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DECISAO JUDICIAL - LEGITIMA DEFESA

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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Registro: 2021.0000165282
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Criminal nº 
1500581-69.2019.8.26.0326, da Comarca de Lucélia, em que é apelante 
FERNANDO VINICIUS MARONAII DO NASCIMENTO, é apelado MINISTÉRIO 
PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO.
ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 9ª Câmara de Direito 
Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Rejeitada 
a preliminar, NEGARAM PROVIMENTO ao apelo. V.U., de conformidade com 
o voto do relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Desembargadores SÉRGIO COELHO 
(Presidente sem voto), SILMAR FERNANDES E CÉSAR AUGUSTO ANDRADE 
DE CASTRO.
São Paulo, 8 de março de 2021.
ALCIDES MALOSSI JUNIOR
Relator
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Apelação Criminal nº 1500581-69.2019.8.26.0326 -Voto nº 20024 2
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 1500581-69.2019.8.26.0326.
Apelante: FERNANDO VINICIUS MARONAI DO NASICMENTO 
(Advogado, Dr. Leonardo Cazu).
Apelado: Ministério Público do Estado de São Paulo.
Sentença: Juiz de Direito Dr. André Gustavo Livonesi.
Comarca: Lucélia.
VOTO nº 20.024.
PENAL. PROCESSUAL PENAL. 
APELAÇÃO. LESÃO CORPORAL, 
AMEAÇA, DESCUMPRIMENTO DE 
MEDIDA PROTETIVA. VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A 
MULHER. CONDENAÇÃO. RECURSO 
DA DEFESA.
Arguida preliminar de conversão do 
julgamento em diligência para instauração 
de incidente de insanidade mental, com 
pleito, no mérito, de absolvição por falta de 
provas. Descabimento. 
1.- Preliminar. Conversão do julgamento 
em diligência em favor da instauração de 
incidente de insanidade mental. 
Descabimento. Ponto bem analisado na 
instância de piso. Inexistência de razões 
concretas para deflagração do expediente 
previsto no art. 149 e ss. do CPP. 
Prerrogativa judicial de dilação probatória, 
conforme necessidade e pertinência, “ex 
vi” art. 156, II, do CPP. Mera ilação sobre 
distúrbio mental, sequer devidamente 
comprovada, que não justificaria, “de per 
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Apelação Criminal nº 1500581-69.2019.8.26.0326 -Voto nº 20024 3
si”, a instauração do incidente. Preliminar 
rejeitada.
2.- Pertinência da condenação. (i) Mérito. 
Provas. Materialidade. Laudos periciais de 
exame de corpo de delito, no caso da 
lesão corporal (vítima C.A.A.), presentes 
ainda as próprias peças de instrução no 
caso dos demais delitos. Autoria certa. 
Precisa identificação do acusado, que 
pretendia firmar namoro com a filha 
adolescente das duas vítimas, L.A.S. e seu 
esposo C.A.A.. Confissão judicial quanto 
ao delito de descumprimento das medidas 
protetivas de afastamento do lar das 
vítimas e de proibição de contato. Versão 
acusatória demonstrada, mais 
assertivamente, pelos relatos judiciais de 
C.A.A. e de duas testemunhas policiais, 
equidistantes às partes e desinteressadas 
no desate. Pertinência, apesar da versão 
obtemperada de L.A.S. e do réu, das 
conclusões judiciais. Condenação 
mantida.
Negado provimento.
VISTO.
Trata-se de “APELAÇÃO CRIMINAL”, 
interposta por FERNANDO VINICIUS MARONAI DO 
NASCIMENTO, contra r. sentença condenatória de lavra 
do Juízo de Direito da 2ª Vara Judicial da Comarca de 
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Apelação Criminal nº 1500581-69.2019.8.26.0326 -Voto nº 20024 4
Lucélia (cf. certidão de publicação, em 17.12.2019 fls. 234).
