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Aula 2 – Escoamento em conduto livre Professor – Erick Santana Amâncio Disciplina: Obras Hidráulicas 1 Metas desta aula Revisão do princípio de Bernoulli e Equação de Manning; Fluxo em escoamento de superfície livre; Princípio de energia em canais abertos; Salto hidráulico. Especificidades para projeto hidráulico em canais abertos. 2 Revisão de hidráulica – Princípio da conservação de massa e de Bernoulli 3 O que são linhas e tubos de corrente? De forma genérica podemos classificar o movimento de um fluido em dois tipos: Regime laminar (tranquilo ou lamelar); Regime turbulento (agitado ou hidráulico) O dimensionamento de nossas estruturas hidráulicas, nessa disciplina, serão para escoamentos de fluxo laminar apenas! 4 O que são linhas e tubos de corrente? Em cada ponto de corrente passa, em cada instante t, uma partícula de fluido animada de uma velocidade v. 5 Ponto de corrente As linhas de corrente são essas curvas, que num dado instante t, mantém-se tangente em todo os pontos de corrente a uma velocidade v. Num regime laminar, essas linha de corrente nunca se atravessam. 6 Ponto de corrente Linha de corrente O que são linhas e tubos de corrente? Os tubos de corrente são formados por linhas de correntes, ou seja, não são atravessados por nenhuma linha de corrente. 7 Ponto de corrente Tubo de corrente 7 Ponto de corrente Linha de corrente O que são linhas e tubos de corrente? Mas... O que seria vazão? Vazão pode ser entendida como a quantidade de fluido que passa por uma determinada seção em uma unidade de tempo Quando se quer estudar a vazão precisamos então estudar duas seções distintas analisando nível de água e quantidade desta mesma água para as seções. 8 Como varia a vazão entre seções com dimensões diferentes? Para um fluido perfeito, ou seja, incompressível e onde a perda de energia devido a viscosidade é nula, pode-se afirmar que não há perda de massa, quaisquer que sejam suas seções transversais. Vamos entender como ser dá o deslocamento de um líquido em tubo na horizontal? Primeiro sem alterar as dimensões da seções. 9 Fonte: Khan Academy https://pt.khanacademy.org/science/physics/fluids/fluid-dynamics/a/what-is-volume-flow-rate Como varia a vazão entre seções com dimensões diferentes? Então Erick, qual é a situação? Aqui temos um fluido escoando da posição 1 para posição 2, mas antes de ir para as matemática, vamos discutir um pouquinho a física? O líquido trata-se de um fluido incompressível, esta forma não há variação de volume! Desconsidere a perda de energia devido aos choques com as paredes do tubo, mas em breve discutiremos isso. 10 Fonte: Khan Academy Vamos falar sobre o princípio da conservação de massas ou equação da continuidade? Vazão representa a quantidade de fluido que passa em uma seção em uma unidade de tempo, logo: 𝑚1 ∆𝑡1 ⟹ 𝜌 ∗ 𝑉1 ∆𝑡1 Mas o fluido ele é incompressível! Lembre-se disso! https://pt.khanacademy.org/science/physics/fluids/fluid-dynamics/a/what-is-volume-flow-rate Como varia a vazão entre seções com dimensões diferentes? Ora, fica então provado que a vazão em um tubo onde há variação de seção, sem perda, em massa, de água a vazão é constante! A vazão vai alterar apenas se houver inserção ou adução de água. Essa definição é importante para dimensionamento de instalações hidráulicas prediais, abastecimento de água, instalações hidráulicas prediais, dimensionamento de canais e galerias. 