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Criminologia - Completo

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Criminologia
Thais Eduarda Birer
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A palavra criminologia criada em 1883 por Paul Topinard e difundida por Raffaele Garofalo em 1885, tem origem etimológica hibrida, pois une um elemento oriundo da língua latina, crimino, que significa crime, e outro da língua grega, logos, que quer dizer estudo. Portanto, através de uma análise etimológica da expressão, temos o estudo do crime.
Finalidade
 Sua finalidade, é buscar entender o contexto da prática do delito, analisando o modelo social de justiça criminal, a pessoa do delinquente, a vítima, o controle social e até mesmo o reflexo da lei penal na sociedade. 
Pode-se conceituar criminologia como a ciência empírica (baseada na observação da realidade) e interdisciplinar (que congrega ensinamentos de sociologia, psicologia, filosofia, medicina e direito) que possui como objeto de estudo o crime, o criminoso, a vítima e o comportamento social. 
Logo, criminologia entende o fenômeno criminal como problema não meramente individual, mas também social. Estuda a questão criminal sob o ponto de vista biopsicossocial (métodos biológicos e sociológicos), investigando as causas do crime, a personalidade do delinquente, a vitimização e as formas de prevenção e ressocialização no contexto do controle social. 
Foi na Escola Positiva que a criminologia começou a ser tratada como ciência, e isto se deu especialmente em razão do método científico utilizado nas experiências do médico italiano Cesare Lombroso, que escreveu a obra O Homem Delinquente (considerada o marco científico da criminologia).
Na visão da criminologia, o crime é um fenômeno social, o qual exige uma percepção apurada para que seja compreendido em seus diversos sentidos. Para a criminologia, somente se pode falar em delito se a conduta preencher os seguintes elementos constitutivos:
· incidência massiva na população: reiteração na sociedade;
· incidência aflitiva: produção de dor à vítima e à sociedade;
· persistência espaço-temporal: prática ao longo do território por um período de tempo relevante;
· consenso sobre sua etiologia e técnicas de intervenção: concordância sobre suas causas e métodos de enfrentamento.
Em relação ao delinquente, é visto de maneira diferente segundo as Escolas da Criminologia:
· Escola Clássica: ser pecador que escolheu o mal apesar de poder optar pelo bem;
· Escola Positivista: reflexo de sua deficiência patológica (caráter biológico – hereditário ou não) ou formação social (caráter social);
· Escola Correcionalista: ser inferior e incapaz de se autodeterminar, a merecer do Estado resposta pedagógica e piedosa;
· Escola Marxista: vítima da sociedade e das estruturas econômicas (determinismo social e econômico); essa visão se desenvolveu por estudiosos de Marx, e seus conceitos convergiram na chamada criminologia crítica;
· Escola Moderna: homem real e normal que viola a lei penal por razões diversas que merecem ser investigadas e nem sempre são compreendidas.
Criminologia clássica
Final do século XVIII e metade do século XIX. 
É um legado liberal, racionalista e humanista do Iluminismo. Focada em uma orientação jusnaturalista (defende que o direito é independente da vontade humana, ele existe antes mesmo do homem e acima das leis do homem), os clássicos viam o crime como um fato individual, tratando-se de apenas uma infração à lei, sem qualquer referência à personalidade do autor ou a sua realidade social. Pois para eles, a lei é igual para todos, e a culpa é do delinquente que tem decisão livre e decide por cometer o crime. E a partir disso, tinha a pena como retribuição pelo mal praticado. 
Referencias dessa escola: Carrara, Carmigiani, Cesare Beccaria e Rossi.
· Crime – ente jurídico
· Criminoso – livre arbítrio
· Método – dedutivo
· Pena - retribuição
Criminologia Positiva 
Cesare Lombroso, médico italiano, que ocupou um dos papéis centrais, juntamente com Ferri e Garofalo na Criminologia e na Escola Positiva de Direito Penal. As ideias de Lombroso sustentaram um momento de rompimento de paradigmas no Direito Penal e o surgimento da fase científica da Criminologia. Lombroso e os adeptos da Escola Positiva de Direito Penal rebateram a tese da Escola Clássica da responsabilidade penal lastreada no livre-arbítrio. 