Segundo o descrito na inicial acusatória, o 
réu Fernando (qualificado às fls. 23) foi, inicialmente, 
denunciado por lesão corporal, ameaça (por duas vezes) e 
descumprimento de medidas protetivas, todos 
praticados no âmbito da violência familiar e doméstica 
contra a mulher, porque, em 02.07.2019, por volta das 
11h20min, na Rua Manoel Rodrigues, nº 491, bairro Vila 
Rancharia, na cidade e Comarca de Lucélia, prevalecendo-
se das relações domésticas e familiares: (i) descumpriu 
decisão judicial que havia deferido medidas protetivas de 
urgência nos moldes da Lei nº 11.340/2006 (Autos nº 1500560-
93.2019.8.26.0326, proferida em 25.06.2019 fls. 18/20); (ii) ameaçou, 
por meio de palavras, Luzia Alves da Silva e Claudemir 
Aparecido Alves, de mal injusto e grave; e (iii) ofendeu a 
integridade corporal de Claudemir, causando-lhe lesões 
corporais de natureza leve (cf. laudo pericial de exame de corpo de 
delito fls. 29/30) (cf. denúncia, fls. 76/78, recebida na data de 04.07.2019 
fls. 80/81).
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Apelação Criminal nº 1500581-69.2019.8.26.0326 -Voto nº 20024 5
Segundo consta dos autos, Fernando 
havia namorado, por cerca de três anos, a menor 
J.A.S.A., adolescente de, então, catorze anos de idade, 
filha do casal Luzia e Claudemir. Ocorre que, em data 
não informada, mas ainda no ano de 2019, Fernando e a 
namorada desentenderam-se e, em razão do entrevero, o 
rapaz chegou a agredi-la fisicamente com um soco no 
rosto. Em virtude desse fato, e por crer que J.A.S.A. 
nutrisse medo em relação ao acusado, Luzia buscara 
respaldo junto às autoridades e obtivera, por meio de 
decisão judicial de 25.06.2019 (fls. 18/20), a concessão de 
diversas medidas protetivas de urgência, nos termos da 
Lei nº 11.340/2006, dentre as quais, as de proibição de 
aproximação física da residência das ora vítimas Luzia e 
Claudemir, bem como de contato com elas ou a menor 
J.A.S.A, por qualquer meio de comunicação. Fernando 
foi regularmente intimado da r. decisão (fls. 06). Ocorre 
que o inconformismo com o desfecho do liame amoroso 
levou o acusado a rumar à casa das vítimas, 
descumprindo as determinações judiciais, pois. Ao ali 
chegar, ultrapassou o muro de alvenaria que cercava a 
propriedade em relação à via pública, destruindo-o 
parcialmente. Em seguida, passou a arremessar tijolos 
contra o local, danificando lâminas de vidro de uma das 
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Apelação Criminal nº 1500581-69.2019.8.26.0326 -Voto nº 20024 6
janelas e provocando um rombo no telhado de amianto 
(cf. laudo pericial fls. 62/70). Pôs-se, então, a vociferar 
ameaças, dirigidas contra as vítimas, indistintamente: 
“Eu vou matar vocês tudo!”. Luzia, amedrontada, chamou 
por Claudemir por telefone, o qual rapidamente retornou 
ao lar, onde se deparou, de pronto, com Fernando, que, 
além de reiterar a ameaça acima verbalizada, ainda o 
agrediu com um caibro de madeira, provocando lesões 
que se aferiram pericialmente (fls. 29/30). Mesmo após 
chegar a força policial, o acusado continuou a 
incessantemente proferir as ameaças. Dispendidos os 
esforços físicos necessários, Fernando foi contido e, em 
virtude das circunstâncias, autuado em flagrante (fls. 01).
Após regular processamento, a ação 
penal foi julgada PROCEDENTE e o réu Alfredo, então, 
condenado como incurso no artigo 129, § 9°, do Código 
Penal, e no artigo 147, caput, c/c artigo 61, II, “f”,(por duas 
vezes, em concurso formal), todos do Código Penal, e, ainda, 
no artigo 24-A, da Lei nº 11.340/2006, tudo na regra do 
cúmulo material, às penas totais de 07 (sete) meses e 
12 (doze) dias de detenção, em regime inicial aberto, 
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com indeferimento, por conta da reincidência (fls. 85/86), de 
benesses penais (fls. 222/232).
