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Gestão de Pessoas e Organizações em Serviços Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitor de Administração Acadêmica Carlos de Oliveira Varella Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação Emilio Antonio Francischetti Pró-Reitora Comunitária Sônia Regina Mendes Direção geral: Jeferson Pandolfo Desenvolvimento do material: Ana Freitas Projeto de Design Instrucional: Grupo Orion Brasil Produção: Fábrica de Soluções Unigranrio Copyright © 2018, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Sumário Gestão de Pessoas e Organizações em Serviços Objetivo ........................................................................................... 04 Introdução ........................................................................................ 05 1. Gestão de Pessoas e Organizações em Serviços ..................... 06 1.1 A Importância das Pessoas em Serviços (Novo P) .................. 11 1.1.1 Interação entre os Departamentos e a Importância do Cliente Interno .................................................................... 13 1.1.2 Índice de Felicidade no Trabalho ............................................ 14 1.1.3 A Experiência do Colaborador ................................................ 17 2. Recrutando e Retendo Pessoas para a Prestação de Serviços ......................................................................... 18 2.1 Processo de Seleção de Pessoas para Serviços ......................... 20 3. Treinamento de Pessoas para o Atendimento ao Cliente ............ 21 3.1 Desafios nas Interações entre o Pessoal da Linha de Frente e o Cliente .......................................................................... 22 3.1.1 Expectativas não Realistas dos Clientes ................................... 22 3.1.2 Falhas Inesperadas do Serviço ............................................... 23 3.2 Treinamento do Pessoal da Linha de Frente ............................. 25 Síntese ............................................................................................ 27 Referências Bibliográficas ................................................................... 28 Objetivo Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de: ▪ Compreender a importância do recrutamento, seleção, treinamento, motivação e retenção de colaboradores na prestação de serviços. 4 Gestão de Serviços Introdução Nesta unidade de aprendizagem, você compreenderá a importância da participação das pessoas em serviços e como os candidatos estão escolhendo as empresas para aplicar seus conhecimentos: reconhecendo-as pela cultura de valorização dos seus funcionários e pelas parcerias com as partes envolvidas e interessadas nos resultados. Você verá a importância de disseminar valores que servirão de base para as pessoas e ações e que geram impactos positivos nos resultados organizacionais; de recompensar cada pessoa individualmente por seus méritos; de promover medidas que demonstrem o interesse e o cuidado com a equipe, além de como assegurar um ambiente que preserve a integridade física e emocional das pessoas. Entenderá, também, a importância de desenvolver um sistema de recrutamento e seleção justo e responsável; e a realizar avaliações, de forma impessoal, que priorizem as competências necessárias para o desempenho da função e execução dos serviços. Não basta atrair e contratar pessoas com perfil aderente aos critérios estabelecidos no processo seletivo. O sucesso na função também depende da gestão dessas pessoas, do acompanhamento em seu campo de atuação, da realização de treinamentos e de oferecer recompensas pelos méritos, reconhecendo o valor dos colaboradores para o serviço e para a empresa. A excelência em gestão de pessoas é fundamental para alcançar níveis satisfatórios nas experiências dos clientes com os serviços. Os resultados alcançados pelo relacionamento e pela interação entre clientes e fornecedores de serviços tornam a empresa mais atrativa e competitiva, atributos difíceis de serem copiados pela concorrência. 5Gestão de Serviços 1. Gestão de Pessoas e Organizações em Serviços É importante saber que a sobrevivência das organizações depende de vários fatores e de uma cadeia que movimenta toda a operação, formada pelos clientes que compram produtos e/ou serviços, fornecedores que oferecem os meios (insumos, equipamentos etc.) para produzir, órgãos governamentais que regulamentam e sobrevivem dos impostos e tributos arrecadados e, principalmente, pelos funcionários, que fornecem horas do dia para produzir produtos e serviços em busca de recursos para o seu próprio sustento, além da realização profissional. São as partes interessadas no sucesso da organização que, de uma forma ou de outra, depende o sucesso da organização. A maioria das partes da cadeia é externa, e os funcionários, os que estão diretamente relacionados à produção, os principais parceiros internos dos resultados organizacionais. Os parceiros investem recursos nas empresas, esperando o retorno destas. Por sua vez, as empresas constroem parcerias com stakeholders (pessoas ou grupos de interesses que atuam interna ou externamente na empresa) para aumentar os resultados. Não entender o papel relevante do funcionário entre os parceiros pode ser a causa principal de perdas de talentos e clientes. As organizações funcionam com seus recursos materiais, tecnológicos e financeiros, necessários à sua operação, e que podem ser comprados. Todavia, os recursos humanos são os parceiros da organização que recebem seus salários para a prestação de serviços e não funcionam como máquinas, que precisam de óleo e calibragem. esses funcionários precisam, além da remuneração, de reconhecimento do seu valor pessoal e como colaborador. A empresa não vai obter os resultados esperados se não tiver esse entendimento: pessoas produtivas e eficientes precisam estar, também, satisfeitas. Assim como os clientes que compram produtos e/ou serviços, que precisam estar satisfeitos com a empresa para não trocar de fornecedor de serviços. Podemos entender que as organizações que prestam serviços necessitam das pessoas para produzir e alcançar seus resultados; assim como as pessoas precisam das organizações para alcançar seus objetivos. Os tempos mudaram, e essa relação chegou a um patamar em que o reconhecimento deve ser o tema central do setor de recursos humanos 6 Gestão de Serviços das empresas. A gestão de pessoas existe porque existem empresas e funcionários, devendo ser o elo entre as partes, para que todos atinjam seus objetivos. Veja, a seguir, o conceito de gestão de pessoas, segundo Chiavenato (2010, p.8): A Gestão de Pessoas (GP) é uma área muito sensível à mentalidade que predomina