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SUPERVISÃO ESCOLAR

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Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
SUPERVISÃO ESCOLAR
Autor: Antonio José Müller
371.2
M997t Müller, Antonio José.
 Supervisão escolar / Antonio José Müller. Indaial
 Uniasselvi, 2011. 148 p. il.
	 	 													Inclui	bibliografia.	
 ISBN 978-85-7830-437-9
 1. Supervisão escolar; 2. Administração escolar
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra Bárbara Götzinger
 Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
 Profa. Jociane Stolf
Revisão de Conteúdo: Célia Regina Appio
Revisão Gramatical: Marli Helena Faust
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci
Copyright © Editora Grupo UNIASSELVI 2011
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Antonio José Müller
Graduado em Educação Física pela 
Universidade Regional de Blumenau-SC (FURB), 
especialização em Treinamento Desportivo e 
Voleibol pela Universidade Nova Iguaçu do Rio de 
Janeiro e Doutor em Educação pela Universidade do 
Texas-El Paso (EUA). Atua como professor universitário 
desde 2001 com experiência acadêmica em Universidades 
públicas e particulares no Brasil, EUA e na Arábia Saudita, 
na graduação, especialização e mestrado nas áreas da 
Educação Física e Pedagogia. Tem um livro publicado 
sobre	Voleibol	e	diversos	artigos	científicos	publicados	
em revistas especializadas no exterior. Apresentou 
seus estudos em Conferências Internacionais nos 
EUA, México, Canadá, Arábia Saudita, Austrália 
e no Catar. Na Uniasselvi trabalha no Núcleo 
de Ensino a Distância, e é coordenador do 
curso de Educação Física (Indaial), além de 
professor na graduação e na pós-graduação.
Sumário
APRESENTAÇÃO ........................................................................... 7
CAPÍTULO 1
A	Supervisão	Escolar	no	Sistema	Educacional	Brasileiro:	
História,	Conceitos,	Características	e	Funções .................... 9
CAPÍTULO 2
O	Planejamento	Escolar	e	os	Desafios	da	 
Supervisão	para	uma	Escola	Atual	e	Ideal .............................. 35
CAPÍTULO 3
A	Gestão	Escolar	e	as	Possibilidades	 
para	uma	Escola	Democrática	 .................................................. 77
CAPÍTULO 4
Setores	de	Atuação	do	Supervisor	Educacional ................ 109
CAPÍTULO 5
Meios	e	Técnicas	de	Supervisão	Escolar ............................. 127
APRESENTAÇÃO
Prezado(a) Pós-Graduando(a), 
A disciplina que você está iniciando se propõe a discutir a importância, as 
funções e a realidade da supervisão escolar no Brasil. Veremos neste caderno 
de	estudos	as	definições	das	atividades	do	supervisor	escolar	de	acordo	com	a	
própria história educacional e como componente essencial para a melhoria da 
qualidade da educação no país.
A supervisão escolar é de fundamental importância para o bom andamento da 
escola,	pois	auxilia	as	práticas	docentes	e	discentes,	além	de	gerenciar	conflitos	e	
planejar as melhorias de que a escola necessita. Essa importância é impulsionada 
pelos processos de formação que por sua vez ampliam as possibilidades de 
atuação	 profissional	 e	 de	 crescimento	 pessoal.	 Não	 pode	 ficar	 limitada	 pela	
falta de boa vontade do supervisor em buscar aprimorar seus conhecimentos, 
pela	 dificuldade	 de	 uma	 gestão	 realmente	 democrática	 e	 principalmente	 pela	
dificuldade	de	transpor	o	discurso	teórico	para	a	função	prática	e	transformadora.
Este	material	tem	o	propósito	de	discutir	e	orientar	as	funções,	dificuldades	e	
amplificar	as	possibilidades	do	supervisor	para	uma	educação	possível	na	escola	
atual	 e	 para	uma	educação	eficiente	em	 termos	 sociais	 e	profissionais.	O	 foco	
deste material é a supervisão de ensino, o papel do supervisor escolar em suas 
atividades e obrigações em âmbito escolar.
Nesse sentido, o primeiro capítulo compreende o processo histórico da 
Supervisão	 Escolar	 no	 Brasil,	 permitindo	 uma	 reflexão	 sobre	 a	 sua	 situação	
anterior	e	sua	 influência	na	situação	atual.	Pretende	também	conhecer	e	debater	
os importantes conceitos, características e funções do Supervisor Escolar no Brasil 
atual,	além	de	cobrir	as	dificuldades	enfrentadas	pelos	profissionais	desta	função.
No	 capítulo	 2,	 abordamos	 os	 desafios	 e	 oferecemos	 sugestões	 para	 o	
planejamento	na	escola.	Esse	planejamento	tem	a	finalidade	de	definir	prioridades	
e buscar caminhos, sempre com a intenção de aperfeiçoar o ensino e fazer 
da educação algo realmente relevante na vida das pessoas, especialmente 
daqueles	professores	e	alunos	que	passam	por	dificuldades	na	 relação	ensino-
aprendizagem.
No terceiro capítulo, abordamos a Gestão Escolar e as possibilidades para 
uma escola democrática com a participação essencial da comunidade escolar 
preocupada e ativa no processo de desenvolvimento do ensino.
Na sequência, o capítulo 4 expõe os setores de atuação do supervisor na 
escola. O propósito é de compreender a teoria funcional e explorar a atuação 
profissional	nos	setores	da	escola	em	que	o	supervisor	deve	fazer	a	diferença,	na	
prática.
O último capítulo explora ainda mais os aspectos práticos da função, uma vez 
que determina as possibilidades e técnicas de atuação do supervisor educacional 
em relação às ações de trabalho na busca de uma educação de qualidade.
CAPÍTULO 1
A	Supervisão	Escolar	no	Sistema	 
Educacional	Brasileiro:	História,	 
Conceitos,	Características	e	Funções
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 9 Compreender o processo histórico da Supervisão Escolar no Brasil, permitindo 
uma	reflexão	sobre	a	sua	situação	anterior	e	sua	influência	na	situação	atual.
 9 Conhecer e debater os importantes conceitos, características e funções do 
Supervisor Escolar no Brasil atual.
10
Supervisão escolar
11
A Supervisão Escolar no Sistema Educacional Brasileiro: 
História, Conceitos, Características e FunçõesCapítulo 1
Contextualização
Você deve lembrar-se do Super-Homem, não lembra? O Superman tem 
várias qualidades e poderes. Um super-herói invulnerável, velocíssimo e de força 
infinita.	Uma	das	qualidades	do	Superman é a de possuir uma visão privilegiada, 
uma “super visão”. Através da “super visão” ele combina variações de visão 
telescópica, microscópica, de calor e de transparência para executar seus atos de 
heroísmo e ajudar as pessoas em perigo. 
Afinal,	 Supervisão	 significa	 uma	 “super	 visão”,	 uma	 visão	 elevada	 de	
algo,	 uma	 visão	 amplificada,	melhorada	 e	 privilegiada	 da	 situação.	A	 tarefa	 de	
supervisionar tem a ver com as características do Superman, não pelo aspecto de 
ser uma pessoa resistente e imbatível, mas sim uma pessoa que faz uso da visão 
para	suas	funções	profissionais	no	auxílio	às	pessoas	“em	perigo”,	sejam	elas	os	
professores, alunos e/ou a comunidade onde a escola está inserida.
Nesse sentido, a supervisão escolar é humana e, por esse fato, passível 
às fragilidades humanas. Evitar essas fragilidades é a intenção de uma boa 
supervisão que, por sua vez, demanda uma boa preparação e conhecimento 
elevado do funcionamento do sistema educacional, do relacionamento humano, 
da gestão democrática e da capacidade de pensar diferente para fazer a diferença. 
O bom supervisor deve ter a capacidade de “visão” para fazer tarefas exigidas na 
sua competência, para transformar e ousar nas mudanças que a escola exige, por 
vezes. Não é necessário ser o Superman para se ter uma visão privilegiada da 
situação,	mas	a	boa	preparação,	o	conhecimento	e	a	liderança	podem	amplificar	
essa qualidade, transformando o humano comum em um “Super-Visor”,capaz de 
fazer a diferença entre a escola comum e a escola de qualidade. 
Veremos, neste primeiro capítulo, uma breve explanação do surgimento da 
supervisão, sua transferência para o ambiente escolar e do contexto histórico 
da supervisão escolar no Brasil. A história, nesse caso, torna-se imprescindível, 
não	apenas	para	 conhecer	os	 fatos,	mas	sim	para	 significar	 ideias	e	 conceitos	
de antigamente. Como escreve o sociólogo francês Henri-Pierre Jeudi (1995, 
p. 53), “A história é o fruto da própria produção dos acontecimentos e assim 
se constrói a antecipação da continuidade”. Ou seja, a história se torna muito 
mais interessante e importante quando articulada com os erros e acertos 
verdadeiros que aconteceram na tentativa de explicar a situação atual dos fatos e, 
consequentemente, da supervisão. 
 
Você	 verá,	 também,	 as	 definições	 dos	 conceitos	 relevantes	 que	 devemos	
entender para então percebermos as funções e a importância do supervisor 
na	 escola	 atual.	Mais	 do	 que	 isso,	 discutiremos	 as	 dificuldades	 da	 profissão	 e	
especialmente as qualidades que fazem do supervisor o grande responsável pela 
boa educação, tão necessária em qualquer sociedade evoluída. 
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Supervisão escolar
A	Supervisão	Escolar	no	Brasil:	 
uma	Contextualização	Histórica
O conceito de supervisão surgiu com o fenômeno da Revolução 
Industrial iniciada em meados do Século XVIII, na Inglaterra, e 
expandida para outras partes do mundo no início do Século XIX e 
tem projeções até os dias de hoje em todo o mundo. Nessa fase de 
desenvolvimento social, econômico e tecnológico, as indústrias 
transformaram a produção de maneira artesanal para a técnica, com 
a utilização de máquinas em maior escala. Os trabalhadores, que 
anteriormente trabalhavam “para si” na agricultura familiar ou em 
pequenas comunidades, em manufaturas, voltaram seus esforços para 
a busca de salário, trabalhando para outras pessoas que buscavam 
transformar a matéria-prima em produtos comerciais, atingindo assim 
os lucros do capitalismo.
Dentro dessa realidade, foi preciso criar uma função para controlar 
as atividades produtivas exigidas pelos patrões. Vigiar, controlar e 
punir eram as atribuições que uma determinada pessoa exercia sobre 
outros durante o processo produtivo. Essa função era, portanto, a de 
supervisionar o trabalho dos funcionários em suas atividades diárias 
nas fábricas na busca de um objetivo comum e orientado. 
Com o surgimento das complexas organizações sociais e 
comerciais,	 vieram	 as	 definições	 de	 poder	 e	 controle	 sobre	 a	
massificação	 do	 trabalho.	 Foram	 criados	 cargos	 de	 controle	 e	 de	
gerenciamento das atividades. Posteriormente, esses cargos também 
foram adotados fora das fábricas em outras atividades humanas 
organizadas, como, por exemplo, os exércitos, associações sociais e 
esportivas e escolas.
O controle das atividades escolares realizado por um responsável surgiu 
na metade do século XIX, nos Estados Unidos, ainda sem a preocupação de 
melhorar a qualidade da gestão educacional ou a preparação de professores, 
tendo	unicamente	a	intenção	de	fiscalizar	o	trabalho	(LIMA	apud	RANGEL,	2001).
 