Fernando está SOLTO atualmente. De 
legalidade reconhecida, o flagrante fora convolado em 
prisão preventiva (cf. termo de audiência de custódia, datada de 
03.07.2019 fls. 38/40). A constrição cautelar persistiu até 
que, ante espontânea manifestação pelas vítimas pelo 
levantamento das medidas protetivas (judicialmente deferido 
em 04.12.2019 fls. 206, sem oposição ministerial, cf. fls. 205), foi 
concedida ao réu a liberdade provisória, por meio de 
decisão de 27.11.2019 (fls. 169/170), cumprido o alvará de 
solturaclausulado no dia seguinte (fls. 178).
A r. sentença passou em julgado para a 
Acusação em 23.01.2020 (cf. certidão fls. 264).
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Apelação Criminal nº 1500581-69.2019.8.26.0326 -Voto nº 20024 8
Apelo defensivo, com preliminar de 
conversão do julgamento em diligência, objetivando a 
instauração de incidente de insanidade mental, e, no 
mérito propriamente dito, pela absolvição do réu por 
insuficiência probatória (fls. 244/249).
Contrarrazões pelo não provimento do 
recurso (fls. 256/261), com parecer da douta Procuradoria 
Geral de Justiça em idêntico sentido (fls. 270/271).
É o relatório.
O apelo não comporta provimento.
Colhidos os depoimentos de interesse na 
etapa inquisitiva (fls. 02, 03, 04, 05, 06). Autos formados pelas 
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Apelação Criminal nº 1500581-69.2019.8.26.0326 -Voto nº 20024 9
peças de instrução, destacando-se: os exames 
nosocomiais de lesões físicas para Fernando (fls. 21) e 
Claudemir (fls. 22), em adendo aos correspondentes 
laudos periciais de exame de corpo de delito (fls. 31/32, 
29/30), além do laudo perinecroscópico (fls. 62/70). Em 
juízo, foram inquiridas as vítimas Luzia Alves da Silva e 
Claudemir Aparecido Alves, além das testemunhas 
Marcos Aurélio dos Reis Pinto, Valmir de Jesus 
Fernandes, Valdemir Batista do Nascimento e Wanderlei 
Almerito, interrogando-se o réu Fernando (cf. mídia anexa 
aos autos digitais).
Inicio pela defesa indireta de mérito, com 
o objetivo de, aqui, AFASTÁ-LA.
Em que pese o elogiável esforço 
argumentativo do d. Defensor, não há como se acolher a 
preliminar suscitada, descabendo a conversão do 
julgamento em diligência.
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Do quanto extraído do caso, havia sido 
suscitada, ainda por meio da defesa prévia (fls. 97), a 
instauração do incidente de insanidade mental porque, 
“conforme noticiado pelo genitor do Acusado, ultimamente este passou a 
apresentar um comportamento diverso do de costume, levando o primeiro a 
suspeitar que o filho possa ter desenvolvido alguma doença mental”. A 
apreciação do tema foi dilatada à fase de colheita das 
provas orais, a fim de que o julgador de Primeiro Grau 
pudesse eventualmente concluir pela pertinência da 
medida (decisão de 02.08.2019 fls. 107). Porém, ao cabo da 
instrução, já na sentença, foi sumamente rechaçada a 
pretensão, à míngua de dados bastantes a respeito.
Com acerto o piso.
A dilação probatória, sobretudo, com 
vistas à instauração de incidente, como o de insanidade 
mental, repousa na discricionariedade do magistrado, 
que, além de incumbido de conferir o impulso oficial ao 
feito, ainda deve deliberar, sempre de forma bem 
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fundamentada (como observado na espécie, à simples leitura da r. 
sentença), pela necessidade e pertinência da produção de 
outras provas que tomar por indispensáveis à formação 
de seu convencimento. Assim sendo, destituída de 
qualquer ilegalidade está a decisão ora objurgada, 
apenas por conta do mero indeferimento da 
pretensão defensiva, ora reiterada na esfera recursal, 
não se observando malferidas as garantias fundamentais 
do acusado, até por conta da postergação de um 
convencimento sobre a necessidade do incidente 
senão ao derradeiro ato processual de colheita 
probatória, o de realização do interrogatório do réu (artigo 
400 do Código de Processo Penal).
