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FERIDAS CIRÚRGICAS Prof. Enf. Walkyria Poddis Clínica Cirúrgica Ferida Cirúrgica Corte de tecido produzido por instrumento cirúrgico cortante, de modo a criar uma abertura num espaço do corpo ou órgão, produzindo drenagem de soro e sangue, a qual espera-se que seja limpa, sem presença de sinais infecciosos Ferida Cirúrgica Classificação Quanto às causas: ▪ Cirúrgicas – provocadas intencionalmente Incisa – não há perda de tecido Excisa - há remoção de área da pele ▪ Traumáticas – provocadas acidentalmente por agentes Mecânico –Contenção, perfuração e corte Químico – cosméticos, ácidos e iodo Físico – Frio, Calor e radiação ▪ Ulcerativas – Lesões escavadas formadas pela morte e expulsão do tecido Caso seja Lesão por Pressão deve classificar seu estágio de acordo com a Classificação por Estágios das Lesões por Pressão de I a IV. Epiderme→ tecido epitelial Queratina (proteína resistente): barreira Melanócitos (melanina) Células de Langerhans (defesa imunológica). Derme→ tecido conjuntivo (fibras colágenas) Hipoderme → tecido conjuntivo (adipócitos) Processo de cicatrização das feridas ❖Inflamatória ❖Proliferativa ❖Maturação 1º Fase - Inflamatória ➢ Fase Trombocítica: Ativa o sistema de coagulação/agregação plaquetária + vasoconstricção ➢ Fase Granulocítica: Aumento da permeabilidade vascular, vasodilatação e quimiotaxia (neutrófilos e macrófagos). Promove o desbridamento de enzimas proteolíticas, para decompor o tecido desvitalizado ➢ Fase Macrogágica: Defesa contra microorganismos (liberam substâncias vasoativas e fatores de crescimento) 2º Fase - Proliferativa 5 a 20 dias ➢ Granulação – fibroblastos, neoangiogênese, síntese de colágeno ➢ Contração –Aumento da força tênsil, contração das margens, migração e proliferação de queratinócitos ➢ Epitalização – Multiplicação das células epiteliais da borda 3º Fase - Maturação ➢ Remodelagem do colágeno – reorganização das fibras • Processo lento • Diminuição da atividade celular e do número de vasos sanguíneos • Cicatriz mais clara e plana Tipos de Cicatrização Primeira intenção ✓ Lesões causadas por instrumentos cortantes, com bordas regulares e com ajuste por suturas; ✓ Perda tecidual mínima; ✓ Tecido de granulação não visualizado. Tipos de Cicatrização Segunda intenção ✓ Perda acentuada de tecido, sem possibilidade de aproximação das bordas ✓ Decorre de complicações ✓ Período cicatricial prolongado, altos índices de defeitos cicatriciais ✓ Mantém-se aberta para que a lesão cicatrize seguindo os processos naturais: granulação, contração e epitelização Tipos de Cicatrização Terceira intenção: ✓ Fechamento dos bordos por sutura após a ferida estar granulada ea infecçãodebelada; ✓ Primeira intenção retardada; ✓ Preparação inicial do leito da ferida, para posterior aproximação das bordas pela sutura Fatores que interferem na cicatrização Locais Edema, infecção local, ressecamento, extensão e local da ferida, medicamentos tópicos, técnica de curativo inadequada Sistêmicos Déficit nutricional, influência hormonal, medicamentos sistêmicos, doenças, tabagismo Classificação da Ferida Cirúrgica Limpa • Resultante de procedimento eletivo • Não traumático, não infectada • Não há processo inflamatório • Não houve transgressão da técnica cirúrgica • Não penetrou no trato respiratório, digestivo, geniturinário Classificação da Ferida Cirúrgica Potencialmente contaminada • Intervenções no trato respiratório, digestivo, geniturinário e sem contaminação significativa; • Feridas onde houve pequenas infrações nos princípios da técnica cirúrgica; • Feridas drenadas por meios mecânicos; • Feridas de difícil antissepsia. Classificação da Ferida Cirúrgica Contaminada • Ferida de intervenções graves, com transgressões de técnica cirúrgica • Traumáticas recentes • Aquelas com presença de infecção • Feridas respiratórias, digestivas, geniturinárias com presença de infecção Classificação da Ferida Cirúrgica Infectada • Feridas traumáticas com tecido desvitalizado; • Presença de corpos estranhos e contaminação; • Feridas que apresentam coleção purulenta; • Feridas onde há vísceras perfuradas e/ou contaminação fecal Infecção da Ferida Operatória Complicação mais frequente ❖ Contaminação anterior ao procedimento, durante e