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TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR/DEPRESSÃO E DISTIMIA

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• Conceito 
As EMOÇÕES são respostas TRANSITÓRIAS a um estímulo específico no ambiente, no corpo ou na mente. 
Quando uma emoção se torna PROLONGADA e DOMINANTE é chamada de HUMOR – assim, o humor 
pode ser independente das circunstâncias IMEDIATAS, o que torna mais difícil o estudo, em laboratório, dele! 
Esse humor pode ser um SINAL observado pelo médico, como a presença de um rosto infeliz, ou pode ser 
um SINTOMA exclusivo do paciente, como a sensação de desesperança. 
Para categorizar os transtornos de humor 
(diferenciando de transtornos cognitivos), há uma 
atenção especial para os SINTOMAS, HISTÓRIA 
PREGRESSA DO TRANSTORNO, PADRÃO DE 
TRANSMISSÃO FAMILIAR e RESPOSTA AO 
TRATAMENTO. Com esses dados, um paciente pode 
ser diagnosticado com DEPRESSÃO UNIPOLAR (em 
que só há episódios depressivos) e TRANSTORNO 
BIPOLAR (quando há alternância entre episódios 
depressivos e de mania), além de diferenciar se o 
transtorno é PRIMÁRIO ou SECUNDÁRIO (induzido 
por fármaco, hipotireoidismo, Parkinson em idosos). 
Embora sejam tratados de forma separada, pode-se 
considerar que o transtorno BIPOLAR seja, na 
verdade, uma forma mais GRAVE da depressão 
maior. 
 Além da classificação em UNIPOLAR/DEPRESSÃO MAIOR e em BIPOLAR, pode haver uma divisão em 
HIPOMANIA (quando os sintomas maníacos não satisfazem os critérios de um episódio clássico), CICLOTIMIA 
(forma menos grave do transtorno bipolar) e DISTIMIA (forma menos grave do transtorno depressivo maior). 
Os transtornos DEPRESSIVOS incluem: transtorno disruptivo da desregulação do humor; Transtorno 
Depressivo maior (TDM); transtorno depressivo persistente (distimia); transtorno disfórico pré-menstrual; 
induzido por medicamento/substância; induzido por outra condição médica – obviamente, o TRANSTORNO 
DEPRESSIVO MAIOR (TDM) é a condição clássica desse grupo!! Todos esses transtornos de humor incluem 
PRESENÇA DE HUMOR TRISTE, VAZIO OU IRRITÁVEL, que está acompanhado de alterações SOMÁTICAS e 
COGNITIVAS que afetam o funcionamento (social, cognitivo) do indivíduo, diferindo entre si nos ASPECTOS 
DE DURAÇÃO e na ETIOLOGIA!! 
➔ O transtorno disruptivo da desregulação do humor em crianças até 12 anos de idade, por 
exemplo, é apresentado como irritabilidade persistente e episódios frequentes de descontrole 
comportamental extremo – geralmente, quando apresentam esse padrão na infância, ao 
evoluírem para a vida adolescente/adulta tipicamente apresentam DEPRESSÃO MAIOR OU 
TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA (TAG)!! 
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• Depressão Unipolar/Depressão Maior (TDM) 
É um transtorno depressivo maior ocorre SEM HISTÓRIA DE EPISÓDIO MANÍACO OU HIPOMANÍACO e tem 
como traço principal o DESÂNIMO (disforia), que está presente na maior parte do dia e em vários dias, 
frequentemente acompanhado de ANGÚSTIA e INCAPACIDADE DE SENTIR PRAZER (anedonia), com 
consequente PERDA DE INTERESSE NO MUNDO. O transtorno depressivo maior se diferencia da tristeza 
normal ou do luto pela GRAVIDADE, ONIPRESENÇA, DURAÇÃO e ASSOCIAÇÃO COM OUTROS SINTOMAS 
FISIOLÓGICOS, COMPORTAMENTAIS E COGNITVOS. 
➔ Sintomas Fisiológicos: distúrbios do sono (despertar precocemente, insônia, sonolência), alterações 
no apetite (perda ou aumento do apetite), perda de peso e falta de energia 
➔ Sintomas Comportamentais: lentidão no movimento (retardo psicomotor) ou agitação 
➔ Sintomas Cognitivos: são evidentes no conteúdo dos pensamentos (desesperança, inutilidade, culpa, 
ideação suicida) e nos processos cognitivos (dificuldade de concentração, prejuízo de memória) 
➔ Sintomas Psicóticos: nas formas mais GRAVES, pode apresentar delírios (falsas crenças inabaláveis 
que não podem ser explicadas). Esses sintomas são um REFLEXO DO SENTIMENTO, i.e., se uma 
pessoa se sente podre por dentro, pode acreditar que exala um forte odor 
A depressão unipolar, episódica, primária, com PELO MENOS 2 SEMANAS DE 
DURAÇÃO é considerada DEPRESSÃO MAIOR. Cerca de metade dos casos acomete 
jovens com menos de 25 anos, e, quanto mais cedo na vida aconteceu o episódio, 
maior a chance de RECORRÊNCIA (2º episódio). Quando ocorre o 2º episódio, um 
PADRÃO DE REMISSÕES se instala, sendo que algumas pessoas não se recuperam 
completamente de um episódio agudo, apresentando uma DEPRESSÃO CRÔNICA e 
constante mais amena que pode ser pontilhada por episódios mais graves. As 
depressões CRÔNICAS LEVES por mais de 2 anos são chamadas de DISTIMIAS, que, 
embora possua sintomas mais leves, são, a longo prazo, muito incapacitantes. 
 
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Diagnóstico 
Apresentar 5 OU MAIS dos seguintes sintomas na maior parte dos dias, quase todos os dias, em um período 
de 2 SEMANAS, representando uma mudança em relação ao funcionamento anterior. PELO MENOS um dos 
5 ou mais sintomas deve ser HUMOR DEPRIMIDO e/ou ANEDONIA. 
Não incluir sintomas nitidamente associados a outra condição médica. 
Esses sintomas causam sofrimento clinicamente significativos ou prejuízo no funcionamento social. 
O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância e/ou condição médica. 
Nas crianças e adolescentes, o humor pode ser irritável ao invés de triste. 
 