11 Fonte: Khan Academy Ora, como se trata de um fluido incompressível, é coerente afirmar que a quantidade em massa que passa no trecho 1 é igual a quantidade que passa no trecho 2. 𝜌 ∗ 𝑉1 ∆𝑡1 = 𝜌 ∗ 𝑉2 ∆𝑡2 𝐴1 ∗ 𝑑1 ∆𝑡1 = 𝐴2 ∗ 𝑑2 ∆𝑡2 ⟹ 𝐴1 ∗ 𝑣1 = 𝐴2 ∗ 𝑣2 Logo, 𝑄1 = 𝑄2 https://pt.khanacademy.org/science/physics/fluids/fluid-dynamics/a/what-is-volume-flow-rate E por qual motivo a água se desloca de um ponto para outro? Você já parou para pensar que por gravidade um rio que nasce no estado de Minas Gerais desagua no nordeste entre os estados de Sergipe e Alagoas? Que tal relembrar dos motivos? Essa ideia é importante estar clara para que ajude no dimensionamento de um canal, por exemplo. 12 Como a água se desloca em tubo? As regras são as mesmas, gente. Então vamos observar a figura ao lado e vamos entender o que está acontecendo! Dessa forma ficará melhor de supor as equações e estimar as variáveis! A água sai do ponto 1, de altura Z1, área A1 a uma pressão p1 e se encaminha até a área A2, que tem pressão p2 e está na altura z2. Mas a primeira pergunta é, por qual motivo que essa água se move? 13 Como a água se desloca em tubo? Qualquer coisa só irá de mover se tiver uma diferença de potencial. Essa diferença pode ser dada pela variação de força, por exemplo. E é o que ocorre aqui! Se ele se move da esquerda para direita, é pelo motivo de existir uma força F1 que empurra o fluido na área 1 para A2. E essa força é maior que a força na área A2 que resiste ao movimento. Essas forças são as forças devidos ao Empuxo. 14 Como a água se desloca em tubo? Agora que sabemos que o movimento se dá pela força de empuxo, vamos pegar o conhecimento emprestado lá de Física I. A energia total de um sistema ela é constante, vamos supor que não há perda de energia no sistema, o.k? Vamos colocar isso em formato de equação: ∆𝐸𝑚 = ∆𝐸𝑐 + ∆𝐸𝑝 = ∆𝜏 Podemos igualar a variação do trabalho com a variação da energia do sistema! 15 Como a água se desloca em tubo? Agora, vamos separar tudo para analisar melhor. Primeiro vamos analisar a variação de energia mecânica: ∆𝐸𝑐 + 𝐸𝑝 = 𝑚2 ∗ 𝑣2 2 2 − 𝑚1 ∗ 𝑣1 2 2 +𝑚2 ∗ 𝑔 ∗ ℎ2 −𝑚1 ∗ 𝑔 ∗ ℎ1 Antes de mexer nessa equação vamos avaliar a variação do trabalho? ∆𝜏 = 𝐹1 ∗ 𝑑1 − 𝐹2 ∗ 𝑑2 Lembre-se que a força em questão é o empuxo! E o empuxo é uma resultante das forças de pressão, então seria até justo representar a força de outra forma: 𝑝 = 𝐹 𝐴 ⟹ 𝐹 = 𝑝 ∗ 𝐴 Vamos agora vamos substituir a força na equação define a variação de trabalho! 