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FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS CLÍNICA CIRÚRGICA II GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A Avaliação e conduta cirúrgica dos nódulos e cistos pancreáticos Sintomas: inespecíficos → percebe-se um aumento do diagnóstico dessas patologias devido a incidentalomas encontrados em TC e RNM - Dor abdominal - Perda de peso - Dor Lombar - Pancreatite - Icterícia - Massa abdominal palpável - Empachamento pós-prandial Deve-se realizar uma avaliação adequada com diferenciação dessas lesões de acordo com as características clínicas, achados ecoendoscópicos, citologia e análise do conteúdo líquido Existem cistos benignos que requerem cirurgia quando sintomáticos, mas também neoplasias císticas com potencial maligno significante, que necessitam de ressecção cirúrgica 1. Pseudocisto Pancreático Representa 15-30% de todas as lesões císticas pancreáticas, são decorrentes principalmente de pancreatite ou trauma Diagnóstico: Histórico + exame de imagem prévio com ausência de cistos. Os cistos têm ausência de epitélio interno na parede do cisto, serem únicos ou múltiplos, ter comunicação com sistema ductal pancreático. São uniloculados e anecóicos, com debris. Não leva a dilatação do sistema ductal, apenas a comunicação. A maioria desses cistos tem resolução espontânea, mas em alguns casos é necessário uma abordagem cirúrgica: - Drenagem - Se forem sintomáticos - Se houverem complicações agudas: infecção, rotura e sangramento - Se houverem complicações crônicas: obstrução biliar, trombose de V.esplênica ou porta e gastroparesia - Abordagem: cirúrgica transmural > 6 semanas OU percutânea OU endoscópica (preferível) → bom abordar de 4 a 6 semanas depois do quadro de pancreatite aguda pois a cápsula está formada e a anastomose é mais segura Na imagem: pseudocisto no corpo e cauda do pâncreas com presença de debris 2. Neoplasia cística serosa Cistoadenomas: células cuboidais ricas em glicogênio. Ocorrem principalmente em mulheres > 60 anos. Pode ocorrer com massa abdominal palpável e sintomas Podem ter lesões: - Microcísticas: septos finos e regulares (favo de mel). Cicatriz central calcificada → patognomônico (imagem ao lado) - Microcísticas: >20 mm – DD: lesões mucinosas → difícil de diferenciar desse, que é maligno, tem que operar - Mistas Deve ser realizado o acompanhamento clínico (fazer TC anual se permanecer assintomático) e tratamento cirúrgico está indicado quando são sintomáticos 3. Neoplasia cística mucinosa Ocorre no corpo e cauda do pâncreas, principalmente em mulheres > 40 anos. Possui atipia celular + mucina, e tecido estromal semelhante ao ovariano. Não se comunicam com o ducto pancreático. Se apresentam como lesão macrocística multiloculada com paredes finas, nodularidade mural e calcificadas (casca de ovo) → sinais de malignidade. Pode haver obstrução ductal. Pode dar linfonodomegalia. FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS CLÍNICA CIRÚRGICA II GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A O grau de atipia determina: adenoma, “bordeline” ou carcinoma mucinoso papilar intraductal. Potencial maligno → ressecção se condições clínicas (principalmente se maior que 3cm) 4. Neoplasia mucinosa papilar intraductal (IPMN) Ocorre na cabeça do pâncreas e tem igual distribuição entre os sexos, principalmente > 50 anos. Tem comunicação com ducto pancreático principal ou secundário. Apresenta atipias celulares + mucina. Há dilatação do ducto pancreático. O grau de atipia determina: adenoma, "borderline" ou carcinoma mucinoso papilar intraductal. Acomete ducto - alterado, dilatado!!!! - Principal: ressecção cirúrgica - Secundário: acompanhamento clínico x ressecção cirúrgica 5. Neoplasia sólida pseudopapilar (Tumor de Frantz) Neoplasia rara que geralmente acomete corpo e cauda do pâncreas e é mais comum em mulheres <35 anos. Diferenciado pelo seu componente sólido cístico, com áreas de calcificação. Tem potencial de cura bem elevado com a cirurgia, logo é indicado a ressecção cirúrgica. Se faz diagnóstico geralmente tardio, com achado endoscópico