nas organizações. Ela é extremamente contingencial e situacional, pois depende de vários aspectos, como a cultura que existe em cada organização, da estrutura organizacional adotada, das características do contexto ambiental, do negócio da organização, da tecnologia utilizada, dos processos internos, do estilo de gestão utilizado e de uma infinidade de outras variáveis importantes. (CHIAVENATO, 2010) Podemos perceber que o tema gestão de pessoas não é tão simples como parece, e que, nas empresas, o capital humano tem conquistado o seu espaço paralelamente ao capital financeiro, que antes costumava ser o único foco de empresários e gestores. Porém, a visão das empresas precisa melhorar, revendo suas práticas e investindo na melhoria das relações internas e na cultura de valorização das pessoas, reconhecendo o poder do funcionário para reter cliente em serviços. Na política de valorizaçãoe reconhecimento, alguns aspectos são fundamentais quanto à gestão de pessoas em serviços, entre eles: enxergar as pessoas com suas histórias de vida, além dos conhecimentos, habilidades e competências; entender que as pessoas dinamizam a empresa como agentes ativos e, não, passivos; que a verdadeira parceria envolve contribuições nas expectativas das pessoas, incluindo salários justos, incentivos financeiros, crescimento profissional e satisfação com a empresa; considerar que talentos fornecem competências que não são adquiridas por meio de outros recursos; entender que pessoas posicionam estrategicamente a empresa com seus diferenciais e considerá-las como principal ativo da empresa; enxergar o talento, a dedicação e a capacidade de prover resultados surpreendentes de cada um (CHIAVENATO, 2010). 7Gestão de Serviços As empresas precisam estar bem preparadas e motivadas para os momentos da verdade com os clientes, especialmente as de serviços, que têm como uma das principais características a intangibilidade. Uma vez que a produção ocorre em tempo real e na presença do cliente, fica evidente que os principais recursos são as pessoas que estão participando do processo produtivo. Nesse sentido, o papel do gerente de serviço é muito importante para construir a ligação entre pessoas. Competências e habilidades farão toda diferença no resultado das interações, como discutido na tríade do encontro de serviços, em que as questões relacionadas à interação entre os participantes do serviço envolvem o perfil do profissional, as habilidades e o comportamento. O gerente de serviço precisa de habilidade e conhecimento para desenvolver a sua liderança, além de, por meio de ações, se colocar como exemplo e referência profissional, em um ambiente no qual as pessoas tenham prazer e orgulho de fazer parte de sua equipe. O gestor deve considerar que algumas ações são fundamentais para construir e manter equipes com melhor desempenho, como: selecionar o perfil adequado para a função a ser desempenhada; entender a necessidade de integrar o novo funcionário na equipe; acompanhar o desempenho individual; treinar para garantir esse desempenho; motivar; recompensar; avaliar; desenvolver um ambiente participativo; conduzir políticas e procedimentos organizacionais com habilidade para evitar resistências e proteger a saúde, oferecendo melhores condições de trabalho. Além de um sistema adequado de recrutamento, seleção, treinamento e recompensas, um fator que exerce influência no comportamento das pessoas e na gestão dos recursos humanos é a forma com que os recursos são organizados. Essa organização preserva o posicionamento da empresa e tem como base atender à necessidade de fornecer respostas rápidas para questões que surgem na operação de serviços e que requerem decisões imediatas. A organização depende dos tipos de estruturas organizacionais, que representam o nível de autonomia e flexibilidade pelos grupamentos das pessoas na estrutura. A forma como se desenham as estruturas organizacionais podem inibir ou promover o desenvolvimento das relações informais. Importante 8 Gestão de Serviços Ao projetar uma estrutura organizacional de operações, os objetivos são: ▪ Cumprir com a missão organizacional; ▪ Obter o retorno sobre o investimento aplicado nos recursos operacionais; ▪ Favorecer o desenvolvimento contínuo dos recursos. Dessa forma, as organizações são eficientes quando utilizam os recursos adequadamente para obter ganhos de escala e tornam-se rápidas em suas respostas, diante dos desafios do mercado, preservando as operações. A definição da estrutura organizacional esclarece as relações entre as partes e os agrupamentos, indicando as especializações em habilidades, definindo competências e gerando motivação a partir da autonomia decisória e dos níveis de influência. As organizações, assim, são estruturadas definindo a autonomia para determinada parte ou agrupamentos. Em serviços, a organização estabelece que a interação entre o pessoal da linha de frente e o cliente deve ocorrer de acordo com a cultura organizacional. Dessa forma, independentemente da estrutura formal adotada para as relações entre os departamentos, as ações são norteadas por atitudes naturais, que advêm do próprio ambiente do serviço. De acordo com Fitzsimmons (2014, p.118), “a cultura organizacional é um sistema de orientações compartilhadas que mantém a unidade coesa e que atribui identidade diferenciada”. Então, quando as crenças e tradições de uma empresa são seguidas internamente, os clientes também percebem a organização e se sentem mais seguros nas relações de consumo. À medida que a empresa de serviços estabelece, a partir da sua proposta, como deseja ser reconhecida, os valores são desenhados ou construídos, pois são as referências que orientam as pessoas nas tomadas de decisões e no desenvolvimento da autonomia. Está surgindo um novo modelo de organização de serviços, em contrapartida aos modelos tradicionais, que vem sendo adotado por restaurantes 9Gestão de Serviços e lanchonetes fast-food. Por necessidade operacional, essas empresas têm delegado poder ao pessoal da linha de frente, reduzindo, assim, as camadas de supervisores. As organizações em questão são representadas por um “T” invertido, e contam com sistemas de informação e treinamento, permitindo o gerenciamento do encontro pelo prestador do serviço, o que elimina do processo a espera por respostas e o desconforto, tanto para o cliente quanto para o funcionário. A cultura organizacional, as tradições, as crenças, os valores e a comunicação eficiente permitem que as equipes entendam bem seu papel e suas responsabilidades e, automaticamente, ajam de acordo com o ambiente. A supervisão, ou gerência, deixa de ser um posto de controle e se torna uma função de parceria para com a equipe, em um ambiente no