É importante distinguir entre único e recorrente, uma vez que o CRITÉRIO DE RESOLUÇÃO (i.e., a duração 
do tratamento e a resolução para os sintomas) para cada episódio é diferente. 
➔ Episódio único – a depressão pode ocorrer como um EPISÓDIO ÚNICO ou ser RECORRENTE, sendo 
o primeiro diferenciado do segundo pelo CURSO INCERTO dos transtornos únicos!! 
➔ Recorrente – Aqueles indivíduos que estão vivenciando pelo menos um SEGUNDO episódio de 
depressão são classificados com TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR RECORRENTE. Para que sejam 
classificados como dois episódios distintos, é importante que haja uma separação entre os dois de, 
pelo menos, DOIS MESES, dos quais o paciente não pode ter sintomas significativos. 
 
No registro, seguir a ordem: transtorno depressivo maior, episódio único ou recorrente, especificadores de 
gravidade/psicótico/remissão, seguidos pelos especificadores sem código que se aplicam ao episódio atual 
(sintomas ansiosos, características mistas, melancólicas, atípicas, psicóticas congruentes ou incongruentes 
com o humor, catatonia). 
 
Luto X Episódio Depressivo 
 
Respostas a uma PERDA SIGNIFICATIVA (p. ex., luto, ruína financeira, perdas por um desastre 
natural, uma doença médica grave ou incapacidade) podem incluir os 9 sentimentos citados 
do DSM 5, tornando-se parecido com um episódio depressivo. Essa resposta à perda é 
FISIOLÓGICA, porém não exclui a possibilidade de um TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR, 
sendo importante avaliar a HISTÓRIA DO INDIVÍDUO e as NORMAS CULTURAIS para a 
expressão de sofrimento no contexto de uma perda. Pacientes com transtorno depressivo 
maior e luto associados apresentam um PROGNÓSTICO PIOR, porém esse fenômeno tende 
a ocorrer em pessoas com outras VULNERABILIDADES para o transtorno. 
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Características para diferenciar Luto de Transtorno Depressivo Maior (TDM): 
• Flutuação - A disforia no luto pode diminuir de intensidade ao longo de dias a semanas, ocorrendo 
em ondas, conhecidas como “dores do luto”, e tendem a estar associadas a pensamentos ou 
lembranças do falecido. O humor deprimido de um transtorno depressivo maior é mais PERSISTENTE 
e não está ligado a pensamentos ou preocupações específicos. 
 
• Conteúdo dos pensamentos - Os pensamentos no luto geralmente apresentam 
preocupação com LEMBRANÇAS DO FALECIDO, em vez das ruminações 
autocríticas ou pessimistas encontradas no TDM. 
 
• Autoestima - No luto, a autoestima costuma estar preservada, ao passo que no TDM 
os sentimentos de desvalia e aversão a si mesmo são comuns. Se presente no luto, 
a ideação autodepreciativa costuma envolver a percepção de falhas em relação ao 
falecido (p. ex., não ter feito visitas com frequência suficiente, não dizer ao falecido 
o quanto o amava). 
 
• Suicídio - Seum indivíduo enlutado pensa em MORTE E EM MORRER, tais pensamentos costumam ter 
o foco no falecido e possivelmente em “se unir” a ele, enquanto no TSM esses pensamentos têm o 
foco em acabar com a própria vida por causa dos sentimentos de desvalia, de não merecer estar vivo 
ou da incapacidade de enfrentar a dor da depressão 
 
Especificadores do TDM 
São utilizados para descrever pacientes com transtornos de humor, i.e., são SUBTIPOS DA DEPRESSÃO. 
➔ Com aspectos psicóticos – a presença de aspectos psicóticos (em incongruência com a realidade – 
delírio, alucinação, fala incoerente) no transtorno depressivo maior reflete UM MAU PROGNÓSTICO. 
Em um estudo, foi constatado que o TRANSTORNO BIPOLAR TIPO 1 é mais comum em famílias com 
histórico de DEPRESSÃO PSICÓTICA. Além disso, geralmente os pacientes com aspectos psicóticos 
necessitam de MEDICAÇÃO ANTIPSICÓTICA além dos antidepressivos, o que está associado a maior 
risco pelo uso desses fármacos. 
o Os sintomas psicóticos são categorizados como: 
▪ Congruentes com o Humor – em harmonia com o transtorno de humor, por exemplo: “eu 
mereço ser punido porque sou muito mau”. 
▪ Incongruentes com o Humor – geralmente podem desenvolver transtorno esquizofrênico. 
 
➔ Com aspectos melancólicos – um termo muito utilizado na psiquiatria para se referir a depressão 
caracterizada por: 
a. Anedonia grave; 
b. Despertar matinal precoce; 
c. Perda de peso; 
d. Sentimentos profundos de culpa; 
Não é incomum que esses pacientes apresentem IDEAÇÃO SUICIDA – essa melancolia está associada a 
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS, sendo denominada “depressão endócrina”, i.e., que se origina na AUSÊNCIA 
DE ESTRESSORES ou PRECIPITANTES EXTERNOS da vida. 
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➔ Com aspectos Atípicos – embora atípicos, possuem 
características específicas, previsíveis, como o EXCESSO 
DE APETITE e de SONO, muitas vezes chamados de 
sintomas vegetativos reversos. Esses pacientes tem uma 
idade de início mais precoce, lentificação psicomotora 
mais grave, comorbidade como transtorno de pânico. 
Há uma ALTA INCIDÊNCIA de sintomas de ansiedade 
em indivíduos com aspectos atípicos, contribuindo para 
que sejam diagnosticados de forma EQUIVOCADA com 
um TRANSTORNO DE ANSIEDADE ao invés de 
TRANSTORNO DE HUMOR. 
o Reatividade do humor consiste na capacidade de 
se alegrar frente a EVENTOS POSITIVOS, podendo 
permanecer eutímico por longos períodos caso as condições externas permaneçam positivas. 
 
