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Introdução à inflamação

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Introdução à inflamação 
A inflamação é um unitermo, atualmente existe em torno de 730 mil artigos relacionados à ela.
Existem algumas características que são típicas do processo inflamatório, os chamados sinais cardinais da inflamação: dor; calor; rubor e tumor, descritos no século I por CorneliusCelsu. A inflamação é um processo com diversos eventos que levam a uma complexa resposta. A inflamação é, basicamente, a resposta do tecido conjuntivo vascularizado à injúria. 
Se há penetração de corpo estranho na pele e há sangramento, é sinal de que esse corpo estranho transpassou a epiderme, alcançou a derme e rompeu paredes vasculares, no qual houve perda de células, desorganização arquitetural com comprometimento de estruturas e freqüentemente, foi carreado microrganismos. A partir desse evento banal, foi disparado três respostas biológicas fundamentais: 
- resposta hemostática: para evitarmos grande perda de sangue, pois pode acarretar o óbito do indivíduo (coagulação)
- resposta inflamatória (envolve perda celular)
- resposta reparativa
A percepção do processo de inflamação é antiga, sua visão inicial esteve sempre acompanhada de observações militares (situações de conflito/luta) onde os ferimentos em guerreiros foi o tipo de lesão mais estudada e associada no que hoje chamamos de processo inflamatório. As primeiras referências as lesões que hoje entendemos vem de papirosegípcios estimados em 2700 aC. O termo flegmoné (coisa queimando) era utilizado pra descrever ferimentos que liberavam material viscoso/escurecido com aumento de temperatura local e na época, esse distúrbio era considerado que havia uma degeneração do sangue. Esse termo foi apropriado pro termo usado agora flegmão, os processos inflamatórios flegmonosos são de inflamação purulenta difusa (pus = neutrófilos degenerados, restos celulares principalmente de células epiteliais descamadas e colônias bacterianas), o flegmão é uma inflamação purulenta difusa, enquanto uma inflamação purulenta circunscrita por cápsula fibrosa numa cavidade neoformada chamamos de lesão abscedativa ou apostematosa (abcesso). Sobre a evolução dos processos, as inflamações flegmonosas tem um prognostico pior que as inflamações apostematosas, pois as bactérias que compõe o exsudato purulento estão disseminadas no flegmão e circunscritas no apostema, então a chance de complicação é muito maior.
Na Grécia antiga várias discrições de feridas em guerreiros relatavam o processo inflamatório contemporâneo, e daí vem o termo inflamare, a ideia de pegar fogo. O primeiro a sistematizar as observações a cerca do processo inflamatório agudo foi Cornélio Celsu (sec l), que no seu livro caracterizou o processo inflamatório a partir de quatro sinais: rubor (eritema/vermelhidão, que evidencia afluxo de sangue arterial bem oxigenado); tumor (no sentido amplo, qualquer aumento de volume tecidual ligado ao acúmulo de líquido intersticial); calor (aumento de temperatura); dor (sensibilidade), que hoje são conhecidos como sinais cardinais e vão permitir a identificação e caracterização da inflamação crônica durante o exame clínico. Atualmente o termo tumor está relacionado à distúrbio proliferativo celulares.
Ainda nesse período e durante toda idade média e início da idade moderna se relacionava a inflamação com alteração circulatória e degeneração sanguínea, e isso levou os antigos a abordarem terapeuticamente a inflamação a partir de sangria. O tratamento com sangria foi utilizado em larga escala como prática médica, as veze funcionava e as vezes o paciente morria devido perda de sangue. O sucesso da terapia com sanguessugas se deve à composição de sua saliva, na qual se encontram diversas substâncias, como um anticoagulante denominado hirudina, um vasodilatador, anticicatrizante e um anestésico local (que se prolonga por dias). No auge da revolução industrial britânica, estima-se que 42 milhões de sanguessugas tenham sido usadas em tratamentos médicos, existia um mercado bilionária de sanguessugas na Europa no século XIV. Atualmente existe criações de Hirudomedicinalis principalmente para tratamento de artrite. 
Existe um grande esforço para rastrear os mediadores e a partir dos seus efeitos modular a resposta inflamatória, otimizando os efeitos favoráveis e minimizando as lesões durante a resposta inflamatória. O primeiro a perceber que a resposta inflamatória poderia ter aspectos positivos foi John Hunter em 1793, que observou que a inflamação não se tratava de uma doença, mas sim de uma resposta do hospedeiro no sentido de retomar o equilíbrio homeostático.
