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Ian Dondoni | Neuroanatomia | Medicina Ufes 1 Vias Aferentes Especiais INTRODUÇÃO • Vamos abordar as vias SENSITIVAS ESPECIAIS: AUDITIVA E VESTIBULAR, GUSTATIVA, OLFATÓRIA E VISÃO • VIA: todo o trajeto de sinapses e neurônios envolvidos em uma determinada função do início ao fim, seja ela motora ou sensitiva ELEMENTOS PRINCIPAIS DE QUALQUER VIA SENSITIVA (serve tanto para uma via sensitiva especial quanto para uma geral) 1. RECEPTOR: terminação nervosa específica para determinada modalidade de sensibilidade 2. TRAJETO PERIFÉRICO: é o trajeto percorrido pelo estímulo do receptor em direção ao SNC. Percorre um nervo espinal ou craniano, sempre com um gânglio sensitivo associado (neurônio pseudounipolar ou bipolar) 3. TRAJETO CENTRAL: é o trajeto percorrido dentro do SNC em direção ao córtex cerebral ou cerebelar. São os tratos, fascículos e lemniscos ou radiações 4. ÁREA DE PROJEÇÃO CORTICAL (PRIMÁRIAS) • Córtex cerebral: percepção da sensibilidade de forma consciente • Córtex cerebelar: integração motora de forma inconsciente Obs.: qualquer via sensitiva tem que ter esses elementos e precisamos guardar isso na nossa cabeça porque se der problema em qualquer um desses quatro elementos, você vai ter problema na via ✓ LEMNISCO: só via sensitiva, nenhum lemnisco transmite nada motor ✓ TÁLAMO: recebe e manda para o lugar certo ✓ É isso que temos que pensar quando o paciente traz algum sintoma para você, você vê qual é a queixa do paciente e, a partir daí, analisa onde está o problema dele, se é no receptor, se é uma lesão nervosa, se é uma lesão central ou se é uma lesão no córtex VIA AUDITIVA E VIA VESTIBULAR • O órgão vestibulococlear atende as duas funções • São vias separadas de funções diferentes VIA AUDITIVA RECEPTORES • RECEPTOR: ÓRGÃO DE CORTI OU ESPIRAL ✓ O órgão de Corti está dentro da parte petrosa do osso temporal chamada de orelha interna ✓ Na orelha interna, temos o órgão vestibulococlear que é subdividido em cóclea, vestíbulo e canais semicirculares ✓ AUDIÇÃO: CÓCLEA TRAJETO PERIFÉRICO • Até chegar no receptor, tem um trajeto que tem que ser obedecido ESTÍMULO > ORELHA EXTERNA > ORELHA MÉDIA > RECEPTOR (que é o início da via) • Se tem que passar pela orelha externa e pela orelha média até chegar na orelha interna, será que pode dar problema nessa orelha externa e na orelha média? SIM • Um neurônio bipolar (sensitivo) tem o corpo dele, um ramo dele está ligado ao órgão de Corti para receber esse estímulo e o prolongamento maior dele vai se ligar no tronco encefálico • Esse prolongamento longo são muitas fibras e muitos axônios • NERVO COCLEAR: conjunto de axônios. É o nervo que vem da cóclea • O nervo coclear vem da cóclea e depois se junta com o nervo vestibular que vem do vestíbulo e dos canais semicirculares. Eles seguem juntos com o nome de NERVO VESTIBULOCOCLEAR • GÂNGLIO ESPIRAL: gânglio sensitivo formado pelo acúmulo de corpos de neurônios Ian Dondoni | Neuroanatomia | Medicina Ufes 2 Trajeto periférico do nervo vestibulococlear • Vai emergir pelo poro acústico interno atravessando o meato acústico interno em direção ao tronco encefálico • Dentro da orelha temos quatro áreas: área coclear, área cribriforme (que permite a passagem do nervo vestibulococlear), área facial (por esse mesmo meato acústico interno é trajeto inicial do nervo facial que depois vai seguir o seu trajeto todo) e a área vestibular • FRATURA DE BASE DE CRÂNIO: que afeta a parte petrosa do temporal e o meato acústico interno pode afetar a via auditiva, provavelmente vai afetar o nervo vestibulococlear como um