qual os gestores assumem o papel de facilitadores para o pessoal da linha de frente. Os resultados são surpreendentes. Considerando que delegar significa, também, fornecer meios para garantir decisões mais acertadas, ao mesmo tempo em que a autonomia é delegada ao pessoal da linha de frente, o projeto de serviços precisa contar com alguns sistemas de controles, que serão o suporte para as decisões, considerando suas métricas. Para manter um nível de autonomia, um sistema de controle oferece alguns parâmetros para as decisões; o que vai diferenciá-los é o poder e a criatividade do pessoal da linha de frente no momento de definir a melhor solução para cada situação. Pense, por exemplo, em uma empresa que permite ao atendente disponibilizar descontos aos clientes. Como decidir a qual cliente o desconto se aplica? Qual o percentual desse desconto? O sistema poderá apresentar, a partir do valor de compra, o desconto que será aplicado. Será possível, ainda, definir o valor total (montante) para os descontos. Dessa forma, o atendente terá uma referência para decidir quais clientes podem receber os descontos em questão. Quanto à quantidade de descontos, isso dependerá dos percentuais que estão sendo liberados, realizando um controle a cada desconto liberado e mantendo em mente o limite estipulado pelo sistema de controle. 10 Gestão de Serviços 1.1 A Importância das Pessoas em Serviços (Novo P) A importância das pessoas em serviços começa pelo volume de serviços na economia. Pela intangibilidade, a maioria das atividades conta com a participação de pessoas durante a produção, pois são necessárias e fundamentais para as organizações de serviços. Veja como o setor de serviços absorve pessoas do mercado de trabalho: em uma economia na qual predomina o setor de serviços, o nível de emprego também se destaca. Segundo o Ministério de Trabalho, no período de abril de 2017 a março de 2018, foram contratados em atividades exclusivas de serviços 6.106.053 trabalhadores, sendo 3.736.391 no comércio, que contribui com o PIB do setorde serviços. No período correspondente, foram admitidos, no Brasil, um total de 14.774.179 pessoas, das quais 9.842.444, considerando o comércio e serviços, correspondem a 67% desse total. Observe o Gráfico 1, a seguir: Extrativa Mineral Serviços Industriais de Utilidade Pública Comércio Administração Pública Indústria de Transformação Construção Civil Serviços Agricultura BRASIL - EVOLUÇÃO DO EMPREGO POR SETOR DE ATIVIDADE ECONÔMICA 991.586 68.816 6.106.053 3.736.391 1.316.031 68.920 2.453.706 32.676 1.000.000 2.000.000 3.000.000 4.000.000 5.000.000 6.000.000 7.000.0000 Gráfico 1: Admissões por setores Brasil. Fonte: CAGED. 11Gestão de Serviços As atividades que mais se destacam em serviços em geração de empregos, de acordo com a quantidade de vagas ocupadas no Brasil, são as de serviços de hospedagem, alimentação, reparos, manutenção e administração de imóveis, que representam, juntas, 72%, conforme podemos observar na Tabela 1, a seguir: Serviços Admissões Instituições Financeiras 75.980 Comércio, Administração Imóveis, Serviços Técnicos Profissionais 2.175.164 Transportes e Comunicações 639.385 Serviços de Alojamento, Alimentação, Reparos e Manutenção 2.216.883 Serviços Médicos e Odontológicos 554.364 Ensino 444.277 Total 6.106.053 Tabela 1: Admissões por setores Brasil. Fonte: CAGED. Diante desse cenário, podemos perceber que, embora o resultado seja significativo, levando-se em conta a situação econômica e social do país, muitos profissionais de serviços ainda se encontram à procura de emprego. Outro fator que envolve a questão de serviços é a necessidade que as empresas têm de contratar pessoas qualificadas. Ao longo do tempo, algumas melhorias estão sendo implantadas, a exemplo da inserção de disciplina específica de gestão de serviço na formação superior. Mas as empresas ainda sentem que o desenvolvimento de conteúdo ainda é considerado como na produção de bens. A ênfase em formação em gestão, ou seja, em cargos gerenciais, apresenta demandas significativas de preparação para as funções de apoio e atendimento ao cliente. Até o momento, vimos a importância das pessoas para as organizações de serviços que, mesmo adotando tecnologias em seus processos, sempre 12 Gestão de Serviços contarão com a contribuição das pessoas. Algumas empresas, de acordo com a tipologia, podem até estabelecer um grau de contato menor, mas podemos perceber que ainda existe uma grande movimentação de mão de obra, com uso intensivo de capital humano. 1.1.1 Interação entre os Departamentos e a Importância do Cliente Interno As relações humanas devem ser tratadas nos principais departamentos das empresas, tanto no marketing como nos recursos humanos e em operações. A interação entre os departamentos determina o grau de importância das pessoas, o que inclui clientes e funcionários. Analisemos a Figura 2, a seguir: Gestão de operações Gestão de marketing Gestão de recursos humanos Clientes Figura 2: Funções de marketing, operações e recursos humanos. Fonte: Lovelock (2014). Os planos de marketing devem contemplar, além da comunicação com os clientes externos, a comunicação e o relacionamento com os clientes internos, procedimento fundamental para o atingimento do objetivo das estratégias de marketing. O departamento de recursos humanos deve atuar em conjunto com o setor de operações. Em situações de necessidade de contratação para operações, o fluxo inicia pela requisição de pessoal, que é encaminhada ao departamento de 13Gestão de Serviços recursos humanos, a fim de realizar o recrutamento e a seleção. Para alcançar o objetivo de contratar uma pessoa com o perfil adequado à vaga, é importante que a requisição de pessoal reflita a realidade da operação, forneça informações ligadas à prática diária do trabalho, esclareça sobre o funcionamento do setor, como as atividades são distribuídas e realizadas e informar o perfil do profissional. Caso não ocorra a interação, é provável que o longo esforço do departamento de recursos humanos seja perdido, por gaps (diferenças) entre o candidato selecionado e o perfil desejado pela operação. 