Essa escola tinha influência de:
· Doutrina Evolucionista: Darwin, Lamarck.
· Materialista: Buchner, Haeckel e Molenschott.
· Sociológica: Comte, Spencer, Ardig e Wundt.
· Frenológica: Gall.
· Fisionômica: Lavater
· Estudos de Villari e Cattaneo.
Opondo a necessidade de defender mais enfaticamente o corpo social contra a ação do delinqüente, priorizando os interesses sociais em relação aos indivíduos. As ideias penais e criminológicas dos positivistas coincidem com esta preocupação central das novas classes privilegiadas e lhes proporcionaram um instrumento prático e teórico para afugentar o perigo que para a estabilidade social representavam os despojados
Se sustentava a ideia, de que o homem era inconsciente e impulsionado para cometer o delito. Então começaram, principalmente Lombroso, a observar e levar em consideração, característica anatômicas, fisiológica e mentais. Atavismo, desenvolvimento psíquico e agressividade. A ideia de atavismo aparece estreitamente unida a figura do delinqüente nato. Segundo Lombroso, criminosos e não-criminosos se distinguem entre si em virtude de uma rica gama de anomalias e estigmas de origem atávica ou degenerativa. Lombroso apontava as seguintes características corporais do homem delinqüente: Queixo grande, anomalias, orelhas grandes, lábios grossos e etc. As características anímicas, segundo o autor, são: insensibilidade à dor, tendência a tatuagem, cinismo, vaidade, crueldade, falta de senso moral, preguiça excessiva, caráter impulsivo. 
· Crime - ente de fato
· Criminoso - determinismo
· Método – indutivo
· Pena - defesa social
Escola Penal Humanista
A escola humanista fundada por Vicente Lanza no século XX, é conhecida por meio da propagação do pensamento humanista, e das bases do movimento. São adeptos da Escola Humanista os pensadores Trojano, Falchi, Papparlado e Montalbano. Nessa escola, se tem a ideia de que são os sentimentos que guiam as ações humanas. Vicente Lanza, diz que "o homem é imputável, pois é educável", logo, as penas deveriam ser educacionais.
· O crime se constitui no desvio moral de conduta, ou seja, o que não viola a moral, não deve ser crime. 
· O delinquente é o imputável, único passível de educação. 
· A pena é forma de educar o culpado, ou seja, a pena é educação.
Escola Técnico-Jurídica
Atrelada a Escola Clássica, procura restaurar o critério da ciência do Direito Penal, buscar o direito positivado como base, estruturado na lei de Kelsen, (refutando a ciência). Em suma, pode-se dizer que a escola técnico-jurídica é adepta da ideia de que a ciência penal é autônoma, com princípios e objetos puros e próprios, defende que deve ser interpretado conforme a lei, não sendo adequado analisa-la sobre aspectos sociológicos, psicológicos entre outros. Sendo assim, propõe Rocco uma reestruturação, de forma que o estudo criminal se restringiria apenas ao Direito Positivo vigente. O seu estudo passa por três momentos: Explicação critica, com o objetivo de dar sentido as normas que o ordenamento jurídico trás; Dogmática: conjuntos de princípios com elementos que delimitam o direito penal, baseando-se na ideia de que o intérprete não pode alterar os elementos contidos na lei; e Crítica: orientar na consideração do direito vigente. 
· Crime - relação jurídica, de conteúdo individual e social;
· Delinquente - livre arbítrio
· Método - técnico jurídico
· Pena - Preventiva geral e especial, aplicável e imputáveis
Escola Moderna Alemã
A Escola Moderna Alemã surgiu na Alemanha, sendo liderada por Franz von Liszt. Essa escola mudou o cenário e revolucionou os conceitos, entrelaçando o direito penal com outras ciências. Em primeiro momento, percebe-se a ideia de que o delinquente agia com o livre arbítrio juntamente com o determinismo, concepção de natureza individual e de condições exteriores. Em seguida afirmaque a pena pode ter várias funções, sendo intimidadora como prevenção, desestimulando a pratica de crimes, e assim inovando a política penal moderna. Desenvolve uma politica criminal, a partir da eliminação de penas curtas, trocando por penas alternativas. Ademais, a distinção entre imputáveis e inimputáveis abrange novamente uma dupla feição na sua teoria. Para os imputáveis a sanção é a pena, já para os outros a medida de segurança é imposta.