➔ Com aspectos catatônicos – mais frequente na esquizofrenia e nos transtornos de humor, a catatonia 
(estupor, afeto embotado, reclusão, retardo psicomotor) pode ser observada naquela depressão com 
aspectos psicóticos. 
➔ Com início no pós-parto – só é classificado como distúrbio do humor no pós parto se o início ocorrer 
4 SEMANAS após o parto. 
➔ Padrão Sazonal – Transtorno Afetivo Sazonal - A tendência a vivenciar episódios depressivos durante 
uma determinada estação, que geralmente é o inverno. 
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Epidemiologia 
 
➔ Incidência e Prevalência – o transtorno depressivo maior tem a prevalência 
mais alta ao longo da vida de todos os transtornos psiquiátricos (17%) e 
apresenta acentuada diferença na prevalência entre as FAIXAS ETÁRIAS, 
sendo em indivíduos entre 18 e 29 anos 3X MAIOR que os acima de 60 
anos. Sua incidência tem probabilidade aumentada na PUBERDADE, 
sendo o pico aos 20 anos. 
 
➔ Sexo – No transtorno depressivo maior, independente do país ou da 
cultura, há uma prevalência 1,5 a 3X MAIOR do transtorno depressivo em 
MULHERES do que em homens. As hipóteses para tal incluem as diferenças 
hormonais, efeitos do parto, estressores psicossociais diferentes para mulheres. A influência do sexo 
é maior na PREVALÊNCIA E INCIDÊNCIA, não alterando, entretanto, o CURSO OU A RESPOSTA AO 
TRATAMENTO. Há um RISCO MAIOR DE TENTATIVA DE SUICÍDIO nas mulheres e um RISCO 
MENOR DE SUICÍDIO COMPLETO! 
 
➔ Idade – Cerca de metade dos casos acomete jovens com menos de 25 anos, e, quanto mais cedo na 
vida aconteceu o episódio, maior a chance de RECORRÊNCIA (2º episódio). Quando ocorre o 2º 
episódio, um PADRÃO DE REMISSÕES se instala. A faixa etária de 35 a 49 anos esteve mais associada 
com risco aumentado, especialmente na Nova Zelândia, nos Estados Unidos e no Brasil. 
 
➔ Estado Civil – mais frequente em pessoas SEM relacionamentos interpessoais íntimos e naquelas 
DIVORCIADAS. Transtornos mentais foram POSITIVAMENTE associados com casamentos precoces 
(antes dos 18 anos) e NEGATIVAMENTE com casamentos em idades superiores. 
 
Fatores de Risco 
 
➔ Temperamentais – a AFETIVIDADE NEGATIVA (neuroticismo) é um fator de risco para o INÍCIO DE 
TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR, principalmente em resposta a eventos estressantes na vida. 
 
➔ Ambientais – Principalmente experiências na INFÂNCIA. Eventos estressantes na vida podem ser 
precipitantes de episódios. 
 
➔ Genéticos e Fisiológicos – Familiares de 1° grau de indivíduos com transtorno 
depressivo maior tem risco 2 A 4 VEZES MAIOR de desenvolver a doença do que a 
população geral – A herdabilidade é de aproximadamente 40%, sendo o 
neuroticismo importante para a propensão genética. 
 
➔ Comorbidades – mais frequentemente os indivíduos com TDM apresentam ABUSO OU 
DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL, TRANSTORNO DE PÂNICO, TOC e TRANSTORNO DE ANSIEDADE 
SOCIAL. 
 
➔ Modificadores do Curso – indivíduos com outros TRANSTORNOS MAIORES que não estejam 
relacionados ao humor apresentam RISCO AUMENTADO de desenvolver depressão – os fatores mais 
frequentemente associados ao início do TDM é USO DE SUBSTÂNCIAS, ANSIEDADE E TRANSTORNO 
DE PERSONALIDADE BORDERLINE. 
 
➔ Psicossociais – Eventos de vida estressantes precedem os PRIMEIROS EPISÓDIOS de transtornos do 
humor (e não os subsequentes), isso porque o estresse que acompanha o primeiro episódio causa 
mudanças duradouras na biologia cerebral, que alteram sinalizadores e neurotransmissores a longo 
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prazo!! Por isso, a pessoa pode desenvolver episódios subsequentes de um transtorno de humor sem 
que haja um ESTRESSOR EXTERNO. Existem correntes de pensamento que postulam que os eventos 
de vida tenham papel primário na depressão, enquanto outros postulam que o papel é LIMITADO 
AO INÍCIO DA DEPRESSÃO. 
 
o O evento de vida mais frequentemente associado ao desenvolvimento da depressão é a PERDA 
DE UM DOS GENITORES ANTES DOS 11 ANOS DE IDADE. 
o O estressor ambiental mais associado ao início de um episódio é a PERDA DE UM CÔNJUGE 
+ DESEMPREGO. 
 
➔ Fatores de Personalidade – nenhum traço isolado de personalidade predispõe ao episódio depressivo 
maior, uma vez que todo e qualquer traço pode e deve ficar deprimido sob uma determinada 
circunstância (normal, né). Certos TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE (borderline, obsessivo-
compulsivo) apresentam maior risco de depressão que as com ANTISSOCIAL ou PARANOIDE. 
 
➔ Fatores Psicodinâmicos – Explicado por Freud, essa é conhecida como a VISÃO CLÁSSICA da 
depressão: 
ii. Distúrbios na relação mãe-bebê na fase oral (10-18 meses) 
iii. Perda real ou imaginada do objeto 
iv. Introjeção de objetos que partiram para lidar com a perda do objeto 
v. A perda do objeto é percebida como uma mistura de amor-ódio, sendo a raiva dirigida para o self 
Silvano Arieti observou que pacientes depressivos viviam as suas vidas muito mais para os outros 
do que para si mesmo, sendo a depressão resultante da percepção de que a pessoa pelo o qual 
está vivendo nunca irá satisfazer as expectativas 
 
 
Tratamento Farmacológico 
Importante que o diagnóstico tenha sido estabelecido corretamente, uma vez que os 
transtornos do espectro unipolar e bipolar requerem TRATAMENTOS DIFERENTES. 
O tratamento farmacológico tem como objetivo a REMISSÃO DOS SINTOMAS, não 
apenas a redução, uma vez que sintomas residuais podem desencadear uma 
REICIDIVA. 
 