16 Como a água se desloca em tubo? Substituindo... ∆𝜏 = 𝑝1 ∗ 𝐴1 ∗ 𝑑1 − 𝑝2 ∗ 𝐴2 ∗ 𝑑2 = 𝑝1 ∗ 𝑉1 − 𝑝2 ∗ 𝑉2 Ora, lembra do que falamos ontem? O volume será o mesmo! O fluido ele não comprime e não há variação em massa de fluido, logo não há variação nem de massa específica e nem do volume, logo: 𝑉1 = 𝑉2 = 𝑉. Não é nada errado falar que: ∆𝜏 = 𝑝1 ∗ 𝑉 − 𝑝2 ∗ 𝑉 = 𝑉 ∗ 𝑝1 − 𝑝2 Mas antes de juntar as duas equações, vamos modificar um pouco a equação que representa a variação de energia mecânica? 17 Como a água se desloca em tubo? Mudando equação de energia: 𝑚2 ∗ 𝑣2 2 2 − 𝑚1 ∗ 𝑣1 2 2 +𝑚2 ∗ 𝑔 ∗ ℎ2 −𝑚1 ∗ 𝑔 ∗ ℎ1 = 𝜌 ∗ 𝑉 ∗ 𝑣2 2 2 − 𝜌 ∗ 𝑉 ∗ 𝑣1 2 2 − 𝜌 ∗ 𝑉 ∗ 𝑔 ∗ ℎ2 − 𝜌 ∗ 𝑉 ∗ 𝑔 ∗ ℎ1 Agora, vou fazer um pulo do gato, porque eu tenho spoiler, desculpe. Olha o que eu vou fazer: 𝑔 𝑔 ∗ 𝜌 ∗ 𝑉 ∗ 𝑣2 2 2 − 𝜌 ∗ 𝑉 ∗ 𝑣1 2 2 − 𝜌 ∗ 𝑉 ∗ 𝑔 ∗ ℎ2 − 𝜌 ∗ 𝑉 ∗ 𝑔 ∗ ℎ1 ⟹ ⟹ 𝛾 ∗ 𝑉 ∗ 𝑣2 2 2 ∗ 𝑔 − 𝛾 ∗ 𝑉 ∗ 𝑣1 2 2 ∗ 𝑔 − 𝛾 ∗ 𝑉 ∗ ℎ2 − 𝛾 ∗ 𝑉 ∗ ℎ1 18 Como a água se desloca em tubo? Agora podemos igualar as equações de energia e trabalho! 𝑉 ∗ 𝑝1 − 𝑝2 = 𝛾 ∗ 𝑉 ∗ 𝑣2 2 2 ∗ 𝑔 − 𝛾 ∗ 𝑉 ∗ 𝑣1 2 2 ∗ 𝑔 − 𝛾 ∗ 𝑉 ∗ ℎ2 − 𝛾 ∗ 𝑉 ∗ ℎ1 ⟹ ⟹ 𝑝1 − 𝑝2 = 𝛾 ∗ 𝑣2 2 2 ∗ 𝑔 − 𝛾 ∗ 𝑣1 2 2 ∗ 𝑔 − 𝛾 ∗ ℎ2 − 𝛾 ∗ ℎ1 ⟹ 𝑝1 𝛾 − 𝑝2 𝛾 = 𝑣2 2 2 ∗ 𝑔 − 𝑣1 2 2 ∗ 𝑔 − ℎ2 − ℎ1 19 Finalmente, esse é o princípio de Bernoulli. Por fim, podemos afirmar aqui: 𝑣1 2 2 ∗ 𝑔 + ℎ1 + 𝑝1 𝛾 = ℎ2 + 𝑣2 2 2 ∗ 𝑔 + 𝑝2 𝛾 Ao longo de qualquer linha de corrente é a soma das energias é constante. • 𝐶𝑖𝑛é𝑡𝑖𝑐𝑎 − 𝑣2 2𝑔 • 𝐺𝑒𝑜𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 − h • 𝑃𝑖𝑒𝑧𝑜𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 − 𝑝 𝛾 20 21 22 Vocês estão sentados? Infelizmente não existem fluidos perfeitos! Os líquidos reais são distantes dos líquidos perfeitos e sofrem influência tanto da viscosidade quanto do atritolateral em suas tubulações. Sendo que esses são os principais responsáveis pela perda de energia, ou seja, são responsáveis pela perda de carga. Por isso acrescentamos a perda de carga a equação de Bernoulli a ideia é corrigir aquilo que o fluido perfeito e sem consideração do atrito representa. EQUAÇÃO DE BERNOULLI PARA LÍQUIDOS PERFEITOS Fluxo de água em canais abertos Extrapolando os conhecimentos para canais abertos Em algumas disciplinas foram abordados os aspectos de fluxo em tubulações fechadas, como em Instalações Hidráulicas Prediais. O fluxo em tubulações preenche o tubo inteiro, o que chamamos de seção plena, desta forma sua geometria define a fronteira deste fluxo. 24 Extrapolando os conhecimentos para canais abertos Podemos definir um canal como um conduto livre, ou seja, pelo menos um ponto do fluido que esta sujeita a pressão atmosférica.. O fluxo em um canal aberto é direcionado pela componente gravitacional ao longo de sua declividade. Vamos entender como se relaciona a equação de Bernoulli com esse tipo de escoamento? 