todo. Outro nervo com potencial altíssimo de ser acometido é o facial • Os nervos facial e vestibulococlear se conectam na altura do sulco bulbo pontino ao tronco encefálico no ângulo ponto-cerebelar • É importante saber a origem aparente desses nervos, pois se houver algum problema vascular ou tumor que acometa o ângulo ponto-cerebelar TRAJETO CENTRAL • O estímulo vai penetrar no tronco encefálico no sulco bulbo-pontino e vai levar essa informação para os núcleos que estão dentro da ponte RECEPTOR > NERVO COCLEAR > SULCO BULBO- PONTINO (ÂNGULO PONTO-CEREBELAR) > NÚCLEOS COCLEARES ANTERIOR E POSTERIOR > LEMNISCO LATERAL > COLÍCULOS INFERIORES > BRAÇO DO COLÍCULO INFERIOR > CORPO GENICULADO MEDIAL (TÁLAMO) > POSTERIOR A PERNA POSTERIOR DA CÁPSULA INTERNA > RADIAÇÃO AUDITIVA (ACÚSTICA) > GIRO TEMPORAL TRANSVERSO ANTERIOR (41) • IPSILATERAIS o Lemnisco Lateral • CONTRALATERIAS o Corpo trapezoide o Lemnisco Lateral • Núcleos Relés: o Núcleos do corpo trapezoide o Núcleo olivar superior o Núcleo do lemnisco lateral • O corpo do neurônio está nos núcleos cocleares • Esses axônios, a maior parte deles, cruza o plano mediano transversalmente constituindo o corpo trapezoide (fibras que cruzam a ponte transversalmente) • A partir do momento que elas cruzam o corpo trapezoide, e elas estão do outro lado, elas se cruzam superiormente e começam a ascender Nervo vestibulococlear Ian Dondoni | Neuroanatomia | Medicina Ufes 3 • pelo tronco encefálico com o nome de LEMNISCO LATERAL • LEMNISCO LATERAL: fibras ascendentes que sobem pelo tronco encefálico e que cruzaram o corpo trapezoide e cruzaram superiormente • O lemnisco lateral termina nos colículos inferiores (onde ele vai fazer sinapse) • As fibras do lemnisco lateral podem ascender contralateralmente (do lado oposto) ou ipsilateralmente (do mesmo lado, sem passar pelo corpo trapezoide) • Então, o lemnisco lateral não é uma via totalmente cruzada • NÚCLEOS RELÉS: locais de sinapse ao longo do caminho, mas são apenas sinapses adicionais, ou seja, não mudam em nada nesse momento. Faz sinapse nesses núcleos e depois sobe pelo lemnisco lateral • COLÍCULOS INFERIORES: substância cinzenta (corpos de neurônios). Os neurônios presentes aqui vão receber o estímulo trazido pelo lemnisco lateral • RADIAÇÃO AUDITIVA (ACÚSTICA): fibras que ascendem pela substância branca do telencéfalo. São fibras que saem do tálamo com o mesmo destino e a mesma função PROJEÇÃO CORTICAL (GIRO TEMPORAL TRANSVERSO ANTERIOR – 41) OBS.: NÃO EXISTE SURDEZ CORTICAL, POIS A VIA AUDITIVA NÃO É TOTALMENTE CRUZADA, OU SEJA, SE HOUVER UMA LESÃO EM UM GIRO TEMPORAL TRANSVERSO ANTERIOR, O OUTRO ESTARÁ DISPONÍVEL PARA A AUDIÇÃO CONEXÕES COLATERAIS • Reflexo de proteção contra sons altos ➢ Núcleo motor do trigêmeo: nervo para o músculo tensor do tímpano ➢ Núcleo do nervo facial: nervo para o músculo estapédio • Núcleos relés se comunicam aqui FIBRAS CENTRÍFUGAS • Habituação: inibição dos impulsos sensitivos pouco relevantes • Exemplo do machado: ventilador ligado em uma sala de aula, esse ventilador é barulhento e no início ele te incomoda, mas o seu foco é na aula, então o cérebro entende que você está focado na aula e quer receber os estímulos sonoros do professor e do que está sendo exposto e você não quer que barulhos fiquem te atrapalhando e aí você consegue inibir esses impulsos sensitivos pouco relevantes. Isso acontece em nosso corpo por meio das vias retrógradas que saem do córtex ou da formação reticular e vão atuar nos receptores SINTOMA LOCAL ACOMETIDO POSSÍVEL CAUSA Déficit auditivo ou Surdez unilateral Orelha externa ou orelha média Surdez