1.1.2 Índice de Felicidade no Trabalho Para que as pessoas atuem plenamente nas organizações, atendendo com qualidade os clientes que representam fontes de lucros em seus negócios, é necessário mudar a cultura de tratamento dos clientes internos. Essa mudança deve englobar todas as etapas, porque, depois do recrutamento, da seleção e da contratação, é fundamental investir na manutenção do relacionamento, buscando sempre promover a satisfação de todos. Podemos entender que, hoje, com a facilidade de comunicação, as páginas da internet estão divulgando diversas opiniões dos clientes sobre serviços e produtos adquiridos. Concomitantemente, uma nova prática é estabelecida na rede: a divulgação das empresas que se destacam no gerenciamento de recursos humanos, possibilitando conhecer a opinião sobre a empresa à qual a pessoa pretende se candidatar. A imagem da empresa para o funcionário é tão importante quanto a imagem da empresa para os clientes. Assim como a empresa investe em diferencial para atrair clientes, o mesmo deve ser feito para atrair talentos e prover serviços de qualidade. Mas como atrair talentos? Sabendo que talentos são os candidatos qualificados e aderentes aos critérios de desempenho prioritários para promover serviços excelentes e que estão claramente alinhados ao conceito do serviço e da missão organizacional, a fim de atrair e reter os melhores talentos, as empresas devem analisar e aperfeiçoar a proposta de valor, principalmente, nos critérios que julgam fundamentais para a satisfação. Como resultado, terá uma operação com recursos humanos saudáveis e avanços nos índices de rotatividade e absenteísmo. 14 Gestão de Serviços Conhecer o ranking de empresas que se destacam em gestão de pessoas passou a ser uma prática daqueles que pretendem prestar serviços em ambientes que valorizam talentos. Uma pesquisa realizada pela revista Você S/A e pela Fundação Instituto de Administração (FIA), responsável pela metodologia da pesquisa das Melhores Empresas há 11 anos, divulgou, no Guia Você S/A: as 150 melhores empresas para trabalhar, as companhias que mais se destacaram em gestão de pessoas e bom ambiente organizacional em 2017. O prêmio de Empresa do Ano foi para o Laboratório Sabin, companhia com sede em Brasília (DF), que participa do Guia há 13 anos, e continua crescendo – e cuidando bem de seus funcionários. A pesquisa prevê a avaliação do índice de felicidade no trabalho. Fonte: Exame on-line. De acordo com uma outra matéria, divulgada pelo site da UOL, a empresa que mais satisfaz aos seus funcionários no Brasil é a empresa de software ThoughtWorks, considerando o levantamento realizado pela comunidade Love Mondays (comunidade de carreiras onde as pessoas postam suas opiniões sobre o local de trabalho e salários). Segundo essa comunidade, o site serve para ajudar outros profissionais a negociarem uma remuneração mais justa. O ranking, que lista as 50 companhias mais bem avaliadas, foi divulgado em seu site, com mais de 107 mil avaliações para que milhões de profissionais identifiquem empresas com valores semelhantes aos seus na busca por um emprego. Entre 20 empresas de grande porte, as melhores são: Takeda Farmacêutica Brasil, Alelo, ClearSale, Braskem, Aurora, Globosat, Tetra Park, Concentrix, Votorantim S.A., Souza Cruz, IFood, Unidas, Odebrech, Grupo Petrópolis, BASF, Bayer, Monsanto, Hospital Albert Einstein e Johnson & Johnson. Para chegar ao ranking, o site considerou a nota média de satisfação geral atribuída pelos profissionais na hora de avaliar uma grande companhia (com mais de 500 funcionários), no período entre 1º de janeiro e 30 de novembro de 2017. As entrevistas são on-line e é garantido sigilo sobre a identidade do funcionário. Algumas perguntas utilizadas no processo são: Comofoi sua entrevista de emprego? Como conseguiu a entrevista de emprego? Qual o nível de dificuldade? Como é trabalhar (nome da empresa)? Recomendam a empresa a um amigo? Importante 15Gestão de Serviços O processo que teve início nas páginas de internet com a divulgação sobre a opinião dos clientes a respeito de suas experiências, atualmente, está sendo aplicado para divulgar as experiências dos funcionários com as empresas. Veja a lista dos principais atributos das 50 empresas mais amadas, de acordo com as opiniões divulgadas. Atributos Empresa Ambiente seguro Concentrix Justiça social ThoughtWorks Oportunidade de crescimento Takeda Farmacêutica Brasil Salário compatível com o mercado Globosat Benefícios que surpreendem Takeda Farmacêutica Brasil Disponibilidade dos líderes Braskem Autonomia Votorantim S.A. Facilidade de comunicação Souza Cruz Reconhecer os talentos ClearSales Treinamentos constantes Accor Hotels Quadro 1: Seleção de respostas da comunidade Lovemondays. Fonte: Lovemondays.com. Além de emitir opiniões, os funcionários qualificam a empresa com a divulgação de frases do tipo: ▪ “Não trocaria por nenhum outro lugar.” ▪ “Melhor empresa para trabalhar.” ▪ “Orgulhoso.” ▪ “Fazendo parte da transformação.” Ainda de acordo com as pesquisas, podemos selecionar alguns critérios que as pessoas valorizam e esperam das empresas: ▪ Comunicação; ▪ Respeito; 16 Gestão de Serviços ▪ Justiça; ▪ Orgulho; ▪ Ambiente; ▪ Recompensas; ▪ Segurança; ▪ Oportunidade de crescimento. ▪ Salário justo; ▪ Qualidade de vida; ▪ Benefícios; ▪ Autonomia; ▪ Cultura organizacional. Podemos concluir que os esforços para retenção de clientes e os desafios em atender às expectativas variadas são os mesmos para os clientes internos. A proposta de valor da empresa pode atender a um colaborador e não ser tão atrativa para outro. Por isso, a empresa deve definir o perfil das pessoas que deseja atrair e, então, alinhar a sua proposta ao objetivo. Define-se o público-alvo e quem se deseja atrair e reter, direcionando, dessa forma, todo o esforço para atingir o objetivo e apresentar no mercado propostas para candidatos, em um processo de recrutamento voltado para esse fim. 1.1.3 A Experiência do Colaborador Os impactos da globalização e as mudanças na economia geram cada vez mais mudanças nas relações e nos empregos. Surgem novas funções e oportunidades, mas também geram insegurança, entre outros fatores, que exercem forças nas relações entre as pessoas e entre empresas e gestão, surgindo a necessidade de se adequar, também, as interações. Com a publicação do artigo Welcome to the Experience Economy (Bem-vindo à Economia da Experiência), no periódico da Harvard Business 17Gestão de Serviços Review, surgiu a ideia da experiência do colaborador, impulsionada pelo conceito da experiência do cliente. A experiência do colaborador traduz a sua percepção com o ambiente, o encontro do serviço, a interação com as pessoas, os processos, as políticas e os equipamentos e tecnologias envolvidos. O tema A experiência do colaborador é conhecido como Employee Experience e traduz a mesma ideia da interação com o cliente externo. O novo conceito consiste em oferecer experiências inesquecíveis aos colaboradores, entendendo que quem entrega valor ao cliente precisa estar satisfeito e feliz com a organização. 