25 Geometria de um canal 26 Área molhada (𝐴𝑚) – toda área ocupada por água da seção transversal de um canal. Perímetro molhado (𝑃𝑚) – comprimento linear da seção transversal que tem contato com o água do canal. Perímetro molhado (𝑅ℎ)– relação entre a área molhada e o perímetro molhado. Área molhada Perímetro molhado Raio Hidráulico 𝑅ℎ = 𝐴𝑚 𝑃𝑚 Distribuição de energia em um canal Da mesma forma que fizemos antes vamos entender a física que envolve o escoamento em um canal. A distribuição de pressão é diretamente proporcional à profundidade medida a partir da superfície da água. Para resolver problemas de fluxo em canais abertos, precisamos buscar relações interdependentes entre declividade do fundo do canal, a descarga, a profundidade da água e as características geométricas do canal. 27 Equação de Manning Para um canal prismático onde a seção não muda de característica ao longo do escoamento, podemos utilizar as mesmas regras que aprendemos em condutos forçados para deduzir uma equação que definirá a vazão nesta seção. A vazão será definida pela equação de Manning: 𝑄 = 1 𝑛 ∗ 𝐴𝑚 ∗ 𝑅ℎ 2 3 ∗ 𝐼0 1 2 Onde I0 representa a declividade do canal e “n” é o coeficiente de rugosidade de Manning. 28 Geometria de canais 29 𝜃 = 2 ∗ arccos 1 − 2 ∗ ℎ 𝐷 , 𝜃 deve ser calculado em radianos Exercício 1 Calcular a vazão de um canal retangular com as seguintes características: largura do fundo = 1,5 metros altura da lâmina normal = 0,80 metros declividade = 0,3 metros por mil metros material = madeira (n = 0,014) 𝑄 = 1 𝑛 ∗ 𝐴𝑚 ∗ 𝑅ℎ 2 3 ∗ 𝐼0 1 2 30 Exercício 2 Calcule a vazão do canal trapezoidal com os seguintes dados: I0 = 0,4 por mil; n = 0,013; h = 1 m; b = 2,5 m = 30 𝑄 = 1 𝑛 ∗ 𝐴𝑚 ∗ 𝑅ℎ 2 3 ∗ 𝐼0 1 2 31 Exercício 3 Um bueiro circular de 80 cm de diâmetro conduz água por baixo de uma estrada com uma lâmina de 56 cm. Sabendo-se que I0 = 1 por mil e n = 0,015, calcule a velocidade média de escoamento e a vazão. 32 Exercício 4 Qual a declividade que deve ter uma tubulação de esgoto de 15 cm de diâmetro, n = 0,014, trabalhando com 60% da seção (a/A = 0,6), para conduzir uma vazão de 2 l/s. 33 Exercício 5 Qual a altura d’água e a velocidade média de escoamento num canal trapezoidal, para vazões de 200, 400, 600 e 800 l/s. Dados: n = 0,035, m= 1:1, b = 0,40 m, I0 = 2 por mil. 34 Para resolver vamos utilizar o melhor estagiário que é o Excel! Energia e controle hidráulico Como se estuda a energia em conduto livre? Para onde devemos olhar queremos estudar a variação de energia ao longo de um rio, por exemplo? Devemos observar como se dá a variação da energia seção a seção. Para tanto, vamos escrever no novamente a equação de Bernoulli, onde “E” simboliza a energia. 𝐸 = 𝑝1 𝛾 + 𝑧 + 𝑣2 2𝑔 36 Como se estuda a energia em conduto livre? Podemos escrever essa função de outra forma, substituindo a pressão pela profundidade y do canal, lembra do Princípio de Stevin? E velocidade na mesma seção pode variar, sabia? 𝐸 = 𝑦 + 𝑧 + 𝛼 ∗ 𝑣2 2𝑔 O valor de 𝛼 representa um fator de redução. Quanto mais próximo do fundo ou da margem, menor será esse valor, porém pode-se a velocidade média da seção, logo 𝛼 = 1. 