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1 PRÁTICAS MÉDICAS I – CLÍNICA JULIANA OLIVEIRA ANEMIA Um paciente anêmico é um paciente que tem uma privação de sangue, tecnicamente, o paciente com uma síndrome anêmica tem uma “falta” de hemácias e de hemoglobina. O eritrócito é a célula mais predominante que se tem, dentro da hemácia tem- se a hemoglobina que é formada por quatro cadeias de globina, onde em cada cadeia se tem o heme e dentro de cada heme se tem o ferro, sendo fundamental para que o oxigênio se ligue a nível pulmonar e possa ser levado para todos os tecidos do corpo, assim, quando se tem uma redução dos níveis de glóbulos vermelhos e consequentemente de hemoglobina, tem-se uma redução do oxigênio que chega para os tecidos, o que compromete o funcionamento do metabolismo e dos respectivos órgãos. ➔ Síndrome anêmica: Normalmente, a queixa que leva o médico a desconfiar de uma possível anemia é quando o paciente relata que está fraco, abatido, sem vigor ou cansado, levando ao entendimento técnico de astenia, fadiga, referindo uma fraqueza global em um possível contexto de anemia. Quando o paciente referir a busca ao médico por um cansaço, é importante investigar o caráter desse cansaço. É uma fraqueza global? Ou é um cansaço pulmonar como p.ex. uma falta de ar? O paciente com uma síndrome anêmica pode evoluir para uma falta de ar, no entanto, o sintoma inicial é uma fraqueza global ou astenia. Se o oxigênio não chegar no músculo esquelético, esse músculo vai ficar mal perfundindo ocasionando uma fraqueza global ou astenia. Nesse contexto, tem-se outros sinais e sintomas que cursam com a má perfusão de vários tecidos e órgãos, ocasionando dor de cabeça ou cefaleia, tontura, zumbidos ou tonitos, câimbra, calcificação intermitente na panturrilha ou dor torácica. Levando-nos a acreditar que de fato o paciente tenha uma síndrome anêmica, no entanto, tem-se outros sintomas que o paciente pode não referir, mas deve-se perguntar, p.ex. palidez acentuada, a qual ocorre para preservar a oxigenação em órgãos mais importantes, no início do quadro esses sinais e sintomas são muito relacionados a falta de oxigenação e com o tempo tem- se o comprometimento de outros órgãos, levantando a hipótese de uma possível evolução para a ICC, isso ocorre em pacientes que além dos sinais e sintomas supracitados indicando a má perfusão tecidual, ele passa a referir palpitações e a ocorrência de quadros de dispneia aos esforços, de forma que a pratica de exercícios antes frequentes, tem-se o aumento da demanda por oxigênio naquela região, de forma que a hemácia não consegue deixar o oxigênio naquela região, permitindo que o paciente desenvolva qualquer um dos sintomas já mencionados. É importante investigar várias questões relacionadas aos sinais e sintomas a começar por: ▪ Temporalidade: É importante saber quando começou cada sinal e sintoma a partir da queixa principal. Temporalidade dos sintomas: Diagnóstico diferencial de ICC Como pela história do paciente eu já poderia pensar em onde está a disfunção? O sangue é constituído por plasma, a série vermelha, série branca e as plaquetas. As células vermelhas são as mais predominantes e são responsáveis pela cor do nosso sangue. Alguns pacientes vão desenvolver anemia não por deficiência na produção de hemácias, mas por sua destruição, resultando em pouca quantidade de hemácia, de hemoglobina e uma consequente baixa perfusão tecidual. Essas anemias são chamadas de anemias hiperproliferativas porquê tem-se a produção normal e em alguns casos de forma aumentada devido a destruição. ➔ Anemia ferropriva: É um tipo de anemia hipoproliferativa, pois tem-se a falta de fator para a proliferação e para a maturação do pré-eritroblastos chegar à hemácia. Uma possível falta de ferro pode comprometer a saúde da unha e dos fios, gerando uma queda, além disso, o paciente tende a ter hábitos alimentares estranhos como a vontade de comer gelo ou tijolo. Pode ocorrer por uma falta de ingesta, absorção