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Farmacocinética Biodisponibilidade e Distribuição Após a absorção as concentrações do fármaco precisam chegar ao tecido-alvo. Proporção do fármaco absorvido não-inativado na circulação, ou seja, a porcentagem que será realmente usada pelo organismo. Biodisponibilidade Biodisponibilidade sistêmica: quantidade do fármaco presente na circulação sistêmica. É a referência que normalmente se encontra nas bulas, a mais comum. Biodisponibilidade biofásica: quantidade que será disponível na atuação no local de ação. A biodisponibilidade é proporcional à absorção e possui influência multifatorial: forma farmacêutica (estado físico, excipientes e veículo), fármaco (inativação TGI, absorção incompleta e primeira passagem), interação TGI (alimentos e outras drogas) e paciente (pH local, fluxo sanguíneo, estrutura local, variação genética e patologias). Estudos de biodisponibilidade No estudo da biodisponibilidade considera a duração de efeitos e relação da concentração sérica com os efeitos. Há um valor numérico e faz análise com a variação do tempo. • Área sob a curva: quantidade do fármaco “disponível”. • Janela terapêutica: é a margem entre concentração efetiva mínima (CEM) para a resposta adversa e a CEM para a resposta desejada. • Índice terapêutico (IT): seria como a janela terapêutica expressa em números. • Período de defasagem: período em que o fármaco ainda não gerou efeito. Além disso, o estudo de biodisponibilidade analisa a segurança de fármacos e monitoração terapêutica (fármacos com baixo IT possuem maior risco ao organismo, ou seja, menor margem de segurança). Na imagem acima, mostra a curva de concentração sérica da Fenitoína em diversos indivíduos, mostrando os efeitos diversos quando o fármaco possui índice terapêutico baixo e a variabilidade farmacocinética de acordo com a genética individual. Nesse caso, a administração começa com baixas doses e vai aumentando conforme a necessidade. Bioequivalência entre medicamentos A bioequivalência entre medicamentos com vias diferentes OBS: aumento da biodisponibilidade com o aumento da absorção. Exemplo: i.v.>v.o. Formas de administração diferentes dificultam para que a bioequivalência aconteça porque a absorção irá interferir na biodisponibilidade do fármaco. A bioequivalência entre medicamentos com uma mesma via Requer que a biodisponibilidade seja igual, pois a absorção será igual. Ademais, o perfil cinético deve ser igual. Portanto, uma mesma dose de um fármaco com uma mesma biodisponibilidade não será bioequivalente necessariamente, pois precisa de uma mesma cinética. Em casos cujo fármaco apresenta baixo índice terapêutico ou alta variação na absorção, a manipulação deve ser restrita em farmácias, pois é mais seguro e garante um padrão. Isso se deve às variações do perfil cinético quando administrado em diferentes farmácias de manipulação, por exemplo. Meia-vida e concentração sérica Tempo de meia-vida (t1,2) e redução da [sérica] O tempo de meia-vida é aquele em que a concentração sérica cai pela metade. Isso é intrínseco da droga, tende a ter sempre a mesma meia-vida independente da dose e da concentração plasmática. Além disso, depende de distribuição e eliminação do fármaco. A imagem acima mostra que no tempo de 3 meias-vidas ocorre o estado de equilíbrio entre o acúmulo e a eliminação do fármaco e no tempo de 5 mais- vidas ocorre a eliminação quase completa do fármaco. Esse dado pode ser usado de referência para os fármacos. O tempo de meia-vida irá dizer a duração de efeito e regime posológico. Quanto menor o tempo de meia-vida, maior a flutuação da concentração sérica. Na imagem acima é possível perceber que quanto maior o tempo entre uma dose e outra, ajustando sua quantidade em mg, maior a variação de concentração sérica sofrida e o risco de atingir o efeito tóxico. Assim, o ideal são doses menores em frequências menores de modo a deixar a concentração mais estabilizada e dentro da janela terapêutica. Essa análise pode ser feita, por exemplo, durante a