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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E EDUCAÇÃO POPULAR

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- -1
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO DE 
JOVENS E ADULTOS E EDUCAÇÃO 
POPULAR
ABORDAGEM HISTÓRICA DA EJA NO BRASIL 
– ANOS 70/80/90
- -2
Olá!
Ao final desta aula, o aluno será ser capaz de:
1. Descrever as reformas e os projetos educacionais implementados pelos governos militares no campo da EJA
no Brasil, dando ênfase aos seus aspectos políticos e ideológicos;
2. analisar as principais políticas implementadas no período da Ditadura Militar, em especial a Cruzada ABC, o
Mobral e a regulamentação do Ensino Supletivo;
3. resgatar o processo histórico de surgimento de novos paradigmas políticos e pedagógicos na EJA, no contexto
da redemocratização do país;
4. analisar as novas bases legais e curriculares implementadas na Educação de Jovens e Adultos, a partir dos
anos 90: a Constituição de 1988 e a LDB 9394/96.
O início dos governos militares pode ser apontado como nosso ingresso na fase capitalista monopolista, na qual
o Estado sedimenta sua atuação como agente condutor da economia, apostando no acirramento de nossa
dependência internacional e desenvolvendo um modelo econômico/social baseado na concentração de renda e
na aceleração econômica, pautado em empréstimos internacionais, subordinando, portanto, nossa economia ao
capital e à tecnologia externa.
Essa estratégia garantiu durante o período um acelerado crescimento econômico, finalizado com a instalação das
indústrias de bens de capital em nossa economia.
Em relação à sociedade civil, os anos dos governos militares ficaram marcados pelo distanciamento das
organizações sindicais e populares da participação política. O rígido controle das iniciativas de organização
popular estava inserido na Doutrina de Segurança Nacional, ideologia que marcou o caráter autoritário e
excludente dos governos militares.
1 Educação
A questão das políticas educacionais ganhou também contornos definidores, já que sob a tutela dos governos
militares ocorreu uma relativa ampliação dessas políticas, que passaram a serem usadas, juntamente com o
chamado milagre econômico, como espaço de legitimação desses governos.
- -3
Com efeito, a educação como espaço privilegiado de produção e reprodução das relações sociais não fugiu à
regra e foi amplamente reformada e usada pelos tecnocratas do governo ditatorial civil/militar. Uma das
maiores marcas da expansão da educação pós-64 esteve pautada na transferência de verbas públicas para o
empresariado da educação.
Essa expansão ocorreu sobre forte influência de "técnicos" norte-americanos. Seus objetivos seguiram uma
orientação que assegurou a adequação do sistema escolar brasileiro aos preceitos da teoria do "capital humano".
A educação por meio dessa teoria deveria ser encarada como investimento, resultando consequentemente no
aumento da produtividade, levando assim melhorias para a qualidade de vida da população. Conhecimento e
habilidades, portanto, são vistos como capital humano, apropriado à medida em que o trabalhador ascende na
escala da escolarização formal.
Nesse sentido, o conteúdo programático das escolas supervalorizou as áreas tecnológicas, dando destaque ao
treinamento específico em detrimento à formação geral e à perda de importância das áreas humanas e das
ciências sociais.
No Brasil, o organismo responsável pela disseminação e financiamento foi a agência norte americana USAID, que
entre 1964 e 1968 selou 12 acordos com o Ministério da Educação e Cultura. Dos objetivos principais estava o de
diagnosticar e solucionar problemas da educação no Brasil, tendo como norte os pressupostos da teoria do
“capital humano”. Os acordos MEC-USAID defendiam a teoria do capital humano e por concepção, a desigualdade
nos níveis de desenvolvimento dos países seria solucionada por ações educativas que diminuiriam as diferenças
sociais entre os indivíduos.
Podemos afirmar que a lógica que norteou a reforma educacional de 1968 a 1971 ficou marcada e influenciada
pela teoria do capital humano. Acentou-se dessa forma o deslocamento da educação do contexto social e político,
enfatizando o caráter eminentemente tecnocrático das ações educacionais.
Entre as ações dos governos militares para a Educação, estavam:
A expansão da Cruzada Ação Básica Cristã, entre 1965 e 1967;
Após 1970, o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral);
Depois de 1971, o Ensino Supletivo, no interior dos sistemas públicos.
Nesse momento, o governo militar substituiu o Plano Nacional de Alfabetização, do período anterior ao golpe,
coordenado por Paulo Freire, pela Cruzada da Ação Básica Cristã (Cruzada ABC), que tinha a concepção e
coordenação de grupos evangélicos norte-americanos e que usava verbas dos acordos MEC-USAID. Tal iniciativa
aponta a tendência de vincular a educação de jovens e adultos à formação para o trabalho e à formação moral.