Rudolph Virchow (1868) teve um papel fundamental na história da medicina (processos degenerativos, inflamatórios, neoplásicos e acrescentou nos 4 sinais cardinais clássicos a perda de função) a partir do seu livro Patologia Celular que mostra que a base das lesões está na célula e na injúria aos diferentes tipos celulares. Pensando na lesão, durante o andamento da resposta inflamatória existe um comprometimento funcional transitório ou permanente. Além disso, a contribuição que ele deu, adveio da participação de um de seus discípulos Julius Cohnheim, que começou abordar o processo inflamatório a partir do laboratório já com uso da microscopia, ele queria elucidar a relação da inflamação e circulação e com isso ele utilizou-se da membrana vascularizada do mesentério de sapos (anfíbios)para induzir injúria.
Ele substituiu o trauma mecânico exercido sob o mesentério pelo nitrato de prata (substância irritante nas superfícies serosas e mucosas), com isso ele viu que quanto maior a quantidade de nitrato que ele instilasse na serosa maior era a intensidade da resposta, e com isso ele conseguiu graduar a resposta inflamatória com a quantidade de nitrato inserida. A partir de seus experimentos, ele afirma que sem vasos não há inflamação e que a vascularização é central no desenvolvimento da resposta inflamatória. O mesentério é uma serosa translúcida, de tecconj vascularizado onde é possível ver com muita facilidade toda vascularização. Esses estudos foram disseminados pela Alemanha, e logo chamou a atenção do zoólogo Elie Metchnikoff (1882), que espetou larvas com espinho de roseira e observou que progressivamente as células das larvas começavam a se agregar e envolver o espinhos, essas células eram os amebócitos, então ele começou a notar o esforço biológico para eliminar o agressor. Ele notou que sem células fagocitárias não havia inflamação, enquantoJulius Cohnheim afirmava que não havia inflamação sem a presença de vasos.
Thomas Lewis (1927) realizou um experimento friccionando uma borracha no braço, e notou que surgia uma área avermelhada com um alo periférico, que rapidamente desaparecia, porém, se ele garroteasse o braço, o alo vermelho persistia por um tempo, e com isso concluímos que, quando impedimos o fluxo sanguíneo mantemos o alo avermelhado, e se liberarmos a circulação de retorno o alo avermelhado rápido se desfaz.
Cohnheim: estudos de microcirculação
Metchnikoff: estudos de fagocitose
Lewis: mediação química da inflamação 
Atualmente podemos ver a inflamação a partir desses estudos essenciais que nos demonstram os três pilares da inflamação e características fundamentais dela: 
· Eventos vasculares
· Eventos celulares
· Mediação química: mediadores químicos da inflamação
Patogenia
Injuria ao tecido conjuntivo vascularizado que dispara através de mudanças celulares, por exemplo, a degranulação de mastócitos (liberam mediadores químicos como a histamina). Dentre os vários eventos temos a vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular, preenchendo o leito microcirculatório (conjunto constituído pelas arteríolas, metarteríolas, rede capilar e vênulas) antes quiescente por sangue arterial, geralmente temos abertura de esfíncteres pré capilares e vasodilatação. O rubor da resposta está associado a essa súbita liberação de sangue arterial para a microcirculação da área injuriada. A medida que temos aumento da permeabilidade vascular há escape de plasma para o interstício, que causa o aumento de volume tecidualpor edema (tumor), e se escapa plasma para o interstício o sangue fica mais concentrado/viscoso, circulando mais lentamente, o que causa aproximação dos leucócitos na íntima vascular, a medida que os leucócitos migram para a área injuriada há o contato das células de defesa com os agentes e possibilidade de fagocitose, isso está associado a alterações hemodinâmicas que são orquestrado por mediadores químicos do processo.
Etiologia
A causa do processo inflamatório pode ter um grande número de causas, ele pode ser desencadeado por agentes físicos (temperatura, traumatismo), químicos e biológicos (toxinas, vírus, bactérias, fungos). Inflamação não é sinônimo de infecção (ou seja, sem agente biológico envolvido)
Função
Genericamente, a inflamação visa: diluir, destruir e/ou sequestrar(ideia de separação do resto do organismo)o agente injuriante. Essa resposta visa a restituição da homeostase segundo Hanter. Dentro do processo inflamatório, iremos diluir o agente através do edema, iremos destruir o agente através da fagocitose e pelo sequestro, com intuito de limitar a ação de agentes injuriantes como Mycobacterium que causam agregados de macrófagos que formam granulomas, e os abcessos (campo minado que pode sofrer lise por enzimas bacterianas), onde há circunscrição dos agentes por uma cápsula fibrosa. 
Letícia Beatriz Mazo Pinho – UAM – Proibida a comercialização deste resumo

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