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Unidade I

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Metodologia 
Científica
Métodos Científicos
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Ana Bárbara Pederiva Scheer
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
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Métodos Científicos
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Conceituação e importância do método
• Tipos de métodos
• Relação entre método e técnica
• Projeto de Pesquisa: definição e delimitação do objeto de estudo
• Projeto de Pesquisa: levantamento, leitura e organização das fontes 
primárias e secundárias de pesquisa
• Projeto de pesquisa: importância e aspectos metodológicos (elementos 
constitutivos)
 · Conceituar e compreender a importância do método;
 · Identificar os diferentes tipos de métodos usados na metodologia científica;
 · Estabelecer a relação entre método e técnica.
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Unidade: Métodos Científicos
Conceituação e importância do método
Para reforçar o que aprendemos na unidade anterior, de que a Ciência é um procedimento 
metódico que busca conhecer, interpretar e intervir na realidade, estudaremos alguns dos 
diferentes métodos científicos.
O método não é único e nem sempre o mesmo para o estudo deste 
ou daquele objeto e / ou para este ou aquele quadro da ciência, 
uma vez que reflete as condições históricas do momento em que 
o conhecimento é construído. Somente à base desta reflexão o 
pesquisador conseguirá compreender o plano histórico e dinâmico 
do conhecimento científico. 
(BARROS; LEHFELD, 2000, p. 55)
Método significa caminho para chegar a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo. Portanto, 
entende-se que:
È um procedimento de investigação e controle que se adota para 
o desenvolvimento rápido e eficiente de uma atividade qualquer. 
Não se executa um trabalho sem a adoção de algumas técnicas e 
procedimentos norteadores da ação.” 
(BASTOS; KELLER, 2000, p.84)
Que dizer então do método científico? Poderia dizer que é o caminho trilhado pelo cientista 
quando em busca de “verdades” científicas. Quais são as “verdades” científicas? O que é ser 
cientista? O que é ciência? Existe uma ciência única? Quando nos reportamos a uma hipotética 
linha demarcatória, a separar o que julgamos ser uma verdade científica de outras possíveis 
verdades, a que nos estamos referindo? Por estas questões, nota-se que o método tem vital 
importância, já que é por meio dele que se alcançam as “verdades” buscadas pela humanidade 
por meio dos pesquisadores.
Qualquer pessoa pode realizar uma experiência que julgue ser bem-sucedida, mas sempre 
necessitará da comprovação científica por meio de provas. Os cientistas só aceitarão uma teoria 
ou descoberta depois que a replicarem ou obtiverem provas irrefutáveis até aquele momento.
Uma experiência científica só será considerada como válida para o mundo da Ciência, se 
for realizada seguindo determinadas normas. Os cientistas se esmeram em replicar incontáveis 
vezes um trabalho até terem certeza de que foram obedecidos todos os critérios de cientificidade 
exigidos pela Ciência. 
O Cientista é aquele que utiliza o método científico para encontrar a solução dos problemas 
ou compreender o universo à sua volta. Assim, o método científico é o caminho trilhado 
pelo cientista.
No método científico, a hipótese é o caminho que deve levar à formulação de uma teoria. O 
cientista, na sua hipótese, tem dois objetivos: explicar um fato e prever outros acontecimentos 
dele decorrentes. A hipótese deverá ser testada / aplicada para que os resultados obtidos pelos 
pesquisadores comprovem perfeitamente a hipótese, então ela será aceita como uma teoria.
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Para simplificar, a hipótese é uma tentativa preliminar de resposta ao problema da pesquisa.
Dúvida  Problema  Hipótese  Tentativa de Solução
A hipótese é uma resposta provisória e antecipa algo que será ou não confirmado com 
a pesquisa.
O Método Científico é composto pelas seguintes fases:
• Observação de um fato;
• Formulação de um problema;
• Proposta de uma hipótese;
• Realização de uma pesquisa para testar a 
validade da hipótese.
Para maior segurança nas conclusões, toda pesquisa deve ser controlada com técnicas que 
permitem descartar as variáveis que podem mascarar o resultado.
Tipos de métodos
Existem vários tipos de métodos científicos utilizados pelos cientistas e pesquisadores de 
diferentes áreas do conhecimento para se chegar a determinados resultados. São eles:
a) Método indutivo: é aquele que parte da observação de casos particulares para 
o estabelecimento de hipóteses de caráter geral. Trata-se do método proposto pelos 
empiristas (Bacon, Hobbes, Locke, Hume), para os quais o conhecimento é fundamentado 
exclusivamente na experiência, sem levar em consideração princípios preestabelecidos.
