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QUESTIONÁRIO HOBBES, Thomas. Leviatã : Caps. XIII,XIV,XV,XVI, XVII, XVIII, XXI, XXVI e XXIX Cap. XIII - Da condição natural do gênero humano no que concerne à sua felicidade e a sua desgraça. 1 – Como Hobbes descreve a igualdade natural dos homens. 2 – O que ocorre quando os homens desejam a mesma coisa e não podem desfrutá- la por igual? 3 – O que provoca a situação de desconfiança mútua? 4 – Os homens sentem prazer quando estão reunidos antes que um poder se imponha sobre eles? 5 – Quais são as três causas principais de discórdia entre os homens? 6 – O que ocorre quando não existe um poder comum capaz de manter os homens em respeito? 7 – Quais são as condições que marcam a vida humana em um tempo de guerra? 8 – Qual é a consequência dessa guerra entre homens? 9 – Quais são as paixões que inclinam o homem a desejar a paz? Cap. XIV – Leis naturais e dos contratos 1 – O que significa o direito da natureza? 2 – O que é liberdade? 3 – O que é lei da natureza? 4 – O que é direito? 5 – Qual é a lei fundamental da natureza? 6 – Qual é a segunda lei que deriva da lei fundamental da natureza? 7 – O que significa renunciar ao direito? 8 – O que significa transferir direito? 9 – O que o homem considera ao transferir ou renunciar um direito? 10 – Quais são os direitos que o homem não renuncia ou transfere? 11 – O que é o contrato? 12 – O que é pacto ou convenção? 13 – O que é doação ou dádiva? 14 – O que ocorre com um pacto através do qual ninguém cumpre prontamente a sua parte? 15 – Apenas as palavras são suficientes paro o cumprimento de um contrato? 16 – Como Hobbes explica a transferência do direito e, consequentemente, a transferência dos meios para usufruí-lo? 17 – Podemos fazer pactos com os animais ou com Deus? 18 – O que é fazer um pacto? 19 – Como podem os homens libertarem-se dos pactos efetuados? 20 – Os pactos são obrigatórios? 21 – Sendo a força das palavras muito fraca para obrigar os homens a cumprirem os pactos, como podemos fazer para que eles sejam cumpridos? Cap. XV – De outras leis da natureza 1 – Qual é a terceira lei da natureza? 2 – O que é injustiça? 3 – Qual é a definição comum de justiça? 4 – Qual é a definição de justiça proposta por Hobbes? 5 – Como Hobbes distingue o justo e o injusto atribuídos ao homem e referentes às ações humanas? 6 – Como divide-se a justiça das ações? 7 – Qual é a quarta lei da natureza? 8 – Qual é a quinta lei da natureza? 9 – Qual é a sexta lei da natureza? 10 – Qual é a oitava lei da natureza? 11 – Qual é a nona lei da natureza? 12 – Qual é a décima lei da natureza? 13 – O que é equidade? 14 – Qual a décima primeira lei da natureza? 15 – Qual é a décima segunda lei da natureza? 16 – Qual é a décima terceira lei da natureza? 17 – O que ditam as leis da natureza? 18 – Como obrigam as leis da natureza? 19 – Qual é a única e verdadeira ciência moral? 20 – É correta, na percepção de Hobbes a designação leis da natureza? Cap. XVI – Das pessoas, autores e coisas personificadas 1 – O que é pessoa? 2 – O que é pessoa natural? 3 – O que é uma pessoa artificial? 4 – Qual a relação entre pessoa e autor? 5 – Qual a distinção entre autor e ator? 6 – O que é autoridade? 7 – Qual a relação entre autor e pacto? 8 – Qual a relação entre o ator, a lei da natureza e o pacto? 9 – O pacto obriga o autor ou ator? 10 – Quem não pode ser autor? 11 – Quando uma multidão se converte em uma só pessoa? 12 – Como é considerada a voz da maioria? Cap. XVII – Das causas, geração e definição de um estado 1 – Qual é o fim ou desígnio dos homens? 2 – Por que os pactos não passam de palavras sem força? 3 – O que ocorrerá se não for instituído um poder comum para garantir a segurança dos homens? 4 – Por que a humanidade não vive em harmonia social como o fazem outros animais? 5 – Qual é o único caminho possível para instituir um poder comum? 6 – O que é consentimento? 7 – O que cada homem diria a cada homem em um pacto? 8 – O que é o estado? 9 – O que é o soberano? 10 – O que é o súdito? 11 – Como pode ser adquirido o poder soberano? 12 – O que é um estado por aquisição e um estado por instituição? Cap. XVIII – Dos direitos do soberano por instituição 1 – Quando um Estado é considerado instituído? 2 – Como são conferidos os direitos e faculdades daqueles que detém o poder soberano? 3 – O que os homens são em relação aos atos do soberano? 4 – Os súditos podem depor o soberano? 5 – Os súditos podem se libertar da sujeição em relação ao poder soberano? 6 – Os súditos que discordam podem rejeitar o soberano? 7 – Podemos considerar injúria os atos do soberano? 