2. Recrutando e Retendo Pessoas para a Prestação de Serviços Você já entendeu a importância das pessoas e que elas devem ser reconhecidas pelo valor que entregam aos clientes e pelos resultados alcançados. Entretanto, deve-se reconhecer, também, que, quando não se obtém o melhor do funcionário no exercício da função, a falha pode estar no processo de recrutamento e seleção, que, talvez, não tenha selecionado a pessoa com perfil adequado à função, o que é muito comum de acontecer. Um currículo pode conter uma boa carga de cursos e experiências, mas, quando a pessoa é inserida no meio e na atividade, há o risco de não apresentar o que foi identificado no processo de avaliação. Então, o que fazer? O processo é custoso e leva tempo. Acreditar em uma adaptação é melhor do que perder todo o investimento com um processo precipitado de desligamento. Um processo de seleção deve ser o mais criterioso possível, porém, para que a empresa possa contar com candidatos talentosos, precisa de uma imagem positiva, oferecer salário compatível com o mercado e benefícios que costumam diferenciar uma empresa da outra. Como vimos, assim como a empresa escolhe o candidato entre tantos outros, pelas características, o candidato também escolhe a empresa que acredita, pois, aplicando seus esforços e competências, terá os benefícios que julga importantes para suprir suas necessidades financeira e profissional. Saiba Mais Leia mais 18 Gestão de Serviços http://www.mundorh.com.br/employee-experience-um-novo-conceito No recrutamento, a empresa apresenta o perfil do profissional que deseja contratar, utilizando os vários recursos de comunicação com o mercado de trabalho. Diferentemente do que ocorria no passado, quando as oportunidades de emprego eram divulgadas em jornais impressos, há, hoje, vários meios para tal. Entre eles, o mais utilizado é a internet, nela, são disponibilizadas as vagas e os currículos dos candidatos, em sites de empregos, como a página vagas.com, que oferece a possibilidade de recrutamento pelas empresas e de cadastro de currículos. De acordo com Chiavenato (2010, p.115), recrutamento é o processo de atrair um conjunto de candidatos qualificados, no mercado interno ou externo, para disputar um determinado cargo. Ao atingir o objetivo do recrutamento, a empresa seleciona, pela análise dos currículos, os candidatos que atendem aos critérios de seleção e inicia o processo de entrevista. A seleção tem como objetivo comparar os requisitos do cargo e o perfil dos candidatos, sendo fundamental a definição das competências que o candidato deve apresentar. As técnicas de seleção permitem identificar características pessoais do candidato, sendo a entrevista de seleção uma das mais utilizadas, funcionando para comparar as características com os requisitos exigidos pelo cargo. Selecionar pessoas para funções diferentes requer processos distintos. As competências necessárias para quem vai trabalhar em uma atividade de suporte (back office) não são as mesmas do pessoal da linha de frente. As atividades de suporte requerem mais competências técnicas, que podem ser aprendidas com treinamentos. Para realizar uma tarefa administrativa, por exemplo, o funcionário poderá consultar um manual ou fazer pesquisas na internet, entre vários outros recursos de aprendizagem. Porém, quando se trata de um cliente esperando por respostas ou procurando resolver uma reclamação, o que conta mesmo é como será a relação com as pessoas e com as questões. As reações diante das situações são pessoais, por isso, nenhum manual as contém. Assim, a pessoa em contato com o cliente deve ter empatia, atitude, presteza, ser cordial, atencioso e, principalmente, ter bom senso para discernir qual a melhor forma de conduzir os assuntos. Importante Muitos profissionais são contratados pelo currículo e demitidos pelas atitudes. 19Gestão de Serviços Entendemos, portanto, que atitude não se aprende com treinamento, manual de procedimento ou habilidades interpessoais, e que o pessoal da linha de frente tem grande influência nas dimensões da qualidade avaliadas pelos clientes, na confiabilidade, responsabilidade, empatia e até mesmo quanto aos aspectos tangíveis, que estão relacionados à maneira como as pessoas do atendimento se apresentam, aos cuidados com a aparência, que significa, também, o seu marketing pessoal. Não há como negar que, quando os clientes se deparam com um funcionário da linha de frente, o considera a imagem da empresa. Suas atitudes revelam a empresa e o serviço, portanto, o processo de seleção deve sero mais cuidadoso possível, pois nenhum projeto de serviços, por melhor que seja elaborado e aplicado, poderá ter sucesso sem pessoas certas para o atendimento. 2.1 Processo de Seleção de Pessoas para Serviços Durante o processo seletivo, as empresas utilizam testes, entrevistas e atividades em grupo, assim, por meio da observação e do comportamento, procura-se identificar características inatas do profissional, além do conhecimento técnico. As principais ferramentas utilizadas nos processos de seleção são: entrevistas estruturadas, observação do comportamento durante as dinâmicas e testes de personalidade. Durante a entrevista, enquanto o participante expõe suas experiências e reage diante das atividades, deve-se identificar características que a empresa espera para o atendimento de seus clientes. Sendo importante no processo seletivo contar com mais de um avaliador, para que esses possam entrar em consenso sobre cada candidato e, assim, evitar um ponto de vista isolado, que pode retratar uma visão diferente da real. Os testes de personalidade também ajudam no processo seletivo, pois identificam nas respostas traços inatos e adquiridos que refletem no comportamento e em como a pessoa lida com as situações. Embora as técnicas de entrevistas forneçam oportunidades de obter informações dos candidatos, além do que foi apresentado em uma ficha cadastral 20 Gestão de Serviços e/ou currículo, cabe ressaltar que não se pode garantir uma totalidade de acertos a partir da utilização das técnicas. Qualquer que seja o método, o que realmente comprovará a capacidade do candidato é a sua atuação, a combinação entre o perfil e o ambiente, que envolve vários componentes que contribuem ou não com suas reações. Podemos concluir que a atuação de um profissional depende do conjunto, sendo os fatores equipe e gestor fundamentais. Com a evolução da tecnologia e das mudanças no comportamento da sociedade, a prática de recrutamento e seleção também teve que avançar e adotar a inteligência artificial para aumentar a produtividade da equipe de recursos humanos. A empresa de serviços de call center Atento, com sede em São Paulo, com 78.000 funcionários, realiza, em média, 4.000 contratações por mês, contando com uma equipe de RH de 900 profissionais. Para a companhia, a adoção da inteligência artificial durante a busca por novos empregados garantiu um ganho de produtividade e de tempo significativos. De acordo com o vice-presidente de recursos humanos, o período de admissão caiu de sete dias para 36 horas. 