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RESUMO COMPLETO DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV

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Yasmim Martins de Magalhães – Direito Processual Civil IV – 2021.1
RESUMO – DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV
2021.1
EXECUÇÃO
- CONCEITO: Execução forçada, é a utilização de meios coercitivos com o objetivo de satisfazer o interesse do credor diante de obrigação inadimplida, tendo como fundamento título executivo judicial (cumprimento de sentença) ou título executivo extrajudicial (ação autônoma de execução).
A execução pode ser classificada em execução comum e especial; execução judicial e extrajudicial; execução judicial e extrajudicial; execução direta e indireta.
I. Execução comum e execução especial:
Aqui a referência é o tipo de procedimento usado na execução. A execução comum é aquela que serve para uma generalidade de créditos. E a execução especial é aquela que serve para a satisfação de créditos específicos, como é a execução de alimentos e a execução fiscal. 
Essa distinção é importante para a análise da possibilidade de cumulação de execução, que deve ser respeitada a regra disposta n art. 327, III e 780, ambos do CPC e a Súmula 27, STJ, que estabelece que para a cumulação de pedidos deve haver compatibilidade dos procedimentos. 
II. Execução judicial e Execução Extrajudicial:
Execução judicial é aquela que se realiza perante o Poder Judiciário. A execução extrajudicial é aquela que é feita fora do Poder Judiciário. O próprio ordenamento jurídico conferiu força executiva a prática de alguns atos fora do judiciário, mas a execução extrajudicial fica sujeita a controle jurisdicional, conforme a própria Constituição3 assegura. 
A execução de título judicial irá se desenvolver por meio do procedimento de cumprimento de sentença (art. 513 ao art. 538, CPC), e a execução por título extrajudicial será desenvolvido por processo autônomo, seguindo as normas do art. 771 e seguintes do CPC. As execuções de títulos judiciais podem ser definitivas ou provisórias, e as execuções por títulos extrajudiciais só podem ser definitivas. 
III. Execução Direta e Execução Indireta:
A execução forçada direta ou por sub-rogação é aquela em que o Poder Judiciário substitui a conduta do devedor, ou seja, prescinde da colaboração do executado para a efetivação da prestação, pois o juiz determina o cumprimento de medidas executivas que são cumpridas mesmo contra a vontade do executado. É o que acontece, por exemplo, quando o juiz determina a penhora. 
Ela pode ocorrer por meio do desapossamento, transformação e expropriação:
No desapossamento o juiz determina a retirada da coisa da posse do executado e entrega ao exequente. É muito comum nas execuções de entrega de coisa. Exemplos: despejo, busca e apreensão, reintegração de posse. 
Na transformação o juiz determina que a conduta seja praticada por um terceiro, ou seja, não será o executado que cumprirá a determinação judicial, mas sim um terceiro. 
Na expropriação o juiz determina a expropriação de um bem do executado para pagamento do crédito. É comum nas execuções de pagar quantia. Exemplos: adjudicação, alienação judicial, apropriação de rendimentos de empresas ou de estabelecimento e de outros bens).
A execução forçada indireta deriva de uma decisão mandamental, ou seja, o juiz impõe uma prestação ao executado, influenciando a vontade do devedor como forma de incentivá-lo a cumprir a ordem judicial. A execução será cumprida com a participação do executado, e isso acontece com a coerção psicológica por parte do Estado-juiz, como por exemplo, conceder algum benefício ao executado caso ele cumpra. 
A execução indireta pode ser patrimonial ou pessoal. Na execução patrimonial, normalmente, há imposição de uma multa coercitiva. E no pessoal atinge-se a pessoa do executado, é o caso da prisão civil do devedor de alimentos. Além disso, a execução indireta poderá servir como uma sanção positiva, ou seja, o executado cumprindo a imposição legal poderá gozar de alguns benefícios. Como por exemplo, redução pela metade dos honorários advocatícios5, isenção do pagamento de custas. 