8 – Aquele que detém o poder soberano pode ser punido 9 – Qual é a finalidade da soberania? 10 – O que é competência da soberania? 11 – Como Hobbes descreve o poder de prescrever regras concedido à soberania? 12 – O que é o direito à judicatura? 13 – O que é o direito de fazer a guerra? 14 – Por que compete à soberania a indicação de todos os conselheiros, ministros e magistrados? 15 – O que é o direito de punir concedido ao soberano/ 16 – O que são as leis de honra? 17 – De que espécie é a autoridade atribuída ao soberano? 18 – Porque o poder de todos é o mesmo que o poder do soberano? 19 – A condição do súdito é uma condição miserável? Cap. XXI – Da liberdade dos súditos 1 – Qual é o significado – em sentido próprio da palavra liberdade? 2 – O que é um homem livre? 3 – Temor e liberdade são compatíveis? 4 – Liberdade e necessidade são compatíveis? 5 – Qual a relação das leis civis com a liberdade? 6 – De onde as leis retiram o seu poder? 7 – Em que consiste a liberdade dos súditos? 8 – Qual é a liberdade do Estado? 9 – Quais são os direitos transferidos na ocasião da criação de um Estado? 10 – Quando o súdito tem a liberdade de desobedecer? 11 – O consentimento que o súdito ao poder soberano implica em restrição da sua liberdade natural? 12 – O homem é livre para resistir à força do estado? 13 – Até onde vai a obrigação dos súditos para com o soberano? 14 – Qual é a finalidade da obediência? 15 – A soberania está sujeita à morte? Cap. XIII - Da condição natural do gênero humano no que concerne à sua felicidade e a sua desgraça. 1 – Como Hobbes descreve a igualdade natural dos homens. Hobbes afirma que natureza fez os homens iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito, ou seja, a igualdade se refere tanto a força física quanto a sagacidade/inteligência. Somos igualmente livres e racionais; nada é mais igual que o ser humano apesar das visíveis diferenças, afinal até mesmo o mais débil dos homens pode matar o mais poderoso rei. 2 – O que ocorre quando os homens desejam a mesma coisa e não podem desfrutá-la por igual? O desejo é o motor do homem. Os objetos de desejo podem variar conforme o indivíduo, contudo, ao desejar o mesmo objeto e não poder desfrutá-lo, os homens se tornam inimigos. Os homens, uma vez inimigos, tentarão destruir ou subjugar uns aos outros. 3 – O que provoca a situação de desconfiança mútua? O conflito gerado pelo desejo comum faz com que os homens temam uns aos outros. Essa desconfiança, acompanhada da antecipação, é utilizada como forma de autoproteção. 4 – Os homens sentem prazer quando estão reunidos antes que um poder se imponha sobre eles? Não. O estado de natureza, ou seja, a situação do homem na ausência do Estado, é conflituoso. Os homens tinham um enorme desprazer na companhia uns dos outros, pois cada um espera ser valorizado pelo outro conforme sua autoestima, e ao ser subestimado, busca arrancar uma maior atribuição de valor causando danos aos demais. 5 – Quais são as três causas principais de discórdia entre os homens? As trêsprincipais causas da discórdia entre os homens são a competição, a desconfiança e a glória. Todas as causas levam os homens a atacarem uns aos outros: a competição visando o lucro, a desconfiança visando a segurança e a glória visando a reputação. 6 – O que ocorre quando não existe um poder comum capaz de manter os homens em respeito? Na ausência de um poder comum que garanta o respeito entre os homens, esses são condicionados à situação de guerra. A guerra não necessariamente consiste em batalha, podendo ser apenas a vontade conhecida de lutar. Hobbes compara a condição de guerra ao mau tempo, que não é apenas uma chuva, mas sim a tendência para chover que dura vários dias. 7 – Quais são as condições que marcam a vida humana em um tempo de guerra? No tempo de guerra, não há lugar à indústria, a cultiva de terra, a navegação, em decorrência da incerteza de produção. Não existem construções confortáveis, nem maneira de desenvolver a intelectualidade, as artes, as letras, nem mesmo a sociedade em si. A vida do homem se torna solitária, pobre, sórdida, bruta, curta. 8 – Qual é a consequência dessa guerra entre homens? A consequência é que nada por ser injusto. Não existem noções de bem/mal e de justo/injusto. Se não há poder comum, não há lei; se não há lei, não há injustiça. Não há propriedade ou domínio. A vida do homem é miserável. 