A utilização de farmacoterapia específica para o TDM quase DUPLICA as chances 
de recuperaçãode um paciente em UM MÊS, uma vez que os antidepressivos do 
mercado podem levar de 3-4 semanas para exercer efeito terapêutico. A escolha do 
antidepressivo é feita pelo: 
➔ Efeito colateral menos prejudicial a condição física 
➔ Temperamento 
➔ Estilo de vida 
 
❖ Diretrizes Clínicas Gerais – o erro clínico mais comum que leva a uma tentativa malsucedida de tratamento 
farmacológico é USO DE DOSES BAIXAS POR UM CURTO PERÍODO, uma vez que o recomendado é 
ELEVAR A DOSAGEM AO MÁXIMO POSSÍVEL e MANTER POR 4 ou 5 SEMANAS antes de considerar uma 
tentativa malsucedida. 
➢ Se um paciente com dose baixa estiver com MELHORA CLÍNICA perceptível, essa dose NÃO DEVE 
SER AUMENTADA! 
 
❖ Duração e Profilaxia – a duração do tratamento para o PRIMEIRO EPISÓDIO DEPRESSIVO deve ser de OU 
6 MESES OU O TEMPO DO ÚLTIMO EPISÓDIO DEPRESSIVO (escolher o que for maior). Aqueles pacientes 
que já apresentaram TRÊS OU MAIS episódios ao longo da vida indica-se um tratamento de 5-10 anos. 
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Quando o tratamento antidepressivo é interrompido, a dose do medicamento deve ser DIMINUÍDA 
gradualmente ao longo de 1 a 2 semanas, dependendo da meia-vida do fármaco. 
 
❖ Seleção do Medicamento Inicial – de uma forma geral, os antidepressivos não se diferenciam entre si na 
EFICÁCIA GLOBAL, VELOCIDADE DE RESPOSTA, porém diferem na FARMACOLOGIA, INTERAÇÃO 
MEDICAMENTOSA, EFEITOS COLATERAIS, AJUSTE DE DOSE. Dessa forma, a falha com o tratamento 
com um medicamento não significa que os outros também irão falhar. 
➢ Para a escolha do fármaco inicial, deve-se atentar para CRONICIDADE, HISTÓRIA FAMILIAR DE 
RESPOSTA AO TRATAMENTO, GRAVIDADE DOS SINTOMAS, COMORBIDADES, PREFERÊNCIA DO 
PACIENTE. 
 
❖ Divisão do Tratamento – se dá em: AGUDA, DE CONTINUAÇÃO E DE MANUTENÇÃO – a 
o Fase Aguda é aquela com duração de 6-12 semanas, compreendida entre o início do tratamento 
e a remissão dos sintomas. 
o Fase de Continuação dura, em média, 4-9 meses, tendo como principal objetivo a manutenção 
da fase de remissão, prevenindo recaídas. 
o Fase de Manutenção consiste naquela em que se evita a recorrência do episódio e busca-se manter 
o retorno do paciente ao estado pré-mórbido. 
 
❖ Uso terapêutico dos efeitos colaterais – Escolher antidepressivos mais SEDATIVOS para pacientes mais 
ANSIOSOS e deprimidos (exemplo: amitriptilina) ou o uso de agentes mais ativadores para pacientes com 
retardo psicomotor NÃO É UMA OPÇÃO TERAPÊUTICA MUITO INTELIGENTE, uma vez que, a longo 
prazo, pode causar DEPENDÊNCIA!!! O uso de medicamentos adjuvantes (ansiolíticos) combinados com 
os antidepressivos é frequente para ENCOBRIR os do medicamento. 
 
❖ Regras para os ANTIDEPRESSIVOS: 
• Começar com 50% da dose e aumentar com 7 a 14 dias. 
• EFEITOS COLATERAIS - até 2 semanas. 
• INÍCIO DO EFEITO TERAPÊUTICO – 14 a 28 dias. 
• PICO DO EFEITO TERAPÊUTICO – 8 a 12 semanas. 
• USO MÉDIO – 9 a 12 meses. 
• APÓS 60 DIAS – diminui, teoricamente, 50% dos sintomas. 
• APÓS 120 DIAS – teoricamente, 100% de resolução dos sintomas. 
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Farmacologia 
O tratamento para depressão mais utilizado é aquele que tem como alvo o SISTEMA MONOAMINÉRGICO 
DO SNC – as monoaminas são sintetizadas em pequenos núcleos do Tronco Encefálico (TE). 
➔ TE CAUDAL: serotonina e noradrenalina; 
➔ TE ROSTRAL: dopamina (substância negra e área tegmentar ventral); 
 
Desses núcleos partem projeções para TODO O CÉREBRO, além de os serotonérgicos e noradrenérgicos 
partirem via descendente para a medula espinhal, sendo essa distribuição a responsável pelas diversas 
respostas coordenadas entre sistema nervoso central e respostas somáticas. 
 
 
 
Síntese e Liberação: Essas monoaminas são sintetizadas a 
partir de um aminoácido precursor, podendo ser 
armazenada em vesícula para liberação ou ser metabolizada 
pela monoaminoxidase (MAO) na membrana da 
mitocôndria. Quando liberados na fenda sináptica, esses 
neurotransmissores ligam-se a receptores na membrana 
pós-sináptica ou são recaptados por transportes específicos. 
A SEROTONINA e a NORADRENALINA possuem uma 
variedade de receptores pré-sinápticos e pós-sinápticos – 
para a serotonina, existem cerca de 14 TIPOS de receptores 
que se dividem em 7 classes principais (5-HT1 → 5-HT7) – 
para a noradrenalina, os receptores são divididos em 
ADRENÉRGICOS α e β com diversos subtipos. Todos estes 
(serotonina, noradrenalina e dopamina), em sua maioria, 
são receptores acoplados a PROTEINA G, que iniciam 
CASCATAS DE SINALIZAÇÃO promovendo as alterações nos 
neurônios. São nesses receptores acoplados a proteína G em 
que os ANTIDEPRESSIVOS irão atuar!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. Inibidores da Monoaminoxidase (IMAO) 
Foram os primeiros antidepressivos com eficácia clínica comprovada contra ansiedade e 
depressão, como a fenelzina e a tranilcipromina, porém são pouco utilizados pela grande 
quantidade de EFEITOS ADVERSOS. Sua base neurofarmacológica está relacionada com 
o impedimento da degradação de NORADRENALINA, SEROTONINA e DOPAMINA nos 
terminais pré-sinápticos, permitindo que haja mais neurotransmissor para ser 
ARMAZENADO em vesícula e posteriormente LIBERADO. 
 