Nesse método, parte-se da observação de fatos ou fenômenos cujas causas se desejam 
conhecer. A seguir, procura-se compará-los com a finalidade de descobrir as relações existentes 
entre eles. Por fim, procede-se à generalização, com base na relação verificada entre os fatos 
ou fenômenos. Observe o exemplo a seguir: 
• João é mortal.
• Paulo é mortal.
• Manoel é mortal.
• Ora, João, Paulo e Manoel são homens.
• Logo, (todos) os homens são mortos.
Conclusões indutivas são perigosas, pois generalizações de premissas verdadeiras podem 
levar a uma falsa conclusão.
b) Método dedutivo: é aquele pelo qual, a partir da observação de um princípio geral, 
chega-se a conclusões particulares. Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e 
indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em 
virtude unicamente de sua lógica. É o método proposto pelos racionalistas (Descartes, 
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Unidade: Métodos Científicos
Spinoza, Leibniz), segundo os quais só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro, 
que decorre de princípios a priori evidentes e irrecusáveis. Como neste exemplo: 
• Todo mamífero é vertebrado.
• Todo homem é mamífero.
• Logo, todo homem é vertebrado.
c) Método hipotético-dedutivo: é aquele pelo qual, mediante a percepção de uma 
lacuna no conhecimento, formula-se uma hipótese e, então, pelo processo de observação 
e inferência dedutiva, testa-se a predição da ocorrência de fenômeno abrangido pela 
hipótese (LAKATOS; MARCONI, 1991).
Pode-se apresentar as etapas do método hipotético-dedutivo da seguinte forma:
1. Problema: quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são 
insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema;
2. Conjecturas: para tentar explicar a dificuldade expressa no problema, são formuladas 
conjecturas ou hipóteses. Para a explicação de um fenômeno, surge o problema;
3. Dedução de consequências observadas: das hipóteses formuladas, deduzem-se 
consequências que deverão ser testadas ou falseadas;
4. Tentativa de falseamento: falsear significa tentar tornar falsas as consequências 
deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo procura-se a todo custo 
confirmar a hipóteses, no método hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se 
evidências empíricas para derrubá-la;
5. Corroboração: quando não se consegue demonstrar qualquer caso concreto capaz 
de falsear a hipótese, tem-se a sua corroboração, que é a confirmação da hipótese, 
entretanto, está é considerada provisória.
Neste caso, de acordo com Popper1, a hipótese mostra-se válida, pois superou todos os 
testes, mas não definitivamente confirmada, já que a qualquer momento poderá surgir um fato 
que a invalide.
d) Método dialético: procura contestar uma realidade posta, enfatizando as suas 
contradições. Para toda tese, existe uma antítese, que, quando contraposta, tende a 
formar uma síntese.
Tal método funda-se numa concepção dinâmica da realidade e das relações dialéticas entre 
sujeito e objeto, conhecimento a ação, teoria e prática.
O método dialético não envolve apenas questões ideológicas, 
geradoras de polêmicas. Trata-sede um método de investigação 
da realidade pelo estudo de sua ação recíproca (...) É contrário a 
todo conhecimento rígido: tudo é visto em constante mudança, 
pois sempre há algo que nasce e se desenvolve e algo que se 
desagrega, se transforma.
(ANDRADE, 1999, p.114-115).
1 O método hipotético-dedutivo foi definido por Karl Popper a partir de criticas a indução, expressas em A lógica da investigação 
científica, obra publicada pela primeira vez em 1935.
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Portanto, o método dialético é contrário a todo conhecimento rígido, pois tudo é percebido 
como em constante mudança.
e) Método fenomenológico: não se limita à descrição dos fenômenos. Também é, ao 
mesmo tempo, tentativa de interpretação dos mesmos, com o objetivo de pôr a descoberto 
os sentidos menos aparentes, os sentidos mais fundamentais que os fenômenos têm. 
Caracteriza-se por valorizar a pesquisa do cotidiano, por tentar resgatar tudo aquilo 
que, pela rotina, foi perdendo relevo e significação, foi ficando oculto pelo uso, pelo 
hábito, pelo senso comum. Nesse sentido, o enfoque fenomenológico permite reeducar, 
reorientar o olhar que investiga.
