados. Deu-se 
então um processo conhecido como Imperialismo. As desilusões com os rumos da 
Revolução Francesa apareceram ainda no momento romântico, mas este quadro 
aumentou ainda mais a decepção. O espiritualismo e o sentimentalismo, bases do 
Romantismo, cederam espaço às concepções materialistas e realistas. A realidade passou 
a ser objeto de estudo e em toda a Europa surgiram filosofias que buscavam explicá-la 
através de parâmetros científicos: tratava-se do cientificismo. O Positivismo foi a mais 
representativa dessas filosofias. 
O positivismo surgiu a partir dos escritos de Auguste Comte e pretendia constituir 
uma teoria geral do conhecimento, a partir da qual todos os aspectos da realidade 
poderiam ser explicados e normatizados. O determinismo foi uma outra tentativa nesse 
sentido, de acordo com esse pensamento as ações humanas poderiam ser determinadas e 
previstas a partir da análise de alguns fatores básicos, como o meio social, a raça dos 
indivíduos envolvidos naquelas ações e o momento histórico em que elas aconteceram. 
Darwin escreveu em 1859 a Origem das espécies e através de seus estudos chegou 
à conclusão de que existe um Evolucionismo e as Leis das Selvas, o que também 
contribuiu em muito para o cientificismo. 
No início da revolução industrial, no século XVIII, a mulher foi inserida no 
trabalho febril e houve a separação entre o trabalho doméstico e o trabalho remunerado 
fora de casa, na fábrica, só que o preconceito e a desigualdade ao invés de diminuírem 
foram se tornando cada vez maiores. Os salários pagos às mulheres eram bem menores 
que os pagos aos homens e em decorrência disso, nos momentos de crise, contratavam as 
mulheres, no intuito de economizar. Durante todo o processo da revolução industrial 
mulheres e homens brigaram entre si, elas eram acusadas de lhes tirarem os empregos. 
A luta contra o sistema capitalista de produção aparecia permeada pela questão de 
gênero. O problema passou a ser uma questão de produção aparecia permeada pela 
questão de gênero. O problema passou a ser uma questão de gênero, e lutando 
primeiramente contra os homens e a favor de direitos iguais elas aprenderam a defender 
seus direitos e a lutarem também por melhores condições de trabalho e logo no início do 
século XIX já se via mulheres lutando pela igualdade da jornada de trabalho, pelo direito 
ao voto e reivindicando direitos trabalhistas. 
Sendo o romance de maior êxito de Eça de Queirós, O Primo Basílio deve a maior 
parte de seu sucesso ao fato de suas cenas eróticas aparecerem de forma natural, mas teve 
também outros três grandes méritos; primeiro, a visão crítica da pequena burguesia 
 
lisboeta, cujo alvo é a família, produto de namoros insólitos e da educação romântica da 
mulher, entregue a sonhos idealizados e ao ócio. O segundo mérito do livro está na 
montagem do enredo, construído a partir de uma lógica bem norteada que contribui para 
a criação de uma atmosfera tensa. 
 O principal mérito se deve à perfeita elaboração de personagens secundários, 
entre os quais se destaca Juliana, personagem de padrões naturalistas, construída para 
provar que os fins justificam os meios. O enredo não vai além de um caso banal de 
adultério (Luísa e Basílio), que atinge proporções mais amplas quando ameaçado pela 
chantagem da criada Juliana, o caráter mais completo e verdadeiro do livro. Trata-se de 
um romance de caráter sociológico, pois além de se apresentar diferentes estratos sociais, 
o autor apresenta o conflito de classes. Sendo assim, uma crítica profunda aos padrões 
burgueses e ao mesmo tempo funcionando como uma denúncia das características 
maléficas da burguesia. 
A obra realista busca criar impressão da realidade através do acúmulo de 
detalhes. Mostra o lado prosaico da vida, os temas elevados que agradavam aos 
clássicos perdem espaço. Pois Eça pretende detectar os vícios da sociedade que 
deseja reformar e isso exige uma aproximação do real. O Primo Basílio procura um 
contato direto com o real, sem a interferência da subjetividade. Apontar as mazelas 
sociais da sociedade atual para transformá-la. 
 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O presente artigo mostra o contexto histórico de cada período, analisadas por 
grandes obras literárias, assim percebemos que cada período mostra sua objetividade. 
A Literatura constantemente evolui à medida que novos movimentos emergem para falar 
das preocupações de diferentes grupos de pessoas e períodos históricos. Cada um desses 
grandes períodos e movimentos, designa ao sistema de normas que dominaram a cultura 
ocidental em um determinado momento do processo histórico. 
Estilo de época diz respeito a uma série de procedimentos estéticos que 
caracterizam determinado período histórico porque foram usados repetitiva e 
constantemente, por uma ou mais geração de escritores, Assim, o Estilo individual é a 
maneira peculiar com que cada escritor manipula a linguagem literária. Refere-se à 
capacidade de usar técnicas para obter um melhor resultado estético. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ALENCAR, José de. Iracema. 36. ed. São Paulo: Ática, 2001. 
ALENCAR, José de. O guarani. 11. ed. São Paulo: Ática, 1984. 
ALENCAR, José de. Lucíola. 4°ed. Rio de Janeiro: José Olympio,1957 
ASSIS, Machado. Dom Casmurro. São Paulo: Klick Editora/Zero Hora, 1997. 
QUEIRÓS, Eça de. O Primo Basílio. São Paulo: Ática, 1979.

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