➔ MAO A e B – a monoaminoxidase (MAO) está presente em duas formas no SNC: A e B. A MAO A, 
entretanto, pode ser encontrada no fígado, participando da DEGRADAÇÃO DE AMINAS 
ALIMENTARES, que, ao serem degradadas, são captadas por neurônios do sistema simpático, 
podendo ser liberadas abundantemente, o que causa uma GRAVE ELEVAÇÃO NA PRESSÃO 
ARTERIAL. Dessa forma, os inibidores seletivos de MAO A ou inibidores não seletivos de uma forma 
geral exigem que os pacientes evitem alimentos com alta concentração de monoaminas, sendo esta 
a principal limitação para o uso desses fármacos. 
 
➔ Podem ser classificados quanto à REVERSIBILIDADE e SELETIVIDADE para MAO-A ou MAO-B: 
a. Inibidores não seletivos para MAO – Fenelzina, Isocarboxiazida e Tranilcipromina. 
b. Inibidores Seletivos para MAO – Selegilina (MAO-B) e Clorgilina (MAO-A). 
c. Inibidor Reversível da MAO – Moclobemida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. Tricíclicos 
Inibem os TRANSPORTADORES DA NORADRENALINA E SEROTONINA OU AMBOS, o que permite a 
permanência delas na fenda sináptica, sendo efetivos no tratamento de depressão, embora possuam diversos 
efeitos COLATERAIS decorrentes da inibição de outros receptores, como receptores muscarínicos, H-1 
(histamina) e noradrenérgicos. 
 
Podem ser utilizados para tratar Depressão, Insônia, Dor neuropática, Enxaqueca, Enurese noturna, TOC, 
TDAH. 
 
Tem efeitos ANTICOLINÉRGICOS – então, em demência, por exemplo, diminui o fluxo sanguíneo cerebral 
(FSC) e piora a cognição; em idoso com insônia, por exemplo, fez o uso de amitriptilina e desenvolveu 
ALTERAÇÃO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA AGUDA + DESORIENTAÇÃO + OBNUBLAÇÃO → delirium 
secundário à anticolinérgicos!! 
➔ Efeitos Colaterais 
o Risco de ciclagem bipolar*. 
o Arritmia. 
o Sedação (!) e Ganho de peso pelo efeito anti-histamínico. 
o Idosos podem desenvolver DELIRIUM ANTICOLINÉRGICO. 
o Anticolinérgico – hipotensão, xeroftalmia, xerodermia, xerostomia, constipação intestinal, 
retenção urinária. 
o Seguros na gravidez, embora deve-se evitar o 1 trimestre. 
o CONTRA INDICADO NA LACTAÇÃO. 
o CUIDADO COM SUICIDA – o índice terapêutico é muito pequeno, então a superdosagem pode 
ser extremamente tóxica. 
 
 
 
TRICÍCLICOS 
EFEITOS COLATERAIS CONTRAINDICAÇÕES 
Ciclagem em bipolar 1° Trimestre da Gestação – evitar, mas é seguro na 
gestação 
 
Anticolinérgico: 
• Xerostomia 
• Boca Seca 
• Hipotensão Postural 
• Disfunção Sexual 
• Constipação Intestinal 
• Ganho de peso 
• Retenção Urinária 
Retenção urinária 
Íleo paralítico 
Anti-Histamínico 
• Sedação 
• Ganho de Peso 
 
Risco Cardíaco 
• Arritmia 
Distúrbios de condução cardíaca 
IAM recente 
Idosos 
• Delirium 
• Quedas 
 
Suicídio Bipolar sem o uso de estabilizadordo humor (risco de 
ciclagem) 
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o Clomipramina – ótimo antidepressivo, sendo o único para o uso do tratamento do TOC – 75-250 mg 
ÚNICO COM EFEITO SEROTONINÉRGICO dos tricíclicos! 
o Nortriptilina – 50-150mg – menos efeitos colaterais, menor risco cardíaco, menor sedação, menos 
efeitos anticolinérgicos – indicado para IDOSOS, CRIANÇAS, FIBROMIALGIA, DOR CRÔNICA e 
NEUROPATIA. 
o Amitriptilina – 75-300mg - atua sobre H1, COLINÉRGICOS, SEROTONINA e NORADRENALINA, ou 
seja, apresenta muitos efeitos colaterais, principalmente ANTICOLINÉRGICOS!! Ex: criança com 
transtorno de humor, enurese noturna – massa usar amitriptilina! 
o Bupropiona – Dentre os antidepressivos, é o MAISN SEGURO para bipolares, pois age na DOPAMINA 
e na NORADRENALINA, mas não nas vias serotoninérgicas, que são as principais responsáveis pela 
virada maníaca! 
o Maprotilina – Todos os antidepressivos estão associados à uma diminuição do limiar para crises 
convulsivas, sendo importante avaliar o histórico do paciente antes do seu uso. A maprotilina em 
específico tem MAIOR RISCO CONVULSIVO! 
 
3. Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS) 
São fármacos muito utilizados, uma vez que a sua seletividade permite uma menor taxa 
de efeitos secundários. Farmacologicamente, seus alvos são os TRANSPORTADORES DE 
SEROTONINA que não permitem a permanência do neurotransmissor na fenda sináptica, 
levando-a para ser ou degradada ou realocada em vesículas (inibição ALOESTÉRICA pela 
ligação a um sítio diferente da serotonina). Além disso, age nos AUTORRECEPTORES 
5HT1 pré-sinápticos, aumentando a liberação dela na sinapse. São medicamentos 
utilizados no tratamento de DEPRESSÃO MAIOR, TRANSTORNO ANSIEDADE e do TOC. 
➔ Atenção – apesar de apresentar o mesmo mecanismo de ação, existem algumas DIFERENÇAS 
FARMACODINÂMICAS entre os ISRS 
o Fluoxetina – também atua na recaptação de NORADRENALINA 
o Sertralina – pode inibir a recaptação de DOPAMINA 
o Paroxetina - atividade anticolinérgica e, em doses elevadas, inibe a recaptação de 
noradrenalina 
o Citalopram e Escitalopram – mais seletivos ISRS 
 
 
 
 
 
 
 