A supervisão escolar, no Brasil, surgiu com a Reforma Francisco 
Campos (Decreto-Lei 18.890 de 1931). A intenção da lei era a de 
implantar novas possibilidades pedagógicas e desconsiderar os 
aspectos	de	fiscalização.	Com	a	lei	de	caráter	da	preparação	científica,	
surgem os chamados especialistas em educação, entre eles o 
Supervisor. 
O trabalho de supervisão continuou, a partir da criação da 
O conceito de 
supervisão surgiu 
com o fenômeno 
da Revolução 
Industrial iniciada 
em meados do 
Século XVIII, 
na Inglaterra, e 
expandida para 
outras partes do 
mundo no início do 
Século XIX.
Função para 
controlar as 
atividades 
produtivas exigidas 
pelos patrões. 
Vigiar, controlar 
e punir eram as 
atribuições que 
uma determinada 
pessoa exercia 
sobre outros 
durante o processo 
produtivo.
A supervisão 
escolar, no Brasil, 
surgiu com a 
Reforma Francisco 
Campos (Decreto-
Lei 18.890 de 
1931).
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A Supervisão Escolar no Sistema Educacional Brasileiro: 
História, Conceitos, Características e FunçõesCapítulo 1
Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário (CADES), por 
meio do Decreto-Lei 34.638 de 14/11/1953, transformando-se em uma aliança entre 
Brasil	e	EUA,	cuja	finalidade	era	a	melhoria	da	qualidade	do	ensino,	utilizando-se	
para tanto o treinamento de recursos humanos. Saviani (1993) comenta que este 
programa, chamado de Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino 
Elementar	(PABAEE),	 tinha	por	objetivo	 ‘treinar’	os	educadores	brasileiros	a	fim	
de que estes garantissem a execução de uma proposta pedagógica voltada para 
a educação tecnicista, dentro dos moldes norte-americanos. 
O PABAEE teve a sua origem voltada para a assistência e a formação de 
professores leigos. “Tais alterações, nos seus fundamentos, geraram mudanças 
profundas na maneira de encarar a tarefa educativa e na compreensão da escola 
como local especializado para conduzir o processo educativo” (FERREIRA, 2000, 
p. 167).
Na década de 1960, com a Lei 4.024/61, atribui-se atenção maior aos 
técnicos em educação. A partir dessa lei, foram criados setores especializados 
nas escolas. Seguindo esse conceito, Maldonado (2003, p.7) comenta que “Na 
proposta pedagógica do PABAEE, o mais importante não era o conteúdo, mas o 
meio, ou seja, o como ensinar, a partir do interesse da criança. As orientações do 
PABAEE predominaram até 1964”. 
Maldonado (2003, p. 7) completa: “Após o golpe militar de 64, o governo 
realizou reformas de ensino, com o objetivo de ajustar a educação à nova situação. 
E é nesse contexto que o Conselho Nacional de Educação aprova o Parecer 252, 
incorporado à Resolução nº. 2 de 12 de maio de 1969, que reformulou os cursos 
de Pedagogia, instituindo as habilitações em administração, inspeção, supervisão 
e orientação, e prevendo a existência da Supervisão Pedagógica para, além das 
quatro primeiras séries, as quatro últimas, ou seja, o, então, ginásio”.
Pela primeira vez na história educacional do Brasil se buscava a 
formação	 profissional	 para	 cargos	 da	 administração	 escolar.	 Santos	
(2006,	p.	22)	discute	que	“Esta	 lei	 inseriu	a	formação	de	profissionais	
destinados	 a	 funções	 não	 docentes,	 isto	 é,	 profissionais	 que	 não	
atuavam em sala de aula, mas sim em cargos relativos à administração 
da escola.” Em 1971, a Lei 5692 trouxe a necessidade de preparar 
pessoal	 específico	 para	 exercer	 a	 função	 de	 supervisor.	 Para	 tanto	
surgiram cursos superiores que formaram os primeiros Supervisores 
Educacionais. 
Nos	anos	80,	contudo,	as	funções	de	controle	e	fiscalização	do	supervisor	não	
combinavam com as novas tendências libertárias dos grupos ativos que exigiam 
uma	 nova	 educação.	 O	 país	 estava	 cansado	 de	 tanto	 controle	 e	 fiscalização	
Em 1971, a Lei 
5692 trouxe a 
necessidade de 
preparar pessoal 
específico para 
exercer a função de 
supervisor.
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Supervisão escolar
promovidos pela repressão e pela herança de anos de controle do sistema político, 
social, econômico e educacional através de militares. De acordo com Maldonado 
(2003), a exagerada valorização da qualidade através do uso da técnica como 
garantia	 da	 eficiência	 foi	 contestada	 pelos	 movimentos	 de	 transformação	 que	
emergiram nos anos 80, como reação à repressão generalizada, vivida durante 
quase vinte anos, por uma sociedade que, então, sonhava com a liberdade. 
A década de 80 foi marcada pelo ‘movimento crítico’ da Educação 
que	 apontou	 os	 ‘especialistas	 do	 ensino’,	 mais	 especificamente	 os	
supervisores, como responsáveis pelo insucesso escolar (RANGEL, 
2000, p.72). Tanto que Rangel (2000, p. 72) argumenta que “na 
complexão da análise do capitalismo e seus desdobramentos, a 
especialidade isola, desarticula, setoriza e sectariza os serviços e as 
atividades escolares, desconectando-as entre si e com a problemáticasocial”. 
 
As tendências de supervisão como contexto de controle 
baseada em Frederick Taylor e as tendências educativas de John 
Dewey, utilizadas até então, estavam dando passagem à educação 
transformadora, ou, quem sabe, à crítica da própria educação nos 
moldes em que estava sendo realizada. A função de Supervisor foi extinta, 
deixando a educação ainda mais desarticulada e sem os princípios pedagógicos 
(técnicas	 de	 ensino	 e	 currículo)	 e	 profissionais	 (formação	 continuada	 dos	
professores) que o supervisor anteriormente determinava.
No	 final	 dos	 anos	 1980,	 início	 dos	 anos	 1990,	 nascem	 alguns	
novos conceitos e tendências pedagógicas. A palavra de ordem 
era transformação e essa ideologia se dispersa nos discursos dos 
responsáveis pela escola. A mudança de alguns paradigmas é 
necessária para se pensar em um novo modo de fazer educação. 
Novas	 filosofias	 educacionais	 foram	 adaptadas	 pelas	 instituições	
de ensino baseadas na formação para a cidadania. Escolas buscam 
referências em Freinet, Piaget, Vigotsky, Giroux, Foucalt, Gardner, 
entre outros, e especialmente em Paulo Freire para contextualizar 
suas práticas educativas em uma escola que está em ebulição. “A 
escola, nesse momento, é vista como lugar dinâmico, ativo, no qual os 
processos de ensinar e aprender são processos dialéticos e que dependem de 
todos os membros da comunidade escolar, instituindo, assim, que o professor, os 
alunos e, consequentemente, a supervisão escolar tem papel relevante para essa 
mudança” (MEDINA, 2002).
Na década de 90 ressurge o debate sobre o valor da Supervisão, apontada 
como um dos instrumentos necessários aos processos de mudança nas escolas, 
Na década de 90 
ressurge o debate 
sobre o valor 
da Supervisão, 
apontada como um 
dos instrumentos 
necessários aos 
processos de 
mudança nas 
escolas.
A década de 80 
foi marcada pelo 
‘movimento crítico’ 
da Educação 
que apontou os 
‘especialistas 
do ensino’, mais 
especificamente os 
supervisores, como 
responsáveis pelo 
insucesso escolar.
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A Supervisão Escolar no Sistema Educacional Brasileiro: 
História, Conceitos, Características e FunçõesCapítulo 1
que, por sua vez, repetiam as mudanças sociais e políticas do país. Contudo, 
a	 educação	 como	 aparelho	 de	 um	 sistema	 político	 ainda	 enxerga,	 na	 figura	
do supervisor, um “mero intermediário na implantação de novas propostas 
curriculares	amplamente	divulgadas	pelos	órgãos	oficiais”	(RANGEL,	2000,	p.47).
Essa articulação era a principal realização do supervisor e somente nos anos 
90, essencialmente após a LDB, a importância do cargo de supervisor foi colocada 
novamente em evidência e se começava a dissimular a ideia da gestão democrática 
nas escolas. De acordo com Maldonado (2003, p. 13), “O incentivo à participação 
dos	 profissionais	 na	 elaboração	 do	 projeto	 de	 ensino	muda	 a	 configuração	 das	
relações de trabalho na escola baseada, até então, na concentração do poder e 
na centralização das decisões. A descentralização, dentro das escolas públicas, 
interfere diretamente na coordenação das ações e no planejamento”. Com isso, a 
combinação	de	tarefas	estava	finalmente	determinada	com	a	gestão	democrática	e	
a interação dos trabalhos com objetivos concretos e dirigidos.
O conceito de gestão democrática trouxe a possibilidade da 
participação	dos	profissionais	da	educação	pela	condução	das	tarefas	
em busca de uma educação de qualidade. Mas, mesmo nos dias 
atuais,	o	desafio	está	em	“como”	e	“por	quê”	trabalhar	este	ou	aquele	
assunto ou programa, respeitando o currículo engessado pelo sistema 
nacional. Ou, ainda, como preparar as próximas gerações para serem 
cidadãos atuantes e críticos, uma vez que a sociedade ainda exige 
uma educação preparatória ao trabalho ou apenas a preparação para 
entrarem nas universidades, leia-se preparação ao vestibular. A história 
mostra isso e na própria história se buscam soluções para problemas 
atuais.	Afinal,	de	acordo	com	Maldonado	(2003,	p.	16),
A	 história,	 portanto,	 mostra	 incoerências	 e	 indefinições	
que interferem na ação supervisora dentro da escola, 
sobretudo na relação da supervisão com o professor. Da 
mesma forma que a supervisão, a atual organização do 
trabalho escolar também mostra características semelhantes 
àquelas que caracterizaram a escola dos anos 80. Apesar da 
existência dos Projetos Políticos Pedagógicos, os modelos 
organizacionais administrativos e pedagógicos atuais ainda 
têm se apoiado no material didático e em estratégias, que 
chegam às mãos dos professores, prontos para serem 
executados, desconsiderando-se as diferenças regionais, 
locais	 e	 específicas	 de	 cada	 escola.	 Uma	 equipe	 pensa	 e	
outra executa mantendo-se, desta forma, a fragmentação do 
processo educacional.
Questões intrigantes e de difícil resposta. Porém as respostas para essas 
questões estão na cooperação de trabalhos entre os responsáveis pela educação 
O conceito 
de gestão 
democrática trouxe 
a possibilidade 
da participação 
dos profissionais 
da educação pela 
condução das 
tarefas em busca 
de uma educação 
de qualidade.
16
Supervisão escolar
na escola. Essa articulação pretende proporcionar a educação de forma construtiva 
e ao mesmo tempo transformadora, que se considera a ideal. Para se chegar a 
este nível, a educação necessitava, e ainda necessita, de articulação entre os 
professores e alunos, entre os professores e a direção, ou entre a comunidade e 
a escola. 
 
