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1 Marcela Cavalcanti 2018.2 SÍNDROMES RESPIRATÓRIAS Síndromes brônquicas, parenquimatosas e pleurais 1. Síndrome brônquica Enfermidades que causam redução do calibre, dilatação ou hipersecreção brônquica Manifestações clínicas: dispneia acompanhada de sensação de constrição ou aperto no tórax, dor torácica difusa, sibilância e tosse (seca ou produtiva decorrente da irritação brônquica ou aumento da produção de muco). As enfermidades mais comuns que causam a síndrome brônquica são: asma, DPOC, bronquiectasia e infecções traqueobrônquicas. Todas causam redução do calibre dos brônquios devido a edema de mucosa brônquico e aumento do tônus broncomotor Causa da broncoconstrição e edema: Asma: inflamação brônquica de origem alérgica DPOC: resposta inflamatória anormal a inalação de partículas ou gases tóxicos Broncoectasia: infiltrado inflamatório nas vias de pequeno e médio calibre Infecção traqueobrônquica: liberação de mediadores inflamatórios devido ao agente infeccioso a) Asma brônquica Sibilo, ronco e/ou estertores grossos Inspeção e palpação normais Pode haver aumento da FR e redução bilateral da expansibilidade se o pcte estiver hiperinsuflado (crise) Hipersonoridade, redução do frêmito toracovocal e do murmúrio vesicular bilateralmente. b) Bronquite crônica da DPOC Excessiva produção de muco na arvore brônquica Manifestação clínica: principalmente tosse com expectoração mucopurulenta de pequeno volume, persistente por meses, alterando períodos de melhora e piora, dependendo de infecções, poluição atmosférica e uso de tabaco. Exame físico: Estertores grossos disseminados em ambos os hemitórax Roncos e sibilos frequentes Pode haver redução bilateral da expansibilidade Hipersonoridade e redução do frêmito toracovocal e do murmúrio vesicular em individuos com enfisema associado. c) Bronquiectasia Dilatação irreversível dos brônquios por destruição de componentes da parede desses ductos Comprometem segmentos, lobos isolados ou vários lobos em ambos os pulmões. Manifestação clínica: tosse produtiva com expectoração mucopurulenta abundante, principalmente pela manhã. Hemoptise frequente. Exame físico: Tórax e radiografia comumente normais em estágios iniciais Conforme se torna abundante, pode haver aumento da FC, redução da expansibilidade uni ou bilateral, redução do frêmito toracovocal, hipersonoridade à percussão e redução do murmúrio vesicular. Na área correspondente a broncoectasia, encontram-se estertores grossos. Roncos e sibilos podem estar presentes. Em broncoectasias de base extensas pode haver redução da expansibilidade e submacicez. d) Infecções brônquicas Bronquite aguda Geralmente causada por vírus que acometem as vias respiratórias desde a faringe Manifestações clínicas: sintomas gerais (febre, cefaleia), desconforto retroesternal, rouquidão, tosse seca, expectoração mucosa que se torna mucopurulenta se houver infecção bacteriana secundária. Exame físico Inspeção, palpação e percussão não revelam alterações Ausculta: estertores grossos em ambos os pulmões, roncos e sibilos esparsos e inconstantes Os dados obtidos no exame físico do tórax são variáveis 2 Marcela Cavalcanti 2018.2 Resumo dos sinais e sintomas na síndrome brônquica: Sintomas: dispneia e tosse (podem estar ausentes) Inspeção: dispneia, tórax em posição de inspiração profunda, tiragem Palpação: frêmito toracovocal diminuído ou normal Percussão: normal ou hipersonoridade Ausculta: diminuição do murmúrio vesicular com expiração prolongada, sibilos predominantemente expiratório em ambos os campos pulmonares. Pode haver roncos e estertores grossos 2. Síndromes parenquimatosas Consolidação, atelectasia e hiperaeração. Podem incluir congestão passiva dos pulmões e escavação ou caverna pulmonar. Principais causas: pneumonias, infarto pulmonar e tuberculose a) Síndrome da consolidação pulmonar Ocupação dos espaços alveolares por células e exsudato Manifestações clínicas: dispneia e tosse (seca ou produtiva). Pode haver expectoração de muco e sangue (expectoração hemoptoica – comum na tuberculose). Sensação de desconforto retroesternal, dor localizada em um dos hemitorax com característica de dor pleurítica quando há comprometimento pleural Sintomas e exame físico: Sintomas: tosse produtiva, dor torácica, dispneia Inspeção: expansibilidade diminuida Palpação: expansibilidade diminuida e frêmito toracovocal aumentado Percussão: submacicez ou macicez Ausculta: respiração brônquica substituindo murmúrio vesicular, sopro tubário, broncofonia ou egofonia, pecterilóquia e estertores finos b) Atelectasia Desaparecimento do ar dos alvéolos sem que o espaço alveolar por obstrução comumente por corpos estranhos ou neoplasias (não tem células nem exsudato) Se a obstrução for num brônquio principal, ocorre atelectasia em todo o pulmão, se estiver em brônquios