O método fenomenológico valoriza, sobretudo, a interpretação do mundo, o 
qual surge intencionalmente à consciência do homem. Assim, pode-se afirmar que, na 
pesquisa de orientação fenomenológica, o sujeito deixa de ser um observador imparcial, 
como pretende a abordagem positivista, para assumir, de certa forma, a condição de 
“ator”. Aliás, um os méritos do método fenomenológico é justamente o de questionar 
os procedimentos positivistas, encarecendo a importância do sujeito no processo da 
construção do conhecimento.
Outra característica marcante da pesquisa fenomenológica é sua recusa à caracterização, 
pretendendo-se, ao contrário, sempre aberta a novas interpretações.
É importante ressaltar que, conforme Masini (1989), alguns autores consideram inadequado 
falar em método fenomenológico. Segundo eles, não haveria tal método, mas regras formais 
de pesquisa voltadas especialmente para o fenômeno (aquilo que se mostra como é, que se 
mostra a si mesmo). Então, não caberia falar em método, mas em atitude fenomenológica.
f) Método histórico: específico das ciências sociais, parte do princípio de que as atuais 
formas de vida social, as instituições e os costumes têm suas raízes no passado, sendo, 
portanto, fundamental pesquisar sua origem para bem compreender sua natureza e 
função. Por exemplo, para se investigar uma instituição social como a família e as relações 
de parentesco, o método histórico pesquisa, no passado, os elementos constitutivos dos 
vários tipos de família e as fases de sua evolução social.
O método histórico “consiste em investigar os acontecimentos, processos e instituições 
do passado para verificar sua influência na sociedade de hoje”. (ANDRADE, 2003, p. 133)
Dessa forma, o pesquisador que se utiliza do método histórico tem a preocupação de 
colocar o fenômeno estudado no ambiente social em que surgiu, ou seja, contextualiza-lo. 
Assim, será capaz de acompanhar suas sucessivas alterações e de compará-lo a fenômenos 
semelhantes em sociedades diferentes (Lakatos; Marconi, 1991).
Dentro do método histórico, há toda uma diversidade de abordagem. É possível aplicar 
esse método ao estudo de um mesmo tema, porém com enfoques tão diferentes quanto o 
positivista, o fenomenológico, o dialético etc.
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Unidade: Métodos Científicos
Relação entre método e técnica
Na investigação científica, os termos “método” e “técnica” acima estão estreitamente relacionados 
e são comumente empregados sem uma compreensão exata da sua diferenciação semântica.
Como já foi anteriormente descrito, o método - termo já conhecido na Grécia Clássica 
(méthodos) foi usado por Platão e Aristóteles no sentido de “estudo ordenado de uma questão 
filosófica ou científica”. A palavra pode ser decomposta no prefixo metá + hodós, que quer 
dizer caminho, via, rota. Em sentido genérico é, portanto, o caminho pelo qual se chega 
a um determinado resultado.
Na terminologia científica, método pode ser definido como um conjunto de dados e regras 
de proceder, permitindo atingir um fim previamente determinado. Ex.: pesquisa experimental, 
diagnóstico, operação, tratamento, reação físico-química ou biológica, prova clínica ou teste 
de laboratório. Muitos teóricos definem método como um conjunto de meios dispostos 
convenientemente para se chegar a um fim.
A palavra “técnica” vem do grego tékhne, e significa arte. Se o método é o caminho, a técnica 
é o modo de caminhar. Técnica subentende o modo de proceder em seus menores detalhes, a 
operacionalização do método segundo normas padronizadas. É resultado da experiência e exige 
habilidade em sua execução. Um mesmo método pode comportar mais de uma técnica.
O método científico inicialmente ocorre do seguinte modo: há um problema que desafia 
a inteligência; o cientista elabora uma hipótese e estabelece as condições para seu controle, 
a fim de confirmá-la ou não. A conclusão é então generalizada, ou seja, considerada válida 
não só para aquela situação, mas para outras similares. Além disso, quase nunca se trata de 
um trabalho solitário do cientista, pois, hoje em dia, cada vez mais as pesquisas são objetos 
de atenção de grupos especializados ligados às universidades, às empresas ou ao Estado. 
De qualquer forma, a objetividade da ciência resulta do julgamento feito pelos membros da 
comunidade científica que avaliam criticamente os procedimentos utilizados e as conclusões, 
divulgadas em revistas especializadas e congressos.
