Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
� Comunicação e Expressão I SE G U N D O M O M EN TO � Comunicação e Expressão I SEGUNDO MOMENTO � Comunicação e Expressão I Anotações POR QUE APRENDER Você já deve ter percebido que a linguagem está presente em todas as atividades do nosso dia-a-dia. Desde a conversa mais banal com alguém da família ou um simples “bom dia” para o vizinho até a retirada de um extrato bancário ou o preenchimento de uma ficha de inscrição para algum concurso, entre tantas outras coisas. Por isso é praticamente impossível não se fazer uso da linguagem. Mesmo nos momentos em que nos encontramos a sós, com nossos próprios pensamentos, aí também está ela, dando forma e organiza- ção às idéias que ocupam nossa mente. É, portanto, graças à linguagem que damos sentido às nossas experiências individuais e coletivas no mundo. É também por meio dela que temos acesso à produção cultural humana do presente e do passado e através da qual nos tornamos efetivamente participantes da vida social. Neste Momento, estudaremos a conceituação de linguagem e os modos pelos quais ela é expressa. A intenção é que você conhe- ça as concepções de linguagem existentes e como isso tem afetado a compreensão desse objeto e seu uso. Além disso, desejamos que você adquira uma visão mais ampla da multiplicidade de recursos pelos quais a linguagem se expressa, e, assim, amplie suas escolhas de expressão e aperfeiçoe sua habilidade comunicativa. O QUE APRENDER Vamos tentar responder à primeira pergunta apresentando três pon- tos de vista distintos sobre esse objeto, conforme expostos em Koch (�00�) e em Travaglia (�00�): linguagem como expressão do pensamento, como instrumento de comunicação e como forma/lugar de interação. Introdução ao Estudo da Linguagem SEGUNDO MOMENTO Desafio O que é linguagem? Do que ela se constitui? � Comunicação e Expressão I Anotações AS CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM Uma primeira definição para linguagem, que tem suas raízes entre os antigos filósofos gregos, é a de que ela é expressão do pensa- mento. Segundo essa visão, a linguagem é um espelho (ou representação) daquilo que se passa em nossa mente, derivado do conhecimento indivi- dual da realidade. Assim, o uso da linguagem é tomado como um ato mo- nológico, dependente das leis psicológicas do próprio indivíduo e de sua capacidade de organizar e verbalizar o pensamento de maneira lógica. Essa maneira de conceber a linguagem deu origem a estudos como os desenvolvidos pela gramática tradicional, a qual se preocupa, princi- palmente, em estabelecer regras para se falar e escrever “corretamente”. Um exemplo disso são as orientações sobre o emprego correto do grau dos adjetivos, dos modos e tempos verbais, das concordâncias nominal e verbal, da colocação pronominal, entre outros. Nesse sentido, transmite a crença de que é só através do domínio das normas do “bem” falar/es- crever que se pode expressar o pensamento de forma lógica e apropriada. Desse modo, desconsidera os diversos usos através dos quais a linguagem pode se configurar nos mais variados contextos de intercomunicação. A segunda noção é que a linguagem é um instrumento de comu- nicação. De acordo com essa idéia, a língua é um código por meio do qual um emissor transmite sua mensagem a um receptor (lembra-se daquele modelo tra- dicional de comunicação apresentado no Momento anterior?). Para isso, é ne- cessário que esse código seja comum aos falantes do grupo social que o utiliza. A novidade nesse postulado é a inclusão do destinatário a quem a informação é dirigida, sendo, portanto, de natureza mais “social” que a definição anterior. Porém, dado o enfoque unidirecional com que a linguagem é concebida, em que apenas um dos participantes do ato comunicativo (o emissor) é o elemento ativo do processo e o outro (o receptor) mero decodificador passivo da informação, permanece aqui, igualmente, o caráter monológico atribuído à linguagem. Segundo essa visão, a língua também deve ser estudada apenas em seus aspectos internos (isto é, estruturais), desvinculada do uso. Sig- nifica dizer que, nessa proposta, não se leva em conta o contexto socio- discursivo, ignorando-se, portanto, as características dos interlocutores, bem como as condições impostas à língua pela situação comunicativa. Finalmente, a terceira concepção vê