9 – Quais são as paixões que inclinam o homem a desejar a paz? As paixões que levam os homens a desejar a paz são o medo da morte, o desejo das coisas boas e a esperança de alcançá-las através do trabalho. Cap. XIV – Leis naturais e dos contratos 1 – O que significa o direito da natureza? O direito da natureza, também chamado de jus naturale, consiste na liberdade do homem para usar seu poder da maneira que bem entender, conforme seu próprio julgamento e razão apontarem, para preservar sua vida. 2 – O que é liberdade? A liberdade é a ausência de impedimentos externos, ou seja, não há obstáculo à vontade humana. 3 – O que é lei da natureza? Uma lei da natureza é uma regra geral estabelecida pela razão, que impede o homem de fazer tudo o que possa destruir sua vida ou privá-lo dos meios para conservá-la. 4 – O que é direito? O direito é a liberdade de fazer ou omitir. 5 – Qual é a lei fundamental da natureza? A lei fundamental da natureza é procurar a paz e segui-la. 6 – Qual é a segunda lei que deriva da lei fundamental da natureza? A segunda lei da natureza, derivada da primeira, ordena que os homens, reciprocamente, concordem em nome da paz e da defesa de si, abdicar do direito sobre todas as coisas, permitindo a si a mesma liberdade que permite aos outros. 7 – O que significa renunciar ao direito? Renunciar ao direito é privar-se da liberdade de negar ao outro o benefício de seu próprio direito à mesma coisa, ou seja, abandonar um direito, transferindo-o a outro, sem se importar a quem se destinará o benefício. 8 – O que significa transferir direito? Transferir direito é renunciar um direito de maneira voluntária, visando beneficiar determinada(s) pessoa(s), para também ser beneficiado. 9 – O que o homem considera ao transferir ou renunciar um direito? O homem, ao transferir ou renunciar um direito, considera seu próprio benefício, seja em forma de retribuir um direito que lhe foi previamente transferido ou qualquer outro bem para si. Esses são atos voluntários, e todo ato voluntário tem como objetivo o benefício próprio. 10 – Quais são os direitos que o homem não renuncia ou transfere? O homem não renuncia ou transfere os seguintes direitos: à resistir a quem o ataque pela força para tirar-lhe a vida, à integridade física e à liberdade, pois não há benefício a partir da renúncia/transferência desses direitos. 11 – O que é o contrato? O contrato é a transferência mútua de direitos. 12 – O que é pacto ou convenção? FERNANDA CAUS PRADO FERNANDA CAUS PRADO O pacto é um contrato baseado na boa-fé, ou seja, um contrato não imediato, no qual o cumprimento se dará posteriormente e a garantia é apenas a palavra das partes. 13 – O que é doação ou dádiva? A dádiva se trata da transferência não mútua de direitos. Nela apenas uma das partes transfere, na esperança de conquistar a amizade ou serviços de um outro; buscando adquirir reputação de caridade ou ainda tentando ser recompensado no céu. 14 – O que ocorre com um pacto através do qual ninguém cumpre prontamente a sua parte? Quando um pacto é feito e ninguém cumpre sua parte imediatamente, a mínima suspeita tornará o pacto nulo. 15 – Apenas as palavras são suficientes paro o cumprimento de um contrato? Não. As palavras não são suficientes para o cumprimento do pacto, pois quando comparadas às paixões dos homens são fracas. O que garante o cumprimento do pacto é o poder coercitivo. 16 – Como Hobbes explica a transferência do direito e, consequentemente, a transferência dos meios para usufruí-lo? A transferência do direito implica na transferência dos meios de gozá-lo, na medida em que esses estejam em seu poder. Hobbes exemplifica essa premissa com a transferência de uma terra: junto com a terra, a vegetação e tudo aquilo que cresce nela são transferidos em conjunto. 17 – Podemos fazer pactos com os animais ou com Deus? Não. Os animais não compreendem nossa linguagem, logo não podem entender, aceitar ou transferir qualquer direito, o pacto demanda mútua aceitação. Já os pactos com Deus, deixam a incerteza se o pacto foi aceito ou não. 18 – O que é fazer um pacto? O pacto é um ato de vontade, de deliberação. 19 – Como podem os homens libertarem-se dos pactos efetuados? Os homens podem ser liberados de seus pactos de duas formas: cumprindo-os ou sendo perdoados. O cumprimento é o fim natural da obrigação, enquanto o perdão é a restituição da liberdade, pela retransferência do direito que estava vinculado ao pacto. 20 – Os pactos são obrigatórios? Sim, os pactos aceitos por medo, na condição de simples natureza, são obrigatórios. 21 – Sendo a força das palavras muito fraca para obrigar os homens a cumprirem os pactos, como podemos fazer para que eles sejam cumpridos? Dois são os fatores que reforçam o cumprimento dos pactos: o medo das consequências do não cumprimento ou o orgulho de aparentar não cumprir com sua palavra. Cap. XV – De outras leis da natureza 1 – Qual é a terceira lei da natureza? A terceira lei da natureza afirma que os homens devem cumprir os pactos que celebrarem. Sem ela, os pactos perderiam seu valor, não passando de palavras vazias. 