FERREIRA, Naura Syria Carapeto. Supervisão educacional: 
uma	reflexão	crítica.	Petrópolis:	Vozes,	2007.
Atividade de Estudos: 
Faça uma pequena comparação entre as tendências de 
supervisão como contexto de controle baseada em Frederick Taylor 
e as tendências educativas de John Dewey, Escreva aqui suas 
anotações:
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A Supervisão Escolar no Sistema Educacional Brasileiro: 
História, Conceitos, Características e FunçõesCapítulo 1
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O	que	é	Supervisão	Escolar?	
Conceitos	e	Definições
A	palavra	supervisão	é	derivada	do	Latim	supervideo,	que	significa	
visão superior, uma visão de cima para baixo (MICHAELIS, 2011). 
Visão de controle e de vistoria. Em termos de supervisão de pessoas, 
podemos concordar com Harries (1987), de que a supervisão é o 
processo pelo qual um trabalhador recebe a função da instituição de 
trabalhar com outro funcionário ou funcionários com o propósito de 
atingir	certos	objetivos	organizacionais,	profissionais	ou	pessoais	que,	
juntos, promovem os melhores resultados para osusuários do serviço. 
Na	escola	essa	definição	é	 limitada	e	gera	outros	argumentos.	No	caso	da	
supervisão	voltada	à	escola,	os	conceitos	de	vistoria	ou	fiscalização,	que	apesar	
de historicamente apresentarem essas características, não são mais cabíveis 
na supervisão moderna. Nos conceitos atuais o supervisor deve, sim, orientar, 
coordenar e ajudar a equipe que comanda (ANDRADE, 1976). Podemos dizer que 
o supervisor faz uso da “visão superior” como um modo avaliativo, perceptivo ou 
de acompanhamento. Contudo, essa observação deve ter a condição de tirocínio 
e	que	gere	outra	ação	criadora	ou	modificadora	de	algo	que	deve	ser	revisto	ou	
desenvolvido. 
 
Tirocínio: Aprendizado. Experiência, prática adquirida no 
exercício de uma atividade, ou necessária ao exercício de uma 
profissão.	Capacidade	de	discernimento.
Como	se	percebe,	supervisão	tem	definições	variadas	e	consequentemente	
as	interpretações	acerca	do	desenvolvimento	de	uma	ação	criadora	e	modificadora	
A palavra 
supervisão é 
derivada do Latim 
supervideo, que 
significa visão 
superior, uma visão 
de cima para baixo.
18
Supervisão escolar
também se traduzem em algo variável e de difícil mensuração, o que pode causar 
confusões	e	limitações.	O	maior	desafio,	contudo,	está	no	fato	de	os	envolvidos	no	
processo educacional, inclusive o próprio supervisor, não saberem exatamente as 
suas funções na escola. O propósito deste trabalho é contribuir na busca dessas 
respostas, pois para se fazer uma atividade bem feita é preciso estar ciente das 
funções de cada componente no organograma da escola, desde o operacional até 
a	diretoria.	É	preciso	definir	a	 função	exata	antes,	durante	e	depois	da	mesma.	
Esses critérios também são emprestados da hierarquia empresarial. Basicamente, 
o supervisor tem as funções de:
• Acompanhar o processo de ensino e aprendizagem.
• Orientar professores.
• Diagnosticar a condição social e educacional dos alunos.
• Dinamizar a construção e acompanhamento do projeto pedagógico da escola.
• Coordenar projetos educativos na escola.
• Encaminhar	 alunos	 com	dificuldades	a	 fim	de	obter	 laudos	e	 relatórios	que	
auxiliem	na	identificação	das	causas	da	dificuldade	de	aprendizagem.
• Elaborar os planos de intervenção.
• Elaborar a construção do planejamento estratégico.
• Aproximar a família da escola.
Se os conceitos de supervisão têm diversos entendimentos, supervisão 
escolar gera ainda mais discussão. De acordo com Mosher e Purpel (1972, p. 3):
A	 dificuldade	 de	 definição	 de	 supervisão	 em	 relação	 à	
educação também se origina, em grande parte, de resolver 
problemas teóricos sobre o ensino. Simplesmente, não temos 
conhecimento	suficiente	do	processo	de	ensino.	Nossas	teorias	
de aprendizagem são inadequadas, os critérios para medir 
a	 eficácia	 do	 ensino	 são	 imprecisos,	 e	 existe	 um	 profundo	
desacordo sobre o conhecimento, isto é, qual currículo é 
mais valioso para ensinar. Quando conseguirmos maior 
compreensão do que e como ensinar, e quais os resultados 
especiais	 aos	 alunos,	 teremos	 então	 uma	 definição	 menos	
vaga sobre a supervisão na educação.
Supervisão	 escolar	 ainda	 pode	 ser	 definida	 como	 um	 serviço	
prestado à instituição de ensino, mais precisamente aos professores, com 
o	objetivo	de	melhorar	a	instrução,	tendo	o	aluno	como	o	beneficiário	final.	
O supervisor é uma pessoa treinada para auxiliar outros funcionários na 
boa prestação de serviço, de acordo com um modelo conceitual. Ele ou 
ela deve ser um idealista na constante busca da compreensão do sentido 
da Educação e sua importância na vida moderna.
Entre	definições	e	definições,	uma	que	se	pode	considerar	como	
realista e bastante fundamentada é “Supervisão implica uma visão 
Supervisão escolar 
ainda pode ser 
definida como um 
serviço prestado 
à instituição de 
ensino, mais 
precisamente 
aos professores, 
com o objetivo 
de melhorar a 
instrução, tendo 
o aluno como o 
beneficiário final.
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A Supervisão Escolar no Sistema Educacional Brasileiro: 
História, Conceitos, Características e FunçõesCapítulo 1
de qualidade, inteligente, responsável, livre, experiencial, acolhedora, empática, 
serena e envolvente de quem vê o que se passou antes, o que se passa durante e 
o que se passará depois, ou seja, de quem entra no processo para compreendê-
lo por fora e por dentro, para atravessá-lo com o seu olhar e ver para além dele 
numa visão prospectiva baseada num pensamento estratégico.” (MINTZBERG, 
apud ALARCÃO, TAVARES, 2003, p. 45).
A escola atual necessita de um supervisor que não só atenda as exigências 
do Sistema Nacional de Ensino, mas especialmente que preste suas habilidades 
no planejamento, no desenvolvimento e na avaliação escolar, além de promover 
o	melhor	desempenho	docente.	Essas	habilidades	podem	ser	amplificadas	com	a	
inclusão da importância da função de aplicação e organização de tarefas. O supervisor 
visualiza o problema, visualiza o atendimento, visualiza a formação docente, mas 
essencialmente pensa e age na busca interminável, incansável e até estressante 
de uma educação de alto nível. 
Na	 função	supervisora,	o	bom	profissional	deve	ser	o	apoio	dos	
outros	 profissionais	 da	 educação	 no	 objetivo	 maior	 de	 construir	 e	
aprimorar o cotidiano do trabalho escolar. Por mais estressante que 
possa ser, a busca da qualidade deve constar como o parâmetro para 
o bom funcionamento da escola e o aprimoramento das atividades 
oferecidas, pois, de acordo com Spears, apud Przybylski (1991), “A boa 
supervisão tem a intenção de liberar as energias das pessoas buscando 
a criatividade na solução de problemas comuns e individuais”. Por outro 
lado, a supervisão apropriada tem produzido bons efeitos quando bem 
aplicada,	refletindo	no	resultado	positivo	pelo	qual	a	escola	existe	e	se	
propõe, ou seja, o desenvolvimento social e acadêmico do aprendiz. 
 