a linguagem como forma/lugar de interação. Conforme essa perspectiva, a linguagem é entendida como o espaço em que se realiza o intercâmbio discur- sivo, através da co-atuação entre sujeitos investidos de papéis sociais (pai/filho, patrão/empregado, vendedor/cliente, médico/ paciente, poder público/cidadão etc.), num esforço conjunto para a produção de efeitos de sentido, em um dado contexto intercomunicativo. Talvez você esteja questionando neste momento: – E no caso de quando estamos falando sozinhos, sem a presença de outro indivíduo, SEGUNDO MOMENTO � Comunicação e Expressão I Anotações ou daquela pessoa que escreve um diário íntimo e não pretende com- partilhá-lo com mais ninguém? Ainda assim é possível preservar-se o caráter interacional e dialógico da linguagem? A resposta é “Claro que sim!”. Mesmo em situações como essas, a linguagem não perde a sua natureza interativa. Em momentos assim, é como se o locutor se desdobrasse em um outro, que se torna seu interlocutor e com quem interage, travando com este num diálogo pacífico ou conflituoso. Vista desse modo, a linguagem não viabiliza apenas a interlocução entre falante e ouvinte ou entre escritor e leitor, mas, sobretudo, o diálogo entre representantes de posições sociais, histórico-culturais e ideologica- mente definidas. Como se pode observar, nessa nova maneira de conceber a linguagem, não há mais lugar para as figuras polarizadas do emissor e do receptor. Diferentemente, ambos são redefinidos como interlocutores e, assim, co-responsáveis pelo estabelecimento da relação sócio-discursiva. Isso nos leva a concluir que a linguagem, de acordo com essa perspectiva, não é independente dos usuários nem do contexto de in- teração. Ao contrário, ela mantém uma relação intrínseca com o uso, sendo moldada conforme as condições de produção do discurso. Assim é que, por exemplo, numa propaganda dirigida ao público in- fantil, a linguagem assume características próprias da fala dessa faixa etária. Por outro lado, caso seja direcionada aos jovens ou a profissionais de uma determi- nada área, ela deverá ajustar-se ao perfil específico dos respectivos interlocuto- res. Caso isso seja desconsiderado, poderá haver falhas na interlocução. Desafio Leia o texto a seguir: É MASSA, BROTHER. Brother, dentro dessa nova edição do Vestibular �00 testes tem tudo para que o próximo vestiba role na maior. Só de português são 80 questões, sendo �0 testes e �0 escritas. Fora as questões de física, química, biologia, história, geografia, matemática e inglês. Ah, tem uma lista de livros e uma série de dicas que você precisa ficar por dentro antes de encarar os exames. (Época, s.d.) Agora, responda com base nesse texto: �. Pelos aspectos lingüísticos, quem parece ser o locu- tor (falante) do texto? �. Por que você acha que o produtor do anúncio utili- zou esse tipo de linguagem? SEGUNDO MOMENTO � Comunicação e Expressão I Anotações DO QUE COMPÕE A LINGUAGEM Agora, respondendo a outra daquelas duas perguntas ini- ciais, vamos procurar esclarecer do que se constitui a linguagem. Esta é composta de signos socialmente construídos e partilha- dos. Significa dizer que o conjunto de elementos significativos de que se compõe a linguagem é produto de visões de mundo, ou seja, de formas de interpretar a realidade próprias de uma determinada cultura em um dado momento histórico (FIORIN, �998; KOCH, �00�; TRAVAGLIA, �00�). De um modo geral, os signos que constituem a linguagem são divididos em verbais e não-verbais. Verbais São os signos lingüísticos, isto é, aqueles que compõem uma língua natural (português, inglês, alemão,russo, japonês, guarani, en- tre outras). É o que se pode também chamar de linguagem verbal. Um signo é a união de um componente de ex- pressão falado, escrito, gestual, audiovisual etc.) com um conceito (ou significado). Contudo, sua significação não é dada em si mesmo, mas depende de quem o utiliza, em que situação e com que finalidade. Assim, o signo é contextualmente (sociocultural e historicam ente)determinado. ConCeito De signo De forma simplificada, podemos entender língua como um sistema variável composto de signos (veja o conceito de signo dado anteriormente), que se realiza através da fala na comunicação social. ConCeito De Língua Os signos verbais subdividem-se nas seguintes modalidades: Orais São aqueles realizados pela fala (ou