2 – O que é injustiça? A injustiça consiste no não cumprimento do pacto. 3 – Qual é a definição comum de justiça? FERNANDA CAUS PRADO FERNANDA CAUS PRADO A justiça é a vontade constante de dar a cada um o que é seu. Tudo aquilo que não é injusto é justo. 4 – Qual é a definição de justiça proposta por Hobbes? A origem da justiça é a celebração do pacto. A justiça é o cumprimento dos pactos válidos, tendo em vista que a validade dos pactos só existe quando há um poder civil que obrigue os homens a cumprirem os pactos. Desse modo: sem Estado, sem justiça ou injustiça. 5 – Como Hobbes distingue o justo e o injusto atribuídos ao homem e referentes às ações humanas? As ideias de justo e injusto têm significado variável: quando atribuídas aos homens indicam a conformidade ou a incompatibilidade entre os costumes e a razão; quando atribuídas às ações indicam a conformidade ou a incompatibilidade com a razão, não dos costumes, mas de ações determinadas. 6 – Como divide-se a justiça das ações? A justiça das ações é dividida entre comutativa, própria dos pactos, implica a renúncia recíproca do direito sobre todas ascoisas; e distributiva, própria do Estado, logo surge depois do contrato, estabelece o que é meu e o que é teu, proveniente de um árbitro (soberano). 7 – Qual é a quarta lei da natureza? A quarta lei da natureza afirma que quem recebeu benefício de outro homem, por simples graça, se esforce para que o doador não venha a ter motivo razoável para arrepender-se de sua boa vontade. 8 – Qual é a quinta lei da natureza? A quinta lei da natureza é a complacência, ou seja, que cada um se esforce para acomodar-se com os outros. 9 – Qual é a sexta lei da natureza? A sexta lei da natureza coloca que como garantia do tempo futuro se perdoem as ofensas passadas, àqueles que se arrependam e o desejem. 10 – Qual é a oitava lei da natureza? A oitava lei da natureza diz: que nenhum homem, por meiode palavras ou atos, demonstre ódio ou desprezo pelo outro. 11 – Qual é a nona lei da natureza? A nona lei da natureza é que cada homem reconheça os outros como seus iguais por natureza, a falta a este preceito é denominada orgulho. 12 – Qual é a décima lei da natureza? A décima lei da natureza afirma que ao iniciarem-se as condições de paz ninguém pretenda reservar para si qualquer direito que não aceite seja também reservado para qualquer dos outros. Aquele que respeita essa lei é considerado modesto, e arrogante o que a desrespeita. 13 – O que é equidade? A equidade consiste na distribuição equitativa a cada homem, distribuir a cada um o que lhe é devido, uma distribuição justa. Pode também ser chamada de justiça distributiva. 14 – Qual a décima primeira lei da natureza? A décima primeira lei coloca que as coisas que não podem ser divididas sejam gozadas em comum, se assim puder ser; e, se a quantidade da coisa o permitir, sem limite; caso contrário, proporcionalmente ao número daqueles que a ela têm direito. 15 – Qual é a décima segunda lei da natureza? A décima segunda lei propõe que a todos aqueles que servem de mediadores para a paz seja concedido salvo-conduto. FERNANDA CAUS PRADO FERNANDA CAUS PRADO 16 – Qual é a décima terceira lei da natureza? A décima terceira lei aponta que aqueles entre os quais há controvérsia submetam seu direito ao julgamento de um árbitro. 17 – O que ditam as leis da natureza? As leis da natureza, ou seja, as normas da paz colocadas pela razão colocam os meios de conversação das multidões humanas. Elas podem ser sintetizadas na seguinte premissa: faz aos outros aquilo que gostarias que te fizessem. 18 – Como obrigam as leis da natureza? As leis de natureza obrigam in foro interno, ou seja, impõem o desejo de que sejam cumpridas; mas in foro externo, isto é, impondo um desejo de pô-las em prática, nem sempre obrigam. 19 – Qual é a única e verdadeira ciência moral? A única e verdadeira ciência moral é a ciência das leis naturais, aquela que preserva o homem em sociedade, proibindo o homem de fazer aquilo que possa destruir sua vida ou se afastar do que é necessário para preservá-la. 20 – É correta, na percepção de Hobbes a designação leis da natureza? Não. As “leis da natureza” são apenas conclusões relativas ao que conduz à conversação da paz. Já a lei é a palavra colocada, por direito, por aquele que possui poder de mando sobre os demais. Cap. XVI – Das pessoas, autores e coisas personificadas 1 – O que é pessoa? Uma pessoa é aquela cujas palavras ou ações são consideradas suas próprias, ou ainda cujas palavras e ações representam as de outro homem ou as de algum outro. 