Em uma dimensão substancial, no mais, 
tampouco se veria a r. sentença desprovida de 
adequada fundamentação idônea ao indeferimento, 
respeitada a cláusula constitucional que impõe a 
motivação judicial adequada (artigo 93, IX, da Carta Magna de 
1988). De um lado, Fernando nada alegou, nem 
demonstrou, no plano comportamental, que pudesse 
levar a deduzi-lo como portador de qualquer distúrbio 
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mental. Conforme consta da r. sentença (fls. 224): “O 
acusado, durante seu interrogatório, respondeu aos questionamentos de 
forma clara e objetiva, mantendo uma linha de raciocínio mesmo quando 
interrompido por perguntas feitas pelo Magistrado.”. D'outra banda, os 
demais elementos indicativos no sentido acenado pela 
Defesa diluíram-se no contexto da instrução. Como 
verificado, a i. Defesa apenas postulara pela instauração 
do incidente previsto no artigo 149 do Estatuto 
Processual, em virtude de declaração, neste sentido, 
do genitor do acusado, Valdemir Batista do 
Nascimento. Sem apor dúvida sobre a idoneidade do 
nobre advogado, por certo, as informações prestadas por 
Valdemir, que é pai do réu e, por isso, direto 
interessado no desfecho do caso, se arrimariam em 
meras “suspeitas” sobre o surgimento de doença 
mental em razão de oscilações no comportamento do 
filho, as quais não foram, ao cabo da instrução, nem 
explanadas, muito menos demonstradas. Aliás, em juízo, 
Valdemir apenas confirmou a existência de pessoas na 
família com “problemas mentais”, nada de específico 
se comprovando sobre Fernando. Outra testemunha 
arrolada pela Defesa, Wanderlei Almerito, que talvez 
detivesse ressentimentos contra Claudemir (o primeiro alegou 
em juízo ter sido “ameaçado” pela referida vítima na sala de espera do 
distrito policial, fato não comprovado), limitou-se a dizer que 
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acreditava que o acusado “não batia bem da cabeça”. 
Noutros termos, os possíveis dados de convicção nesse 
sentido, sequer se alcandorando ao patamar de indícios 
concretos (artigo 239 do Código de Processo Penal), provaram-se 
tíbios e inconsistentes, a ponto de justificar a 
procrastinação do resultado judicial por meio da 
instauração de incidente de insanidade.
Em conclusão, bem afastada, no piso, a 
questão ora alinhavada, aqui urgindo, portanto, 
REJEITAR a preliminar postulada.
No mérito propriamente dito, o pleito 
concentra-se pela absolvição por falta de provas.
O reexame do caderno probatório 
desautoriza a conclusão sustentada pela Defesa, em que 
a dissonância relativa nas provas orais.
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Materialidade arrimada, no caso dos 
delitos de ameaça e descumprimento de medidas 
protetivas de urgência, nas próprias peças de instrução, 
de um modo geral, sem prejuízo do condão probatório, 
também quanto à existência do substrato fático para uma 
e outra infração penal, extraído das provas orais. Mais 
especificamente quanto à lesão corporal, coadunam-se 
as conclusões do laudo pericial de exame de corpo de 
delito realizado em Claudemir (fls. 29/30) com a versão 
acusatória. De fato, em confirmação ao laudo 
nosocomial (fls. 22), o exame pericial de corpo de delito 
confirmou, naquela vítima, a existência de lesão leve 
consistente em equimose com escoriação em região 
peitoral à direita. Noutros termos, a conclusão médico-
legal reafirma a dinâmica fática, tal como exposta na 
denúncia, quanto à agressão desfechada pelo réu, que 
se muniu de caibro de madeira (não apreendido), para 
agredir Claudemir, após descumprir as medidas 
protetivas de aproximação e contato, e vociferar ameaças 
de morte às portas da casa dos ofendidos, igualmente 
danificada no muro, numa janela e no telhado, por 
meio de arremessos de pedaços de tijolo (conclusão aferida, 
pericialmente cf. laudo perinecroscópico, fls. 62/70).