 
EFEITOS COLATERAIS INICIAIS (ISRS) EFEITOS COLATERAIS 
MANUTENÇÃO 
SÍNDROME DA DESCONTINUAÇÃO 
(exceto fluoxetina) 
TGI: 
• Náuseas 
• Diarreia (sertralina) 
• Hiporexia 
• Constipação (paroxetina) 
Disfunção Sexual – Esse efeito 
permite que essas drogas sejam 
usadas para EJACULAÇÃO PRECOCE! 
Tontura; Vertigem 
Cefaleia Síndrome da Descontinuação Cefaleia 
Vertigem Ganho de Peso Mialgia 
Perda de peso - Fluoxetina Diminuição da Libido Vômito; Náusea 
PIORA DA ANSIEDADE, AGITAÇÃO Ansiedade 
 Fadiga 
 Parestesias 
SEGURO GESTAÇÃO FLUOXETINA E SERTRALINA 
SEGURO LACTAÇÃO FLUOXETINA E SERTRALINA 
SEGURO CRIANÇAS FLUOXETINA 
SEGURO IDOSOS CITALOPRAM, ESCITALOPRAM 
E SERTRALINA 
–
 
 13 
 
• Fluoxetina – É um fármaco de meia vida longa, por isso, depois da descontinuação, esperar 14 dias 
para iniciar outro medicamento. Além disso, esta meia vida permite que não seja necessário 
DESMAMAR o medicamento e nem mesmo causa síndrome da descontinuação serotoninérgica. Por 
apresentar um EFEITO ATIVADOR, deve ser administrado no CAFÉ DA MANHÃ ou no ALMOÇO, pois 
pode causa insônia durante a noite. Em adolescentes, pode causar o SUICÍDIO PARADOXAL, que é 
quando, pelo efeito ativador, o paciente ganha energia para tentar o suicídio. 
o Curiosidade: Muitos indivíduos enxergam a fluoxetina como um fármaco “emagrecedor”, pois, 
no início do tratamento, pode haver esse efeito. O que se observa, entretanto, é que, na fase 
de MANUTENÇÃO, há uma tendência para o GANHO DE PESO (maior do que a perda de 
peso inicial). 
 
 
 
 
 
 
FLUOXETINA ISRS 
Perda de peso inicial EFEITO ATIVADOR → Insônia, Suicídio 
20-80mg; Meia vida longa (7-14 dias); Retirada 
abrupta 
BARATO E EFICAZ 
EFEITOS COLATERAIS CONTRAINDICAÇÕES 
Erupções de pele Hipersensibilidade ao fármaco 
Delirium em níveis séricos muito elevados – maior esse 
risco em pcts com deficiência hepática 
Em combinação ou antes de 14 dias após suspensão de 
IMAO 
Histórico de convulsões - cuidado 5 semanas entre suspensão fluoxetina-início IMAO 
Em pcts com DM – hipoglicemia durante o tto e 
hiperglicemia pós tto 
Risco de suicídio em adolescentes 
Hiponatremia em alguns casos 
SERTRALINA ISRS 
50-200mg Diarreia no início!! 
Seguro na gravidez + lactação e em idosos USO APARTIR DOS 6 ANOS 
EFEITOS COLATERAIS CONTRAINDICAÇÕES 
É o fármaco de escolha para EPILÉPTICOS Hipersensibilidade ao fármaco 
Insuficiência hepática aumenta a concentração sérica Em combinação ou antes de 14 dias após suspensão de 
IMAO 
Monitorar os pensamentos e comportamentos suicidas Uso concomitante de pimozida e tioridazina 
Risco de sangramento em pcts com uso de 
anticoagulantes 
 
PAROXETINA ISRS 
20-60mg Ganho de peso; Constipação Intestinal; Disfunção 
Sexual → EFEITO ANTICOLINÉRGICO 
Causa Sedação! Uso noturno USADO NA EJACULAÇÃO PRECOCE 
EFEITOS COLATERAIS CONTRAINDICAÇÕES 
Como todo antidepressivo, ter cuidado com pcts com 
histórico de MANIA 
Hipersensibilidade ao fármaco 
Insuficiência hepática aumenta a concentração sérica Em combinação ou antes de 14 dias após suspensão de 
IMAO 
Se causar convulsões, DESCONTINUAR Uso concomitante de pimozida e tioridazina 
Risco de sangramento em mucosas 
ÚNICO COM EFEITO ANTICOLINÉRGICO – por isso, causa 
ganho de peso, constipação intestinal e tem risco de 
DELIRIUM ANTICOLINÉRGICO em idosos. 
 
–
 
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4. Inibidores da Recaptação de Serotonina de Noradrenalina 
São fármacos utilizados em transtorno depressivo maior e no tratamento da DOR (neuropatias e 
fibromialgias). Ao contrário dos tricíclicos, POSSUEM MENOR INTERAÇÃO COM OUTROS RECEPTORES, 
diminuindo os efeitos colaterais – sua afinidade com os SERT (receptores de serotonina) é maior do que com 
os NET (receptores de noradrenalina). 
➔ Efeitos Colaterais – são semelhantes aos dos ISRS, porém acrescidos de um POTENCIAL AUMENTO 
PRESSÓRICO 
➔ Venlafaxina X Desvenlafaxina – a desvenlafaxina (metabólito ativo da venlafaxina) NÃO É 
MATABOLIZADA POR CYP2D6 e apresenta BIODISPONIBILIDADE 2X maior que a venlafaxina. 
 
CITALOPRAM ISRS 
20-40mg Menor interação medicamentosa 
Mais seletivo para a SEROTONINA!!! CAUSA DISTÚRBIOS NA CONDUÇÃO CARDÍACA 
EFEITOS COLATERAIS CONTRAINDICAÇÕES 
Pode prolongar QT, risco de torsades de pointes Hipersensibilidade ao fármaco 
Não pode ultraprassar a dose mínima (20mg) em: 
• > 60 anos 
• Insuficiência Hepática 
• Uso de outros medicamentos que prolongam QT 
• IR grave 
Em combinação ou antes de 14 dias após suspensão de 
IMAO 
Se distúrbios eletrolíticos prévios, corrigir e avaliar 
periodicamnete 
• Observar sinais e sintomas em IDOSOS 
 