2 – O que é pessoa natural? A pessoa natural é aquela cujas palavras e ações são consideradas próprias. 3 – O que é uma pessoa artificial? A pessoa artificial é aquela cujas palavras e ações representam as de outro. 4 – Qual a relação entre pessoa e autor? O autor é a pessoa cujas palavras e ações são próprias, ou seja, a pessoa natural, logo o autor age com autoridade. 5 – Qual a distinção entre autor e ator? O autor corresponde à pessoa natural, tem suas próprias palavras e ações, age por autoridade. O ator corresponde à pessoa artificial, que representa as palavras e ações dos outros, age por autorização. 6 – O que é autoridade? Autoridade significa o direito de fazer qualquer ação. 7 – Qual a relação entre autor e pacto? Ninguém é obrigado por um pacto do qual não é autor, nem consequentemente por um pacto feito contra ou à margem da autoridade que ele mesmo conferiu, ou seja, o autor apenas responderá as obrigações do pacto feito por ele ou com seu consentimento. Quando o ator faz um pacto por autoridade, obriga através disso o autor, e não menos do que se este mesmo o fizesse, nem fica menos sujeito a todas as conseqüências do mesmo. 8 – Qual a relação entre o ator, a lei da natureza e o pacto? Quando o ator faz qualquer coisa contra a lei de natureza por ordem do autor, se pelo pacto anterior for obrigado a obedecer-lhe, não é ele e sim o autor que viola a lei de natureza. Pois a ação, embora seja contra a lei de natureza, não é sua; pelo contrário, recusar-se a praticá-la é contra a lei de FERNANDA CAUS PRADO FERNANDA CAUS PRADO natureza, que obriga a cumprir os contratos. 9 – O pacto obriga o autor ou ator? O pacto obriga o autor. 10 – Quem não pode ser autor? Os débeis naturais, as crianças, os loucos, os animais e as coisas, afinal não estão desfrutando da razão. 11 – Quando uma multidão se converte em uma só pessoa? Uma multidão de homens é transformada em uma pessoa quando é representada por um só homem ou pessoa, de maneira a que tal seja feito com o consentimento de cada um dos que constituem essa multidão. 12 – Como é considerada a voz da maioria? Se o representante for constituído por muitos homens, a voz da maioria deverá ser considerada como a voz de todos eles. Cap. XVII – Das causas, geração e definição de um estado 1 – Qual é o fim ou desígnio dos homens? O fim último ou desígnio dos homens (que amam naturalmente a liberdade e o domínio sobre os outros), ao introduzir aquela restrição sobre si mesmos sob a qual os vemos viver nos Estados, é o cuidado com sua própria conservação e com uma vida mais satisfeita. 2 – Por que os pactos não passam de palavras sem força? Pois seus vínculos são demasiado fracos para refrear a ambição, a avareza, a cólera e outras paixões dos homens, se não houver o medo de algum poder coercitivo. 3 – O que ocorrerá se não for instituído um poder comum para garantir a segurança dos homens? Se não for instituído um poder suficientemente grande para nossa segurança, cada um confiará, e poderá legitimamente confiar, apenas em sua própria força e capacidade, como proteção contra todos os outros. 4 – Por que a humanidade não vive em harmonia social como o fazem outros animais? A humanidade não vive em harmonia social como os demais animais devido às seguintes diferenças: Os homens estão constantemente envolvidos numa competição pela honra e pela dignidade, o que não ocorre no caso dos animais. Desse modo os homens estão sujeitos à inveja, ao ódio e à guerra, ao passo que entre aquelas criaturas tal não acontece. Entre os animais não há diferença entre o bem comum e o bem individual e, dado que por natureza tendem para o bem individual, acabam por promover o bem comum. O homem, por sua vez, só encontra felicidade na comparação com os outros homens, e só pode tirar prazer do que é eminente. O uso da razão é outro ponto a ser considerado, os animais não veem nem julgam ver qualquer erro na administração de sua existência comum, ao passo que entre os homens são em grande número os que se julgam mais sábios, e mais capacitados que os outros para o exercício do poder público. Do mesmo modo, os animais carecem da arte das palavras mediantea qual alguns homens são capazes de apresentar aos outros o que é bom sob a aparência do mal, e o que é mau sob a aparência do bem; ou então aumentando ou diminuindo a importância visível do bem ou do mal, semeando o descontentamento entre os homens e FERNANDA CAUS PRADO FERNANDA CAUS PRADO perturbando a seu bel-prazer a paz em que os outros vivem. Como seres irracionais, os animais são incapazes de distinguir entre injúria e dano, e consequentemente basta que estejam satisfeitas para nunca se ofenderem com seus semelhantes. Ao passo que o homem é tanto mais implicativo quanto mais satisfeito se sente, pois é neste caso que tende mais para exibir sua sabedoria e para controlar as ações dos que governam o Estado. Por último, o acordo vigente entre essas criaturas é natural, ao passo que o dos homens surge apenas através de um pacto, isto é, artificialmente. 