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CIANOSE ❖ Definição A cianose corresponde a uma coloração azulada da pele e decorre da concentração elevada de hemoglobina reduzida – não ligada a oxigênio – no sangue periférico. Concentrações > 5 g/dL de hemoglobina reduzida são capazes de gerar cianose. Esse detalhe é interessante e tem implicação clínica: para um mesmo grau da doença, é mais provável que um indivíduo com poliglobulia fique cianótico do que um paciente com anemia. Como denota uma coloração anormal do sangue, geralmente é mais bem avaliada nos segmentos periféricos e em mucosas. Dois fatores concorrem para o surgimento de cianose: deficiência em oxigenar o sangue no território capilar pulmonar, padrão conhecido como cianose central, e extração periférica excessiva de oxigênio, denominada cianose periférica. A cianose central pode ser consequência de vários tipos de doenças pulmonares graves e de determinadas malformações vasculares e cardíacas que desviam o sangue da direita para a esquerda, o que é denominado shunt direito-esquerdo. A cianose periférica pode decorrer de redução da velocidade do fluxo sanguíneo na periferia, com aumento da extração de oxigênio pelos tecidos, como visto nas tromboses arteriais ou venosas e nos estados de choque. Uma forma de diferenciar os 2 tipos é a extensão da cianose: enquanto a central costuma ser identificada tanto na pele quanto nas mucosas, a periférica geralmente poupa as mucosas oral e labial. A cianose central habitualmente melhora com a administração de oxigênio, ao contrário da periférica. Outra forma de classificar a cianose é o local de manifestação. Assim, podemos encontrar 2 padrões: cianose localizada – restrita a um segmento corpóreo – e cianose generalizada – acometimento difuso. É necessário cuidado para não confundir a classificação fisiopatológica com a distribuição da cianose: toda cianose central é generalizada, no entanto nem toda cianose generalizada é central, pois pode ser vista também na periférica. ❖ Sinais de cianose a presença de cianose, é necessário estimar a saturação de hemoglobina com oxigênio por meio de oxímetro de pulso e gasometria arterial. Algumas vezes, podem ser necessários radiografias, estudos do fluxo sanguíneo e provas de função pulmonar e cardíaca para determinar a causa da cianose. O tratamento será, sempre, dirigido à causa-base. Uma situação interessante, que por vezes intriga o clínico, é a de um paciente com cianose, mas sem hipoxemia identificada na gasometria arterial: a meta-hemoglobinemia. O distúrbio acontece por um estado alterado da hemoglobina, com o íon ferroso tornando-se oxidado a íon férrico, que é incapaz de ligar-se ao oxigênio. Assim, a curva de dissociação da hemoglobina é desviada para a esquerda, para tentar aumentar a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio, mas a liberação tecidual do gás é reduzida. Há redução do conteúdo de oxigênio no sangue. Níveis de até 3% de meta-hemoglobina são considerados normais; pacientes com a doença crônica, mesmo com níveis próximos de 50%, podem ser assintomáticos, sendo cianose a única queixa. Quando aguda, surgem dispneia, letargia, cefaleia e fadiga, ou quadros mais graves, com convulsões, choque e coma. O grande problema diagnóstico da meta-hemoglobinemia é que a oximetriade pulso é incapaz de detectá-la, e os aparelhos de gasometria convencionais calculam a SO2 por extrapolação, por meio das medidas diretas da paO2 e do pH, que não se modificam na meta hemoglobinemia. Para o diagnóstico, deve-se usar a espectrofotometria, que determina as concentrações de hemoglobina, oxi- hemoglobina, meta-hemoglobina e carboxi-hemoglobina. Pode-se inferir o diagnóstico, também, ao avaliar o sangue coletado, geralmente de aspecto marrom-chocolate. A doença pode ser hereditária ou estar associada a exposição a medicamentos – antimaláricos, nitratos, paracetamol, lidocaína –, substâncias industriais – naftaleno, nitrotolueno etc. –, alimentos em conserva – por conter nitrato e nitrito de sódio – etc. O tratamento é feito com azul de metileno na dose de 0,1 a 0,2 mL/kg IV, por 5 minutos.
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