Uso concomitante de pimozida 
Risco de sangramento em mucosas Síndrome congênita do QT longo 
Assim como todos antidepressivos, observar histórico de 
CONVULSÕES 
Pcts com bradicardia, hipocalcemia, IAM recente, IC 
descompensada 
Risco de sangramento 
ESCITALOPRAM ISRS 
10-20mg Menor interação medicamentosa 
Enantiômero do CITALOPRAM CAUSA DISTÚRBIOS NA CONDUÇÃO CARDÍACA 
EFEITOS COLATERAIS CONTRAINDICAÇÕES 
Pode prolongar QT, risco de torsades de pointes Hipersensibilidade ao fármaco 
Não pode ultraprassar a dose mínima (20mg) em: 
• > 60 anos 
• Insuficiência Hepática 
• Uso de outros medicamentos que prolongam QT 
• IR grave 
Em combinação ou antes de 14 dias após suspensão de 
IMAO 
Se distúrbios eletrolíticos prévios, corrigir e avaliar 
periodicamnete 
• Observar sinais e sintomas em IDOSOS 
 
Uso concomitante de pimozida 
Risco de sangramento em mucosas Síndrome congênita do QT longo 
Assim como todos antidepressivos, observar histórico de 
CONVULSÕES 
Pcts com bradicardia, hipocalcemia, IAM recente, IC 
descompensada 
Risco de sangramento 
–
 
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VENLAFAXINA IRSN 
75-225mg Dor neuropática 
Bom para quadrosresistentes SEGURO EM IDOSOS 
EFEITOS COLATERAIS CONTRAINDICAÇÕES 
Hipertensão em altas doses Hipersensibilidade ao fármaco 
Observar se função renal comprometida: 
• Dose diminuída e 1x dia 
Em combinação ou antes de 14 dias após suspensão de 
IMAO 
Cuidado com histórico de crise convulsiva 
 
 
Não associar a CIMETIDINA 
DESVENLAFAXINA IRSN 
50-200mg Dor neuropática 
Bom para quadros resistentes SEGURO EM IDOSOS 
EFEITOS COLATERAIS CONTRAINDICAÇÕES 
Hipertensão em altas doses Hipersensibilidade ao fármaco 
Observar se função renal comprometida: 
• Dose diminuída e 1x dia 
Em combinação ou antes de 14 dias após suspensão de 
IMAO 
Cuidado com histórico de crise convulsiva 
 
 
Não associar a CIMETIDINA 
Efeitos anti-colinérgicos: 
• Boca seca 
• Constipação/Diarreia 
• Náusea 
• Cefaleia 
• Fadiga 
• Sudorese 
 
DULOXETINA IRSN 
60-120mg Cuidado com idosos 
Dose antidepressiva > 60mg FIBROMIALGIA; DOR NEUROPÁTICA 
EFEITOS COLATERAIS CONTRAINDICAÇÕES 
Diminui o limiar convulsivo Hipersensibilidade ao fármaco 
Observar se função renal e hepática comprometida Em combinação ou antes de 14 dias após suspensão de 
IMAO 
Pode aumentar o risco de sangramentos Insuficiência hepática, renal e/ou cardíaca 
Efeitos colaterais: 
• Sonolência 
• Náusea/Vômito 
• Fadiga 
• Boca Seca 
• Sudorese Noturna 
• Redução de Apetite 
 
Glaucoma 
–
 
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5. Antidepressivos Atípicos 
 
 
 
 
 
MIRTAZAPINA 
30-45mg Menos disfunção sexual 
Efeito Sedativo importante + Ganho de peso ÓTIMA PARA IDOSOS! Talvez melhor até mesmo que o 
escitalopram para tratar TDM. 
É antagonista dos autorreceptores ALFA 2 
NORADRENÉRGICOS PRÉ-SINÁPTICOS e dos alfa-2 
HETERORRECEPTORES SEROTONINÉRGICOS 
responsáveis pela liberação de NORA e 5HT na fenda!! 
Baixo risco cardíaco e baixa interação medicamentosa 
EFEITOS COLATERAIS CONTRAINDICAÇÕES 
Cautela ao operar máquinas → SEDATIVO Hipersensibilidade ao fármaco 
Observar se função renal e hepática comprometida Em combinação ou antes de 14 dias após suspensão de 
IMAO 
Pode conter aspartame, cuidado com 
FENILCETONÚRICOS 
 
Efeitos colaterais: 
• Sonolência/Sedação 
• Boca Seca 
• Sudorese Noturna 
• Aumento de Apetite (percepção do sabor 
aumentada) 
• Tontura 
 
 
BUPROPIONA 
150-450mg Indicado para TABAGISMO 
Afeta a recaptação de DOPAMINA e NORADRENALINA Crises convulsivas em dose >450mg 
EFEITOS COLATERAIS CONTRAINDICAÇÕES 
Cautela ao operar máquinas → SEDATIVO Hipersensibilidade ao fármaco 
Observar se função renal e hepática comprometida Em combinação ou antes de 14 dias após suspensão de 
IMAO 
Pode conter aspartame, cuidado com 
FENILCETONÚRICOS 
Bulimia e anorexia – RISCO DE CONVULSÕES 
Efeitos colaterais: 
• Sedação 
• Boca Seca 
• Cefaleia 
• Fadiga 
• Insônia 
• Inquietação 
• Perda de peso 
• Tontura 
• Taquicardia 
 
Epilepsia 
 TCE 
 Pcts em fase de descontinuação de ÁLCOOL ou 
SEDATIVOS 
–
 
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TRAZODONA 
50-150mg Depressões LEVE - MODERADA 
Poderoso ANTAGONISTA 2-HT2A com efeitos 
secundários de inibição da RECAPTAÇÃO 
NÃO USAR EM HOMENS – risco de PRIAPRISMO!!! 
Indicado para INSÔNIA – EFEITO SEDATIVO Dose antidepressiva > 150mg 
EFEITOS COLATERAIS CONTRAINDICAÇÕES 
Virada maníaca Hipersensibilidade ao fármaco 
Risco de síndrome serotoninérgica se associada a ISRS Em combinação ou antes de 14 dias após suspensão de 
IMAO 
Recomendar a ingestão DURANTE OU 
IMEDIATAMENTE após as refeições 
Recuperação pós-IAM 
Efeitos colaterais: 
• Sedação 
• Boca Seca 
• Cefaleia 
• Fadiga 
• Sonolência 
• Inquietação 
• Ganho de peso 
• Tontura 
• Taquicardia 
 