3. Treinamento de Pessoas para o Atendimento ao Cliente Podemos considerar que um produto físico na linha de produção passa por um processo de controle de qualidade, com o propósito de evitar que o cliente encontre produto com variação de um padrão estabelecido. Quando se trata de serviços, a produção depende de inúmeros fatores e, ainda, é realizada na presença do cliente; sendo assim, esse serviço não pode contar com controle de qualidade antes da entrega ao cliente. Mesmo com a atenção e o cuidado com as instalações, os equipamentos e os processos, o que vai determinar mesmo a qualidade é como o serviço é prestado, o que, na maioria das vezes, envolve pessoas. Muitos esforços têm surgido para evitar a variabilidade na prestação de serviços, mas ainda é um desafio, pois envolve interações entre funcionários e consumidores, o que não pode ser padronizado totalmente como um produto. Saiba Mais Leia mais 21Gestão de Serviços https://exame.abril.com.br/negocios/como-a-inteligencia-artificial-ajuda-no-recrutamento-e-na-selecao/ Um projeto prevê, entre outras coisas, processo e recursos, mas, apesar de se esperar um modelo de atendimento que foi programado, não significa que ele acontecerá na prática. Contar com a padronização e a consistência dos serviços é o desejo de qualquer gestor, e o treinamento é uma alternativa para manter alguns padrões no atendimento, desde que o gerente desses serviços participe ativamente, identificando, na prática, as necessidades para promover os ajustes necessários até que se tenha uma equipe coesa, sem necessidade de supervisão constante. Com a supervisão, o gestor poderá identificar na equipe os talentos que precisam de reconhecimento e, também, aqueles que necessitam de melhor preparação. É muito comum a necessidade de treinamento para o pessoal da linha de frente, além da preparação para atividades de controles e registros, como o preenchimento de cadastros, agendas, controles de atendimento e outras funções que estão ligadas ao conhecimento técnico. Porém, é muito importante o treinamento em habilidades de comunicação para desenvolver formas de como falar com o cliente e a linguagem adequada, nas situações que surgem a todo momento. 3.1 Desafios nas Interações entre o Pessoal da Linha de Frente e o Cliente Em serviços, segundo Fitzsimmons (2014, p.122), as dificuldades nas interações entre os clientes e o pessoal da linha de frente são consideradas as relacionadas com as exigências e os comportamentos dos clientes e as provocadas pela variação no padrão do serviço. Veja, a seguir, os desafios nas interações: 3.1.1 Expectativas não Realistas dos Clientes São as exigências sem fundamentos, questões em que os clientes consideram ou julgam como necessárias e possíveis de realização no sistema de serviços e, dessa forma, exigem ou esperam os atendimentos por parte do pessoal da linha de frente, deixando-os em situação difícil, caso não estejam preparados para lidar com as questões. Veja, a seguir, algumas situações que geralmente acontecem em empresas de serviços e que o pessoal da linha de frente precisa de preparação. 22 Gestão de Serviços ▪ Exigências não razoáveis: São as solicitações: de serviços que não são oferecidos, de tempo ou de atenção do pessoal de atendimento fora da normalidade, como solicitar a companhia do funcionário enquanto realiza uma ressonância magnética, pois sente medo de realizar o exame, procedimento não comum nesse tipo de atendimento. ▪ Exigências que não condizem com as políticas: Quando é solicitada uma exceção para determinado procedimento, principalmente, os relacionados à segurança ou à organização do serviço, como quando o cliente insiste em levar seu gatinho de estimação em seu colo em uma viagem aérea. Mesmo pagando a tarifa para o transporte, o animal só poderá viajar no interior da aeronave em caixa de transporte, devidamente posicionada embaixo do assento. ▪ Tratamento inaceitável: Quando são utilizados vocabulário indevido ou atitudes grosseiras, como os abusos verbais e físicos. Pegar o atendente pelo braço e utilizar a frase: “você está surdo?” são alguns exemplos. ▪ Embriaguez: O cliente de um hotel, apresentando sinais de embriaguez, insistindo em permanecer no hall falando alto e que não aceita a orientação do funcionário para que se acomode em seu quarto, é um bom exemplo. ▪ Quebra de regras sociais: Clientes que acreditam que não precisam seguir as normas dos estabelecimentos, como ouvir música em alto volume no quarto de hotel, assistir a vídeos em aplicativos no smartphone em alto volume em recepções de consultórios, por exemplo. ▪ Clientes com necessidades especiais: Clientes que apresentam alguma dificuldade psicológica, física e/ou de comunicação e precisam de atendimento especializado, como um deficiente auditivo que necessite de se comunicar com o prestador de serviços em sinais de Libras (língua brasileira de sinais). 3.1.2 Falhas Inesperadas do Serviço As falhas em serviços, às vezes, são inevitáveis, mas o cliente não está preparado para isso e não tolera aguardar mais do que estava previsto para 23Gestão de Serviços seu atendimento. Ele sempre espera que o sistema funcione perfeitamente e, quando isso não acontece, geralmente, se mostra irritado. Quando o sistema não funciona como gostaria, fica insatisfeito e suas reações não costumam ser fáceis de contornar. A preparaçãodos funcionários para as situações inesperadas são fundamentais. Veja, a seguir, algumas falhas comuns que afetam a interação entre o prestador de serviços e o cliente: ▪ Serviço indisponível: Serviços que, por algum motivo, não podem ser prestados no momento das demandas, seja por um sistema inoperante ou indisponibilidade, que impedem de atender aos pedidos ou às consultas, como um pedido de reserva de mesa próxima ao parquinho do restaurante para os filhos, e este já tendo sido reservado a outro cliente. ▪ Lentidão no desempenho: Por algum motivo, o atendimento pode ser prestado fora da média de tempo considerado como ideal e, portanto, a espera será maior por parte do cliente, como quando acontece um imprevisto com o médico, atrasando todos os atendimentos ou, ainda, quando um restaurante apresenta demanda acima do normal, atrasando os pedidos. ▪ Serviço inaceitável: São situações em que o serviço não atende ao padrão de qualidade ou de segurança, como um serviço de restauração dentária, que, ao chegar em casa, o cliente percebe que está com certo grau de mobilidade, pois essa não foi fixada corretamente. Todas as situações apresentadas demonstram que as falhas ocorrem e que a reação do cliente também é imprevisível, assim como a avaliação