Indicamos a leitura do artigo: A identidade do Supervisor 
Pedagógico: Um processo em Construção. Disponível em: 
<http://www.anpae.org.br/simposio2011/cdrom2011/trabalhosCom 
pletos01.htm>. Acesso em: 10 jun. 2011.
Na função 
supervisora, o bom 
profissional deve 
ser o apoio dos 
outros profissionais 
da educação no 
objetivo maior 
de construir 
e aprimorar o 
cotidiano do 
trabalho escolar.
20
Supervisão escolar
A	Importância	e	Características	do	
Supervisor	Escolar
A importância da supervisão se confunde e se completa na própria 
importância da educação. A boa educação deve ser algo que acontece pela 
elaboração	e	execução	dos	projetos,	assim	como	a	educação	eficiente	e	eficaz	
acontece pela motivação e competência dos envolvidos. 
Educação abrange outros aspectos tão importantes quanto a própria 
didática ou a preparação dos professores. A Educação é algo difícil de mensurar, 
complicada de aplicar e extremamente difícil de estabilizar. Uma vez que se 
descobre	a	verdadeira	Educação	se	percebem	suas	dificuldades,	seus	benefícios	
e	seus	infinitos	caminhos.	Apesar	disso,	é	incontestável	que	as	pessoas	buscam	o	
desenvolvimento	humano	com	o	desafio	de	aprender	e	assim	serem	conhecedores	
de si e do mundo que as cerca.
A	Pedagogia	foi	e	é	estudada	há	séculos.	Grandes	filósofos	e	educadores	já	
expuseram	suas	definições	sobre	o	assunto	e	atualmente	 fazemos	uso	dessas	
teorias numa combinação de ideias anteriores para uma prática dentro da 
realidade local (cultural e social) e que seja ao mesmo tempo útil, interessante e 
transformadora ao aluno. Como vemos, apesar de ideias geniais, práticas super 
interessantes, utilização da tecnologia e investimentos cada vez maiores, ainda 
não conseguimos construir uma educação de qualidade para todos e 
em	todos	os	níveis.	Mas	o	que	significa	qualidade	na	educação?	Como	
se percebe qualidade? Qualidade é um conceito subjetivo e difícil 
de mensurar em educação. Existem hoje, no Brasil e fora, conceitos 
que medem, através de testes, o índice de conhecimento dos alunos. 
Testes nacionais, como o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), 
ou internacionais, comoo PISA (Programme for International Student 
Assessmen) ou Programa Internacional de Avaliação do Estudante, 
que	mede	a	eficiência	escolar	 em	65	países;	 esses	 testes	avaliam	e	
comparam estudantes entre si. Porém, a educação é muito maior do 
que isso e o conhecimento não é limitado à linguagem ou à lógica, que 
normalmente são medidos pelos testes citados. Precisamos, sim, ter 
parâmetros mais verdadeiros. 
Com o PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação), lançado 
em 2007, tivemos algum avanço, sobretudo quando introduziu o Índice 
de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). O PDE compôs um 
conjunto de medidas e projetos fortemente ancorados na ideia de que 
devemos	 ter	 parâmetros,	medir,	 contar,	 quantificar	 (GADOTTI,	 2009).	
O conceito de qualidade da educação é “polissêmico”: do ponto de vista social, 
a educação é de qualidade “quando contribui para a equidade; do ponto de vista 
As características 
essenciais ao 
supervisor para 
exercer as suas 
funções e são:
sensibilidade para 
se apercebe,
capacidade 
para analisar, 
capacidade para 
estabelecer uma 
comunicação 
eficaz,
competência em 
desenvolvimento 
curricular e 
responsabilidade 
social.
21
A Supervisão Escolar no Sistema Educacional Brasileiro: 
História, Conceitos, Características e FunçõesCapítulo 1
econômico,	a	qualidade	refere-se	à	eficiência	no	uso	dos	recursos	destinados	à	
educação” (DOURADO, 2007, p.12).
Com	base	nas	definições	anteriormente	apresentadas,	é	possível	entender	
algumas das características que deliberam as competências do supervisor e dele 
(a) são esperadas. Alarcão e Tavares (2003, apud MOSHER e PURPEL, 1972) 
apresentam as características essenciais ao supervisor para exercer as suas 
funções e são:
• sensibilidade para se aperceber dos problemas e das suas causas;
• capacidade para analisar, dissecar e contextualizar os problemas e 
hierarquizar as causas que lhes deram origem;
• capacidade	 para	 estabelecer	 uma	 comunicação	 eficaz	 a	 fim	 de	 perceber	
as opiniões e os sentimentos dos professores e exprimir as suas próprias 
opiniões e sentimentos;
• competência em desenvolvimento curricular e em teoria e prática de ensino;
• Skill (habilidades) de relacionamento interpessoal;
• responsabilidade	 social	 assente	 em	 noções	 bem	 claras	 sobre	 os	 fins	 da	
educação.
Dentro dessa perspectiva explanatória da importância e características do 
supervisor em geral, as características acima podem ser utilizadas na função do 
supervisor	escolar,	pois	não	se	distinguem,	pelo	contrário,	confirmam	as	funções	
de uma boa supervisão. Vieira (1993, apud OLIVEIRA, 2008, p. 19) cita cinco 
funções fundamentais à atuação do bom supervisor:
1. Informar. O supervisor deve ser uma pessoa informada 
e ter sempre presente a importância de partilhar informação 
relevante e atualizada aos professores e alunos, enriquecendo 
o processo de ensino aprendizagem.
2. Questionar. O supervisor deve problematizar o saber 
e a experiência adquirida, através de interrogações que 
questionem a realidade observada, tentando encorajar o 
professor	 a	 uma	 postura	 de	 reflexão,	 como	 pessoa	 que	
questiona	 a	 sua	 prática	 profissional,	 procurando	 soluções	
alternativas.
3. Sugerir. Com base nas funções anteriores o supervisor 
pode partir para a sugestão de ideias, práticas e soluções, 
tendo sempre em consideração o poder de decisão do 
formando e visando a sua responsabilização por atividades, 
projetos, dinâmicas, avaliações, etc.
4. Encorajar. O supervisor deve investir num relacionamento 
interpessoal baseado em sugestões que motivem o professor 
a evoluir e a melhorar as suas práticas educativas, sendo 
fundamental a afetividade em todo este processo de 
crescimento	não	só	profissional,	mas	também	pessoal	e	social.
22
Supervisão escolar
5. Avaliar. Tendo em conta a importância da avaliação de 
caráter	 formativo	 e	 não	 apenas	 de	 classificação,	 avaliar	 a	
prática pedagógica do professor deve ser um fator de abertura 
e	 clarificação	 de	 um	 fator	 essencial	 e	 imprescindível	 ao	
processo	de	formação	profissional.
A	 importância	 do	Supervisor	 não	 está	 na	 definição	 de	 conceitos	
ou teorias e sim na capacidade individual de bem aplicar as suas 
funções. A supervisão educacional gera interpretações variadas dos 
acontecimentos que devem trazer à tona a realidade escolar e os 
paradigmas da solução pertinente. Segundo Paulo Freire (1994, p. 161), 
“transformar ciência em conhecimento usado apresenta implicações 
epistemológicas porque permite meios mais ricos de pensar sobre o 
conhecimento”. Essa interpretação epistemológica deve gerar uma 
práxis	construtiva	em	busca	de	uma	escola	eficiente.
A educação moderna propõe, com sabedoria, que a qualidade 
educacional passe pela associação entre a gestão democrática e a 
avaliação, com a participação da sociedade. Mais ainda, a reinvenção 
da educação passa obrigatoriamente pela organização do trabalho 
pedagógico, a organização das atividades, da prática educativa, da 
avaliação constante e justa, além da motivação dos envolvidos no 
árduo trabalho exigido para quem acredita na educação. 
Atividade de Estudos: 
A partir do que você estudou sobre as cinco funções 
fundamentais do supervisor escolar, faça uma análise destas 
funções, colocando-as em ordem de importância: 
1) Informar
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
2) Encorajar
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
A importância do 
Supervisor não 
está na definição 
de conceitos ou 
teorias e sim 
na capacidade 
individual de 
bem aplicar as 
suas funções. 
A supervisão 
educacional gera 
interpretações 
variadas dos 
acontecimentos 
que devem trazer 
à tona a realidade 
escolar e os 
paradigmas da 
solução pertinente.
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A Supervisão Escolar no Sistema Educacional Brasileiro: 
História, Conceitos, Características e FunçõesCapítulo 1
3) Questionar
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
4) Sugerir
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
5) Avaliar
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
Funções	do	Supervisor	Escolar
Seguindo	com	o	princípio	proposto	neste	estudo	de	buscar	melhor	definição	
para então melhor compreender as funções da supervisão escolar, é importante 
revermos o que diz a legislação atual e direta sobre a formação e a função do 
supervisor.	Pretendo	também	exemplificar	as	funções	da	supervisão	fazendo	uso	
de autores que resumem as características fundamentais desses tipos que se 
tornam úteis neste estudo e que veremos abaixo. 
 
O supervisor escolar tem todo o seu trabalho baseado na organização, seja 
ela para resolver problemas, para o bom andamento das atividades e serviços 
pedagógicos, ou para a construção de novas possibilidades. Por sua vez, a 
organização está apoiada nos conceitos de planejamento que deve empower 
às	pessoas	e	que	os	envolvidos	tenham	influência	nas	decisões,	importância	no	
sistema e que o objetivo se transforme em algo geral e não pessoal ou limitado.
Empowe: aumentar a importância, dar maior poder.
24
Supervisão escolar
Supervisores executam uma grande variedade de tarefas, que 
podem ou nãoincluir funções administrativas. O supervisor deve 
ser cumpridor das funções de coordenador, consultor, líder do grupo 
e avaliador dentro dos domínios do desenvolvimento instrucional, 
curricular e pessoal. O supervisor deve possuir características pessoais 
que irão permitir-lhe trabalhar de forma harmoniosa com as pessoas 
e	 conhecimentos	 e	 habilidades	 suficientes	 para	 executar	 todas	 as	
funções	 de	 forma	 eficaz.	 Liderança	 e	 habilidades	 de	 comunicação	
interpessoal parecem ser especialmente importantes para a supervisão 
de sucesso. Os supervisores devem possuir uma mistura sensata de 
técnicas gerenciais e habilidades de relações humanas. 
Oliveira	 (2008)	 quantifica	 e	 qualifica	 muito	 bem	 as	 funções	 do	
supervisor levando e consideração toda a pluralidade da supervisão em 
face de questões como: (1) relação entre teoria e prática; (2) formação 
e investigação; (3) noção de conhecimento (como saber construído e 
transmissível ou construção pessoal de saberes); (4) papéis do supervisor e do 
professor; (5) noções de educação e de formação de professores e (6) assunção 
da escola como centro de formação. 
É óbvio que os vários cenários apresentados não se excluem 
mutuamente; pelo contrário, interpenetram-se. Cada um lança 
olhares diferentes, histórica e culturalmente contextualizados, 
sobre o mesmo fenômeno: a supervisão como processo 
intrapessoal	e	 interpessoal	de	formação	profissional	que	visa	
a melhoria da educação nas escolas. (ALARCÃO; TAVARES, 
2003, p. 41).
A legislação vigente, apesar de limitadora, procura colocar o 
cargo de supervisor como algo imprescindível para o Sistema Nacional 
de	 Educação	 e	 define	 a	 função	 profissional	 e	 suas	 atribuições.	 A	
legislação atual, que rege a supervisão escolar, LDB (Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação No 9394 de Dezembro de 1996) e PLC No 132 
de 2005 (Projeto de Lei da Câmara), que foi derivado da Lei 132-1978, 
descrevem os processos de formação e atividades da supervisão 
escolar.
 