Ademais, deve ser ressaltado que a forma de execução deve ser escolhida pelo juiz utilizando o critério de ser a mais adequada para a efetivação do direito.
PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO
O processo executivo também será abarcado pelas normas fundamentais da tutela jurisdicional, que o Código de Processo Civil consagra em capítulo próprio, bem como em regras específicas do processo de execução. 
I. Princípio da Efetividade: O princípio da efetividade decorre do princípio do devido processual legal, e tem como raciocínio que os direitos não podem apenas serem reconhecidos, mas devem ser efetivados. 
No CPC temos a previsão no art. 4º que reforça essa ideia, tendo como norma fundamental o direito à atividade satisfativa. Mas deve ser interpretado de forma a respeitar a aplicação das regras de proteção ao executado, devendo nortear a atividade jurisdicional para promover a satisfação integral do direito, bem como adotar todos os meios possíveis e necessários para a proteção integral da tutela executiva.
II. Princípio da Tipicidade: Os títulos executivos estão previstos em lei, ou seja, constituem numerus clausus. A previsão legal é do art. 515 (títulos executivos judiciais) e art. 784 (títulos executivos extrajudiciais). A força executiva de um título é dada pela lei, ou seja, não podem as partes criarem, dessa forma, só será título executivo se conter os requisitos previstos na lei. 
Os títulos executivos são dotados de abstração, ou seja, em sua análise o órgão jurisdicional não precisa verificar o negócio jurídico que o originou, não havendo discussão na fase executiva do direito material ali posto. Tanto isso é verdade que as matérias defensivas dos arts. 505, §1º e 535 não se referem ao direito material. 
Vale ressaltar que em nosso ordenamento jurídico há um título executivo formado de forma unilateral, ou seja, somente o credor constitui o título executivo, é o que acontece quando a Fazenda Pública constitui a Certidão de Dívida Ativa (CDA – prevista na Lei 6.830/80). 
A doutrina ainda se preocupa em fazer a diferenciação do título executivo para o título injuntivo, sendo o primeiro um documento no qual a lei exige que tenha certeza, liquidez e exigibilidade, e pode embasar uma execução. E o segundo é um documento escrito que exterioriza uma obrigação, mas que não tem força executiva, não podendo, portanto, embasar uma execução, somente uma ação de conhecimento, como por exemplo, a ação monitória (art. 700, CPC). 
Por fim, o princípio da tipicidade deriva do brocárdio latim Nulla executio sine título - Não há execução sem título- e Nullus titulo sine lege - Não há título sem lei.
 
III. Princípio da boa-fé processual: O princípio da boa-fé processual deve estar presente em todas as fases do processo, inclusive no processo de execução, que na prática é um meio em que mais se praticam condutas desleais, fraudulentas e abusivas. 
O desrespeito à boa-fé processual poderá ensejar a aplicação de sanções previstas no art. 77, 80, 81 e 774, CPC. 
O art. 774, CPC tem especial relevância aqui porque está dentro do tema de estudo da execução, e elenca cinco espécies de atos atentatórios à dignidade da justiça. 
Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou omissiva do executado que: 
I - frauda a execução; 
II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos; 
III - dificulta ou embaraça a realização da penhora; 
IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais; 
V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus. 
Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará multa em montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito em execução, a qual será revertida em proveito do exequente, exigível nos próprios autos do processo, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material. 
No entanto, há divergência doutrinária8 a respeito de se tratarde rol taxativo ou meramente exemplificativo, mas na prática essa divergência não tem muita relevância. 