· Método - lógico-abstrato (Direito Penal) e indutivo-experimental (demais ciências criminais)
· Crime - é um fenômeno humano-social e fato jurídico:
· Pena - caráter defensivo
· Delinquente -livre arbítrio e determinismo.
Escola Correcionalista 
Surge em 1839, sendo liderada pelo jurista Karl David August Roder, com base na filosofia do alemão Friedrich Krause, mas foi na Espanha, através de Pedro Dorado Montero que a Escola ganhou conhecimento. O delinquente para os correcionalistas. É um ser anormal, incapaz de uma vida jurídica livre, constituindo-se por isso, em um perigo para a convivência social, sendo indiferente de tratar-se ou não de imputável. Para Roeder, a pena não podia ter um tempo determinado, já que era pra correção do indivíduo. O Estado deve restringir a liberdade do indivíduo (pena indeterminada) até sua total recuperação. Ao contrário da corrente positivista tradicional que vê a pena como forma de “defesa pessoal”, para os correcionalistas, a pena deve ser um “remédio social”.
· Crime - é um ente jurídico, criação da sociedade; não é natural;
· Delinquente - determinismo é um ser anormal, portador de uma vontade reprovável;
· Pena - privativa de liberdade
Escola da Nova Defesa Social
A primeira teoria de defesa social aparece somente no final do século XIX com a revolução positivista, sendo uma forte reação humanista e humanitária, visando acabar com os abusos praticados pelos regimes totalitários do nazismo e fascismo. Os doutrinadores filiados à corrente do Movimento de Defesa Social defendem que a finalidade da pena é proteger a sociedade das ações delituosas, mas também ressocialização do criminoso.
· O crime é um mal que desestabiliza o aprimoramento social.
· O delinquente é a pessoa que precisa ser adaptada à ordem social.
· A pena é uma reação da sociedade com objetivo de proteção do cidadão. Vitima 
Vitima 
Quanto à vítima, historicamente foi colocada em segundo plano, tendo em vista que o objetivo principal da persecução penal era a punição do criminoso. Com o avanço dos estudos criminológicos, o ofendido é revalorizado e passa a ter papel de destaque, especialmente a partir da Escola Clássica da criminologia. A vítima desempenha papel importante pois influencia no fato delituoso, toma atitudes que a colocam como potencial sujeito passivo e possui características pessoais (cor, sexo, condição social) relevantes.
A principal classificação nessa discussão se refere aos processos de vitimização:
· Vitimização primária: são os efeitos diretos e indiretos da própria conduta criminal. Decorre do delito, e compreende todos os prejuízos e danos sofridos pela vítima (lesão ao bem jurídico como integridade física, patrimônio, etc.), bem como as demais decorrências (incluindo-se aí vergonha, raiva, medo, dentre outros abalos psicológicos);
· Vitimização secundária: é o resultado da equação que envolve as vítimas primárias e o Estado em face do exercício do controle formal. É o que recai na vítima em decorrência da operação estatal para apuração e punição do crime. Ex.: além de sofrer as consequências diretas da conduta (vitimização primária), uma pessoa que é lesionada deverá seguir a uma delegacia de polícia, aguardar para ser atendida, passar por um exame de corpo de delito, prestar depoimento em juízo, enfim, estará à disposição do Estado para que o autor do crime seja punido.
· Vitimização terciária: é a provocada pelo meio social, normalmente em decorrência da estigmatização trazida pelo tipo de crime. Exemplo clássico é a vítima de crimes contra a dignidade sexual, que, além de suportar o crime, sofre o preconceito de outras pessoas, que não a aceitam como anteriormente.
Também é chamada de revitimização, por consistir em processo emocional no qual o ofendido torna-se vítima novamente, podendo se relacionar com outras pessoas ou instituições (heterovitimização) ou com sentimentos auto impositivos de culpa (autovitimização).

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