comprometida, aumento da demanda ou por aumento da perda sanguínea. ➔ Exame físico: Pode-se analisar a palidez da face e das mucosas, coiloníquia que é a unha em formato de colher. Palpação dos linfonodos, os quais nem sempre serão palpáveis as principais cadeias são a mandibular, cervical anterior, cervical posterior, supra clavicular, infra clavicular, axilar, inguinal e poplítea. Diagnóstico sindrômico: Síndrome anêmica Diagnóstico topográfico: Hemoglobina/Hemácias Diagnóstico etiológico: Anemia ferropriva 2 PRÁTICAS MÉDICAS I – CLÍNICA JULIANA OLIVEIRA Abdome: Busca-se o baço, o qual, não é palpável, está presente no quadrante superior esquerdo, quando palpável indica uma esplenomegalia. Pode se palpado no decúbito dorsal pelas manobras de Mathieu – Cardarelli, que é a palpação em garra e a bimanual ou ainda a posição de Shuster, na qual o paciente está no decúbito lateral. ▪ Anemia hipoproliferativa: Tem-se uma baixa produção das hemácias, o que reflete em uma baixa quantidade de oxigênio, o que nos leva a pensar em algum acometimento renal, porquê o rim é necessário para a liberação da eritropoietina para estimular a medula ou é alguma coisa a nível de medula que é onde as hemácias são produzidas ou a nível de co-fator como vit D, ácido fólico e ferro. Nota-se reticulóticos diminuídos no exame complementar. ▪ Anemia hiperproliferativa: A produção de ferro nesse caso não é um problema, tem-se a produção normal, no entanto, por algum motivo tem-se a destruição na periferia, por uma anemia hemolítica, sequestro esplênico relacionado à uma serie de condições ou em quadros agudos por um quadro de hemorragia. Nota-se reticulócitos aumentados no exame complementar. ➔ Exames complementares: O hemograma, que é acessível e barato, pode nos dar uma série de informações, ajudando a confirmar o diagnóstico de anemia e direcionar a etiologia, pensando em diagnósticos diferenciais. É importante focar na hemoglobina no exame complementar, atentando-se para o valor de referência do laboratório, pois, a hemoglobina varia com o sexo, com o ciclo de vida, com a idade, etc. Normalmente, no hemograma não vem a contagem de reticulócitos, a qual é importante. ➔ Tratamento: ▪ Não farmacológico: Precisa ser indicado, pois, é uma anemia ferropriva, ou seja, carencial. Deve-se lembrar que os alimentos de origem animal têm uma biodisponibilidade de ferro melhor e os alimentos de origem vegetal tem uma disponibilidade de ferro ruim, dependendo de outros cofatores para serem absorvidos. Deve-se procurar entender a realidade social do paciente e, quando possível, recorrer à um profissional dá área, como p.ex. um nutricionista, para adaptar essa dieta da melhor maneira possível, para a realidade do paciente. ▪ Farmacológico: O sulfato ferroso é uma droga disponível no SUS, acessível, sugere-se que seu uso seja feito junto à um suco cítrico, porquê a acidez favorece a absorção do ferro. É importante lembrar que se tem um tempo de 4 a 6 semanas para o paciente evoluir com uma melhora dos sintomas ou para que os níveis de hemoglobina tenham um aumento em relação aos níveis iniciais. Caso esse tratamento seja feito por 6 semanas e seja cessado, tem-se a correção dos níveis de hemoglobina, mas o estoque de ferro vai estar diminuído e a dosagem de ferritina ainda estará diminuído, por isso, é importante sinalizar para o paciente a importância de manter o tratamento por, pelo menos, 3 meses, mesmo diante de uma melhora em até 6 semanas. O ferro que vai para hemoglobina e ajuda no transporte do oxigênio é apenas um, no entanto, nos alimentos tem-se o ferro férrico e o ferroso, de forma que sua absorção também é distinta. O ferro ferroso permite uma absorção direta, como a carne, p.ex, já quando se tem o ferro férrico (F³+), que é o de origem vegetal, faz-se necessário a presença de cofatores para auxiliar nesse processo, por isso que a biodisponibilidadede alimentos vegetais é inferior a de alimentos de origem animal.
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