A LDB em seu Artigo 64 determina na íntegra que:
A	formação	de	profissionais	de	educação	para	administração,	
planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional 
para a educação básica, será feita em cursos de graduação 
em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da 
instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base 
comum nacional. 
Liderança e 
habilidades de 
comunicação 
interpessoal 
parecem ser 
especialmente 
importantes para 
a supervisão 
de sucesso. Os 
supervisores 
devem possuir uma 
mistura sensata de 
técnicas gerenciais 
e habilidades de 
relações humanas. 
A LDB em seu 
Artigo 64 determina 
na íntegra que:
A formação de 
profissionais de 
educação para 
administração, 
planejamento, 
inspeção, 
supervisão 
e orientação 
educacional 
para a educação 
básica, será 
feita em cursos 
de graduação 
em pedagogia 
ou em nível de 
pós-graduação, 
a critério da 
instituição de 
ensino, garantida, 
nesta formação, 
a base comum 
nacional. 
25
A Supervisão Escolar no Sistema Educacional Brasileiro: 
História, Conceitos, Características e FunçõesCapítulo 1
Como se pode perceber, a legislação descreve a formação do supervisor 
para que possa atuar na função. Determina, portanto, como pré-requisitos, que ele 
tenha	graduação	em	pedagogia,	ou	que,	após	alguma	graduação,	o	profissional	
tenha uma pós-graduação no mínimo em nível especialização (lato-sensu) na 
área	específica.	
Por sua vez, a LDB não determina as atividades e obrigatoriedades dos 
cargos	administrativos	da	escola,	o	que	causou,	e	ainda	causa,	alguma	dificuldade	
nas	especificidades	de	cada	profissional.	Não	raro	se	percebe	o	diretor	exercendo	
atividades que seriam de competência do supervisor ou o supervisor executando 
atribuições	que	seriam	específicas	do	professor.	Para	dissipar	essas	dúvidas,	um	
Projeto de Lei foi elaborado em 2005 com base na Lei 132 de 1978 e na própria 
LDB. As atribuições do Supervisor Educacional estão descritas no PLC (Projeto 
de Lei da Câmara) 132/2005 e na lei 132/1978, apresentadas a seguir.
 
ART. 4º DA PLC 132/2005
SÃO ATRIBUIÇÕES DO SUPERVISOR EDUCACIONAL:
I – coordenar o processo de construção coletiva e execução da 
Proposta Pedagógica, dos Planos de Estudo e dos Regimentos 
Escolares; 
II – investigar, diagnosticar, planejar, implementar e avaliar o 
currículo	em	integração	com	outros	profissionais	da	Educação	e	
integrantes da Comunidade;
III – supervisionar o cumprimento dos dias letivos e horas/aula 
estabelecidos legalmente;
IV – velar o cumprimento do plano de trabalho dos docentes nos 
estabelecimentos de ensino;
V – assegurar processo de avaliação da aprendizagem escolar e a 
recuperação dos alunos com menor rendimento, em colaboração 
com todos os segmentos da Comunidade Escolar, objetivando a 
definição	de	prioridades	e	a	melhoria	da	qualidade	de	ensino;
VI – promover atividades de estudo e pesquisa na área educacional, 
estimulando o espírito de investigação e a criatividade dos 
profissionais	da	educação;	
26
Supervisão escolar
VII – emitir parecer concernente à Supervisão Educacional;
VIII – acompanhar estágios no campo de Supervisão Educacional;
IX – planejar e coordenar atividades de atualização no campo 
educacional;
X – propiciar condições para a formação permanente dos 
educadores em serviço;
XI – promover ações que objetivem a articulação dos educadores 
com as famílias e a comunidade, criando processos de integração 
com a escola;
XII – assessorar os sistemas educacionais e instituições públicas e 
privadas nos aspectos concernentes à ação pedagógica.
Por outro lado a Lei 132/1978 determina que os deveres do 
supervisor são:
• Assessorar os sujeitos hierárquicos em assuntos da área da 
supervisão escolar;
• Participar do planejamento global da escola:
• Coordenar o planejamento do ensino e o planejamento do 
currículo;
• Orientar a utilização de mecanismos e instrumentos tecnológicos 
em função do estágio de desenvolvimento do aluno, dos graus de 
ensino e das exigências do Sistema Estadual de Ensino no qual 
atua;
• Avaliar o grau de produtividade atingido em nível de Escola e em 
nível de atividades pedagógicas;
• Assessorar os outros serviços técnicos da escola, visando 
manter coesões na forma de se permitir os objetos propostos 
pelo sistema Escolar;
• Manter-se constantemente atualizado com vistas a garantir 
padrõesde	 	 eficiência	 e	 de	 eficácia	 no	 desenvolvimento	 do	
processo, de melhoria curricular em funções das atividades que 
desempenha.
 Exemplos de Atribuições do Supervisor:
• Traçar as diretrizes e metas prioritárias a serem ativadas no 
Processo de Ensino, considerando a realidade educacional de 
27
A Supervisão Escolar no Sistema Educacional Brasileiro: 
História, Conceitos, Características e FunçõesCapítulo 1
sistema, face aos recursos disponíveis e de acordo com as metas 
que direcionam a ação educacional;
• Participar	 do	 planejamento	 global	 da	 escola,	 identificando	 e	
aplicando os princípios de supervisão na Unidade Escolar, tendo 
em vista garantir o direcionamento do Sistema Escolar;
• Coordenar o planejamento de ensino, buscando formas de 
assegurar a participação atuante e coesiva da ação docente na 
consecução dos objetivos propostos pela Escola;
• Realizar	e	coordenar	pesquisas,	visando	dar	um	cunho	científico	
à ação educativa promovida pela Instituição;
• Planejar as atividades do serviço de Coordenação Pedagógica, 
em função das necessidades a suprir e das possibilidades a 
explorar, tanto dos docentes e alunos, como da comunidade;
• Propor sistemáticas do fazer pedagógico condizente com as 
condições do ambiente e em consonância com as diretrizes 
curriculares;
• Coordenar e dinamizar mecanismos que visam à 
instrumentalização dos professores quanto ao seu fazer docente.
Fonte: ASSERS. Atribuições do Supervisor Educacional. Disponível 
em: <http://www.assers.org.br/>. Acesso em: 10 maio 2011.
Apesar	de	as	tarefas	estarem	determinadas	em	lei	ou	projeto,	a	dificuldadede supervisão não é de caráter teórico e sim na prática diária. Os principais erros 
de supervisão estão na interpretação da lei e das funções que estão descritas. 
Um erro de interpretação causa um erro de função, que por sua vez pode causar 
um erro de execução, aumentando assim a amplitude do erro e a frustração 
acadêmica.	Alguns	supervisores	sentem	dificuldades	com	a	falta	de	clareza	do	
que constitui o trabalho pedagógico e suas atribuições na função, o que acaba 
levando-os a repetir modelos sem uma visão crítica de sua realidade histórica e 
social. Repetir modelos molda o sujeito, é preciso então recriar-se, reinventar-
se na função e em todo o processo da educação. Nesse contexto, é essencial 
ao supervisor estar sempre buscando a atualização com um entendimento 
crítico e assim traçar novos caminhos para uma educação transformadora.
Outro detalhe difícil se refere ao nosso Brasil, que possui diferentes 
características e culturas. Essas diferenças determinam o sucesso ou o fracasso 
escolar	 quando	 se	 percebe	 que	 os	 profissionais,	 responsáveis	 pelo	 resultado,	
não estão engajados no sucesso, ou não possuem formação adequada, ou estão 
desestimulados com o trabalho desgastante e pouco valorizado da Educação 
Brasileira.
 
28
Supervisão escolar
O bom supervisor deve ter clareza de suas responsabilidades e atividades 
na preocupação de se atingir resultados positivos. O quadro que segue descreve 
alguns objetivos e como atingi-los:
OBJETIVOS ATIVIDADES
• Melhoria do ato educativo
• Tornar claro a todos os propósitos das tarefas a 
serem realizadas
• Planejamento e execução da proposta pedagó-
gica
• Providenciar os recursos materiais ou financei-
ros necessários
• Aperfeiçoamento de professores em serviço • Motivar os esforços de todos
• Gestão democrática
• Dar importância a todos os componentes da 
comunidade escolar 
• Seleção de prioridades e organização do 
trabalho;
• Controlar as atividades propostas
• Melhoria da qualidade didática e curricular • Tornar o serviço o mais eficiente possível
• Avaliação dos professores
• Avaliar constantemente para que se percebam 
as dificuldades e acertos
Quadro 1: Objetivos da supervisão
Fonte: Adaptado de Przybylski (1976).
As funções do supervisor são variadas e marcantes. De acordo com 
Marquez, citado por Nérici (1974), as funções do supervisor educacional podem 
ser divididas em três partes: Técnica, Administrativa e Social.
 