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Autoria certa.As provas orais, em geral, 
consolidam-na, tampouco se aferindo maior desafio 
neste ponto, em virtude da natureza dos crimes 
praticados, instilados por conta do liame parental entre 
as duas vítimas e J.A.S.A., adolescente que mantivera 
um namoro com o acusado. A identificação deste 
tampouco deu margem a dúvidas, tendo em vista a 
própria existência da decisão judicial concessiva de 
medidas protetivas (fls. 18/20), já tornando segura a 
confirmação do algoz, que, ademais, tanto na fase 
policial (fls. 06), como em juízo, CONFESSOU, ao menos, 
a prática do delito previsto no artigo 24-A, da Lei nº 
11.340/2006, como bem reconhecido na sentença. Este 
aspecto do caso, igualmente trazido com segurança à 
lume por conta dos sobejos indícios iniciais de autoria 
atrelados à autuação em flagrante (fls. 01), não 
encontrou maior contumélia nas demais provas orais. Os 
ofendidos Luzia e Claudemir, embora não tenham 
apresentado narrativas perfeitamente concêntricas 
sobre todos os fatos, confirmaram, em juízo, a 
presença de Fernando na residência deles, o que tornou 
cabal, pois, a violação das medidas protetivas de 
proibição de aproximação das vítimas (a r. decisão judicial 
de fls. 18/20, embora nominalmente se tenha referido apenas a Luzia, 
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estendeu-a a quaisquer familiares desta, aqui se incluindo, por dilação do 
conceito civil de parentela, o cônjuge varão) e, consequentemente, 
de contato da mesma forma, inclusive para se evitar 
ofensa à integridade física e psíquica daquelas (Claudemir 
foi fisicamente agredido, e ambos os genitores de J.A.S.A., ameaçados de 
morte pelo réu).
Não obstante tenha Luzia confirmado 
as ameaças apenas contra Claudemir, em juízo, 
ponderando, enfim, que o entrevero com o réu se 
limitaria àquele último (por ele não aceitar o namoro da filha com 
Fernando), a depoente não soube explicar, então, o porquê 
de ter ligado ao marido pedindo por socorro. Sua 
narrativa judicial contrariou, inclusive, o relato prestado 
na etapa inquisitiva (fls. 04), quando não só admitira ter 
ela própria sofrido ameaças, como ainda representara 
contra o réu (caso contrário, sequer se teria preenchido, ao menos 
neste caso, condição de procedibilidade à ação penal para o delito em 
comento). Ademais, tampouco se poderia acolher, 
genuinamente, a versão judicial de Luzia (abrandada por 
razões não esclarecidas), tendo em vista que havia sido ela 
própria a buscar apoio institucional nos moldes da 
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Lei Maria da Penha, tendo protagonizado as 
informações que embasaram a decisão judicial 
concessiva de medidas protetivas (fls. 18/20), proferida 
aproximadamente uma semana antes dos crimes aqui 
averiguados. 
Claudemir, que também representara 
contra Fernando (fls. 05), já trouxe relato mais assertivo, 
eis que plenamente confirmatório de suas primeiras 
declarações, além de respaldado pelos testemunhos 
policiais. Claudemir tanto confirmou ter sido agredido por 
Fernando com uma “paulada no peito” (o que se harmoniza 
plenamente com as confirmações periciais, como visto), como ainda, 
corroborando o crime de descumprimento de medidas 
protetivas (confessado pelo réu em juízo, torno a salientar), 
assinalou ter recebido ameaças de morte. As 
testemunhas de defesa, Valdemir (pai do réu, portanto, a rigor, 
suscetível de ser dispensado de compromisso) e Wanderlei nada 
presenciaram sobre os fatos propriamente ditos, não 
tendo podido sobre eles prestar esclarecimentos 
específicos. Embora aquele último tenha declarado, em 
juízo, que vira Claudemir e outros três ou quatro 
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indivíduos, armados com pedaços de pau, em 
perseguição a Fernando, observo que tal narrativa 
permaneceu isolada no contexto das provas, sem 
ressonância no relato obtemperado de Luzia, e com 
respaldo, apenas, no próprio interrogatório de Fernando. 
Todavia, observo que o increpado não chegara a 
declinar o cenário fático acima descrito em suas 
primeiras declarações (fls. 06), nas quais, para além 
afirmar sua intenção em conversar com a então 
namorada J.A.S.A., se limitou a negar todos os crimes, 
inclusive o de ter danificado a residência das vítimas 
(o que foi atestado pelas provas orais e pelo laudo pericial de fls. 62/70). 
Noutros termos, sobressai, entre os dois relatos de 
Fernando contradição que, assim como se dá com o 
testemunho de Wanderlei, exige que se acolham as 
narrativas judiciais nessa linha com considerável cautela. 