 
Cuidado em idosos 
Evitar em pcts com problemas cardíacos 
–
 
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–
 
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• Distimia 
 
Também conhecida como TRANSTORNO DEPRESSIVO PERSISTENTE, a distimia 
(literalmente significa mau humorado) apresenta humor deprimido na maior parte 
do dia em quase todos os dias, podendo estar associado a sentimentos de 
inadequação, culpa, irritabilidade, afastamento da sociedade, perda de interesse 
e falta de produtividade. Antigamente, grande parte dos pacientes distímicos eram 
classificados com NEUROSE DEPRESSIVA. 
A distinção do TDM ocorre pois os pacientes se queixam que SEMPRE ESTIVERAM 
DEPRIMIDOS, por isso diz-se que é uma doença de INÍCIO PRECOCE, geralmente 
na infância/adolescência. Há um subtipo TARDIO em que é menos prevalente e 
menos conhecido clinicamente, geralmente de início nas POPULAÇÃO DE MEIA 
IDADE e GERIÁTRICA. 
Seu conceito central é marcado por um TRANSTORNO DEPRESSIVO SUBCLÍNICO com: 
➔ Cronicidade de baixo grau por pelo menos 2 anos 
➔ Início insidioso, com origem na infância ou adolescência 
➔ Curso persistente ou intermitente 
Os pacientes com distimia apresentam considerável INCAPACITAÇÃO e PREJUÍZO no convívio social, 
procurando mais frequentemente o serviço de saúde e fazendo maior uso de PSICOTRÓPICOS – o caráter 
CUMULATIVO E PERSISTENTE dos sintomas confere aos distímicos um FUNCIONAMENTO INFERIOR AOS 
pacientes COM TDM. 
1) Epidemiologia 
Comum entre a população geral, afetando entre 5-6% das pessoas. Em clínicas psiquiátricas, afeta entre a 
METADE e UM TERÇO de todos eles. Na idade adulta, i.e., distimia tardia, as mulheres apresentam 2 a 3 X 
mais chances de desenvolver. É mais comum em solteiros e naqueles em relacionamentos insatisfatórios. 
Apresenta ALTA COMORBIDADE, com mais de 75% dos pcts sendo com outros transtornos do eixo 1, 
principalmente o depressivo maior, dentre as quais há menor probabilidade de remissão completa entre os 
episódios. 
2) Etiologia 
Fatores Biológicos – A base biológica dos SINTOMAS da distimia e do TDM é semelhante, mas a causa da 
FISIOPATOLOGIA é diferente! 
➔ Estudos do sono – redução da latência dos movimentos oculares rápidos, i.e., redução do tempo entre 
o início do sono e o início do sono REM, e o aumento da densidade de REM (mais REM) 
➔ Estudos Neuroendócrinos – Os principais eixos observados são o da SUPRARRENAL e o TIREODIANO, 
por meio da supressão com dexametasona e da estimulação com o hormônio liberador da 
tireotrofina, respectivamente. Grande parte dos estudos mostram que pcts com DISTIMIA tem 
➔ Fatores Psicossociais – as principais teorias psicodinâmicas postulam que a distimia é resultante do 
desenvolvimento da PERSONALIDADE e do EGO, o que culmina em dificuldades de adaptação à 
adolescência e à idade adulta jovem → por isso tem início precoce 
➔ Teoria Cognitiva – a teoria cognitiva da depressão também se aplica à distimia → defende que a 
disparidade entre situações REAIS e FANTASIADAS leva a diminuição da AUTOESTIMA e a um SENSO 
DE IMPOTÊNCIA 
 
–
 
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3) Diagnóstico 
Presença de HUMOR DEPRIMIDO a maior parte do dia, por, pelo menos, 2 ANOS em adultos e 1 ANO em 
crianças e adolescentes. Para satisfazer os critérios, o paciente não deve ter sintomas que fechem diagnóstico 
para TDM e jamais pode ter episódios maníacos ou hipomaníacos. DSM V permite avaliar, também, se é uma 
DISTIMIA DE INÍCIO PRECOCE (antes dos 21) ou DISTIMIA DE INÍCIO TARDIO (depois dos 21). 
Embora o quadro clínico da distimia muitas vezes se sobreponha ao da depressão, percebe-se que os 
SINTOMAS tendem a ser mais numerosos que os SINAIS, ou seja, é muito mais SUBJETIVA e dependente do 
relato do paciente! Aqueles sinais mais observados no TDM, como alteração no apetite, na libido e 
psicomotora, são menos observados, predominando manifestações endógenas sutis (inércia, anedonia 
matinal, letargia)!! 
Os principais aspectos da distimia primária incluem TRISTEZA HABITUAL, RUMINAÇÃO, FALTA DE ALEGRIA 
NA VIDA e PREOCUPAÇÃO COM A INADEQUAÇÃO, i.e., a distimia é melhor caracterizada como uma 
DEPRESSÃO DE LONGA DURAÇÃO, FLUTUANTE, DE BAIXO GRAU 
 
Diagnóstico Diferencial – essencialmente idêntico ao do TDM – Existem DOIS TRANSTORNOS de particular 
importância para DD de distimia 
➔ Transtorno Depressivo Menor– caracterizado por episódios de sintomas depressivos menos graves que 
os do TDM, sendo a principal diferença entre a DISTIMIA e o TD Menor o HUMOR EUTÍMICO que 
pode aparecer nesse último 
➔ Transtorno Depressivo Breve Recorrente – caracterizado por períodos breves (menos de 2 semanas) de 
sintomas depressivos – diferem dos distímicos pois apresentam TRANSTORNO EPISÓDICO e de 
sintomas MAIS GRAVES 
➔ Depressão Dupla – cerca de 40% dos pcts com DM podem apresentar distimia – pior prognóstico 
➔ Abuso de Álcool e Substâncias - Essa comorbidade pode ter lógica; esses pacientes tendem a 
desenvolver métodos para lidar com seu estado depressivo crônico que envolvem abuso de 
substâncias 
 
 
 
 
–
 
 21 
 
Referências 
• SADOCK, B. J.; SADOCK, V. A.; RUIZ, P. Kaplan and Sadock’s Comprehensive Textbook of 
Psychiatry. 10a edição ed. [s.l.] Wolters Kluwer Health, 2017. 
• ASSOCIATION, A. P. et al. DSM-5 - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos 
Mentais. 5a edição ed. [s.l.] Artmed, 2014.

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