• Funções Técnicas:
 – Investigar a realidade da escola e da comunidade e, a partir disso, planejar 
cooperativamente o trabalho de supervisão que se pretende realizar;
 – Orientar e coordenar as atividades de ensino e aprendizagem, material 
didático e os processos de avaliação realizados pelos professores;
 – Formação continuada dos professores;
 – Atividades de divulgação e de reuniões/relatórios;
• Funções Administrativas:
 – Organização da escola, das aulas e dos trabalhos auxiliares;
 – Organização do ano letivo e do calendário de atividades
 – Material didático;
 – Arquivos e documentação;
 – Dados estatísticos docentes e discentes;
 – Coordenação dos espaços e da distribuição física;
 – Gestão democrática.
29
A Supervisão Escolar no Sistema Educacional Brasileiro: 
História, Conceitos, Características e FunçõesCapítulo 1
• Funções Sociais:
 – Boas relações humanas entre todos os envolvidos na comunidade;
 – Promover projetos sociais e comunitários;
 – Criação de centros e associações;
 – Construção da cidadania a todos os envolvidos no processo.
 
Não existe receita pronta para uma boa supervisão. Existem 
estudos e experiências que podemos discutir e considerar como 
válidas em nosso propósito. Um dos estudos interessantes quanto 
às	 proficiências	 do	 supervisor	 foi	 realizado	 por	 Edward	 Pajak	 nos	
Estados	 Unidos.	 Pajak	 fez	 um	 grande	 estudo	 bibliográfico	 sobre	
a escola e a função do supervisor. Ele também entrevistou vários 
supervisores em diferentes realidades. Após este estudo ele 
concluiu	que	as	 funções	da	profissão	de	supervisor	estão	voltadas	
a 12 princípios essenciais com relevante conhecimento, atitudes e 
habilidades	em	cada	princípio.	 	Esses	princípios	e	 suas	definições	
são os seguintes (PAJAK, 1989):
• Relações com a Comunidade – Estabelecer e manter relações abertas e 
produtivas entre a escola e sua comunidade.
• Desenvolvimento de Pessoal – Auxiliar no desenvolvimento facilitando 
oportunidades	significativas	de	crescimento	profissional.	
• Planejamento e Mudança – Introduzir e executar estratégias desenvolvidas 
de forma colaborativa para a melhoria contínua.
• Comunicação – Comunicação clara e aberta entre os indivíduos e grupos, 
através da organização. 
• Currículo – Coordenação e integração do processo de desenvolvimento e 
implementação do currículo. 
• Programa Pedagógico – Apoiar e coordenar os esforços para melhorar o 
programa de instrução. 
• Atender aos Professores – Fornecimento de materiais, recursos e 
assistência para apoiar o ensino e aprendizagem. 
• Observação e Comentários – Proporcionar aos professores a conferência 
baseada na observação de sala de aula. 
• Resolução de Problemas e Tomada de Decisão – Utilizando uma variedade 
de estratégias para esclarecer e analisar problemas e tomar a melhor decisão. 
• Pesquisa e Avaliação do Programa – Incentivo	 de	 cunho	 científico	 e	
experimentação e avaliação dos resultados. 
• Motivar e Organizar – Ajudar as pessoas a desenvolver uma visão 
compartilhada e alcançar os objetivos coletivos. 
• Desenvolvimento Pessoal – Reconhecer	 e	 refletir	 sobre	 suas	 habilidades	
pessoais	e	profissionais,	crenças	e	ações.
 
Não existe receita 
pronta para uma 
boa supervisão. 
Existem estudos e 
experiências que 
podemos discutir 
e considerar como 
válidas em nosso 
propósito. 
30
Supervisão escolar
Além	 das	 definições	 de	 Pajak,	 acima,	 podemos	 entender	 o	 processo	 de	
supervisão como uma sequência de funções que o supervisor deve executar. O 
entendimento	 das	 funções	 do	 supervisor	 fica	mais	 claro	 quando	 dispostas	 em	
forma	de	figura.	Nessa	condição,	a	figura	abaixo	descreve	o	“Ciclo	de	Supervisão”	
voltado à escola, tornando o complexo processo global de supervisão mais legível 
e útil. Estes itens estão posteriormente explicados, para podermos assim perceber 
suas utilidades na realidade escolar. 
Figura 1 - Ciclo de Supervisão
Fonte: Villas-Boas, 1991; Alarcão, 1982 (apud Oliveira, 2008).
Com	base	na	figura	1	-	Ciclo	de	Supervisão,	podemos	agora	definir	cada	item	
de modo explicativo. Acompanhe!!!
CICLO DE SUPERVISÃO
1. Estabelecer a Relação Supervisor – Educador. Numa fase inicial, 
compete ao supervisor desenvolver no educador um espírito de 
abertura, afastando ansiedades, esclarecendo os papéis que 
cada um desempenha nesse processo, aferindo expectativas e 
possíveis	dificuldades	a	superar.
2. Planificação da Prática Pedagógica – Nesta	fase	planificam-se	
as primeiras intervenções do educador na sua prática pedagógica. 
O plano pode ser organizado seguindo estruturas diferenciadas, 
31
A Supervisão Escolar no Sistema Educacional Brasileiro: 
História, Conceitos, Características e FunçõesCapítulo 1
no entanto deve abordar questões fundamentais como: valores, 
princípios educativos, objetivos pedagógicos, questões logísticas 
(tempo, espaço, recursos humanos e materiais, custos, etc.).
3. Planificação da Estratégia de Observação – Além de ter em 
conta todos os aspectos práticos envolvidos na observação de 
uma aula – recursos técnicos e físicos, devidas autorizações, etc. 
–	nesta	fase	deve	fazer-se,	também,	uma	reflexão	conjunta	sobre	
quais os aspectos pertinentes da prática pedagógica a observar, 
criando assim um enfoque na observação a realizar.
4. Observação – Tendo em conta toda a temática da observação 
em sala de aula, o supervisor deve ter uma atitude neutra de 
observador e levar a cabo um escrutínio dos acontecimentos e 
das interações que ocorrem durante a aula, tornando o momento 
de observação o mais cuidadosoe sistemático possível.
5. Análise do processo Ensino – Aprendizagem. Numa fase inicial 
do ciclo de supervisão este momento será vivido separadamente, 
mas com o estreitar da relação supervisor/aluno estagiário, a 
tendência será para que estes momentos do ciclo se realizem 
em conjunto, enriquecendo e abreviando o processo de Análise/
Avaliação/Reformulação.
6. Planificação da Reunião – Deverão ser momentos em que se 
procura encontrar soluções, estratégias e planos alternativos 
que	ajudem	o	aluno	estagiário	 a	 superar	 possíveis	 dificuldades	
e a melhorar a sua prática pedagógica. Numa fase inicial 
esta iniciativa será desenvolvida quase exclusivamente pelo 
supervisor. No entanto, procura-se que, com o decorrer da 
prática,	 o	 próprio	 aluno	 estagiário	 faça,	 também,	 uma	 reflexão	
crítica sobre a prática efetuada.
7. Reunião – Este momento de partilha pode ser organizado de 
formas diferentes, com objetivos diferentes. No entanto a maioria 
das	 vezes	é	um	momento	 conjunto	de	 reflexão	de	 trabalho	em	
equipe e de avaliação entre o supervisor e o educador. Podem 
surgir ocasiões em que a conferência de supervisão proporcione 
a reunião com outros estagiários ou supervisores, o que permite 
enriquecer, ainda mais, todo o processo de supervisão.
8. Análise do Ciclo – Mudança. Ao longo das várias fases do 
processo irão surgir aspectos a serem alterados e reformulados 
32
Supervisão escolar
ou se tornam mesmo pertinentes de reformular. Nesse sentido, 
aluno estagiário e supervisor planejam estratégias que ajudem a 
superar	 dificuldades	 sentidas,	 reiniciando	 o	 ciclo	 de	 supervisão	
que, assim, se vai recriando e otimizando ao longo do tempo e da 
prática vivida.
Fonte: O Supervisor Pedagógico enquanto Mediador. Disponível em: <http://repositorio.
ul.pt/bitstream/10451/775/3/17163_enq_teorico.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2011.
Atividade de Estudos: 
Você	acompanhou	alguns	definições	e	princípios	que	compõem	
a ação do supervisor escolar. Agora elabore o seu próprio conceito 
para	a	função	de	supervisor	escolar	e	justifique	sua	importância:
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
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 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
Algumas	Considerações
Mais	importante	do	que	definir	a	palavra	ou	as	funções	do	supervisor	escolar,	
devemos perceber a atuação dos mesmos que depende essencialmente da 
dedicação e do estímulo individual. Muitos estão presentes, mas não ativos ou 
não fazem qualquer diferença no andamento da escola. Outros fazem a diferença 
e	estão	atuantes	em	suas	funções	profissionais.	O	supervisor	tem	suas	funções	
profissionais	 na	 escola.	 Porém	 seu	 papel	 é	 ainda	 mais	 importante	 quando	
conectado com sua relevância política e social. 
33
A Supervisão Escolar no Sistema Educacional Brasileiro: 
História, Conceitos, Características e FunçõesCapítulo 1
É extremamente importante considerar as funções e descrever as 
características do supervisor na realidade educacional do Brasil. Torna-se ainda 
mais importante percebermos a importância social do supervisor em benefício 
dos alunos que não têm outra possibilidade de ascensão social a não ser através 
da educação que lhes permita conhecer a palavra para entender o mundo. O 
supervisor na função social pode transportar crianças fadadas ao fatalismo e à 
exclusão para um novo contexto de participação democrática na busca de uma 
cidadania crítica e atuante. Este assunto está mais aprofundado no Capítulo 3 
deste Caderno.
Referências
ALARCÃO, Isabel; TAVARES, José. Supervisão da Prática Pedagógica. 
Uma perspectiva de desenvolvimento e aprendizagem. 2 ed. Coimbra: Livraria 
Almedina, 2003.
ANDRADE, Narcisa Veloso de. Supervisão em educação. Rio de Janeiro: Livros 
técnicos	e	científicos,	1976.
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes 
e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/LEIS/l9394.htm>. Acesso em: 11 maio 2011.
______. Senado Federal. Projeto de Lei Da Câmara Nº 132, de 2005. 
Disponível em: <http://legis.senado.gov.br/mate/servlet/PDFMateServlet?s=http://
www.senado.gov.br/atividade/materia/MateFO.xsl&o=ASC&o2=A&m=76130>. 
Acesso em: 26 maio 2011.
DOURADO, Luiz Fernandes (Coord.); OLIVEIRA, João Ferreira de; SANTOS, 
Catarina de Almeida. A qualidade da educação: conceitos e definições. Série: 
“Textos para discussão”, nº 24. Brasília: INEP/MEC, 2007.
FERREIRA, Naura Syria Carapeto (Org.). Supervisão educacional para uma 
escola de qualidade. São Paulo, Cortez, 2000. 
FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do 
oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1994.
GADOTTI, Moacir. Educação integral no Brasil: inovações em processo. São 
Paulo: Instituto Paulo Freire. 2009.
34
Supervisão escolar
HARRIES, M. Discussion Paper on Social Work Supervision. Western 
Australian Branch of Australian Association of Social Workers, Londra, 1987.
JEUDY, Henri-Pierre- A sociedade transbordante. Lisboa: Edições Século XXI, 
1995.
MALDONADO, Monica Botelho. O Professor e o supervisor pedagógico: 
Solidão ou solidariedade? 2003. 143 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de 
Mestrado em Educação, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo 
Horizonte, 2003.
MEDINA, A. da S. Supervisão escolar, da ação exercida à ação repensada. 2. 
ed. Porto Alegre: AGE, 2002.
MICHAELIS. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: 
Melhoramentos. 2009.
MOSHER, Ralph L. and; PURPEL, David. E. Supervision: The Reluctant 
Profession Boston:	Houghton	Mifflin,	1972.
NERICI, Imídeo G. Introdução à Supervisão Escolar. 3. ed. São Paulo: Atlas, 
1974.
OLIVEIRA, Helena Margarida Martins Rosário de. O supervisor pedagógico 
enquanto mediador entre o aluno estagiário e o educador acompanhante: 
o	caso	específico	do	estágio	na	educação	pré-escolar.	2008.	121f.	Dissertação	
(mestrado) – Curso de Ciências da Educação (Teoria e Desenvolvimento 
Curricular-Mediação em Educação), apresentada à Universidade de Lisboa, 2008.
PAJAK, Edward, Identification of Supervisory Proficiencies Project. Athens, 
USA: College of Education, University of Georgia, 1989.
PRZYBYLSKI, Edy. O Supervisor Escolar. Porto Alegre. Sagra, 1991.
RANGEL, Mary (Org.). Supervisão Pedagógica. 3 ed. São Paulo: Papirus, 2000.
SANTOS, Lucimar Marchi dos. Educação Musical nos anos iniciais do 
ensino fundamental: concepções e ações de coordenadoras pedagógicas 
escolares. 2006. 153 f. Dissertação (Mestrado) apresentada ao Programa de 
Pós-Graduação em Educação, Centro de Educação, da Universidade Federal de 
Santa Maria, 2006.
SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. Campinas: Autores Associados, 1993.
CAPÍTULO 2
O	Planejamento	Escolar	e	os	
Desafios	da	Supervisão	para	
uma	Escola	Atual	e	Ideal
A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 9 Conhecer	a	importância	do	planejamento	escolar	em	suas	etapas	e	dificuldades	
na circunstância de supervisor.
 9 Identificar	os	desafios	da	supervisão	na	elaboração	do	planejamento	escolar	e	
sua aplicabilidade na escola atual e para a escola ideal.
 9 Discutir o planejamento escolar como possibilidade de mudança no ambiente 
escolar. 
36
Supervisão escolar
37
O Planejamento Escolar e os Desafios da 
Supervisão para uma Escola Atual e IdealCapítulo 2
Contextualização
A educação para o século XXI se destaca através das mudanças ocorridas 
na sociedade que passou a ser muito mais ágil na informação e mais exigente na 
formação.Alunos de diversas culturas e crenças transformam a educação atual 
em algo ainda mais complexo, sendo esta uma realidade presente em nossas 
escolas públicas ou privadas, uma vez que alguns caminhos seguidos e sugestões 
anteriores	 não	 mais	 se	 aplicam	 com	 a	 mesma	 eficiência	 no	 contexto	 mutável	
de hoje. Nesse sentido, a complexidade da supervisão escolar passa a ter uma 
importância ainda maior, uma vez que pretende e deve encaminhar a educação 
para uma possibilidade que reconhece o aluno de agora, suas características e 
limitações.
Neste capítulo, discutiremos o trabalho diário do supervisor em seus aspectos 
administrativos e pedagógicos que são características da função, mas num 
contexto contemporâneo, uma vez que, como foi determinado acima, estaremos 
conectando esses afazeres dentro da realidade moderna do educando com o 
objetivo de nortear a teoria formal com a prática essencial, concreta e positiva.
O	Supervisor	Escolar	e	o	
Planejamento	no	Sistema	
Educacional	Brasileiro	Atual
A escola atual deve promover o ensino de forma variada. Não raro se 
percebem escolas que oferecem ao aluno atividades como leitura, esportes, 
música (nova exigência de lei), pesquisa ou informática. Essas atividades 
curriculares são exemplos do novo contexto exigido pela sociedade atual e são 
promovidos por algumas escolas que pretendem gerar uma atualização em seus 
conceitos. Na escola pública essas variações acadêmicas são ainda limitadas e 
dependem da iniciativa das secretarias de educação do município ou do estado. 
Nas escolas particulares, essas atividades pretendem promover uma educação 
integral, mas são normalmente cobradas além da mensalidade regular. 
De qualquer modo, a importância dessas atividades é alta e demonstra 
que as escolas estão voltadas ao desenvolvimento presente e devem estar 
atualizadas na procura de uma educação conectada com a realidade do aluno 
e do mundo contemporâneo. Essa realidade deve fazer parte do entendimento 
dos	trabalhadores	da	educação	e	suas	funções	profissionais.	Então,	o	supervisor	
escolar precisa estar preparado para essas constantes atualizações inerentes à 
escola e aos alunos. Além de estar ciente do que se passa na realidade em que 
38
Supervisão escolar
vive e nas tendências pedagógicas, ele/ela deve promover a inclusão de novas 
atitudes e dinâmicas através da construção do planejamento que respeite essa 
condição epistemológica. 
O planejamento pode ser considerado a engrenagem para uma boa 
educação. Nesse processo é importante garantir que sejam seguidas 
três etapas: a elaboração, a execução e a avaliação. Na primeira, é 
necessário que o grupo explicite os ideais que norteiam suas ações. 
Qual realidade sonhamos vivenciar? Que tipo de pessoas formamos? 
Que Educação queremos para crianças e jovens? Conhecendo 
o desejado, é hora de analisar a realidade existente. Para que o 
planejamento seja realmente um instrumento de trabalho, é preciso 
colocá-lo em prática, ou seja, agir de acordo com o que foi imaginado. 
E só será possível perceber se o quadro encontrado no início do ano 
está sendo transformado na direção da realidade desejada se houver 
algum tipo de acompanhamento das ações.
De acordo com Vasconcellos (2000), há a descrença na utilidade do 
planejamento. Ele aponta que alguns professores consideram impossível dar 
conta da tarefa por diferentes motivos: o trabalho em sala de aula é dinâmico e 
imprevisível; faltam condições mínimas, como tempo; e existe o pensamento de 
que nada vai mudar e, portanto, basta repetir o que já tem sido feito. Há também 
aqueles que acreditam na importância do planejamento, mas que não fazem parte 
da sua construção, desprezando-o.
Combinações	para	uma	Escola	
Eficiente
 