Assim, dentro da visão do senso comum, a ciência busca compreender a realidade de 
maneira racional, descobrindo relações universais e necessárias entre os fenômenos, o que 
permite prever os acontecimentos e, consequentemente, também agir sobre a natureza. 
Para tanto, a ciência utiliza métodos rigorosos e atinge um tipo de conhecimento 
sistemático, preciso e objetivo. Entretanto, apesar do rigor do método, não é conveniente 
pensar que a ciência é um conhecimento certo e definitivo, pois ela avança em contínuo 
processo de investigação que supõe alterações à medida que surgem fatos novos, ou quando 
são inventados novos instrumentos. 
Por exemplo, nos séculos XVIII e XIX, as leis de Newton foram reformuladas por diversos 
matemáticos que desenvolveram técnicas para aplicá-las de maneira mais precisa. No século 
XX, a teoria da relatividade de Einstein desmentiu a concepção clássica que a luz se propaga 
em linha reta. Isso serve para mostrar o caráter provisório do conhecimento científico sem, 
no entanto, desmerecer a seriedade e o rigor do método e dos resultados. Ou seja, as leis e as 
teorias continuam sendo de fato hipóteses com diversos graus de confirmação e verificabilidade, 
podendo ser aperfeiçoadas ou superadas. 
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• A partir da explanação feita acima será que podemos afirmar que existe um 
método universal?
• Será que os métodos universais devem ser considerados válidos para situações 
diversas? E tendo situações diferentes podemos qualificá-las como universais?
• Como descrever relações universais por meio de métodos “individuais”?
• Será que esse tipo de método é realmente válido universalmente?
• Será que podemos nomear o método como sendo universal?
A busca do Conhecimento Científico como vimos anteriormente, passa por diversas etapas. 
Tais etapas discutiremos a seguir.
Projeto de Pesquisa: definição e delimitação do objeto de estudo
O projeto de pesquisa desempenha várias funções: planeja a elaboração do trabalho de 
conclusão de curso, permite aos orientadores que avaliem o trabalho de pesquisa que será 
realizado e auxilia o aluno para a sistematização organizada de uma pesquisa.
Para a elaboração de um projeto de pesquisa é fundamental que o aluno já 
tenha definido o objeto que vai pesquisar, de forma que possa, junto ao orientador, 
delimitaro assunto, de forma a torná-lo mais preciso e claro. Não existe regra definida para 
a escolha do objeto. Pode ser feito de acordo com curiosidade do aluno, suas necessidades 
pessoais ou mesmo por sugestão do orientador. Segundo Vieira:
Definir o tema é pensar o objeto e não apenas escolher o assunto. Nesse sentido 
a definição não é um ato só inicial: ela se articula com a problematização, 
formando com esta momentos e expressão de um único movimento.
Qualquer que seja o ponto de partida: uma referência bibliográfica, uma 
reflexão metodológica, um contato com fontes, uma experiência de vida, 
ou um debate colocado pelo social, a construção do objeto, dependendo da 
postura teórica do pesquisador e de sua vivência, se realizará por caminhos 
diferentes, conduzindo a resultados também diferentes. 
(1998, p.30-31)
A delimitação do tema é importante porque circunscreve o assunto a um ângulo específico, 
facilitando a pesquisa e a redação do trabalho. 
Trabalhar em cima de um assunto bastante restrito facilita muito o trabalho de 
pesquisa e a elaboração do texto (...) O fato é que o tema levado ao máximo 
de redução permite uma concentração da pesquisa e um aprofundamento de 
seu conteúdo. 
(NUNES, 1999, p. 9)
Ou seja, é necessário definir com precisão o assunto particular que será tratado, pois quanto 
maior o domínio que o aluno tiver do tema, mais facilidade terá no desenvolvimento do projeto 
e posteriormente, na redação do Trabalho de Conclusão de Curso.
Após a definição do objeto e delimitação do tema de estudo, o pesquisador deve elaborar 
um projeto de pesquisa. Mas, para tal elaboração é de fundamental importância a realização 
de um levantamento de fontes primárias e secundárias de pesquisa.
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Unidade: Métodos Científicos
Projeto de Pesquisa: levantamento, leitura e organização das fon-
tes primárias e secundárias de pesquisa
O pesquisador após realizar a definição do objeto de estudo e delimitação do tema, deverá 
partir para os próximos passos da pesquisa. 