após o mesmo; ❖ Evolução da infecção superficial com envolvimento da pele e o subcutâneo; ❖ Pode envolver tecidos moles, fáscia e músculos, ósseo e órgãos ❖ Prolongam o tempo de internação e colaboram para aumentar as taxas de morbidade, mortalidade e custos Manifestações tópicas Presença da dor e aumento da temperatura local Edema e eritema Presença de pús Exsudação com a remoção dos pontos (odor fétido) Manifestações sistêmicas Febre/ Aumento da sensibilidade dolorosa Drenagem purulenta da incisão, cavidade ou órgão Deiscência da incisão Envolvimento de tecidos profundos (músculos, ossos) Hemorragia ❖ Hemorragia primária – ocorre no transoperatório; decorre da hemostasia inadequada ou falha da técnica cirúrgica. ❖ Hemorragia intermediária – ocorre no pós- operatório imediato; hemostasia insuficiente; falha na técnica cirúrgica. ❖ Hemorragia secundária – Podem acontecer até o décimo dia do pós-operatório; geralmente tem a infecção como causa. Deiscência Uma ferida (ruptura de incisão cirúrgica) e eviscerações (protrusão do conteúdo da ferida) • Ruptura parcial ou total da camada fascial da pele Deiscência • Quando parcial: ruptura da sutura sem risco de saída de conteúdo • Quando total: ruptura da sutura das camadas mais profundas com risco de exteriorização Deiscência Deiscência Está relacionada à: • Distensão abdominal; • Hematomas; • Complicações pulmonares (hipóxia, tosse); • Obesidade • Hipersensibilidade ao material da sutura; • Infecção do sítio cirúrgico; • Técnica de sutura inadequada. Deiscência Técnica de sutura inadequada • Provoca tensão na área da sutura • Laceração • Má vascularização • Necrose Sutura apertada • Apresenta risco de evisceração Sutura frouxa Deiscência ➢Condutas: manter o paciente com Fowler baixa, cobrir alças intestinais com curativo estéreis embebidos em solução salina a 0,9%, notificar ao cirurgião imediatamente. Fístula • Comunicação anómala entre duas ou mais estruturas do corpo que, em condições normais, não comunicam entre si • Pode ser congênita ou adquirida • Pode ocorrer nas mais variadas localizações, sendo a mais comuns no sistema digestório, urinário, reprodutor e circulatório • Sua origem adquirida pode resultar de infecção, traumatismo ou cirurgia Cuidados com a ferida operatória ❖ Curativo: retirada nas primeiras 24/48 horas. Trocas frequentes. ❖ Avaliar FO todos os dias. Verificar se houve deiscência da sutura. ❖ Retirada dos pontos: sexto/sétimo dia de pós-operatório para pontos sem infecção. ❖ Caso de infecção: tomar medidas como drenagem de exsudato purulento e retirada de pontos no local. ❖ Na vigência de complicações da FO, retirada dos pontos tardia. Infecção do sitio cirúrgico Critérios para definição de ISC ISC – incisional superficial ISC – incisional profunda ISC – órgão/cavidade Critérios para definição de ISC ISC – incisional superficial: envolve pele e tecido subcutâneo no local da incisão, ocorrendo em até 30 dias após o procedimento. Caracterizada por pelo menos um dos itens: ✓ Drenagem purulenta da incisão superficial, com ou sem cultura confirmada; ✓ Cultura positiva da incisão cirúrgica, após a coleta com técnica asséptica; ✓ Presença de pelo menos um dos sinais e sintomas na incisão: dor, sensibilidade, edema, hiperemia, calor, incisão deliberadamente aberta pelo médico. Critérios para definição de ISC ISC – incisional profunda: envolve tecidos moles e profundos, fáscia e músculos. Ocorre em 30 dias após a cirurgia, se não houver implante e,em 90 dias, no caso de implante. Caracterizadapor pelo menos um dos itens: ✓ Drenagem purulenta do sítio profundo; ✓ Incisão profunda com deiscência espontânea ou aberta deliberadamente pelo cirurgião, na presença de pelo menos um sinal ou sintoma: hipertermia (T>38ºC), dor, sensibilidade, abscesso ou outra evidência de infecção envolvendo a incisão profunda. Critérios para definição de ISC ISC – órgão/espaço: envolve qualquer parte do sítio anatômico (órgão ou cavidade), diferente da incisão, que foi aberto ou manipulado durante a cirurgia. Ocorre em até 30 dias após a cirurgia, se não houver implante e, em 90 dias, no caso de implante. Caracterizada por pelo menos um dos itens: ✓ Drenagem purulenta em um dreno localizado em órgão ou cavidade; ✓ Cultura positiva, com coleta asséptica do