Para	uma	escola	se	tornar	exemplo	de	eficiência	ela	deve	buscar	
esse caminho em seu planejamento. Em um estudo comparativo 
realizado nas escolas públicas em 2004, nos Estados Unidos, 
perceberam-se	 problemas	 e	 soluções	 para	 uma	 educação	 eficiente.	
Esse estudo apontou as melhores e as piores escolas e que as 
melhores escolas daquele país têm semelhanças entre si. As maiores 
qualidades foram notadamente ligadas à gestão dessas escolas e 
como seus gestores aplicam soluções práticas e que fazem diferença 
na qualidade de ensino. Essas indicações são perfeitamente aplicáveis 
na nossa realidade brasileira, pois não requerem investimentos 
nem grandes treinamentos do pessoal envolvido. Trazem, sim, uma 
mudança	de	mentalidade	e	amplificam	a	importância	da	educação	e	o	
poder da escola, quando bem aplicados. A partir desse estudo, as combinações 
para	uma	escola	eficiente,	são:
O planejamento 
pode ser 
considerado a 
engrenagem para 
uma boa educação. 
Nesse processo é 
importante garantir 
que sejam seguidas 
três etapas: a 
elaboração, a 
execução e a 
avaliação.
As maiores 
qualidades foram 
notadamente 
ligadas à gestão 
dessas escolas e 
como seus gestores 
aplicam soluções 
práticas e que 
fazem diferença 
na qualidade de 
ensino.
39
O Planejamento Escolar e os Desafios da 
Supervisão para uma Escola Atual e IdealCapítulo 2
• Ambiente Seguro e Ordenado
 – Comportamento desejável do aluno; 
 – Ambiente que promova o ensino-aprendizagem; 
 – Ambiente colaborativo e cooperativo para adultos e jovens;
 – Respeito à diversidade humana e aos valores democráticos.
• Grande Expectativa para o Sucesso
 – Oportunidades iguais para todos os alunos;
 – Estratégias de rever as técnicas de ensino;
 – Professores devem ser os “lançadores”;
 – Escola deve ceder melhores ferramentas aos professores.
• Liderança Educacional 
 – Escola é uma comunidade de troca de valores;
 – Diretor não é o único líder e os professores devem ser encorajados.
• Missão Clara e Consistente
 – Todos os alunos devem ter a condição de sucesso;
 – Desenhar o currículo que atenda as necessidades dos alunos;
 – Combinação entre o alto nível do currículo com a preparação dos 
professores;
 – Ambiguidade: Ensinar e aprender.
• Oportunidade de Aprender e Tempo aos Alunos
 – Professores mais bem organizados; 
 – efinir	o	que	deve	ser	ensinado	e	dedicar	mais	tempo	na	elaboração	desses	
conteúdos;
 – Alunos necessitam de mais tempo para aprender.
• Monitoramento do Progresso dos Estudantes
 – Usar a tecnologia para professores e alunos acompanharem os seus 
progressos e ajustarem os seus comportamentos;
 – Avaliações mais autênticas. Ênfase no trabalho do aluno.
• Relação Escola-Casa
 – Relação pais-escola deve ser uma parceria autêntica;
40
Supervisão escolar
 – Construir	 uma	 relação	 de	 confiança	 e	 uma	 comunicação	 adequada	 em	
busca	do	mesmo	objetivo:	escola	e	educação	eficientes.
Figura	2	-	Competências	Para	Uma	Escola	Eficiente
Fonte: O Autor.
O	Conceito	de	Planejamento	
Escolar
 
Planejamento	escolar	se	define	como	sendo	o	caminho	que	se	deve	seguir	
na busca de objetivos propostos antecipadamente. Esses objetivos podem 
ser de ordem pedagógica ou administrativa, mas sempre na expectativa de 
melhorias do que já se está fazendo, ou na programação de algo totalmente 
novo.
 