37 Energia específica de uma seção Não é de hoje (Bakhmeteff, 1912 apud Chow, 1959) que se considera na determinação da energia específica de uma seção apenas as cargas medidas a partir do fundo do canal, ou seja, considera-se apenas as cargas cinéticas e piezométricas. Sendo assim: 𝐸 = 𝑦 + 𝑣2 2𝑔 Que tal usar a equação da continuidade para substituir a velocidade pela vazão e área da seção? Observe abaixo e vamos discutir um pouco sobre essas variáveis! 𝐸 = 𝑦 + 𝑄2 2𝑔𝐴2 38 Energia específica de uma seção Considerando a vazão como uma constante, podemos dizer que a energia varia apenas em função da profundidade, correto? Como varia energia caso mudemos as características da seção, claro ainda com vazão constante? Vamos olhar para as duas energias presentes na seção específica de forma isolada? 𝐸1 = 𝑦 𝐸2 = 𝑄2 2𝑔𝐴 Para ajudar nossa abstração, vamos imaginar um canal retangular de 2,0m de base e 4,0 metros de altura, cujo nível de água começará a subir do zero até chegar em 3,5 de altura! Vamos entender como varia energia na seção. 39 Energia específica de uma seção Vamos supor que a vazão seja constante e que o nível inicial seja 0,1m. Que tal aumentar progressivamente o nível do rio, mantendo a vazão constante, e verificar o que acontece com a energia potencial e cinética na seção? 40 Profundidade Área molhada Energia y A Piezométrica Cinética 0,1 0,2 0,1 11,47 0,15 0,3 0,15 5,10 0,2 0,4 0,2 2,87 0,25 0,5 0,25 1,83 0,3 0,6 0,3 1,27 0,35 0,7 0,35 0,94 ... ... ... ... 3,15 6,3 3,15 0,01 3,2 6,4 3,2 0,01 3,25 6,5 3,25 0,01 3,3 6,6 3,3 0,01 3,35 6,7 3,35 0,01 3,4 6,8 3,4 0,01 3,45 6,9 3,45 0,01 3,5 7 3,5 0,01 Variação da energia cinética e pizométrica em uma seção retangular 2,0m N.A yQ=3,0m³/s 41 Profundidade Área molhada Energia y A Piezométrica Cinética 0,1 0,2 0,1 11,47 0,15 0,3 0,15 5,10 0,2 0,4 0,2 2,87 0,25 0,5 0,25 1,83 0,3 0,6 0,3 1,27 0,35 0,7 0,35 0,94 ... ... ... ... 3,15 6,3 3,15 0,01 3,2 6,4 3,2 0,01 3,25 6,5 3,25 0,01 3,3 6,6 3,3 0,01 3,35 6,7 3,35 0,01 3,4 6,8 3,4 0,01 3,45 6,9 3,45 0,01 3,5 7 3,5 0,01 Variação da energia específica em uma seção retangular 2,0m N.A yQ=3,0m³/s 𝐸1 = 𝑦 𝐸2 = 𝑄2 2𝑔𝐴2 42 𝐸1 = 𝑦 𝐸2 = 𝑄2 2𝑔𝐴2 𝐸 = 𝐸1 + 𝐸2 Existe um ponto onde a energia piezométrica é igual a energia cinética Existe um ponto de inflexão da curva! Vamos entender já já o que ele indica. Energia específica de uma seção Caso alteremos a vazão, mantendo as mesmas condições do canal observe que energia específica aumenta, o que é intuitivo, correto? Quanto mais massa de água maior é energia desse movimento. O que podemos afirmar com esses gráficos é que encontramos sempre um ponto de inflexão, ou seja um ponto onde a energia piezométrica é igual a energia cinética. 43 𝑄1 𝑄2 𝑄3 𝑄4 𝑄5 Variação da energia específica caso a vazão fosse alterada Energia específica Diante deste ponto importante podemos discutir situações que conduzem a esse ponto que chamaremos de crítico. Profundidade crítica – se mantivermos as condições de vazão e características geométricas do canal, poderíamos alcançar o ponto crítico em uma determinada profundidade, chamada de profundidade crítica. Declividade crítica – se mantivermos as mesmas condições de vazão e características do canal, a profundidade do canal pode alterar e, por consequência, a profundidade do fluido, ou seja, a declividade crítica é aquela que conduz à profundidade crítica. Velocidade crítica – é a velocidade fluido no momento de profundidadecrítica. Vazão crítica – caso se mantenha as características geométricas do canal, declividade, pode se determinar a vazão que conduza o escoamento ao ponto crítico. 