IV. Princípio da Responsabilidade Patrimonial: Toda a execução é real, nunca é pessoal, ou seja, o executado responderá com todos os seus bens presentes e futuros, e somente o seu patrimônio ou de terceiro será objeto da atividade executiva do Estado. O fato do corpo do devedor não pagar por suas dívidas deriva da humanização do processo 
Aqui vale dizer que nem a prisão civil do devedor de alimentos é considerada execução pessoal, ou seja, não há em nenhum ordenamento até então conhecido uma execução que se funde na pessoa do devedor. A prisão civil do devedor de alimentos constitui uma forma de execução indireta, que tem como objetivo fazer uma pressão psicológica no executado para que satisfaça o crédito do exequente. 
O princípio da efetividade serve de limite para o princípio da responsabilidade patrimonial, ou seja, no processo executivo deve ser estimulado o uso das medidas de coerção indiretas, de forma a utilizar a medida mais adequada ao caso, respeitando-se a dignidade do devedor. 
V. Princípio do Desfecho Único: o único objetivo do processo de execução é a satisfação do direito do exequente. Dessa forma, as regras processuais devem ser adequadas a essa finalidade, orientando a atividade jurisdicional a chegar a cumprir o objetivo da execução. 
Esse princípio parte da ideia de que toda execução tem seu fim, ou seja, a execução pode chegar ao final pela satisfação do crédito do exequente, ou ter seu fim quando for extinta sem resolução de mérito, nos casos do art. 485, CPC. 
Art. 924. Extingue-se a execução quando: 
I - a petição inicial for indeferida; 
II - a obrigação for satisfeita; 
III - o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção total da dívida; 
IV - o exequente renunciar ao crédito; 
V - ocorrer a prescrição intercorrente. 
Dessa forma, o desfecho único prega que a finalidade do processo de execução é a satisfação do crédito do exequente, sendo esta a única tutela jurisdicional possível de ser obtida. 
VI. Princípio do Contraditório: o desenvolvimento do processo pressupõe a participação efetiva e adequada dos sujeitos interessados ao longo do procedimento. Atualmente o contraditório parte de quatro vertentes: necessidade de informação, direito de ser ouvido; participação efetiva; vedação à decisão surpresa e possibilidade de reação. 
O princípio do contraditório é um direito inviolável, assegurado não só na norma constitucional, mas também na norma infraconstitucional. O procedimento em que não se assegure o contraditório não será válido. 
No entanto, vale dizer que no processo de execução o contraditório será eventual, uma vez que o executado é chamado ao processo para cumprir a obrigação e não para se manifestar sobre a pretensão do exequente, ou seja, não ocorre de forma tão aprofundada como no processo de conhecimento.
VII. Princípio da Menor Onerosidade da Execução: A execução deve se desenvolver de forma menos onerosa possível para o executado, ou seja, não pode servir como instrumento de vingança. É um princípio que se aplica à todas as execuções, seja de título judicial ou extrajudicial, execução direta ou indireta e qualquer que seja a prestação (fazer, não-fazer, dar coisa, dar quantia). 
Dessa forma, é consagrado na lei que quando houver vários meios de satisfazer o direito do credor, o juiz mandará que a execução se faça pelo modo menos gravoso ao executado (art. 805, CPC). 
Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado. 
Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe indicar outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já determinados. 
Esse princípio é uma das normas de proteção ao executado, ele norteia a escolha do meio executivo pelo juiz, ou seja, ele deve ser usado no sentido de que havendo mais de uma forma de execução, deverá ser escolhido o meio menos gravoso ao executado. A visão aqui é pela adequação e necessidade do meio, e não do resultado que será alcançado. 
Ademais, não poderá o executado invocar esse princípio para se eximir do cumprimento da obrigação, e muito menos para reduzir o valor da execução. Como já dito, esse princípio norteia o meio utilizado para se alcançar o resultado, ou seja, a opção deve ser pelo meio menos gravoso, pressupondo que os diversos meios sejam igualmente eficazes. 
Se em um processo de execução for pleiteado pelo exequente a indisponibilidade de todos os bens do executado, por mais gravoso que seja, passa a ser ônus do executado mencionar os bens que são suficientes para a execução.