órgão ou cavidade; ✓ Abscesso ou outra evidencia de infecção de órgão ou cavidade. Mecanismos de contaminação Ambientes Materiais Equipamentos Microrganismos relacionados à ISC ✓ Geralmente é causada por microrganismos colonizadores da pele e/ou mucosa do próprio paciente. ✓ Os cocos Gram-positivos são os mais comuns: ▪ Staphylococcus aureus e o Staphylococcus coagulase - principais patógenos. O principal mecanismo de contaminação é a inoculação direta da microbiota do próprio paciente principalmente da pele e do sitio manipulado. ✓ Outros mecanismos: equipe cirúrgica, material, equipamento e o ambiente; ✓ A ocorrência depende da capacidade de defesa do hospedeiro ✓ + quantidade do agente inoculado - + virulência do microorganismo Infecção do sitio cirúrgico ❖Prevenção: Avaliação minuciosa do ambiente e instrumentais quanto técnica de esterilização, data de validade e acondicionamento; Técnicas assépticas adequadas, antes, durante e após o procedimento cirúrgico; Antibioticoterapia profilática Técnica estéril do curativo; Cuidados com o curativo durante o banho; Infecção do sitio cirúrgico Preparo pré-operatório: 1. Tratar outras infecções antes da cirurgia; 2. Não remover pelos, exceto quando ao redor da incisão e interferirem no ato cirúrgico; 3. Se necessário, a tricotomia deve ser realizada imediatamente antes da cirurgia e com tricotomizador (aparelho elétrico); 4. Banho pré-operatório; 5. Uso de antissépticos: PVPI alcoólico, clorexidina. Infecção do sitio cirúrgico Cuidados pós-operatórios: 1. Proteger a incisão primariamente fechada com curativo estéril por 24-48 horas; 2. Educar familiares e paciente para o cuidado da ferida operatória e para o reconhecimento de sinais e sintomas relacionados à infecção; Fatores de risco para infecção da ferida cirúrgica ➢ Pacientes com idade superior a 50 anos; ➢ Portadores de diabetes mellitus; ➢ Imunodeprimidos; ➢ Comprometimento do estado nutricional; ➢Obesidade; ➢ Tabagismo; ➢ Tempo de internação acima de 10 dias; ➢ Pacientes que já apresentam infecção em outro local do corpo; ➢ Cirurgias de emergência/urgência. Desbridamento ❖O desbridamento remove tecidos mortos, desvitalizados ou contaminados, assim como qualquer corpo estranho no leito da ferida, ajudando a reduzir o número de microrganismos, toxinas e outras substâncias que inibem a cicatrização. Cirúrgico Remoção de tecido necrótico ou material estranho do leito da ferida para expor tecido saudável usando um bisturi estéril, tesouras ou ambos. Defeitos cicatriciais Queloides • Crescimento anormal de tecido cicatricial que se forma no local de um traumatismo, corte ou cirurgia de pele. • É uma alteração benigna, portanto sem risco para a saúde. •Ocorre uma perda dos mecanismos de controle que normalmente regulam o equilíbrio do reparo e regeneração de tecidos. Defeitos cicatriciais Queloides •Os queloides podem ocorrer em 5% a 15% das feridas cirúrgicas •Apesar de benignos, tendem a recidivar mesmo depois de serem removidos por cirurgia. • Se uma pessoa tem tendência a formar queloides, qualquer lesão que possa causar cicatriz pode levar à sua formação. Isso inclui um simples corte, uma cirurgia, uma queimadura ou até mesmo cicatrizes de acne severa. Defeitos cicatriciais ➢ Hipertrófica - a organização do colágeno no local acontece de forma desarmônica, tornando a cicatriz com formas desalinhadas. ➢ Atrófica - ocorre uma perda do tecido ou a sutura da pele ocorre de forma inadequada Tipos de exsudato Retirada de pontos ✓ A Retirada de Pontos consiste no procedimento de remoção dos fios cirúrgicos com técnica asséptica da retirada de fios, colocados para aproximar as bordas de uma lesão, com intuito de facilitar a cicatrização. ✓ Os profissionais técnicos de enfermagem, desde que capacitados, poderão retirar os pontos da ferida cirúrgica feita com solicitação médica, exceto em casos em que a incisão cirúrgica apresente sinais de complicações. ✓ Cada Instituição obtém de seu protocolo do procedimento e de uso de instrumentais, podendo variar a cada local de trabalho. A retirada de pontos faz parte dos cuidados de enfermagem, e devem ser anotados o aspecto da incisão, presença de secreções e deiscência, e o procedimento em si realizado.
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