Inicialmente, o estudante deve realizar o levantamento e a organização das fontes primárias 
(jornais, revistas, leis, decretos etc.), que poderão ser localizadas nos diferentes órgãos de 
documentação (museus, arquivos, bibliotecas, centros de documentação, entre outros) e 
secundárias de pesquisa (referenciais teóricos e metodológicos). 
A leitura e organização desses materiais auxiliarão o pesquisador situar o objeto de estudo 
no tempo e no espaço e ainda, na indicação dos pressupostos que irão subsidiar as discussões 
e análises a que se propõe o estudo.
Em qualquer tipo de pesquisa, é imprescindível que se faça uma 
abordagem teórica sobre o assunto no qual se insere o objeto-
problema a ser estudado (...) O referencial teórico deve conter 
um apanhado do que existe de mais atual na abordagem do tema 
escolhido, mesmo que as teorias atuais não façam parte de suas 
escolhas. Deve estabelecer os marcos conceituais que vão nortear o 
desenvolvimento da pesquisa, as linhas de pensamento e as teorias 
que vão sustentar a análise dos dados que vai colher durante a 
realização do levantamento (...). 
(MARION; DIAS; TRALDI, 2002, p. 37-38)
O “diálogo” inicial com as fontes primárias e secundárias de pesquisa aponta os caminhos 
para que o pesquisador consiga problematizar o objeto, ou seja, levantar questões e / ou 
hipóteses de pesquisa e ainda, definir quais os objetivos do trabalho.
Nesse sentido não dá para fazer a seleção de fontes depois da 
problematização, como geralmente recomendam os manuais. 
O pesquisador, no encaminhamento da pesquisa, se depara 
com registros que funcionam como elemento perturbador, ou 
porque não consegue explica-los, ou porque questionam linhas 
importantes de sua reflexão. 
(VIERIA et. al., 1998, p.46)
Após a definição do objeto, a delimitação do tema e o levantamento inicial das fontes de 
pesquisa, o pesquisador pode partir para o próximo passo da pesquisa, que é a elaboração do 
projeto de pesquisa.
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Projeto de pesquisa: importância e aspectos metodológicos (el-
ementos constitutivos)
Em qualquer setor de atividade humana, planejar é necessário. 
Projeto é a preparação gradual ou o planejamento referente 
a algo que se pretende pôr em prática em qualquer área de 
estudos: ciências humanas, biológicas, exatas, artes e até mesmo 
em nossa vida pessoal. 
BIANCHI, A.; ALVARENGA; BIANCHI, R., 2002, p.15
Um projeto de pesquisa, como vimos anteriormente, pode desempenhar várias funções, 
pois define e planeja para o próprio aluno o caminho a ser seguido no desenvolvimento do 
trabalho de pesquisa e reflexão, explicitando as etapas a serem alcançadas, os instrumentos e 
estratégias a serem usados; disciplina o trabalho e organiza o tempo e permite ao orientador 
avaliar melhor o sentido geral do trabalho.
Os trabalhos monográficos constituem parte importante da 
formação técnico-científica dos acadêmicos, sejam eles estudantes 
universitários de cursos de graduação ou de pós-graduação. Por 
esse motivo, necessitam de um rigor metodológico e não podem 
ser submetidos à pura espontaneidade criativa de quem os elabora. 
Portanto, os aspectos metodológicos – instrumentos utilizados 
para dotá-los de tal modelagem – ganham progressivamente mais 
relevância à medida que o pesquisador vai familiarizando-se com 
as normas e especializando-se no ato de pesquisar. 
MARION; DIAS; TRALDI, 2002, p. 32
O projeto de pesquisa é a etapa inicial da elaboração de trabalhos de conclusão de curso e, 
portanto, deve conter alguns elementos essenciais, tais como:
• Título e subtítulo do trabalho;
• Introdução que permita situar e apresentar o tema de pesquisa;
• Justificativa da escolha do tema;
• Objetivos;
• Problematização (questões e / ou hipóteses da pesquisa);
• Metodologia;
• Cronograma de trabalho;
• Bibliografia.