Dessa forma, o princípio da menor onerosidade evita que a execução seja abusiva, vedando qualquer comportamento abusivo do credor para satisfação do seu crédito. Tem-se aqui a proteção e exaltação do princípio da boa-fé processual (art. 5º, CPC), exigindo do credor um comportamento com lealdade e com ética processual. 
Por fim, vale salientar que esse princípio tem grande incidência no estudo da impenhorabilidade dos bens, bem como sobre a efetividade da execução. Nesse sentido, o STJ decidiu que não se pode alegar bem de família quando é produto de ato ilícito. 
VIII. Princípio da Cooperação: É um princípio que é lido conjuntamente com a lealdade, boa-fé processual, contraditório e ampla defesa. Parte da premissa expressa no art. 6º, CPC, na qual aduz que “todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. A cooperação dos sujeitos tem como finalidade o alcance da tutela jurisdicional efetiva. 
Esse princípio também reforça a ideia da ética processual, exaltando o diálogo que deve existir entre as partes e com o órgão jurisdicional. 
No processo executivo, a lei traz a utilização desse princípio por ambas as partes. 
1) O executado tem o dever de indicar bens à penhora (art. 774, V, CPC); 
2) Quando o executado impugna o valor da execução deve apresentar o valor devido (art. 525, §4º, CPC); 
3) Deve o juiz advertir o executado antes de puni-lo (art. 772, II, CPC); 
4) Antes de conhecer da prescrição, deve o juiz dar oportunidade do exequente manifestar-se (art. 10; art. 487, parágrafo único; art. 921, §1º, CPC). 
Dessa forma, esse princípio deriva do próprio modelo processual adotado pelo Código de Processo Civil de 2015, ou seja, modelo comparticipativo/cooperativo de processo. 
IX. Princípio da Proporcionalidade: Alguns princípios aqui trabalhados se chocam dentro do processo de execução. É comum vermos a afirmação de que o princípio da efetividade se choca com o princípio da dignidade da pessoa humana, que costuma ser invocado para a proteção do executado (embora também possa ser usado para a proteção do exequente).
Esse princípio está positivado no art. 8º, CPC que prevê a necessidade do juiz observar a proporcionalidade e razoabilidade ao aplicar o ordenamento jurídico, sendo, portanto, aplicável e respeitado no processo de execução. 
Esse princípio influenciou a doutrina e a jurisprudência a considerarem a ordem de nomeação de bens disposta no art. 83510 relativa, ou seja, será observado sempre o caso concreto, devendo ser relativizada em prol do exequente e também do executado.
X. Princípio da Adequação: Esse princípio orienta o processo de execução afirmando que o meio empregado para a satisfação do crédito do exequente deve se adequado/compatível com a natureza da prestação. 
Exemplo: a prisão civil do devedor de alimentos se mostra adequada a prestação, uma vez que o direito aos alimentos pressupõe uma medida executiva coercitivamente mais forte. 
No entanto, merece aqui ser ressaltado o caso do WhatsApp, em que no ano de 2015, no Brasil, alguns juízes penais determinaram a suspensão do aplicativo em todo o território nacional, até que fossem fornecidas algumas informações solicitadas pelo magistrado. As decisões foram revistas, masrestou claro a desproporção da medida no caso concreto, uma vez que milhões de pessoas foram afetadas pela decisão sem terem contribuído minimamente para o desrespeito do comando judicial. Lembrando que a medida foi aplicada com base no art. 3º, CPP, uma vez que o ordenamento jurídico admite a aplicação do direito processual civil para a solução de questões penais. 
XI. Princípio da Disponibilidade da Execução: O exequente pode dispor da execução (art. 775 e art. 513, CPC), ou seja, pode o exequente desistir total ou parcialmente do processo de execução, ainda que o direito material subjacente seja indisponível. 
Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de toda a execução ou de apenas alguma medida executiva. 
Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte: 
I - serão extintos a impugnação e os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o exequente as custas processuais e os honorários advocatícios; 
II - nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do impugnante ou do embargante.