de condução -Rolha de cerume -Otite média -Esclerose dos ossículos Surdez unilateral Orelha interna (cóclea) ou nervo vestibulococlear Surdez neurossensorial -Idade avançada -Vascular (A. do labirinto) -Toxicidade a certos antibióticos -Trauma -Tumor -Doenças desmielinizantes Déficit auditivo nas 2 orelhas, mais evidente no lado oposto dalesão Qualquer acometimento unilateral da via central - Tumor -Vascular Ian Dondoni | Neuroanatomia | Medicina Ufes 4 VIA VESTIBULAR RECEPTORES - CANAIS SEMICIRCULARES ✓ São três canais semicirculares: anterior, lateral e posterior. A endolinfa circula dentro desses canais e ela estimula o receptor que for necessário naquela situação • Ductos semicirculares ➢ Ampolas: crista ampular ➢ Utrículo: mácula do utrículo ➢ Sáculo: mácula do sáculo ESTÍMULO > RECEPTOR > NERVO VESTIBULAR > SE JUNTA COM O NERVO COCLEAR E FORMA O NERVO VESTIBULOCOCLEAR > MEATO ACÚSTICO INTERNO > ... > ÂNGULO PONTO-CEREBELAR (SULCO BULBO-PONTINO) > NÚCLEOS VESTIBULARES OBS.: dos núcleos vestibulares muitas coisas acontecem e isso vamos observar no slide ao lado (eferências dos núcleos vestibulares) TRAJETO PERIFÉRICO • Nervo vestibular • Nervo vestibulococlear TRAJETO CENTRAL • VIA INCONSCIENTE: O estímulo chegou trazendo a informação da aceleração da cabeça no espaço, bateu nos núcleos vestibulares e vai, de maneira inconsciente, para o CEREBELO na parte VESTIBULOCEREBELO (anatomicamente é o lobo flóculo-nodular) que é responsável pelo equilíbrio e postura • MANTER O OLHAR FIXO: para manter o olhar fixo é necessário ajustes musculares para fazer intorção e extorsão para compensar o deslocamento da cabeça com a musculatura extrínseca do bulbo do olho. Nisso, entra o FASCÍCULO LONGITUDINAL MEDIAL que vai integrar a informação que está chegando do posicionamento da cabeça com os núcleos dos nervos oculomotor, troclear e abducente para realizar o movimento conjugado de cabeça e olho • O fascículo longitudinal medial sai dos núcleos vestibulares. São fibras de associação que transitam longitudinalmente pela extensão do tronco encefálico, preferencialmente integrando núcleos de nervos cranianos PROJEÇÃO CORTICAL • Via não bem definida, mas passa pelo tálamo (fibras vestibulotalâmicas) • Área cortical primária não bem definida: orientação consciente do indivíduo no espaço VIA GUSTATIVA RECEPTORES • Receptores: papilas linguais TRAJETO PERIFÉRICO - NERVOS • 2/3 ANTERIORES: nervo facial (corda do tímpano) • 1/3 POSTERIOR: nervo glossofaríngeo (ramos linguais) • SUPERFÍCIE DA EPIGLOTE: nervo vago (ramo interno do laríngeo superior) • Todos os neurônios aqui são pseudounipolares, com um ramo periférico ligado aos receptores e um longo ramo central ligado ao tronco encefálico X – Ramo int. do n. laríngeo sup. IX – Ramos linguais VII – N. corda do tímpano LÍNGUA Gânglio inferior Gânglio geniculado Núcleo do trato solitário Ian Dondoni | Neuroanatomia | Medicina Ufes 5 • A localização do corpo desses neurônios forma o gânglio geniculado do facial, gânglio inferior do glossofaríngeo e gânglio inferior do vago • GÂNGLIO: acúmulo de corpos de neurônios fora do SNC • O glossofaríngeo e o vago penetram no bulbo, sulco lateral posterior • Já o facial penetra no sulco bulbo-pontino • Na hora que eles penetram no tronco encefálico, eles vão fazer sinapse com o NÚCLEO DO TRATO SOLITÁRIO (recebe as sensações viscerais especiais – AVE – gustação) • Então, os nervos passam o bastão para o núcleo do trato solitário que continua a informação • NÚCLEO DO TRATO SOLITÁRIO: massa de corpos de neurônios que está dentro do tronco encefálico TRAJETO CENTRAL • Esses axônios