Ademais, Wanderlei, por deter vínculo pessoal com a 
família do réu e, quiçá, nutrir ponto desfavorável contra 
Claudemir (em razão da suposta ameaça na delegacia), como 
explanado, igualmente deve ter suas declarações 
analisadas cuidadosamente, já que não se provou 
equidistante das partes. 
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Situação diametralmente oposta é a das 
policiais militares Marcos e Valmir, os quais, tendo 
atuado, por dever de ofício, na autuação em flagrante 
de Fernando, não detinham qualquer interesse direto (que 
se tenha, ademais, arguido, menos ainda, comprovado) no desate da 
causa. E, confirmando a versão de Claudemir, os 
brigadianos salientaram que nenhuma das duas 
vítimas aceitava o namoro do acusado com a filha 
delas, tanto que também fizeram menção, em juízo, à 
decisão judicial concessiva de medidas protetivas de 
urgência (fls. 18/20). Além disso, enquanto Marcos 
particularmente ressaltou que a própria Luzia contatara 
Claudemir por telefone (cônjuge do qual estava, em verdade, 
separada de fato, e chamara para dormir na casa dela), por conta de 
ameaças anteriores de Fernando, Valmir destacou ter 
bem observado, na data dos fatos, as lesões no peito 
de Claudemir. Ademais, em tom uníssono, os dois 
policiais aduziram, sob o pálio do contraditório, que 
Fernando gritava, a todo momento, que iria “matar 
todo mundo”, o que veio consolidar a confirmação dos 
delitos de ameaça para ambas as vítimas do presente 
caso.
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No mais, impende recordar, como bem 
exposto na própria r. sentença, que o delito de ameaça 
perfaz CRIME FORMAL, consumando-se com a própria 
exteriorização, por palavras ou gestos, de mal injusto e 
grave. Assim, é irrelevante que Claudemir não se tenha 
deixado abater pelas promessas de mal grave 
vociferadas pelo acusado. Ademais, considerando a 
virulência da investida, como se nota dos danos à casa 
(fls. 62/70) da confirmação judicial, pelos policiais, da 
necessidade de desforço físico para contenção do 
réu, estaria Claudemir não só albergado pelo manto da 
legítima defesa (própria e de terceiro), como também pela 
autorização legal de autotutela, em se cuidando de 
“invasão” domiciliar perpetrada pelo desafeto Fernando, 
sobretudo em confessada circunstância de 
descumprimento de ordem judicial impondo medidas 
protetivas em favor das vítimas. 
Por outro lado, estas últimas, como 
qualquer medida jurídica de natureza cautelar, 
sustentam-se conforme a necessidade, em virtude de 
comportarem parcial cerceamento de direitos individuais; 
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o fato de terem sido posteriormente levantadas (fls. 206) 
em nada compromete, portanto, o reconhecimento 
técnico da prática de crimes de ameaça. A concordância 
ministerial reflete a posição técnica da instituição, que 
não só atua comoparte no processo penal, como 
também está investida pelo dever de tutela dos 
interesses sociais e dos direitos, tanto individuais, 
como coletivos (em sentido lato). Logo, ao declinar aval ao 
levantamento das medidas protetivas, sob os critérios da 
necessidade, adequação e estrita proporcionalidade, o 
Ministério Público apenas atua em consonância com uma 
de suas atividades-fim, diversa da acusatória, o que não 
perfaz contradição lógica ou técnica.
Do quanto observado do caso, em 
suma, de rigor o reconhecimento da aptidão condenatória 
do acervo de provas.
Passo às penas.
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Recapitulado o dimensionamento das 
penas, traz-se trecho relevante com as vênias de estilo 
(fls. 230/232): “I- Quanto ao delito de Ameaça. Primeira etapa: Ao 
analisar as circunstâncias judiciais do réu verifico que ele ostenta 
condenação criminal anterior com trânsito em julgado (fls. 85/86) a qual 
será sopesada em fase própria, a fim de não se incorrer em bis in idem. 