de massa grande com componente sólido, sem muita invasão. Imagem: ressonância de grande lesão na cauda do pâncreas, com cápsula bem formado próximo ao baço → sempre tentar preservar o baço Quadro comparativo: Diagnóstico das lesões: Tomografia computadorizada com cortes finos – exame inicial: consegue avaliar e dar o diagnóstico Ressonância Magnética – Avaliar anatomia ductal, usa se há necessidade de avaliar melhor o ducto Ecoendoscopia: usada para elucidação diagnóstica se não foi possível com TC e ressonância (principalmente lesões < 2cm). Também é bom para se o paciente apresentar algum estigma de doença maligna. Pela ecoendo, é possivel fazer o PAAF FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS CLÍNICA CIRÚRGICA II GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A 6. Ca de Pâncreas Afeta 25.000 a 35.000 pessoas a cada ano nos EUA. No Brasil, representa 2% de todos os tipos de câncer, sendo o responsável por 4% do total de mortes por câncer. Aproximadamente 80% dos casos ocorrem entre 60 e 80 anos de idade, enquanto menos de 2% ocorrem em pessoas com menos de 40 anos. O tratamento curativo é o diagnóstico precoce e a ressecção cirurgica, e mesmo assim tem baixa sobrevida global (14%) e pode recorrer. Fatores de risco: idade avançada, tabagismo, sexo masculino, raça negra, hf de ca pancreático, pancreatite cronica ou hereditária, exposição ocupacional a carcinogênios, DM (controverso) Sinais e Sintomas: Se apresenta com perda ponderal, dor abdominal, icterícia colestática → colúria, acolia fecal, prurido, vesícula de Courvoisier-Terrier (distendida, palpável e indolor - sugere obstrução da via biliar). Pacientes apresentam níveis elevados de bilirrubina (geralmente maior que 10-15 mg/dl) , fosfatase alcalina muito elevada, CEA e o CA 19.9 (sensibilidade de 79% e especificidade de 82%) → - Presentes em doença avançada - Podem estar normais em tumores iniciais e potencialmente curáveis. - Valores superiores a 1.000 U/ml são associados a tumores não ressecáveis Exame Inicial: USG abdominal (massa pancreática sólida ou cística, dilatação via biliar extra-hepática) - Exame principal: TC contrastada trifásica (sem contraste – fase pancreática – fase portal) → boa para fazer estadiamento e avaliar a ressecabilidade (acometimento de vasos, por exemplo) - Sensibilidade e especificidade de 95% para tumores maiores que 2 cm - Opções: RNM, PET (tumores pequenos – pancreatite crônica x CA), USG endoscópico (possibilidade biopsia transluminal) Estadiamento: TC de tórax + TC contrastada trifásica de abdome e pelve - Utiliza-se a classificação TNM - De acordo com o estadiamento, divide-se em ressecáveis ou irressecáveis : - invasão circunferencial da artéria mesentérica ou plexo celíaco; metástase a distância Tratamento: doença ressecável x doença irressecável Ressecável: ressecção cirúrgica – único tratamento curativo - Duodenopancreatectomia (Cirurgia de Whipple) - Mortalidade perioperatória inferior a 2% - Alta morbidade pós-operatória (30-50% dos casos) - Principais complicações: Deiscências anastomóticas, fístulas, abcessos intra-abdominais e esvaziamento gástrico retardado FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS CLÍNICA CIRÚRGICA II GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A A doença tende a recorrer após a cirurgia e geralmente há necessidade de quimioterapia neo/adjuvante. O maior fator de sobrevida é a presença ou ausência de tumor nas margens: livres (26%) / comprometidas (8%). Taxa de sobrevida: 15 a 20% em 5 anos (péssimo prognóstico). Irressecável: prognóstico restrito → sobrevida de 6 a 12 meses Objetivos do tratamento paliativo: aliviar os sintomas de icterícia obstrutiva, reduzir a dor, impedir a obstrução duodenal, prolongar sobrevida. Se necessário diagnóstico patológico: punção aspirativa percutânea ou endoscópica - Icterícia: implante de endopróteses no colédoco via CPRE/ derivação biliodigestiva cirúrgica - Obstrução duodenal: gastrojejunostomia - Dor: analgésicos escalonados (opção: bloqueio plexo celíaco) - Tratamento quimioterápico
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