5 – Qual é o único caminho possível para instituir um poder comum? A única maneira de instituir um poder comum é designar um homem ou uma assembleia de homens como representante de suas pessoas, considerando-se e reconhecendo-se cada um como autor de todos os atos que aquele que representa sua pessoa praticar ou levar a praticar, em tudo o que disser respeito à paz e segurança comuns; todos submetendo assim suas vontades à vontade do representante, e suas decisões a sua decisão. 6 – O que é consentimento? Consentimento é uma unidade de todas as vontades. 7 – O que cada homem diria a cada homem em um pacto? “Cedo e transfiro meu direito de governar- me a mim mesmo a este homem, ou a esta assembléia de homens, com a condição de transferires a ele teu direito, autorizando de maneira semelhante todas as suas ações”. 8 – O que é o estado? O Estado é a multidão unida numa só pessoa. É esta a geração daquele grande Leviatã, ao qual devemos, nossa paz e defesa, pois graças a autoridade que lhe é dada por cada indivíduo no Estado, é-lhe conferido o uso de tamanho poder e força que o terror assim inspirado o torna capaz de conformar as vontades de todos eles, no sentido da paz em seu próprio país, e ela ajuda mútua contra os inimigos estrangeiros. 9 – O que é o soberano? O soberano é uma pessoa de cujos atos uma grande multidão, mediante pactos recíprocos uns com os outros, foi instituída por cada um como autora, de modo a ela poder usar a força e os recursos de todos, da maneira que considerar conveniente, para assegurara paz e a defesa comum. 10 – O que é o súdito? Os súditos são todas as demais pessoas de um Estado, que não o soberano. 11 – Como pode ser adquirido o poder soberano? O poder soberano pode ser adquirido de duas maneiras: a sarça natural, como por exemplo, quando um homem obriga seus filhos a submeterem-se e a submeterem seus próprios filhos a sua autoridade, na medida em que é capaz de destruí-los em caso de recusa; a outra é quando os homens concordam entre si em submeterem-se a um homem, ou a uma assembléia de homens, voluntariamente, com a esperança de serem protegidos por ele contra todos os outros. 12 – O que é um estado por aquisição e um estado por instituição? O Estado por aquisição é aquele adquirido através da sarça natural. Já o Estado por instituição, também chamado de Estado Político, é aquele em que os homens FERNANDA CAUS PRADO FERNANDA CAUS PRADO reciprocamente se submetem ao soberano para garantir sua segurança. Cap. XVIII – Dos direitos do soberano por instituição 1 – Quando um Estado é considerado instituído? Diz-se que um Estado foi instituído quando uma multidão de homens concorda e pactua, cada um com cada um dos outros, que a qualquer homem ou assembleia de homens a quem seja atribuído pela maioria o direito de representar a pessoa de todos eles (ou seja, de ser seu representante ), todos sem exceção, tanto os que votaram a favor dele como os que votaram contra ele, deverão autorizar todos os atos e decisões desse homem ou assembleia de homens, tal como se fossem seus próprios atos e decisões, a fim de viverem em paz uns com os outro e serem protegidos dos restantes homens. 2 – Como são conferidos os direitos e faculdades daqueles que detém o poder soberano? É da instituição do Estado que derivam todos os direitos e faculdades daquele ou daqueles a quem o poder soberano é conferido mediante o consentimento do povo reunido. 3 – O que os homens são em relação aos atos do soberano? Cada homem perante cada homem, são obrigados a reconhecer e a ser considerados autores de tudo quanto aquele que já é seu soberano fizer e considerar bom fazer 4 – Os súditos podem depor o soberano? Não. Os súditos, que criaram o poder do ator (soberano), não podem destituí-lo, pois isso seria quebrar o pacto, o que conduz a injustiça 5 – Os súditos podem se libertar da sujeição em relação ao poder soberano? Não. Dado que o direito de representar a pessoa de todos é conferido ao que é tornado soberano mediante um pacto celebrado apenas entre cada um e cada um, e não entre o soberano e cada um dos outros, não pode haver quebra do pacto da parte do soberano, portanto nenhum dos súditos pode libertar-se da sujeição, sob qualquer pretexto de infração. 