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Propedêutica Clínica Consciência ⇒ Consciência: Na medicina a consciência não é a capacidade moral do indivíduo, mas sim a interação deste com o meio ambiente e qual é o grau dessa interação. Existem três tipos de consciência: ● Consciência de meio: Capacidade do indivíduo de interagir com e meio e responder a estímulos. ● Autoconsciência: Capacidade de saber que está consciente. A autoconsciência depende, em grande parte, da interação com o meio. Em outro indivíduo só conseguimos avaliar a autoconsciência através de uma entrevista, observando a capacidade do mesmo em formar memórias. ● Subconsciente: São os desejos mais íntimos de um indivíduo, muitas vezes a própria pessoa não é capaz de revelar seu subconsciente, entretanto esse interesse é das áreas de psicologia, psiquiatria e medicina do sono. ⇒ Exemplos práticos de rebaixamento do nível de consciência: ● Sonambulismo e crises focais de epilepsia: Perda da autoconsciência. O indivíduo interage com o meio porém não forma memórias. ● Intoxicação etílica: O indivíduo tem rebaixamento de consciência a um nível sonolento, principalmente quanto a capacidade de interagir com o meio. ● Sonhos: Perda da capacidade de interação com o meio mas com a formação de memórias preservadas. Ocorre um uma parte específica do sono. ⇒ Os níveis de consciência: 1) Vigília: Estado de consciência máxima, com plena manifestação proprioceptiva, sensorial e motora voluntária. 2) Sonolência: O indivíduo muito provavelmente estará de olhos fechados, mas têm abertura ocular (rapidamente) ao estímulo sonoro ou tátil superficial. As respostas verbais são coerentes ➔ OBS: É de extrema importância saber diferenciar uma pessoa sonolenta de uma pessoa com sono. 3) Obnubilação: É um estado confusional no qual os estímulos externos são mal interpretados, é comum que o paciente esteja desorientado e tenha dificuldade em responder comandos, além disso pode haver perda da autoconsciência. 4) Torpor: Rebaixamento de consciência tão intenso que o paciente só tem alguma resposta motora ou verbal ao estímulo de pressão ou doloroso. O paciente tem uma abertura ocular discreta (e por pouco tempo) e tenta localizar o estímulo doloroso. Normalmente as respostas do paciente são “grunhidos”. 5) Coma superficial: O paciente pode até ter alguma movimentação e esboçar algum som, mas não há abertura ocular, muitas vezes o paciente nem esboça o movimento dos olhos. 6) Coma profundo (reflexo): Não há esboço de movimento a nenhum estímulo e todas as respostas são reflexas. 7) Coma depassé: Não há nenhum reflexo, devendo ser investigada a morte encefálica. ⇒ Observações importantes: ● O “desligamento” do encéfalo é sempre crânio-caudal. ● O tronco encefálico é responsável pelos reflexos de defesa da via aérea e pela própria respiração. Identificar a causa do coma e o grau é de suma importância para avaliar se o paciente necessita de suporte ventilatório. ○ Importante: Não é mandatório intubar o paciente, mas é mandatório manter sua via aérea pérvia. ⇒ Causas de coma: ✓ Metabólico: Acometimento do metabolismo cerebral → hipóxias, intoxicações, insuficiências. ✓ Estruturais: Afetam a estrutura cerebral → acidente vascular hemorrágico e isquêmico, por exemplo. ● Para haver alteração no estado de consciência, o córtex cerebral ou o tronco encefálico devem ser afetados. O córtex é muito sensível a lesões metabólicas e pouco sensível a lesões estruturais, já o tronco encefálico é muito sensível a lesões estruturais e pouco sensível a lesões metabólicas. ● Lesões estruturais pequenas no córtex cerebral não causam rebaixamento do nível de consciência. Para perder a expressão da consciência é necessário disfuncionar o córtex como um todo. Já uma lesão microscópica no tronco encefálico ou na substância ativadora reticular ascendente (SARA) é o suficiente para causar graves alterações na expressão da consciência. ● Vale destacar que uma lesão focal pode herniar sobre o tronco encefálico e causar compressão da SARA, alterando a expressão de consciência do paciente. Quando há deslocamento do tronco encefálico temos a anisocoria como manifestação do exame físico, já que o nervo oculomotor é afetado. ● A anisocoria é um sinal de que o paciente está tendo compressão do tronco encefálico por herniação cortical. Nesse caso, diferentemente das alterações metabólicas, o paciente também terá alterações focais (paresia facial, desvio de skew, entre outros). ● Apesar dos comas de origem metabólicas serem mais letais, o tempo hábil para resolver a causa é maior, já nos comas estruturais temos segundos ou minutos para resolver o problema, isso porque quando há uma herniação com compressão de tronco encefálico, os ramos da artéria basilar (que irriga o tronco encefálico) angulam-se de tal forma que causam isquemia da estrutura, e isso deve ser resolvido o mais rápido possível, caso contrário haverá isquemia irreversível do tronco encefálico e o paciente nunca mais recobrará a consciência. ⇒ Escala de Coma de Glasgow: Avalia quatro parâmetros: ➢ Abertura ocular (+1 a +4) ➢ Resposta verbal (+1 a +5) ➢ Resposta motora (+1 a +6) ➢ Reatividade pupilar (-2 a 0) ● Antes de iniciar a escala de coma de Glasgow devemos fazer o ABC (vias aéreas, respiração e circulação) para eliminar possíveis fatores de confusão. ● A escala de coma de Glasgow é amplamente utilizada pela rapidez em sua avaliação, não requer exames complementares e define bem prognósticos em casos de trauma craniano. Resumo feito por: Vinicius José Perri Dias
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