língua falada). Exemplos disso são as conversas informais (face a face ou ao telefone), uma conferência, uma aula expositiva, as transmissões de rádio e TV, etc. Veja os exemplos que se seguem: SEGUNDO MOMENTO � Comunicação e Expressão I Anotações Escritos São aqueles expressos por meio de caracteres gráficos (ou lín- gua escrita). Como exemplos, temos os livros, jornais, revistas, corres- pondências, entre outros. Observe os seguintes exemplos: Não-verbais Os signos não-verbais podem ser gestuais (movimentos e ex- pressões corporais/faciais), plásticos (tais como monumentos, esculturas etc.), pictóricos (desenhos, tabelas, gráficos, esquemas, gravuras, foto- grafias etc.), acústicos (como buzinas, campainhas, sirenes etc.), audio- visuais (por exemplo: charges televisivas, desenho animado), táteis (a escrita para deficientes visuais), entre outros. Veja os exemplos a seguir: É bastante comum haver a combinação de signos de tipos diversos, resultando, assim, numa espécie de “plurilinguagem” (ou seja, uma linguagem mista). Por exemplo: numa conversa, participam SEGUNDO MOMENTO Figura 1 - Exemplos de signos orais Fonte: CD Expert Figura 1 - Exemplos de signos escritos Fonte: CD Expert, veja.com.br Figura 1 - Exemplos de signos não-verbais Fonte: CD Expert 8 Comunicação e Expressão I Anotações Para concluir, é bom esclarecer que não existe uma modalidade de linguagem prioritária, superior ou melhor do que outra; também não é correto supor que uma forma de expressão possa substituir a ou- tra com a mesma eficácia. Significa que cada comunidade desenvolve as modalidades de linguagem dentro de suas condições e demandas so- cioculturais, procurando utilizá-las apropriadamente de acordo com as situações de interação, de modo a atingir os objetivos pretendidos. outros elementos não-verbais, entre eles o tom de voz, as expressões fa- ciais, a gesticulação das mãos etc., os quais servem como suporte do ato interlocutivo e contribuem, consideravelmente, na construção de sen- tidos. No texto escrito, por sua vez, há também a presença de compo- nentes não-lingüísticos, tais como fotos, gravuras e demais ilustrações, contrastes de cores e tamanho variado das letras etc., que igualmente colaboram no cálculo de sentidos. Existem, ainda, a TV, o cinema e o teatro, os quais são uma ótima evidência da articulação bem-sucedida das diferentes formas de linguagem. Vejamos a figura a seguir: Responda a esta pergunta: De que forma os signos não-verbais o ajudaram nesse entendimento? PratiCanDo Observe a figura a seguir e tente destacar nela os signos verbais e não verbais. SEGUNDO MOMENTO Figura 1 - Exemplos de signos não-verbais Fonte: Veja. ��/09/�00�. p.�� Figura 1 - Exemplos de signos não-verbais Fonte: Educação. ago.�00�. 9.�8 9 Comunicação e Expressão I Anotações RELEMBRANDO O QUE FAZER Vamos agora aplicar os conceitos estudados neste Momento. �. Pra começar, olhe ao seu redor e observe quantos signos ver- bais e não-verbais neste momento o cercam. Enumere pelo menos cinco deles. �. Lembra daquele filme que você mais gosta? Ele tam- bém é composto por signos lingüísticos verbais e não- verbais. Vamos tentar lembrar do filme e enumerar pelo menos cinco signos lingüísticos verbais e cinco não-ver- bais? Você pode até relacionar mais de cinco, se desejar. SEGUNDO MOMENTO Lembrete Não esqueça que a execução desses exercícios é funda- mental para a sua auto-avaliação. �. Nós, eu e você, estamos nos comunicando neste momento? Quais as características dessa nossa comunicação? Que signos estamos utilizando? Em qual, das três concepções de lingua- gem vistas, se encaixa essa nossa interlocução? �0 Comunicação e Expressão I Anotações PARA SABER MAIS TERRA, E.; NICOLA, J. de. Práticas de linguagem: leitura e produ- ção de textos. Ensino Médio. São Paulo: Scipione, �00�. Embora seja uma obra voltada para o Ensino Médio, esse livro traz boas orientações sobre leitura e produção de textos, mesmo para alunos que já estão em nível de graduação. O segundo capítulo aborda mais diretamente as questões vistas aqui sobre a linguagem. ONDE ENCONTRAR KOCH, I. G. V. Desvendando os segredos do texto. �. ed. São Paulo: Cortez, �00�. TRAVAGLIA, L. C. Gramática e interação: uma proposta para o en- sino de �º e �º graus. �. ed. São Paulo: Cortez, �00�. SEGUNDO MOMENTO �� Comunicação e Expressão I SEGUNDO MOMENTO
Compartilhar