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Prova Estudo Comparado das Américas- o Eu e o Outro

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Prova Estudo Comparado das Américas- o Eu e o Outro 
Ao estudar a modernidade nos deparamos com uma visão que não abrange toda a 
diversidade que encontramos na vida real. O primeiro questionamento a se fazer seria de 
como é vista a própria história, e ao se deparar com a forma eurocêntrica de ver o mundo, 
percebe-se como há muitas falhas e muitos aspectos que precisam ser estudados e 
questionados. A própria ideia de uma história mundial que possui um enfoque na Europa 
é repassada em nossas escolas e isso é naturalizado, de forma que não se enxerga as 
limitações que isso traz. 
Vemos em Dussel (2005) que não existe uma história mundial, mas junto disso se 
observa também que não se trata só de uma história voltada para um povo. Também os 
valores morais, leis e toda uma visão de mundo baseada nas crenças deste povo. Há uma 
tentativa de apagamento das crenças, da epistemologia e da cultura do outro como um 
todo. Nesta divisão de "eu" e "outro", a Europa - e logo depois os Estados Unidos- surgem 
como centro e os outros como periféricos. 
É priorizada a lógica da racionalização e do desencantamento do mundo e a crença 
do outro passa a ser considerada misticismo e superstição. Por muito tempo, vimos povos 
"diferentes" com um olhar preconceituoso e estereotipado. A falta de conhecimento sobre 
aquele que chamamos de outro além de prejudicial ainda limita nossa visão. Se desde os 
anos escolares fossemos habituados e instigados a buscar sobre nossa própria história, 
cultura e origens, seriamos mais propensos a criar teoria dentro da nossa própria lógica. 
Se trata do reconhecimento da condição sociohistórica da maior parte da população. 
Esses textos dos autores decoloniais vêm trazendo a tona a forma que as ideias 
cartesianas de ruptura entre corpo e mente, fazendo do mundo um mecanismo 
desespiritualizado (Lander, 2005). Também como as ideias positivistas e iluministas que 
colocam a razão no centro, mas em uma relação de poder e superioridade. Algumas 
comunidades foram vítimas de uma negação da sua vida e são levadas a se adaptar, tendo 
suas formas de conhecimento negadas. As crenças associadas a essas ideias de mundo 
foram usadas como justificativa, como se ao interferir nas culturas denominadas 
periféricas eles estivessem trazendo modernidade e uma espécie de evolução. 
 Os estudos da América Latina numa perspectiva decolonial propõe o 
reconhecimento destas outras culturas e a descontrução de ideias eurocêntricas para a 
análise da nossa realidade. Desnaturalizar a violência que foi sofrida e questionar a sua 
própria formação e a hierarquia que foi feita baseada na diferença e numa relação 
assimétrica. Existem como alternativas a esta visão a ideias como a de transmodernidade, 
de Dussel. 
A transmodernidade consiste em indicar "aspectos além das estruturas valorizadas 
pela cultura euro-americano moderna e que estão em vigor nas grandes culturas universais 
não-europeias". O projeto transmoderno indica a valorização das culturas negadas ou 
depreciadas, a intenção não seria criar uma unidade globalizada, mas sim criar um 
"pluriverso transmoderno" e multicultural. ( Dussel, 2016) 
Outro grande problema dentro da colonialidade está ligado a geopolítica do 
conhecimento. A produção de conhecimentos mais valorizada demonstra um padrão 
capitalista e eurocentrado. A noção de "hybris del punto cero" traz a ideia de um ponto 
de partida teoricamente neutro e que seria racional, como um observador externo. As 
universidades, consideradas centros privilegiados de produção de conhecimentos, seguem 
uma estrutura onde a divisão das disciplinas não reflete as estruturas da natureza, e sim 
resulta da distribuição de poder. (Castro-Gómez,2005) 
Na condição pós-moderna a educação teria função de aumentar as capacidades 
técnicas e científicas e também teria um papel no progresso moral das pessoas, mas 
seguindo fronteiras epistêmicas que não podem ser transgredidas e tratando o 
conhecimento com hierarquias. O conhecimento validado serviria para um controle 
racional sobre o mundo. Muitas vezes nos vemos utilizando como fontes autores que não 
explicam bem a realidade de onde vivemos e damos mais credibilidade a autores 
estrangeiros, europeus, clássicos. A solução apontada seria ver que cada um de nós é "um 
todo físico-químico-biologico-psicológico-social-cultural" e que deve ser promovida a 
transdisciplinaridade e a transculturalização do conhecimento. (Castro-Gómez, 2005) 
Referências 
CASTRO-GÓMEZ, Santiago. La hybris del punto cero: ciencia, raza e ilustración 
en la Nueva Granada (1750- 1816). Bogota: Instituto Pensar, Universidad Javeriana, 
2005. 
DUSSEL, Enrique. "Europa, modernidade e eurocentrismo" em Lander, Edgardo 
(comp.) A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-
americanas ( Buenos Aires: CLACSO), 2005. 
DUSSEL, Enrique Transmodernidade e interculturalidade: interpretação a partir 
da filosofia da libertação. In: Revista Sociedade e Estado. Volume 31, Número 01, 
Janeiro/Abril, 2016. http://dx.doi.org/10.1590/s0102- 69922016000100004 
LANDER, Edgardo (org.) A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências 
sociais: perspectivas latino-americanas. CLACSO, 2005.