vão subir, a via é quase toda cruzada, cruzam o plano mediano e sobem junto com o lemnisco medial até o tálamo PROJEÇÃO CORTICAL • Do tálamo chega para projeção cortical através da cápsula interna e isso chega para o córtex no lobo parietal (opérculo parietal) • Opérculo parietal: parte do lobo parietal para onde os estímulos de gustação são levados CONEXÕES COLATERAIS • NÚCLEOS SALIVATÓRIOS: secreção da saliva Desses núcleos salivatórios saiam estímulos parassimpáticos através de nervos diferentes: ➢ Salivatório superior: facial que ia para as glândulas submandibular e sublingual ➢ Salivatório inferior: glossofaríngeo que ia para parótida • NÚCLEO DORSAL DO VAGO: secreção de suco gástrico Opérculo parietal Ian Dondoni | Neuroanatomia | Medicina Ufes 6 VIA OLFATÓRIA RECEPTORES • Estão localizados na mucosa que recobre o terço superior da cavidade nasal • Vista da parede lateral, que é concha nasal superior, mas também tem no septo esses neurônios que são células especializadas, são os receptores olfatórios • Os prolongamentos dos neurônios bipolares são os próprios receptores • O estímulo atravessa o neurônio, ele tem então um prolongamento periférico, o próprio receptor, os prolongamentos centrais e as várias fibras se juntam e formam as fibras do nervo olfatório que atravessam a lâmina cribriforme • Na hora que o nervo olfatório atravessa a lâmina cribriforme, ele já faz uma sinapse com outros corpos de neurônios e acaba • Imediatamente sobre a lâmina cribriforme, você tem uma região dilatada onde se tem uma grande concentração de corpos de neurônios chamada de bulbo olfatório • Os axônios do bulbo olfatório se destinam direto para o cérebro dando origem ao trato olfatório • Os corpos dos neurônios bipolares estão no epitélio olfatório (mucosa) ESTÍMULO > LÂMINA CRIBRIFORME > SINAPSE NO BULBO OLFATÓRIO > TRATO OLFATÓRIO > AQUI ELE SE BIFURCA ESTRIA OLFATÓRIA MEDIAL ESTRIA OLFATÓRIA LATERAL ESTRIA OLFATÓRIA LATERAL CÓRTEX OLFATÓRIO (CÓRTEX PIRIFORME) - Úncus -Parte anterior do giro para-hipocampal TÁLAMO (NÚCLEOS MEDIAIS) CÓRTEX ORBITOFRONTAL (Discriminação consciente do olfato) Ian Dondoni | Neuroanatomia | Medicina Ufes 7 CONEXÕES COLATERAIS -Corpo amigdaloide -Hipotálamo Reações viscerais e memória -Hipocampo • HIPOTÁLAMO: regula a homeostase (funcionamento adequado das vísceras), por duas formas: via nervosa (SNA) e via endócrina (sistema endócrino através dos hormônios liberados pelas glândulas) • Relacionado ao hipotálamo, às vezes você sente um cheiro que na hora te dá um enjoo OBS.: Circuito de Papez: funcionamento e sedimentação da memória (vamos ver isso na fisiologia) • O olfato tem uma grande ligação com áreas armazenadas na memória, por isso que às vezes sentimos um cheiro que nos traz uma memória de algum momento que você já sentiu aquele cheiro e te marcou. Pode ser um cheiro bom ou ruim ESTRIA OLFATÓRIA MEDIAL ÁREA SEPTAL (PARAOLFATÓRIA) NÚCLEOS HABENULARES NÚCLEOS DO TEGMENTO DO MESENCEFÁLO NÚCLEOS SALIVATÓRIOS NÚCLEO DORSAL DO VAGO • Núcleos salivatórios: saliva • Núcleo dorsal do vago: suco gástrico, pois se você já está salivando, você já está entendendo que você vai comer, logo você vai deglutir e isso vai chegar no estômago SINTOMA LOCAL ACOMENTIDO POSSÍVEL CAUSA Perda bilateral do olfato (ANOSMIA) -Fibras do nervo olfatório -Bulbos ou tratos olfatórios -Fratura de base do crânio (lâmina cribriforme) -Tumor no lobo frontal ou meninges da região Alucinação olfatória (sensação de odor desagradável inexistente) Úncus Tumor na região (CRISES UNCINADAS) ESTRIA MEDULAR DO TÁLAMO
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