- -4
Após os anos 70, o Mobral e o Ensino Supletivo foram ações que reforçaram uma perspectiva de educação
compensatória e aligeirada para os adultos. O tecnicismo e o economicismo na educação, principalmente por
meio da difusão da Teoria do Capital Humano, foram as marcas das experiências apresentadas no período.
Desse modo, passou-se a predominar uma concepção da educação de adultos como preparadora de recursos
humanos para as tarefas da industrialização, modernização da agropecuária e ampliação dos serviços.
O Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), criado em 1967 pelo governo federal, perdurou durante todo
o período da ditadura militar com significativa força política e financeira.
Desvinculado do MEC e organizado através de comissões municipais responsáveis pela execução direta das
atividades, o MOBRAL gozou de enorme autonomia, estabelecendo sua estrutura paralela aos sistemas de ensino
existentes.
O Mobral pode ser analisado como um instrumento de controle ideológico das massas.
Em sua estrutura organizacional, apenas a produção do material didático, a supervisão pedagógica e as suas
diretrizes orientadoras mantiveram-se centralizadas.
Muitas foram as críticas quanto à atuação do Mobral. Dentre elas destaca-se, principalmente, a que fala da
falsidade dos resultados divulgados, seja em relação à alfabetização, seja ao impacto de outras formas de ação do
movimento, além da crítica sobre o seu próprio sentido e objetivo.
Também é importante ressaltar as diferenças entre as concepções alfabetizadoras e as intencionalidades
políticas existentes entre o Mobral e a proposta teórico-metodológica de Paulo Freire. Mesmo que o Mobral
tenha buscado assemelhar-se às concepções freirianas na técnica pedagógica e na forma do material didático, era
completamente esvaziado da ótica problematizadora e conscientizadora da perspectiva freiriana.
- -5
O Mobral organizou-se, a partir dos anos 70, em ação paralela ao ensino supletivo, mais especificamente ao
Departamento de Ensino Supletivo do MEC.
O ensino supletivo foi regulamentado pela Lei n 5692/71 e concebido dentro de uma visão sistêmica, queº 
compreendia quatro funções:
Suplência;
suprimento;
aprendizagem;
qualificação.
Tais funções se inter-relacionavam e, juntamente com o ensino regular, compunham o sistema nacional de
educação. Com a regulamentação do ensino supletivo pela Lei n° 5692/71, pela primeira vez, o ensino supletivo
foi organizado em um capítulo próprio, diferenciando-o do ensino regular básico e secundário, abordando,
inclusive, a necessidade da formação de professores especificamente para ele e trazendo avanços significativos
para o ensino de jovens e adultos.
Apesar de ter sido elaborada no auge do período de ditadura civil-militar, esse instrumento legal representou
contraditoriamente a ampliação, em nível legislativo, das oportunidades educacionais. Foi assim, no interior de
reformas autoritárias e no ápice do processo de modernização conservadora que o ensino supletivo ganhou
estatuto próprio. Diante disso, vários estudos consideram que, oferecendo o Mobral e o Ensino Supletivo, os
militares buscariam reconstruir, através da educação, sua mediaçãocom os setores populares.
A política de rápido crescimento econômico iniciada pelo Governo Geisel começou a dar sinais de esgotamento
no final dos anos 70 e a partir dos primeiros anos dos 80 a economia brasileira conheceu momentos de
estagnação. Assim, o início dos anos 80 marcou o ápice da crise do modelo desenvolvimentista econômico,
tornando-se urgente uma nova estratégia de sobrevivência para nossas elites. O encaminhamento dado nos anos
80 caracterizou-se pela desaceleração da industrialização e pelo fim do financiamento externo, elementos de um
quadro no qual nossa economia se converteu em mero "exportador de capitais e o principal agente interno
condutor do crescimento - o Estado se torna deficitário" (BENJAMIM, 1998, p.28).
Essa crise econômica aponta para a falência do modelo autoritário de governo e sob o controle dos militares, o
Brasil entra em um lento e gradual processo de transição para a democracia. O processo de perpetuação de
forças conservadoras como bloco do poder, no término da transição democrática, se deu no cenário do "avanço
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neoliberal" no qual, a partir da crise do modelo desenvolvimentista de Estado, a burguesia brasileira se alinhou
ao projeto neoliberal mundial, procurando dar conta de dois problemas: o primeiro, de se estruturar na crise do
capitalismo mundial do período; o segundo, de se perpetuar enquanto classe dominante e dirigente.