fase 1 dos testes clínicos, em que será analisada e dose e o tempo de atuação do fármaco. Ao esquecer de tomar o medicamento há dois casos: • Tomar assim que possível para manter [sérica] • Esperar o próximo horário devido à toxicidade alta do fármaco Portanto, a biodisponibilidade dita o regime posológico e efeitos. A imagem acima mostra a concentração da morfina em doses maiores de 12/12h e doses menores 4/4h, sendo a segundo numa margem mais controlada e segura. Há também a administração com liberação controlada, como mostra na parte superior à direita, em que o efeito é menos oscilante, cujo beneficio é atuante em fármacos com baixa meia-vida e, assim, evita a necessidade de tomar o medicamento em curtos períodos de tempo, várias vezes ao dia. Na parte inferior, mostra a administração do fármaco em um mesmo período de tempo, mas em doses diferentes. Perceba que é necessário mudar o regime posológico ao mudar a dose e vice-versa. Distribuição de fármacos O transporte entre “compartimentos corpóreos” ocorre do meio intravascular para o tecido- alvo (efeito terapêutico). É o transporte no sangue e para outros tecidos (reservatórios). No corpo há a disponibilidade de 42L de líquido total, A quantidade de água varia com a idade (recém nascidos possuem mais em relação aos idosos) e a gordura também (maior em idosos). É importante destacar que apenas formas livres do fármaco migram entre os compartimentos. Quando está ligado significa que está fixo no local e, normalmente, nessa situação, ele possui característica mais lipossolúvel (difícil movimentação) e serve como “reserva”. Também pode- se encontrar ligado a uma proteína que transportará esse composto. Independente dos casos, aos poucos ele será liberado. Translocação seletiva de fármacos Importante para todas as etapas de transporte. Transportadores carreadores de soluto (SLT) • A favor do gradiente • Passivo ou ativo secundário, saturáveis • Intestino, rim, fígado, SNC... • Polimorfismos: “menos eficientes” no transporte • “Competição” pelo mesmo transportador a) OCTs (cátions orgânicos): dopamina, colina, metformina b) OATs (ânios orgânicos): uratos, prostaglandinas, penicilina, probenecida Na imagem acima ocorre a entrada de metformina (reduz a resistência à insulina) no hepatócito (OCT1). À esquerda tem-se uma pessoa com intolerância, sem o uso de medicamento. À direita tem-se a pessoa com o uso de medicamento, no qual a OCT1 variante (polimorfismo) permanece com alta concentração de glicose no plasma. Nessa situação o receptor diminui devido a mudança genética e não transporta tão bem o fármaco de atuação. A imagem mostra o exemplo da nefrotoxicidade da cisplatina (OCT2) e os efeitos da competição. Ao competir com a cimetidina, que usa o mesmo receptor, é possível perceber a diminuição da atuação da cisplatina e, consequentemente, a redução do apoptose visto que diminui a entrada na célula. Transportadores de ligação com ATP (ABC) • Contra o gradiente • Ativo e saturável • Rim, TGI e SNC • Impede que fármaco vá para onde tem menor concentração, pode agir como barreira a) Glicoproteínas P: exemplo. Seletividade de barreiras e resistência como a barreira hematoencefálica Fármacos apresentam “preferência” por compartimentos Isso ocorre de acordo com as características intrínsecas de fármacos e tecidos. Regido pela polaridade e capacidade de interação. Principais fatores determinantes • Afinidade por proteínas e componentes plasmáticos • Permeabilidade em barreiras biológicas naturais Proteínas plasmáticas Transporte em meio líquido Permite que aumente a movimentação de drogas lipossolúveis. Deve-selembrar que só a porção livre é ativa (“concentração efetiva no plasma”). A ligação com proteínas plasmáticas irá aumentar a solubilidade aparente – uma parte dissolve no sangue e outra se liga às proteínas o que aumenta uma parcela que seria incapaz de se dissolver no líquido, diminui a saída da circulação porque diminui sua difusão, diminui o metabolismo e excreção pois ao estar ligado permanece no sangue e não é