da situação e o grau de tolerância para erros e falhas. Qualquer que seja o serviço é muito difícil prever o comportamento das pessoas, a considerar que todos são diferentes e que lidam de formas também diferentes diante das mesmas situações. O sistema pode ser cuidadosamente preparado, porém, os imprevistos acontecem, e a maneira como reagem e resolvem a situação pode evitar o agravamento do evento. Para tanto, as pessoas precisam de preparação. No processo seletivo, geralmente, a escolha de um candidato em detrimento de outro é baseada, principalmente, em como se comportam, 24 Gestão de Serviços nas habilidades interpessoais percebidas pelo entrevistador, no conhecimento técnico e nas experiências. Porém, não se pode garantir que a pessoa que apresenta um bom desempenho no processo seletivo tenha todas as respostas para cada situação gerada no ambiente de serviço. Preparar e treinar as pessoas do atendimento para situações e reações que são comuns nas organizações de serviços ajuda na prevenção e na gestão do encontro de serviços. O treinamento pode orientar a tomada de decisão, quando são criadas respostas específicas para as indagações previstas, auxiliando e evitando o descontrole da maioria das situações, preservando o relacionamento entre cliente, prestador de serviços e empresa. Para prover serviços de qualidade, é fundamental o treinamento do pessoal da linha de frente, que, alinhado com a autonomia, poderá fazer toda diferença no atendimento. O diferencial de cada serviço depende também do jeito de cada pessoa, de como ela se define e encanta o cliente, de sorrisos espontâneos, de palavras sinceras, do ouvir com atenção, prontidão e do olho no olho. São os insumos pessoais que agregam valor às interações e devem gerar reconhecimento por parte da empresa e, assim, preservar a parceria. Um sistema de recrutamento e seleção em serviços visa a identificar pessoas com as competências necessárias para aderência à missão do serviço e da empresa. O treinamento tem como objetivo preparar as pessoas para a execução das tarefas e desenvolver as habilidades pessoais. 3.2 Treinamento do Pessoal da Linha de Frente O treinamento com uso de scripts é muito comum em serviços e semelhante ao método poka-yoke, que consiste na utilização de listas de verificação ou de dispositivos manuais, com o objetivo de que o funcionário evite erros. O script nada mais é do que a utilização de um padrão de procedimentos para situações previstas. Por meio de uma sequência de eventos comuns à atividade, são criadas as instruções, que podem corresponder às ações, aos procedimentos, às informações, às perguntas ou às respostas, entre outras. 25Gestão de Serviços O treinamento por simulações utilizadas nas entrevistas se torna específico em situações comuns no encontro do serviço da empresa. As pessoas podem ser treinadas nas mais diversas situações, considerando os tipos de clientes, dificuldades da operação e situações emergenciais. Nas simulações, o prestador de serviços desempenhará o papel de cliente e vivenciará o lado deste na experiência com o serviço, entendendo seu papel como fornecedor, as necessidades e as expectativas que envolvem as situações. Embora o treinamento para o pessoal de contato com o cliente seja o foco em serviços, cabe ressaltar que o treinamento do pessoal de retaguarda é muito importante também, principalmente, na sensibilização do seu papel no desempenho do serviço principal e na necessidade da qualidade. Quanto aos gerentes – treinamento de liderança, delegação, trabalho em equipe, comunicação e habilidades pessoais – importante frisar que são, em parte, responsáveis pelo sucesso de uma equipe em serviços. Veja o exemplo do Super Mufato, uma rede brasileira de hipermercados, com sede no município paranaense de Cascavel, que convida Sara, uma pessoa sem experiência, para viver um dia de operadora de caixa. Sem conhecimento e treinamento para assumir a função, ela apresenta seus medos, inseguranças e dificuldades com atividades simples de interação com equipamentos, clientes, inclusive, com os recursos, como o catálogo para consulta de códigos dos produtos. A experiência demonstra a importância da preparação e do treinamento. Assista ao vídeo e comprove que não basta boa vontade para um bom atendimento. O processo da avaliação de desempenho poderá verificar o quanto o pessoal está preparado, prestando treinamento para suas atividades, além, é claro, do acompanhamento diário da gestão imediata. Atualmente, tem-se utilizado várias ferramentas que auxiliam na tarefa de avaliar o pessoal da linha de frente. É importante considerar que avaliar não significa identificar falhas para aplicar penalidades, mas identificar dificuldades do prestador de serviços e necessidades de treinamentos. Nos processos de avaliação de desempenho, alguns talentos são descobertos e as recompensas são bem aplicadas. Nesses casos, são como recursos para motivar e reter as pessoas que apresentam desempenho superior, ou seja, excelência na prestação dos serviços. Saiba Mais Assista agora 26 Gestão de Serviços https://www.youtube.com/watch?v=dXOjXQ1shnM Síntese Nesta unidade de aprendizagem, vimos que a interação entre os departamentos determinará o grau de importância das pessoas na empresa e que elas são fundamentais para entregar serviços com qualidade. Entendemos, ainda, que uma operação não pode contar com pessoas desmotivadas e despreparadas. Verificamos que as empresas de serviços com alta rotatividade de pessoas – por processos ineficientes de recrutamento, seleção e treinamento – trazem prejuízos incalculáveis para os clientes e a ela própria. Vimos um novo conceito nas relações, partindo da experiência entre cliente e empresa, dando origem ao tema “experiência do colaborador”. Reconhecemos a importância de utilizar as técnicas de entrevistas na avaliação dos candidatos para a linha de frente. Conhecemos os principais desafios, nas interações entre o pessoal da linha de frente e o cliente, relacionados a expectativas não realistas, a falhas inesperadas do serviço e à necessidade de treinamento. Identificamos que, para o desenvolvimento de habilidades de comunicação e preparação, são necessários treinamentos, scripts e simulações. Podemos concluir que é fundamental que as empresas de serviços entendam o papel das pessoas no cumprimento da missão organizacional e do atingimento dos objetivos dos serviços. É primordial que se priorize a ação de conhecer os objetivos pessoais dos funcionários e se apliquem cuidados em contribuir com suas conquistas, canalizando, assim, os esforços das pessoas e da organização. 