6 – Os súditos que discordam podem rejeitar o soberano? Não. Os que tiverem discordado devem passar a consentir juntamente com os restantes. Ou seja, devem aceitar reconhecer todos os atos que ele venha a praticar, ou então serem justamente destruídos pelos restantes. 7 – Podemos considerar injúria os atos do soberano? Não. Dado que todo súdito é por instituição autor de todos os atos e decisões do soberano instituído, segue-se que nada do que este faça pode ser considerado injúria para com qualquer de seus súditos, e que nenhum deles pode acusá-lo de injustiça. 8 – Aquele que detém o poder soberano pode ser punido? Não. Rejeitar, destituir, punir, discordar do soberano é praticá-lo a si mesmo. 9 – Qual é a finalidade da soberania? A finalidade da soberania é garantir a paz e a defesa de todos. 10 – O que é competência da soberania? Compete à soberania ser juiz de quais as opiniões e doutrinas que são contrárias à paz, e quais as que lhe são propícias. E FERNANDA CAUS PRADO FERNANDA CAUS PRADO também em que ocasiões, até que ponto e o que se deve conceder àqueles que falam a multidões de pessoas, e de quem deve examinar as doutrinas de todos os livros antes de serem publicados, além da escolha de todos os conselheiros, ministros, magistrados e funcionários, tanto na paz como na guerra. 11 – Como Hobbes descreve o poder de prescrever regras concedido à soberania? Hobbes afirma que o poder de prescrever as regras é exclusivo da soberania. Através das regras, todo homem pode saber quais os bens de que pode usufruir, e quais ações que pode praticar, sem ser molestado por qualquer de seus concidadãos: é a isto que os homens chamam propriedade. Antes da instituição do poder soberano e da formulação das regras, todos os homens tinham direito todas as coisas, o que necessariamente provocava a guerra. 12 – O que é o direito à judicatura? A judicatura é o direito de ouvir e julgar todos os conflitos que possam surgir com respeito às leis, tanto civis quanto naturais, ou com respeito aos fatos. Nela, o juiz deverá examinar se o pedido de cada uma das partes é compatível com a equidade e a razão natural, sendo, portanto, sua sentença uma interpretação da lei de natureza, interpretação essa que não é autêntica por ser sua sentença pessoal, mas por ser dada pela autoridade do soberano, mediante a qual ela se torna uma sentença do soberano, que então se torna lei para as partes em litígio. 13 – O que é o direito de fazer a guerra? O direito de fazer a guerra pertenceao soberano. Consiste em poder decidir quando a guerra corresponde ao bem comum, e qual a quantidade de forças que devem ser reunidas, oradas e pagas para esse fim, e de levantar dinheiro entre os súditos, a fim de pagar suas despesas. 14 – Por que compete à soberania a indicação de todos os conselheiros, ministros e magistrados? A escolha de todos os conselheiros, ministros, magistrados e funcionários compete ao soberano, pois como ele está encarregado dos fins, que são a paz e a defesa comuns, entende-se que ele possui o poder de optar pelos meios que considerar mais adequados para seu propósito. 15 – O que é o direito de punir concedido ao soberano? O soberano possui o direito de punir com castigos corporais ou pecuniários, ou com a ignomínia, a qualquer súdito, de acordo com a lei que previamente estabeleceu. Caso não haja lei estabelecida, de acordo com o que considerar mais capaz de conduzir ao serviço do Estado, ou de desestimular a prática de desserviços ao mesmo. 16 – O que são as leis de honra? Estabelecimento de um valor atribuído aos homens que bem serviram, ou que são capazes de bem servir ao Estado. 17 – De que espécie é a autoridade atribuída ao soberano? A grande autoridade é indivisível, e inseparavelmente atribuída ao soberano. 18 – Porque o poder de todos é o mesmo que o poder do soberano? Se por todos juntos os entendem como uma pessoa (pessoa da qual o soberano é portador), nesse caso o poder de todos juntos é o mesmo que o poder do soberano. 19 – A condição do súdito é uma condição miserável? FERNANDA CAUS PRADO FERNANDA CAUS PRADO Não. Apesar de comumente tida como verídica, essa premissa é falsa, pois o poder pode ser suficientemente perfeito para proteger os súditos, e qualquer incômodo que por ventura aconteça é irrelevante se comparado com a condição de guerra ou a condição dissoluta de homens sem o poder soberano. Cap. XXI – Da liberdade dos súditos 1 – Qual é o significado – em sentido próprio da palavra liberdade? Liberdade significa a ausência de oposição, ou seja, a ausência de impedimentos externos do movimento. 