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CARCINOMA HEPATOCELULAR EPIDEMIOLOGIA/ FATOR DE RISCO O hepatocarcinoma não consta no Brasil entre os dez mais incidentes, segundo dados obtidos dos Registros de Base Populacional existentes. Os tumores primários do fígado pertencem basicamente a dois tipos: o carcinoma hepatocelular (90%), originado nos hepatócitos, e o colangiocarcinoma (10%), originado nos ductos biliares. A cirrose é o principal fator de risco para o CHC, provavelmente porque a contínua regeneração de hepatócitos estimularia o aparecimento de células malignas. O outro grande fator predisponente ao CHC é a infecção crônica pelo virus B da hepatite. A integração do genoma do HBV (um DNA virus) no genoma do hepatócito pode levar à transformação neoplásica da célula hepática. - O vírus da hepatite B, por ser um vírus tipo DNA, integra seu material genético ao do hepatócito do hospedeiro, podendo predispor ao aparecimento de mutações que levam ao CHC. Mais comum em homens. Em áreas endêmicas, a esquistossomose é considerada fator de risco. Atenção especial deve ser dada à ingestão de grãos e cereais: - Quando armazenados em locais inadequados e úmidos, esses alimentos podem ser contaminados pelo fungo aspergillus flavus, que produz a aflatoxina, substância cancerígena ligada ao Hepatocarcinoma, além de doenças relacionadas com o depósito de ferro no fígado. Causas menos comuns incluem a hemocromatose hereditária (HH), a deficiência da Alfa1-Antitripsina, a hepatite autoimune, algumas porfirias e a doenca de Wilson. O tempo de vida após o diagnóstico de um paciente com o hepatocarcinoma clinicamente detectável é extremamente curto. O CHC tem por característica ser muito agressivo, com altíssimo índice de óbito após o início dos sintomas, mais comumente icterícia e/ou ascite. SINTOMAS Estão relacionados mais diretamente ao comprometimento da função do fígado e geralmente já indicam a presença de câncer avançado. FISIOPATOLOGIA No fígado cirrótico, a lesão surge a partir de um nódulo de regeneração, que evolui com o aparecimento de displasia (alteração na maturação e formato das células) e depois de células cancerosas propriamente ditas. Como grande parte dos tumores sólidos, a velocidade do seu crescimento é mais ou menos constante, dobrando o seu volume entre 4 e 6 meses. Inflamação Mudança genética Promoção (necrose) Regeneração (com mudança genética) Progressão (expansão clonal) Hepatocarcinoma O hepatocarcinoma pode apresentar 4 graus de diferenciação (classificação de Edmonson e Steiner, 1954) e 5 tipos histológicos diferentes: - Carcinoma hepatocelular esclerosante; - Carcinoma fibrolamelar (que apresenta maior facilidade para extração cirúrgica, portanto melhor prognóstico); - Carcinoma colangiocelular; - Hepatocolangiocarcinoma; - Hepatoblastoma (mais comum em crianças). Associado à infecção por HBV: - Instabilidade genômica - Mutação do gene - Proliferação desordenada HISTOLOGIA Macroscopicamente, tanto um como outro podem apresentar-se como massa única (unifocal) , ou como múltiplos nódulos de vários tamanhos e amplamente distribuídos (padrão multifocal). O tumor maligno originado em hepatócitos mostra desorganização da arquitetura ainda mais acentuada que na cirrose. Os hepatócitos neoplásicos distribuem-se aleatoriamente, sem formar trabéculas. Traves irregulares de fibrose atravessam o tumor. Apesar de se tratar de um tumor maligno, não se observam figuras de mitose ou áreas de necrose neste espécime. Em aumento mais forte, numerosas células do tumor apresentam no citoplasma material róseo e homogêneo (portanto, hialino), na maioria em forma de grumos densos e grosseiros que se destacam do citoplasma finamente granuloso em torno. Estes corpúsculos são acúmulos de proteínas do grupo das citoqueratinas, associadas a outras. O núcleo do hepatócito tumoral freqüentemente é visível, mas pode estar fora do plano de corte. ESTADIAMENTO A classificação de Okuda (1985) tem como objetivo prever a média de sobrevida de pacientes com CHC não submetidos a qualquer tipo de tratamento minimamente eficaz - clínico ou hepatectomia. Com base em apenas quatro parâmetros relativamente simples e objetivos (apesar de ser difícil definir se a proporção do tumor em relação ao tamanho total do fígado é maior ou menor de 50%), é definido o estágio do tumor, com seu devido prognóstico estimado em semanas. A ressalva em relação a essa classificação é que os tratamentos clínicos evoluíram muito desde 1985, em especial com o surgimento de novos agentes quimioterápicos, o aprimoramento das técnicas de quimioembolização e de tratamentos percutâneos, com o auxílio de novos instrumentos, como os bisturis de argônio e Yag-laser, além da melhoria das técnicas de hepatectomia. A classificação mantém sua importância em relação à previsão de prognóstico para pacientes sem tratamento como base de comparação com os tratamentos disponíveis.
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