O título do projeto deve indicar o assunto do trabalho de forma criativa, para chamar a 
atenção para a pesquisa e o subtítulo do projeto deve explicar o assunto do trabalho de forma 
detalhada, ou seja, o título deve sintetizar o conteúdo da pesquisa. Pode ser acompanhado 
ou não de subtítulo. Neste último caso, enquanto o título tem caráter mais geral, o subtítulo 
delimita com mais precisão o alcance dos objetivos da pesquisa. Exemplo: “A licenciatura em 
História: avaliação do curso de História da Unesp-Franca”. 
A introdução é a apresentação do assunto da pesquisa, ou seja, é onde contextualizamos 
espacial e temporalmente nosso objeto de estudo, dialogando com os trabalhos que já versaram 
sobre o assunto.
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Unidade: Métodos Científicos
A apresentação de um referencial teórico tem a finalidade 
de mostrar ao (s) avaliador (es) do projeto que o autor detém 
conhecimento suficiente do assunto em que seu projeto está 
inserido, buscando aprofundamento no tema que escolheu a 
partir de um objeto a ser estudado. 
MARION; DIAS; TRALDI, 2002, p. 38
Na justificativa apresentamos o motivo da escolha do tema, sua relevância social e / ou 
acadêmica (científica). Neste item também precisamos dialogar com autores / trabalhos que 
já versaram sobre o assunto, é onde se coloca a gênese do problema, explicitando os motivos 
mais relevantes que levaram a abordagem do assunto. Neste item, o pesquisador expõe os 
motivos mais significativos que o levaram a abordar o tema escolhido. 
A argumentação, mediante a qual o pesquisador expõe os motivos que o levaram a eleger 
determinado tema e a importância da contribuição que seu estudo pode ensejar, são fatores 
fundamentais na aceitação da pesquisa por parte de seu público-alvo. 
Na problematização do projeto devemos levantar as questões e / ou hipóteses da pesquisa. 
Tais problemas deverão ser investigados durante a pesquisa e, posteriormente, respondidos 
durante a redação do trabalho de conclusão de curso. 
Após a problematização do tema, o autor do projeto deveexpor os objetivos que o 
trabalho visa atingir, isto é, a situação que se deseja obter ao final da trajetória de pesquisa e 
redação do trabalho de conclusão.
Os objetivos determinam o que se projeta fazer, ou o que se 
pretende com a pesquisa. Devem ser determinados considerando-
se a viabilidade de atingi-los. 
Os objetivos estão diretamente relacionados ao tema e ao problema 
levantados (...) 
BIANCHI, A.; ALVARENGA; BIANCHI, R., 2002, p.19
Os objetivos devem estar claramente definidos, coerentes com o tema proposto, 
esclarecer o que se pretende com o projeto a partir das hipóteses ou das questões de 
pesquisa a serem investigadas. 
Na explicitação dos objetivos de uma pesquisa, antecipam-se as contribuições que a mesma 
15
pretende trazer para o avanço daquela área específica do conhecimento. 
No item metodologia, o autor deverá anunciar os materiais (fontes de pesquisa) que irá 
analisar e os procedimentos metodológicos (métodos e técnicas) que irá utilizar na elaboração 
da monografia: trabalho de campo, laboratório, entrevistas, pesquisa bibliográfica ou, se for o 
caso, um estudo que combinará diferentes formas de investigação. 
A partir daí, devem ser apresentadas e respondidas questões do tipo: Como? Com que? 
Onde? Quando? 
Deverão ser mencionadas, também, as técnicas e instrumentos de pesquisa que serão empregados 
na coleta de dados como, por exemplo: levantamento das fontes documentais e bibliográficas, 
observação, entrevistas, questionários, testes, história de vida, análise de conteúdo etc.
O cronograma de trabalho deve apresentar as várias etapas (atividades) do desenvolvimento 
da pesquisa, distribuídas no tempo, ou seja, distribuição das tarefas nos períodos do calendário.
O cronograma de desenvolvimento das atividades de pesquisa 
depende de uma série de fatores relacionados com as exigências 
das faculdades ou institutos, das agências de fomento, da 
disponibilidade do pesquisador e, fundamentalmente, dos objetivos 
a serem atingidos. 
MARION; DIAS; TRALDI, 2002, p. 40
Na bibliografia do projeto de pesquisa, todo material consultado para elaboração do 
projeto deverá ser relacionado de acordo com as normas da ABNT.
Fim da Unidade Métodos Científicos!
Realize as atividades propostas para a Unidade. Em 
caso de dúvidas, entre em contato com seu tutor.
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Unidade: Métodos Científicos
Referências
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17
Anotações
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