Fixo, assim, a pena base em 01(um) mês de detenção. Segunda etapa: 
Ausentes circunstâncias atenuantes. Presente a agravante prevista no 
artigo 61, inciso II, alínea "f" e a reincidência (art. 61, inciso I, do CP - 
fls. 85/86), razão pela qual exaspero a pena em 1/5, perfazendo 01 (um) 
mês e 06 (seis) dias de detenção. Terceira etapa: Ausentes causas de 
diminuição da pena. Incide causa de aumento do concurso formal de 
crimes, uma vez que o delito foi praticado contra vítimas distintas. 
Assim, aumento a pena em 1/6, perfazendo a reprimenda em 01 (um) 
mês e 12 (doze) dias de detenção. II- Quanto ao delito de Lesão 
corporal. Primeira etapa: Ao analisar as circunstâncias judiciais, 
verifico que o réu ostenta condenação criminal anterior com trânsito 
em julgado (fls.85/86), a qual será sopesada em fase própria, a fim de 
não se incorrer em bis in idem. Fixo a pena base em 03 (três) meses de 
detenção. Segunda etapa: Presente a atenuante da confissão e 
agravante da reincidência (art. 61, inciso I, do CP - fls. 85/86), razão 
pela qual faço a devida compensação mantendo a pena acima fixada. 
Terceira etapa: Ausentes causas de aumento ou de diminuição da 
pena, razão pelo qual fixo a pena definitiva em 03 (três) meses de 
detenção. III - Em relação ao delito de Descumprimento de Medidas 
Protetivas de Urgência (Art. 24-A da lei nº 11.340/06). Primeira etapa: 
Ao se analisar as circunstâncias judiciais do réu, verifico que ele 
possui condenação criminal anterior com trânsito em julgado (fls. 
85/86), a qual será sopesada em fase própria, a fim de não se incorrer 
em bis in idem. Assim, fixo a pena base em 03 (três) meses de 
detenção. Segunda etapa: Presente a atenuante da confissão e 
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agravante da reincidência (art. 61, inciso I, do CP - fls. 85/86), razão 
pela qual faço a devida compensação mantendo a pena acima fixada. 
Terceira etapa: Ausentes causas de aumento ou de diminuição da 
pena, razão pelo qual fixo a pena definitiva em 03 (três) meses 
detenção. Por ter o réu praticado os crimes em concurso material, na 
forma do artigo 69, caput, do Código Penal, é de rigor a aplicação 
cumulativa das penas acima fixadas, o que resulta na pena de 07 (sete) 
meses e 12 (doze) dias de detenção. Regime inicial de cumprimento: 
considerando o período de prisão preventiva, adequado o regime 
inicial aberto, conforme artigo 33, §2º, do Código Penal. Substituição 
da pena privativa de liberdade por restritivas de direito (artigo 44 do 
Código Penal): Ante a reincidência, incabível a substituição do art. 44 
do CP ou a suspensão condicional da pena (CP, art. 77). Ante o 
exposto, JULGO PROCEDENTE a ação penal e CONDENO FERNANDO 
VINICIUS MARONAI DO NASCIMENTO à pena de 07 (sete) meses e 12 
(doze) dias de detenção, em regime inicial aberto, por ter infringido os 
artigos 129, caput, 147 (por duas vezes), ambos do Código Penal, e 
artigo 24-A da Lei n° 11.340/06, caracterizado o concurso material, nos 
termos do artigo 69 do Código Penal. Concedo ao acusado o direito de 
apelar em liberdade, tendo em vista que não estão presentes os 
requisitos para decretação da prisão preventiva. Comunique-se as 
vítimas na forma preceituada no artigo 201, § 2º, do Código de 
Processo Penal. Condeno o acusado ao pagamento das custas e 
despesas processuais. Observe-se a assistência judiciária gratuita, 
uma vez que lhe foi nomeado Defensor pela Defensoria Pública do 
Estado de São Paulo. Expeçam-se as certidões de honorários 
advocatícios nos termos do Convênio DPE/OAB para essa espécie 
processual. Oportunamente, com o trânsito em julgado, procedam-se 
às comunicações necessárias aos institutos de Identificação Criminal, 
ao Cartório Distribuidor local e ao Tribunal Regional Eleitoral acerca do 
veredicto condenatório. Publique-se. Intimem-se. Cumpra-se..”.
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Bem fundamentada, a dosimetria das 
penas revelou-se acertada, inexistindo necessidade de 
reparo em qualquer medida.