2 – O que é um homem livre? Um homem livre é aquele que, naquelas coisas que graças a sua força e engenho é capaz de fazer, não é impedido de fazer o que tem vontade de fazer. 3 – Temor e liberdade são compatíveis? Sim, o medo e a liberdade são compatíveis. Hobbes usa do seguinte exemplo para elucidar essa questão: alguém atira seus bens ao mar com medo de fazer afundar seu barco, e apesar disso o faz por vontade própria, podendo recusar fazê-lo se quiser, tratando-se, portanto, da ação de alguém que é livre. 4 – Liberdade e necessidade são compatíveis? Sim, a liberdade e a necessidade são compatíveis. Hobbes usa do seguinte exemplo para elucidar essa questão: as ações que os homens voluntariamente praticam, dado que derivam de sua vontade, derivam da liberdade; ao mesmo tempo em que, dado que os atos da vontade de todo homem, assim como todo desejo e inclinação, derivam de alguma causa, e essa de outra causa, numa cadeia contínua, elas derivam também da necessidade. 5 – Qual a relação das leis civis com a liberdade? Dado que em nenhum Estado do mundo foram estabelecidas regras suficientes para regular todas as ações e palavras dos homens (o que é impossível), segue-se que em todas as ações não previstas pelas leis os homens têm a liberdade de fazer o que a razão de cada um sugerir, como o mais favorável a seu interesse 6 – De onde as leis retiram o seu poder? Da espada soberana, pois os homens ignoram que as leis não têm poder algum para protegê-los, se não houver uma espada nas mãos de um homem, ou homens, encarregados de pôr as leis em execução 7 – Em que consiste a liberdade dos súditos? A liberdade dos súditos está apenas naquelas coisas que, ao regular suas ações, o soberano permitiu. 8 – Qual é a liberdade do Estado? O Estado tem absoluta liberdade de fazer tudo o que considerar (isto é, aquilo que o homem ou assembleia que os representa considerar) mais favorável a seus interesses. É a liberdade que se encontra em referências nas obras de história e filosofia dos antigos gregos e romanos, assim como nos escritos e discursos dos que deles receberam todo o seu saber em matéria de política, a mesma que todo homem deveria ter, se não houvesse leis civis nem qualquer espécie de Estado. 9 – Quais são os direitos transferidos na ocasião da criação de um Estado? Do ato de submissão fazem parte tanto nossa obrigação quanto nossa liberdade. FERNANDA CAUS PRADO FERNANDA CAUS PRADO 10 – Quando o súdito tem a liberdade de desobedecer? O súdito pode desobedecer se o soberano emitir ordem que se oponha a preservação da vida, como ordenar que se mate, se fira ou se mutile a si mesmo, ou que se abstenha de usar os alimentos, ou qualquer outra coisa sem a qual não poderá viver. O súdito também pode desobedecer quando for obrigado a incriminar-se. 11 – O consentimento que o súdito ao poder soberano implica em restrição da sua liberdade natural? Não. O consentimento de um súdito ao poder soberano está contido nas palavras eu autorizo, ou assumo como minhas, todas as suas ações, nas quais não há qualquer espécie de restrição a sua antiga liberdade natural, mesmo porque o consentimento não fere os princípios da lei da natureza. 12 – O homem é livre para resistir à força do estado? Não. Ninguém tem a liberdade de resistir à espada do Estado, em defesa de outrem, seja culpado ou inocente. Porque essa liberdade priva a soberania dos meios para proteger-nos, sendo, portanto, destrutiva da própria essência do Estado. 13 – Até onde vai a obrigação dos súditos para com o soberano? A obrigação dos súditos para com o soberano dura apenas enquanto durar também o poder mediante o qual ele é capaz de protegê-los pois o direito que por natureza os homens têm de defender-se a si mesmos não pode ser abandonado através de pacto algum. 14 – Qual é a finalidade da obediência? A finalidade da obediência é a proteção, e independentemente de onde for que um homem a veja, seja em sua própria espada ou na de outro, a natureza manda que a ela obedeça e se esforce por conservá-la 15 – A soberania está sujeita à morte? Embora a soberania seja imortal na intenção daqueles que a criaram, ela não apenas se encontra, por sua própria natureza, sujeita à morte violenta através da guerra exterior, mas encerra também em si mesma, devido à ignorância e às paixões dos homens, e a partir da própria instituição, grande número de sementes de mortalidade natural, através da discórdia intestina.
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