A ideia desse princípio é que o exequente pode desistir de todo o processo executivo, bem como de algum ato executivo, independentemente do consentimento do executado. No entanto, caso o executado tenha apresentado defesa (impugnação ao cumprimento de sentença ou embargos à execução) que tenha como objeto questões relacionadas à relação jurídica material (mérito da execução), o exequente para desistir da demanda dependerá da concordância do executado (art. 775, parágrafo único, II, CPC). 
Se a desistência for de algum ato executivo, o exequente não precisará da anuência do executado. 
Dessa forma, manifestada a desistência haverá a extinção da execução. Cabendo ao exequente arcar com as custas processuais e honorários advocatícios (art. 90 e art. 775, I, CPC). 
Por fim, cabe mencionar que a regra acima tratada refere-se ao processo de execução individual, pois se for execução de sentença coletiva, vigora o princípio da indisponibilidade, ou seja, se o legitimado que obteve a sentença coletiva não executá-la, caberá ao Ministério Público ou a outro legitimado coletivo propor a execução. 
XII. Responsabilidade Objetiva do Exequente: Esse princípio traz a afirmação de que o exequente responderá objetivamente pelos danos causados ao executado, independentemente de culpa. A regra foi consagrada no art. 520, I, CPC e art. 776, CPC. A responsabilidade aqui não deriva de um ato ilícito, mas sim de um ato-fato lícito processual, ou seja, se houver dano deverá ser indenizado. 
XIII. Princípio da Atipicidade dos meios executivos: A atipicidade dos meios executivos significa dizer que existe um rol exemplificativo dos meios executórios aplicáveis na execução, ou seja, há um espaço para a criatividade jurisdicional, sempre tendo como diretriz a satisfação da pretensão do exequente, é o que preceitua o art. 536, §1º, CPC. 
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente. 
§ 1o Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial. 
Dentro dessa linha de raciocínio, podemos citar o art. 139, IV, CPC que se refere ao poder geral de cautela do juiz, e o dispositivo em comento se aplica a qualquer atividade executiva, seja fundada em título judicial (provisória ou definitiva), seja de titulo extrajudicial, seja para efetivar prestação pecuniária, seja para efetivar prestação de fazer, não fazer ou dar coisa distinta de dinheiro. É um dispositivo com ampla incidência, mas que deve ser interpretado com cautela. 
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: 
(...)
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; 
Há autores que sustentam a existência do princípio da tipicidade dos meios executórios na execução por título executivo extrajudicial. (art. 824 e 825, CPC). Essa tipicidade, segundo esses autores, só será aplicável na execução por quantia certa. – sustenta a tipicidade na execução por quantia certa quando for de título extrajudicial. 
Art. 824. A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens do executado, ressalvadas as execuções especiais. 
Art. 825. A expropriação consiste em: 
I - adjudicação; 
II - alienação; 
III - apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos e de outros bens. 
Pelo que se percebe o juiz poderá determinar as medidas mandamentais, indutivas e coercitivas para que a execução seja cumprida, aqui também tem a ideia dos meios de execução indireta do comando judicial. 
FORMAÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
Segundo Fredie Didier “entende-se por procedimento executivo o conjunto de atos praticados no sentido de alcançar a tutela jurisdicional executiva, isto é, a efetivação/satisfação da prestação devida, seja ela uma prestação de fazer, de não fazer, de pagar quantia ou de dar coisa distinta de dinheiro”. 
Em nosso ordenamento possuímos dois modelos de execução, e esses são relativos aos procedimentos: Modelo autônomo (processo autônomo) e modelo sincrético (processo sincrético). A depender da natureza da obrigação certificada no título, bem como na classificação se for título executivo judicial ou extrajudicial, é possível que o legislador estabeleça especificidades de atos a serem praticados.