O dimensionamento punitivo das três 
infrações penais comportou acerto, na primeira fase, 
porquanto não apurados, de fato, elementos específicos 
que ensejassem o incremento. Com efeito, já pesa contra 
o réu condenação definitiva por delitos de resistência e 
desobediência (cf. certidão de fls. 85/86 - Processo n° 
0003932-32.2016.8.0326 trânsito em julgado na data de 30/01/2019), o 
que comprova, de maneira irrefutável a reincidência, 
bem sopesada na fase adequada.
Enquanto, para a lesão corporal e o 
descumprimento de medida protetiva, só se fazia sentir a 
aludida agravante na segunda fase, os demais crimes 
ainda contavam com a igualmente reconhecida agravante 
do artigo 61, II, “f”, do Código Penal, atrelada à opressão 
de gênero, escalonada às vítimas, em vista do móvel de 
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opressão de gênero dirigido contra Luzia. Em relação ao 
delito previsto no artigo 24-A da Lei Maria da Penha, 
reconheceu-se, ainda, com acerto, a atenuante da 
confissão, eis que preservada ao longo da instrução 
processual e contributiva à formação do convencimento 
judicial (artigo 65, III, “d”, do Código Penal, c/c Súmula nº 545 do C. 
Superior Tribunal de Justiça), o que produziu a compensação 
integral. Quanto à lesão corporal, admitido o fato com 
temperamentos pelo réu, que o negara na etapa policial 
(fls. 06), apenas persiste o reconhecimento da confissão, 
qualificada, à míngua de impugnação recursal pela 
Acusação, ora nada restando a fazer. Mantido, até 
porque não excessivo, logo proporcional, o acréscimo em 
1/5 para o crime de ameaça neste estágio da dosimetria.
Na terceira fase, nada mais havia que 
se considerar quanto aos crimes praticados, à exceção 
do reconhecimento do concurso formal (a despeito da 
pluralidade - duas vítimas) para as ameaças, o que, à falta de 
insurgência recursal, deve ser preservado; CORRETO, 
porém, na ótica da proporcionalidade, o derradeiro 
aumento em 1/6. Uma vez que se mostraram, ainda, 
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corretos os cálculos das reprimendas de cada crime, 
posteriormente somadas no cúmulo material por se 
tratar de delitos de espécies distintas, o “quantum” 
final de pena é insuscetível de modificação.
No que diz respeito ao regime inicial de 
cumprimento de pena, fixou-se, com relativo acerto, o 
regime inicial aberto, em coerência com a natureza e a 
quantidade das penas impostas, individualmente ou na 
soma, a despeito da reincidênciado réu, nos termos do 
artigo 33, § 2°, “c” do Código Penal.
Como bem se observa aqui, somada à 
reincidência (artigo 44, II, do Código Penal), a natureza dos 
delitos de lesão corporal e ameaça, cometidos com 
violência real e moral contra a pessoa, e consolidado 
entendimento pretoriano na matéria Súmula n° 588 do 
C. Superior Tribunal de Justiça obstam a substituição 
da pena corporal por restritivas de direitos, incompatíveis 
também por não serem socialmente recomendáveis, o 
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que se estendeu ao indeferimento do “sursis” das penas, 
nos termos do artigo 77 do Codex. 
Inaplicável, por derradeiro, o disposto 
no artigo 387, § 2°, do Código de Processo Penal, a 
despeito do período de segregação cautelar, porque 
irrelevante o período de encarceramento provisório, 
estipulado com finalidade cautelar, à fixação do regime 
inicial, neste caso, o qual, ademais, já foi imposto na 
modalidade mais branda, apesar da reincidência do 
acusado, reservando-se eventuais incidentes ao 
competente Juízo das Execuções.
NOTIFIQUE-SE a vítima Luzia Alves da 
Silva, a única de gênero feminino, acerca da decisão 
encartada no v. acórdão, nos termos do artigo 21, caput, 
da Lei n° 11.340/2006, sem prejuízo da intimação do d. 
Advogado do apelante.
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Ante o exposto, por meu voto, rejeitada 
a preliminar, NEGO PROVIMENTO ao apelo.
 Alcides Malossi Junior
DESEMBARGADOR RELATOR
		2021-03-08T17:12:42-0300
	Not specified

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