27Gestãode Serviços Referências Bibliográficas CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. CORRÊA, Henrique L.; CAON, Mauro. Gestão de serviços: lucratividade por meio de operações e de satisfação dos clientes. São Paulo: Atlas, 2002. EXAME ON-LINE. Como a inteligência artificial ajuda no recrutamento e na seleção. Disponível em: https://exame.abril.com.br/negocios/como-a- inteligencia-artificial-ajuda-no-recrutamento-e-na-selecao/. Acesso em: 25 mai. 2018. ______. Conheça as 150 melhores empresas para trabalhar de 2017. Disponível em: https://exame.abril.com.br/carreira/conheca-as-150- melhores-empresas-para-trabalhar-de-2017/. Acesso em: 15 jun. 2018. FITZSIMMONS, James A.; FITZSIMMONS, Mona J. Administração de serviços: operações, estratégia e tecnologia de informação. Porto Alegre: Bookman, 2005-2014. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing. 14 ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. LOVELOCK, Christopher H.; WIRTZ, Jochen; HEMZO, Miguel Angelo. Marketing de serviços: pessoas, tecnologia e estratégia. 7 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. LOVEMONDAYS ON-LINE. Ranking das melhores empresas para trabalhar. Disponível em: https://www.lovemondays.com.br/ranking/ melhores-empresas-para-trabalhar-2018/grandes. Acesso: 25 mai. 2018. 28 Gestão de Serviços https://exame.abril.com.br/negocios/como-a-inteligencia-artificial-ajuda-no-recrutamento-e-na-selecao https://exame.abril.com.br/negocios/como-a-inteligencia-artificial-ajuda-no-recrutamento-e-na-selecao https://exame.abril.com.br/carreira/conheca-as-150-melhores-empresas-para-trabalhar-de-2017/ https://exame.abril.com.br/carreira/conheca-as-150-melhores-empresas-para-trabalhar-de-2017/ MINISTÉRIO DO TRABALHO. Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED. Disponível em: http://pdet.mte.gov.br/. Acesso em: 15 jun. 2018. MUNDO RH ON-LINE. Employee experience um novo conceito. Disponível em: http://www.mundorh.com.br/employee-experience-um- novo-conceito/. Acesso em: 25 mai. 2018. PINE, Joseph; GILMORE, James. Welcome to the Experience Economy. Harvard Business, 1998. Disponível em: https://s3.amazonaws.com/ academia.edu. Acesso em: 25 mai. 2018. TAROBÁ LONDRINA. Caixa de mercado sentindo na pele. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=dXOjXQ1shnM. Acesso em: 25 mai. 2018. 29Gestão de Serviços http://pdet.mte.gov.br/ A Era dos Serviços Objetivos Introdução 1. A Era dos Serviços 1.1 A Importância dos Serviços na Economia Moderna 1.1.1 PIB – Produto Interno Bruto 1.1.2 Identificando a Posição dos Serviços na Economia 1.1.3 Índice de Empregos 1.2 A Evolução no Ambiente de Serviços – Serviços na Era Digital 1.3 Os Serviços Comparados aos Bens Físicos; Abordagem Integrada para a Administração de Serviços 1.3.1 Serviço e Bens Físicos 1.3.2 As Atividades de Serviços como Diferencial Competitivo 1.3.3 A Gestão como Aliada dos Serviços 1.3.4 Afinal, o que o Cliente Quer? 1.3.5 Os Serviços e suas Contribuições 1.3.6 Os Serviços como Provedores de Diferencial Competitivo 1.3.7 Os Serviços Internos 1.3.8 Os Serviços como Fonte de Lucro Síntese Referências Bibliográficas A Era dos Serviços Objetivos Introdução Síntese Referências Bibliográficas Características e Elementos dos Serviços Objetivos Introdução 1. Características e Elementos dos Serviços 1.1 Processos em Serviços 1.1.1 Processos em Serviços: Front Office e Back Office 1.1.2. Pacote de Valor - Proporção entre Produtos Físicos e Serviços 1.1.3 O Cliente como Mão de Obra 2. Tipologia de Serviços 3. Serviços e a Relação com o Cliente 3.1 E o que são Necessidades e Expectativas? 3.2 Uma Análise da Formação das Expectativas Síntese Referências Bibliográficas Excelência em Serviços Objetivos Introdução 1. Excelência em Serviços 1.1 Conceitos sobre Excelência e Qualidade em Serviços 1.1.1 A Avaliação do Serviço por Faixas de Desempenho 1.1.2 Dimensões da Qualidade em Serviços 1.2 Melhores Práticas em Serviços 1.3 Diretrizes para Tratamento de Reclamações nas Organizações 1.3.1 Norma ISO NBR 10002:2014 – Definição dos Termos 1.3.2 Norma ISO NBR 10002: 2014 – Princípios Orientadores Síntese Referências Bibliográficas _GoBack Criação de Valor por meio dos Serviços Objetivo Introdução 1. Gestão da Expectativa do Cliente 1.1 Expectativas com Base em Preço ou em Valor? 1.2 O Encontro com o Serviço 1.3 O Ciclo do Serviço e os Momentos da Verdade 2. Gestão de Riscos e Reclamação 2.1 Definição de risco 2.1.1 Como Evitar Falhas 2.1.1.1 Erros dos Prestadores de Serviços Poka-Yoke 2.1.1.2 Erros dos Clientes Poka-Yoke 2.2 Reclamação 2.2.1 Feedback de Clientes 2.2.2 A Recuperação do Cliente 2.2.3 A Compensação com as Falhas 2.2.4 Garantias de Serviços 3. O Poder na Mão do Cliente na Gestão de Serviços Síntese Referências Bibliográficas Estratégia de Marketing em Serviços Objetivo Introdução 1. Estratégia de Marketing em Serviços 1.1 Posicionamento e Projeto de Serviços 1.1.1 Desempenho Competitivo 1.1.2 Projeto de Serviço 1.1.2.1 O Pacote de Serviços (“P” do Produto) 1.1.2.2 Processo e Organização (“P” do Processo) 1.2 Entregando Serviços 1.2.1 Localização (“P” de Praça) 1.2.2 Instalações (“P” de Phisical Environment) 1.2.3 Perfil dos Fornecedores de Serviços (“P” de Pessoa) 1.3 Precificando Serviços (“P” de Preço) 1.3.1 Estratégias de Preço dos Serviços 1.3.2 Promoção e Preço (“P” de Promoção) Síntese Referências Bibliográficas Marketing de Serviços e Operações Objetivo Introdução 1. O Equilíbrio Entre Demanda e Capacidade 1.1 Previsão de Demanda 1.2 Variação de Demanda e Gestão da Capacidade 1.2.1 Limitadores de Capacidade do Processo 1.3 Ajuste da Capacidade 1.3.1 Decisões de Curto Prazo 1.3.2 Decisões de Médio e Longo Prazo 1.4 Decisão Sobre Incremento de Capacidade 2. Gestão de Filas de Clientes em Serviços 2.1 Sistema de Reservas 2.2 Teoria das Filas 2.3 Impacto da Fila e Gestão da Percepção do Cliente 2.4 Sistema de Filas e Configurações 3. Estratégias na Gestão das Demandas em Serviços 3.1 Estoque para Atender Demanda em Serviços 3.2 Preços Diferenciados e Promoções Síntese Referências Bibliográficas Gestão de Pessoas e Organizações em Serviços Objetivo Introdução 1. Gestão de Pessoas e Organizações em Serviços 1.1 A Importância das Pessoas em Serviços (Novo P) 1.1.1 Interação entre os Departamentos e a Importância do Cliente Interno 1.1.2 Índice de Felicidade no Trabalho 1.1.3 A Experiência do Colaborador 2. Recrutando e Retendo Pessoas para a Prestação de Serviços 2.1 Processo de Seleção de Pessoas para Serviços 3. Treinamento de Pessoas para o Atendimento ao Cliente 3.1 Desafios nas Interações entre o Pessoal da Linha de Frente e o Cliente 3.1.1 Expectativas não Realistas dos Clientes 3.1.2 Falhas Inesperadas do Serviço 3.2 Treinamento do Pessoal da Linha de Frente Síntese Referências Bibliográficas
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