44 No combate entre velocidade e energia de pressão (inércia) quem leva a melhor? Número de Froude Que tal um pouquinho de cálculo para alegrar o dia?! Então vamos lá, para determinar o número de Froude vamos precisa visitar os primórdios do curso. Para conseguir estudar as condições mínimas de energia de uma seção um método muito prático é realizar a derivada e verificar quando seu valor for equivalente a zero, vamos testar isso aí? Como a única variável é faremos a derivada da energia em y. 46 Vamos iniciar derivando a expressão de energia específica: 𝑑𝐸 𝑑𝑦 = Τ𝑑(𝑦 + Τ𝑄2 2𝑔𝐴2) 𝑑𝑦 Como a área está em função de y não é nada errado realizar a seguinte procedimento: 𝑑𝐸 𝑑𝑦 = 1 + −2 ∗ 𝑄2 2𝑔𝐴3 𝑑𝐴 𝑑𝑦 Supondo um fundo de canal retangular, podemos dizer que 𝑑𝐴 = b ∗ dy, observe que o fundo é constante e não varia com a profundidade, sendo assim não nenhum crime dizer que: 𝑑𝐸 𝑑𝑦 = 1 − 𝑄2 𝑔𝐴3 𝑏 ∗ 𝑑𝑦 𝑑𝑦 = 1 − 𝑣 ∗ 𝐴 2 ∗ 𝑏 𝑔𝐴3 ⟹ ⟹ 𝑑𝐸 𝑑𝑦 = 1 − 𝑣2 ∗ 𝑏 𝑔 ∗ 𝑦ℎ ∗ 𝑏 Número de Froude Então, é elementar meu Caro Watson! A Expressão final ficaria a seguir: 𝐹𝑟 2 = 1 ⟹ 𝐹𝑟 = 1 O valor é positiva, pois a relação entre velocidade e 𝑔𝑦ℎ não seria nunca negativa. Mas antes de discutir as situações, vamos estudar o significado do que há no numerador e no denominador do número de Froude? 47 Logo, 𝑑𝐸 𝑑𝑦 = 1 − 𝑣2 𝑔𝑦ℎ Ora, o número de Froude pode ser definido como: 𝐹𝑟 = 𝑣 𝑔𝑦ℎ ⟹ 𝐹𝑟 2 = 𝑣2 𝑔𝑦ℎ Opa! Então podemos dizer que: 𝒅𝑬 𝒅𝒚 = 𝟏 − 𝑭𝒓 𝟐 Sendo assim, a energia mínima de escoamento, queq chamaremos de escoamento crítico, será alcançada quando essa derivada for igual a zero, logo: 𝑑𝐸 𝑑𝑦 = 0 ⟹ 1 − 𝐹𝑟 2 = 0 Número de Froude Então gente, vamos relacionar o Froude com a variação da profundidade hidráulica? 𝑦 < 𝑦ℎ ⟹ 𝑑𝐸 𝑑𝑦 < 0 ⟹ 1 − Fr 2 < 0 Fr > 1 ⟹ 𝑅𝑒𝑔𝑖𝑚𝑒 𝑆𝑢𝑝𝑒𝑟𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑜 𝑦 > 𝑦ℎ ⟹ 𝑑𝐸 𝑑𝑦 > 0 ⟹ 1 − 𝐹𝑟 2 > 0 Fr < 1 ⟹ 𝑅𝑒𝑔𝑖𝑚𝑒 𝑆𝑢𝑏𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑜 Vamos observar o número de Froude quanto a interpretação cinética? 48 Apenas lembrando, número de Froude é: 𝐹𝑟 = 𝑣 𝑔𝑦ℎ Observe que temos uma relação entre a 𝑣 que simboliza a energia cinética, ou seja, quanto mais veloz estiver um fluido maior será o número de Froude e isso indica predominância da energia cinética! Observe que isso é o mesmo que dizer que há predominância das forças gravitacionais. Porém quando temos a predominância da energia predominância das forças de pressão, podendo ser dito que há predominância das forças inerciais (lembra que para toda força há uma reação? O empuxo seria a reação! E quanto maior o empuxo maior a inércia!) Atenção! Com a profundidade hidráulica Pessoal! A profundidade hidráulica não é a profundidade do canal! Ela é uma relação entre área molhada e base do canal prismático, ou seja: 𝑦ℎ = 𝐴𝑚 𝐵 Em algumas questões podemos obter uma equação mais prática para encontrar a altura crítica em função de uma determinada vazão! Mas deixemos para quando precisarmos deste dado 49 Quando ocorre o regime crítico? 