Em consonância com o receituário neoliberal e conservador, a educação deveria passar por mudanças
significativas para se adaptar aos "novos" tempos, se tornando um terreno fértil nos processos de melhorias
econômicas e sociais. No campo educacional, essa nova perspectiva é sentida no âmbito do esvaziamento das
ações estatais na EJA. Nesse contexto, o Mobral foi substituído pela Fundação Educar, em1985. Tal fundação teve
um breve período, em consequência de um modelo de gestão educacional caracterizado pela escassez de
recursos e financiamento público para a educação de jovens e adultos trabalhadores.
Nesse sentido, o capítulo referente à educação, na Constituição promulgada em 1988, significou um dos mais
acirrados palcos de disputa na Constituinte. Congregados em diversas organizações do movimento social,
sindical e científico, os defensores da escola pública e gratuita acreditavam ser aquele o momento de garantia de
mudanças no sistema educacional brasileiro.
A Constituição de 1988 introduziu avanços consideráveis para a educação brasileira, no que tange a educação de
jovens e adultos, principalmente em seu artigo 208, que aponta:
O dever do Estado com a educação será efetivado, mediante a garantia de:
I. ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os
que a ele não tiveram acesso na idade própria (Art. 208).
O Mobral só foi extinto em 1985, já no início da chamada Nova República, após 20 anos de regime militar,
transformado na Fundação Educar (1986-1990). Esta, em muitos sentidos, representou a continuidade do
Saiba mais
A globalização é aqui apontada como uma nova divisão internacional do trabalho, na qual a
circulação de mercadorias e a mundialização da produção se ampliam progressivamente, a
partir do acirramento do processo de internacionalização do capital. Destaca-se também nesse
processo a supremacia do capital financeiro sobre os outros setores da economia, exigindo
reformas estruturais que protejam a sua circulação mundial. Junto com essa tendência
econômica, a cultura é carregada em um bonde transnacional pelas diferentes nações, para um
mundo mais interligado, através da apropriação dos padrões econômicos e comportamentais
de ordem neoliberal.
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Mobral. Devem-se levar em conta algumas mudanças significativas, das quais é digna de destaque a sua
subordinação à estrutura do MEC e sua transformação em órgão de fomento e apoio técnico, ao invés de
instituição de execução direta.
Contraditoriamente, apesar de o MEC apresentar um discurso favorável à Fundação, gradativamente foi-se
percebendo um processo de desmonte até seu fechamento. Com a extinção da Fundação, a maior parte das
atividades da EJA, no âmbito governamental, ficou praticamente suspensa, dada à precariedade de recursos, de
incentivos e até mesmo de apoio técnico.
No governo Collor, nos anos 90, um novo sentido das políticas para a EJA começa a se delinear, utilizando um
discurso que valorizava o combate ao analfabetismo, em resposta ao Ano Internacional da Alfabetização,
convocado pela UNESCO, criou-se o Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania (PNAC), que não teve
nenhuma ação expressiva. O PNAC foi caracterizado por sua grande divulgação nos meios de comunicação e por
seu caráter, tido como demagógico. Tal programa se propunha a criar ações de alfabetização, por meio de
comissões municipais, estaduais e nacionais.
Na prática, as comissões criadas tiveram pouco ou nenhum controle efetivo sobre os projetos apoiados e
recursos distribuídos, causando mais alarde do que ações concretas, morrendo antes mesmo do seu efetivo
nascimento, sem apoio financeiro e político, sendo simplesmente esquecidas. Era um avanço legal a questão da
garantia do financiamento para os alunos jovens e adultos, entretanto, muitos desafios para a implementação de
uma efetiva política educacional pelos sistemas municipais e estaduais, para esse público, ainda seriam
concretizados no ano 2000.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você estudará sobre os assuntos seguintes:
Identificação e análise das principais características da nova legislação e documentos oficiais da EJA, assim como
suas repercussões práticas;
análise das Diretrizes Curriculares Nacionais - Parecer CEB/CNE 11/200.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Identificou e analisou as reformas e os projetos educacionais implementados pelos governos militares 
no campo da EJA no Brasil, com ênfase nos seus aspectos políticos e ideológicos;
• estudou o processo histórico de surgimento de novos paradigmas políticos e pedagógicos na EJA, no 
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- -8
• estudou o processo histórico de surgimento de novos paradigmas políticos e pedagógicos na EJA, no 
contexto da redemocratização do país, e analisou as novas bases legais e curriculares implementadas na 
Educação de Jovens e Adultos a partir dos anos 90: a Constituição de 1988 e a LDB 9394/96.
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	Olá!
	
	1 Educação
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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