metabolizado pelo fígado e rim - aumentando a meia-vida, aumenta a permanência – cria “reservatórios” e diminui o efeito terapêutico - diminui porcentagem livre. Principais componentes de transporte Possuem funções gerais (albumina) ou específicas (transferina – transportador de ferro) e ligação saturável (vai carregar fármaco até que chegue à saturação, depois aumenta a forma livre) • Albumina: drogas ácidas, 2 sítios de ligação • Alfa1-glicoproteína ácida: drogas alcalinas • Lipoproteínas (LDL, HDL): drogas lipofílicas e não-ionizadas Hipoproteinemias facilitam efeitos tóxicos A diminuição de produção de proteínas sanguíneas causa o aumento da fração livre e farmacologicamente ativa. Causas: 1. Diminuição da síntese de proteínas plasmáticas: desnutrição, hepatopatias – principalmente órgãos de produção de proteínas plasmáticas, jovens e idosos. 2. Aumento da saturação: aumento de lipídios e bilirrubina (tóxica, se liga à proteína quando livre), albumina fetal (diminui sítios), gestação (estado hormonal) 3. Aumento da eliminação: nefropatias Competição As disputas por sítios de ligação plasmática entre fármacos podem fazer com que as interações provoquem o aumento de concentração sérica livre (intensifica o efeito do fármaco e sua eliminação). Barreiras entre compartimentos Restringem o acesso de substâncias. • Endotélio muito permeável • “individualizam” sistemas • Função protetora/seletiva Exemplo: Barreira hematoencefálica e placentária Barreira hematoencefálica (BHE) • Junções oclusivas – diminui passagem entre as células do endotélio e astrócitos periendoteliais – com seus prolongamentos revestem o endotélio • Diminuem passagem de substâncias exógenas/endógenas • Mantém o “micro-ambiente” nervoso (ex: K, Ca, Na...) Positivo do fármaco • Acesso requer alta lipossolubilidade • Menos permeável na zona gatilho (região de proteção que causa vômito) Negativo • Extrusão por glicoproteínas P – joga para fora • Diminui integridade e aumenta vulnerabilidade em situações de estresse, infecções, inflamações e TCE Barreira placentária (tecidos fetais) • Isola circulação materna/fetal (componentes exógenos) • Permeável a anticorpos (IgG), microrganismos (varíola, herpes, toxoplasmose) e hormônios • Metabolicamente ativa • Importância toxicológica (teratogênese – interferência da mãe no desenvolvimento do bebê devido ao uso de alguma substância- e toxicidade) • Farmacologia da gestação Reservatórios corporais Tecido adiposo pode concentrar fármacos e “redistribuir” • Sequestro de fármacos lipossolúveis • Diminuição da concentração sérica, assim como efeito e eliminação (aumenta duração no organismo e tempo de meia-vida) • Exemplo: LSD, anestesia, DDT • Outros tecidos: cloroquina no fígado, tetraciclina em ossos (afinidade ao cálcio) OBS: Pacientes obesos podem ter que perder peso antes de realizar cirurgia bariátrica, pois anestésicos são altamente lipofílicos e precisam fazer o efeito dentro de uma dose segura. O nível de massa lipídica muito alta vulnerabiliza o paciente. Volume de distribuição (Vd) Relaciona a presença extravascular do fármaco É um volume hipotético (aparente) necessário para dissolver todo o fármaco do organismo em concentração igual à concentração sérica. Levando como exemplo a imagem à esquerda e eu dispor de 10mg, sendo 9mg dissolvidos no meio lipídico e 1mg no plasma, significa que tenho 1mg/5L de sangue, então, precisaria de 50L para dissolver os 10mg totais. No caso da direita, tem-se 9mg/5L de sangue, então eu precisaria de pouco mais de 5L para dissolução total dos 10mg do fármaco do organismo. Ou seja, quanto mais lipofílico, maior o volume de distribuição. Se o volume de distribuição for igual ao volume do sangue quer dizer que todo o fármaco está no sangue. Moldando a distribuição Conjugados fármaco-anticorpo ou fármaco-substrato • Aumenta seletividade tecido específica (princípio da bala mágica) • Antígenos e enzimas específicas ao alvo • Exemplo: quimioterapia antineoplásica e antibacteriana
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