É oportuno perceber que os conceitos de Planejamento já 
foram apresentados no Caderno da disciplina de “Planejamento 
Institucional”, que você pode rever para melhor entendimento.
41
O Planejamento Escolar e os Desafios da 
Supervisão para uma Escola Atual e IdealCapítulo 2
Aos nossos interesses, vamos utilizar o planejamento para a escola, para o 
supervisor, para o professor e para o aluno, pois pelo planejamento se facilita e se 
dinamiza o trabalho acadêmico de discentes e de docentes. Todas as escolas têm 
objetivos, funções e metas a serem atingidas e, para alcançar esses objetivos, um 
plano ou programa é elaborado. Na elaboração deste plano, decisões devem ser 
tomadas e aprovadas pela maioria para então serem transportadas a um objetivo 
geral	ou	objetivos	específicos.
O planejamento escolar precisa ser democrático e coerente, em que a 
possibilidade de acerto deve ser sempre a intenção maior. Para tanto, Menegolae 
Sant’Anna (2001, p. 25) sugerem que:
Planejar	o	processo	educativo	é	planejar	o	indefinido,	porque	
educação não é o processo, cujos resultados podem ser 
totalmente	 pré-definidos,	 determinados	 ou	 pré-escolhidos,	
como se fossem produtos de correntes de uma ação 
puramente mecânica e impensável. Devemos, pois, planejar 
a ação educativa para o homem não impondo diretrizes que 
o alheiem. Permitindo, com isso, que a educação ajude o 
homem a ser criador de sua história.
 
Por mais genial, utópico ou realista que o objetivo pareça, ele 
só terá chances de ser alcançado através de um planejamento bem 
elaborado. Um bom planejamento determina os objetivos, as metas, 
as funções e os meios que os envolvidos devem seguir na busca de 
resultados favoráveis. Resumidamente, o sucesso de uma escola está 
diretamente	relacionado	a	um	planejamento	e	a	uma	gestão	eficiente.	
Quando	 definido	 o	 objetivo	 do	 programa,	 outros	 princípios	 devem	
ser	 considerados:	 se	 esse	 programa	 é	 viável	 financeiramente,	 se	 os	
resultados	são	realmente	atingíveis	e	se	ele	é	específico	à	escola,	uma	
vez que se gasta muito tempo em problemas menores ou burocráticos. 
O bom planejamento, porém, exige acompanhamento e re-avaliação 
constantes para determinar os pontos fracos que o plano deve perceber 
e corrigir, além de maximizar os esforços dos envolvidos. 
O planejamento pode ser formal, como é o caso 
do PPP, exigido pelo órgão responsável pelo 
funcionamento das instituições de ensino, ou 
não-formal, em que o planejamento acontece por 
uma necessidade particular, com objetivos locais. 
O planejamento delega funções aos participantes. Quando a 
pessoa responsável por determinada função não a executa 
ou	 executa	 de	 maneira	 ineficaz,	 todo	 o	 processo	 pode	 ser	
afetado.
Os	profissionais	da	educação	estão	ligados	pela	parte	prática	que	a	profissão	
exige. O maior tempo de trabalho é consumido por atividades que exigem do 
Por mais genial, 
utópico ou realista 
que o objetivo 
pareça, ele só 
terá chances de 
ser alcançado 
através de um 
planejamento bem 
elaborado. Um 
bom planejamento 
determina os 
objetivos, as 
metas, as funções 
e os meios que os 
envolvidos devem 
seguir na busca 
de resultados 
favoráveis.
42
Supervisão escolar
profissional	 a	 preparação	 e,	 principalmente,	 a	 execução	 de	 uma	 tarefa	 prática.	
Aulas, reuniões, avaliações e praticamente todas as atenções e conhecimentos 
estão vinculados à prática e menos às teorias pedagógicas.
Como os objetivos estão estruturados a partir do saber e do fazer, 
posteriormente, neste capítulo, estaremos acompanhando exemplos de 
Planejamento Escolar que caracterizam as ideias apresentadas sobre esta 
temática.
 
O planejamento em sua contextualização teórica é uma parte importante 
no	conjunto	de	 competências	que	um	bom	profissional	 deve	assumir.	Segundo	
Vasconcellos	 (2000,	 p.	 79),	 o	 conceito	 de	 planejar	 fica	 claro,	 pois:	 “Planejar	 é	
antecipar mentalmente uma ação ou um conjunto de ações a ser realizadas e agir 
de acordo com o previsto. Planejar não é, pois, apenas algo que se faz antes de 
agir, mas é também agir em função daquilo que se pensa.” 
Para atingir o máximo da qualidade de ensino proposto, o planejamento se 
faz necessário e pode ser fator determinante para o sucesso ou insucesso de um 
aluno ou de uma instituição inteira. O supervisor escolar deve respeitar princípios 
relevantes do planejamento e aplicá-los com sabedoria, tanto em seus 
aspectos práticos diários como no planejamento teórico dos mesmos. 
Boas atividades e boas aulas acontecem muito antes da aplicação. 
Para que a atividade de ensino aconteça com sucesso, é necessária 
a antecipação de questões/problemas e uma boa elaboração de um 
plano de atividades. 
Vários aspectos devem ser considerados quando pretendemos 
elaborar um planejamento em curto, médio ou longo prazo e que 
envolva pessoas. É essencial conhecer as características da escola 
(história, estrutura e cultura), além das possibilidades e limitações 
de alunos, professores para, então, fazer o planejamento realista 
e possível. Para isso é preciso ter uma visão crítica da realidade 
sociocultural em que os envolvidos no processo estão inseridos, buscar 
resultados a médio e longo prazo e ir avaliando e monitorando cada 
passo dado (CARNEIRO, 2007). Segundo Libâneo (1994, p. 222), o 
planejamento tem grande importância por tratar-se de: “Um processo 
de racionalização, organização e coordenação da ação docente, 
articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social”.
Todo o projeto ou planejamento escolar deve considerar três questões 
fundamentais: 1) Qual a situação atual, uma análise de fatores e “números” que 
demonstrem a realidade da escola; 2) Para que fazer o projeto, quais os objetivos, 
onde pretendemos chegar; e 3) Como serão feitas essas ações, como será a 
planejamento 
escolar deve 
considerar 
três questões 
fundamentais: 1) 
Qual a situação 
atual, uma análise 
de fatores e 
“números” que 
demonstrem 
a realidade da 
escola; 2) Para 
que fazer o projeto, 
quais os objetivos, 
onde pretendemos 
chegar; e 3) Como 
serão feitas essas 
ações, como será 
a operação, a 
prática do que foi 
determinado.
43
O Planejamento Escolar e os Desafios da 
Supervisão para uma Escola Atual e IdealCapítulo 2
operação, a prática do que foi determinado. De acordo com Veiga e Resende (1998), 
existem vários caminhos para a construção do planejamento e do próprio PPP, uma 
vez que ele retrata o entendimento e o percurso possível trilhado na realidade das 
escolas. Partindo desses princípios, é possível apontar três movimentos básicos 
desse processo de construção do planejamento e do PPP denominados pela autora 
de: Ato Situacional, Ato Conceitual e Ato Operacional. É importante perceber que 
estes conceitos estão em movimento, sendo assim, em constante reavaliação e 
melhoramentos.
 Figura 3 - Ciclo do Planejamento Escolar
Fonte: Gandin (1986).
Em resumo, planejar nada mais é do que programar 
antecipadamente o que pode acontecer, de acordo com uma visão 
bastante realista das situações anterior e atual de uma escola, 
considerando:
• Filosofia	 da	 instituição	 que	 representa	 e	 objetivos,	 em	 termos	 de	
trabalho e resultados pretendidos;
• Expectativa de desempenho: principais dados anteriores, dados 
comparativos e resultados a serem atingidos;
• Recursos e orçamento disponíveis; 
Planejar nada mais 
é do que programar 
antecipadamente 
o que pode 
acontecer, de 
acordo com uma 
visão bastante 
realista das 
situações anterior 
e atual de uma 
escola.
44
Supervisão escolar
• Alunos	 e	 professores:	 quantidade,	 as	 qualidade	 e	 dificuldades	 por	 turma	 e	
período;
• Estrutura disponível: materiais e equipamentos, laboratórios, ginásio, salas.
• 
Sugerimos que leia os seguintes livros: 
VASCONCELOS, Celso dos S. Planejamento: Projeto de 
Ensino-Aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico. São Paulo: 
Libertad, 1999.
GANDIN, Danilo. Planejamento como prática educativa. São 
Paulo: Edições Loyola, 1986.
Métodos	e	Técnicas	de	
Planejamento	na	Educação
O planejamento escolar é utilizado para resolver problemas, 
atingir metas e, em sua essência, melhorar os níveis da educação 
nas instituições escolares. Mas, como organizamos um projeto, como 
percebemos se estamos no caminho certo e como buscar atingir os 
objetivos	com	maior	eficiência?
Antes de entrar nas metodologias ou conceitos de como construir 
um	planejamento,	precisamos	confirmar	que	o	planejamento	serve	para	
(VALLEJO, 2002):
• Confirmar	a	sua	autonomia. Percebendo suas necessidades e, 
baseadas nestas, busca caminhos internos, locais e possíveis. Nesse 
sentido, Veiga e Fonseca (2003) descrevem que a autonomia se 
percebe nas:
 – Possibilidades, ou quais os mecanismos viáveis que irão 
transformar o ideal de autonomia em prática.
 – Nas capacidades, ou qual a qualidade técnica do pessoal 
envolvido,	seu	grau	de	compromisso	e	competência	ético-profissional

Outros materiais