segmentares ou lobares, fica restrita a um segmento ou lobo. Manifestações clínicas: tosse seca, desconforto em região torácica e dispneia Sintomas e exame físico: Sintomas: dispneia e tosse seca Inspeção: retração do hemitórax e tiragem Palpação: expansibilidade diminuida, frêmito toracovocal diminuído ou abolido Percussão: submacicez ou macicez Ausculta: som broncovesicular, ressonância vocal diminuida c) Enfisema pulmonar Hiperaeração resultante de alterações anatômicas que geram um aumento da anormal dos espaços aéreos distais ao bronquiolo terminal e modificações estruturais nas paredes alveolares. Manifestação clínica: dispneia (inicialmente só em grandes esforços, depois até em repouso). Na fase final, surgem manifestações de insuficiência respiratória. Sintomas e exame físico: Sintomas: dispneia Inspeção: expansibilidade diminuida e tórax em tonel Palpação: expansibilidade diminuida e frêmito toracovocal diminuído Percussão: sonoridade normal no inicio, quando evolui passa a ter hipersonoridade Ausculta: murmúrio vesicular diminuído, expiração prolongada, ressonância vocal diminuida Obs: nas fases iniciais encontra-se apenas redução do murmúrio vesicular e expiração prolongada d) Congestão passiva dos pulmões Causada principalmente por IVE e estenose mitral. Liquido se acumula no interstício causando dispneia de esforço, dispneia de decúbito, dispneia paroxística noturna, tosse seca e, as vezes, sibilancia. Sintomas e exame físico Sintomas: dispneia, tosse seca, expectoração rósea Inspeção: expansibilidade diminuida Palpação: expansibilidade diminuida, frêmito toracovocal normal ou aumentado 3 Marcela Cavalcanti 2018.2 Percussão: submacicez nas bases Ausculta: estertores finos nas bases (principal achado), prolongamento da expiração quando há broncoespasmo, ressonância vocal normal. e) Escavação pulmonar/caverna pulmonar Consequências da eliminação do parênquima em área que sofreu necrobiose (abcessos, displasia, tuberculose) Manifestações clinicas: tosse produtiva e vômica, fracionada ou não obs: para ser detectada no exame físico, precisa estar na periferia dos pulmões e diâmetro mínimo de mais ou menos 4cm Sintomas e exame físico sintomas; tosse seca com expectoração purulenta ou hemóptica inspeção: expansibilidade diminuida palpação: expansibilidade diminuida e frêmito toracovocal aumentado se houver secreção percussão: normal ou som timpânico ausculta: som broncovesicular ou brônquico no lugar do murmúrio vesicular, ressonância vocal aumentada ou pecterilóquia. 3. Síndromes pleurais Síndrome pleurítica, síndrome de derrame pleural e síndrome pleural aérea (pneumotórax) a) Síndrome pleurítica É a inflamaçãodos folhetos pleurais, caracterizada pela presença do atrito pleural. Pode ocorrer devido a várias entidades clínicas como a tuberculose, pneumonias, moléstia reumática, viroses e neoplasias da pleura e pulmão. Manifestações clínicas: dor pleurítica em um dos hemitórax, tosse, dispneia, febre. Conforme a inflamação evolui, ocorre acumulo de liquido no espaço pleural afastando os folhetos visceral e parietal fazendo desaparecer a dor pleurítica e o atrito pleural. Dessa forma, a síndrome pleurítica pode evoluir para uma síndrome de derrame pleural. Sintomas e exame físico Sintomas: Dor torácica ventilatória dependente Inspeção: expansibilidade diminuida Palpação: expansibilidade e frêmito toracovocal diminuídos Percussão: sonoridade normal ou submacicez Ausculta: atrito pleural -> principal dado semiológico b) Síndrome do derrame pleural pode ocorrer nas pleurites, pneumonias, neoplasias, colagenoses, síndrome nefrótica e insuficiência cardíaca. Manifestações clínicas: dor sem características de dor pleurítica, tosse seca e dispneia (intensidade varia de acordo com volume de liquido) Sintomas e exame físico: Sintomas: dispneia, tosse, dor torácica Inspeção: expansibilidade diminuida Palpação: expansibilidade diminuida, frêmito toracovocal ausente na área do derrame e aumentado na área do pulmão em contato com o líquido Percussão: macicez Ausculta: murmúrio vesicular ausente na área do derrame, egofonia e estertores finos na área do pulmão em contato com o liquido na parte mais alta do derrame. c) Síndrome pleural aérea ou pneumotórax Caracterizada por ar acumulado no espaço pleural que entra através de lesão traumática, ruptura de bolha subpleural ou em afecções pulmonares (tuberculose, pneumoconiose, neoplasias) Manifestações clínicas: dor no hemitórax comprometido, tosse seca e dispneia Sintomas e exame físico: Sintomas: dispneia, dor torácica Inspeção: normal ou abaulamento dos espaços intercostais dependendo da quantidade de ar Palpação: expansibilidade e frêmito toracovocal diminuídos Percussão: hipersonoridade ou som timpânico Ausculta: murmúrio vesicular e ressonância vocal diminuídos
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