50 O regime crítico irá ocorrer em algumas situações específicas, ele vai ocorrer na transição entre o regime supercrítico para o subcrítico ou do regime subcrítico para o subcrítico, que é o mais comum. As situações onde podem ocorrer mudanças do regime subcrítico para o supercrítico: passagem de uma declividade subcrítica para uma declividade supercrítica; queda livre, a partir de uma declividade subcrítica a montante; Escoamento junto à cristas de vertedores. Quando ocorre o regime crítico? 51 Na passagem do regime supercrítico para o supercrítico normalmente se dá de maneira brusca com bastante perda de energia, por isso não e comum observarmos esse trecho de transição crítico. Esse fenômeno de perda de energia brusca é chamada de Ressalto Hidráulico, que veremos um pouco mais a frente de maneira mais detalhada. É muito comum ver essa mudança na saída de uma tomada d’água de uma barramento, por exemplo, onde se observa a água saindo à uma velocidade crítica e sendo freada por um jusante quando encontra uma massa de água uma declividade subcrítica. Condições de profundidade seções controle As seções críticas têm uma propriedade bastante interessante, podemos obter a profundidade, velocidade e vazão a partir das equações vistas anteriormente! A partir deste fato cria-se o termo seção de controle, que seria aquela em que se conhece a profundidade de escoamento, condicionada pela ocorrência de regime crítico ou por uma estrutura hidráulica, ou uma determinada condição natural ou artificial qualquer, que de alguma forma controla o escoamento. 52 53 Remanso e Ressalto Hidráulico 54 Ressalto hidráulico Os saltos hidráulicos são resultados de uma redução abrupta na velocidade fluxo por um aumento repentino de profundidade da água no sentido do fluxo. 𝑦1 𝑦2 = 1 2 ∙ 1 + 8𝐹𝑟1 2 − 1 55 Exercício 6 Um canal retangular com base 5,0m transporta uma vazão de 10,0 m³/s entre os pontos 1 e 2, em uma extensão de 1,0 km e desnível de 13m. Sabendo que a profundidade a montante é de 1,0m e a velocidade de jusante é de 3,0 m/s (a) calcule a perda de carga total entre o início e o término do canal. (b) Determine o número de Froude das duas seções de escoamento. 56 Exercício 7 Dimensionar um canal circular em tubos pré-moldados de concreto para uma vazão de 1.200 l/s, implantada com declividade 1,5%, sendo que o tirante de água está limitado a 80% do diâmetro e a velocidade máxima é 4,5 m/s. Adote n = 0,013 57 Chegamos ao término da aula! Agora se prepara para próxima!! Em breve vocês terão um novo exercício =) 58
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