I. Demanda Executiva 
O intuito da atividade executiva (demanda executiva) tem como objetivo satisfazer dever jurídico certificado em título judicial ou em título extrajudicial. A demanda fundada em título judicial pode ser iniciada por provocação da parte interessada ou de ofício pelo juiz, sendo por meio do processo sincrético na forma de cumprimento de sentença. A demanda fundada em título extrajudicial sempre será iniciada por provocação da parte interessada, e será por meio do processo autônomo de execução. 
Nos casos em que a demanda executiva for por processo autônomo, será iniciada por meio da petição inicial, devendo obedecer aos requisitos formais. No caso de cumprimento de sentença, a fase executiva será iniciada por simples petição. 
A demanda executiva possui elementos objetivos e subjetivos. Os objetivos são a causa de pedir e pedido, e o subjetivo são as partes. 
II. Elementos objetivos 
- Causa de pedir: Como em toda e qualquer demanda, é necessário que a parte exponha sua pretensão, expondo os motivos de sua pretensão executiva. A causa de pedir deve conter a afirmação da existência de um direito à efetivação do direito (prestação certa, líquida e exigível), provada por meio de um título judicial ou extrajudicial, e a existência do inadimplemento por parte do executado (devedor). 
- Pedido: O pedido abrange o objeto mediato e o objeto imediato. O pedido imediato refere-se à pretensão do exequente, a obtenção das providências executivas por parte do órgão jurisdicional. E o pedido mediato refere-se ao bem da vida que se pretende alcançar, seja o pagamento de uma quantia, o cumprimento de uma obrigação de fazer, não fazer, etc. Além disso, o pedido deve ser expresso, ou seja, deve o exequente indicar com precisão a qualidade e quantidade do objeto da prestação exequenda.
Há possibilidades de o pedido ser alternativo, é o que ocorre na demanda executiva fundada em obrigação alternativa (art. 800, CPC). E aqui a alternatividade poderá ser de coisa e fato, quantia e coisa ou quantia e fato. 
No caso de cumulação de demandas executivas contra o mesmo devedor, ainda que fundadas em títulos diferentes, devemser observadas algumas regras, tais como competência do juízo e identidade no procedimento (art. 780, CPC), o que muito se aproxima do disposto no art. 327, CPC (estudado na fase do processo de conhecimento). Dessa forma, a cumulação de demandas exige: identidade de partes, juízo competente para apreciar as demandas executivas cumuladas e que o procedimento executivo seja idêntico. 
Art. 780. O exequente pode cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, quando o executado for o mesmo e desde que para todas elas seja competente o mesmo juízo e idêntico o procedimento. 
Além disso, também devem ser analisados os pressupostos objetivos para o processo de execução, uma vez que se relacionam com a forma procedimental e com a ausência de fatos que impeçam a regular formação do processo, tais como forma procedimental adequada, inexistência de litispendência, coisa julga e petição apta, ou seja, petição que tenha preenchido os requisitos de validade. 
III. Elementos Subjetivos 
O elemento subjetivo da demanda refere-se as partes do processo, e aqui as tratamos como exequente e executado, ou seja, credor e devedor do objeto da prestação exequenda. Mas a relação jurídica processual executiva é formada, ao menos, por três sujeitos: juiz, demandante e demandado. 
O demandante e o demandado figurarão no polo ativo e passivo respectivamente, e para tanto há de ser feita a análise sobre a legitimidade de cada um. 
No polo ativo, a legitimidade poderá ser ordinária originária, ordinária superveniente ou extraordinária. Será ordinária originária quando o demandante for o próprio credor do título executivo, ou seja, estará em juízo em nome próprio por direito próprio (art. 778, caput, CPC). A legitimidade ordinária superveniente ocorrerá quando o demandante atua em nome próprio e por seu interesse, mas sua legitimidade surgiu após a origem do título, é o que ocorre nos casos de cessão de direitos (art. 778, §1º, CPC). A legitimidade extraordinária, em que o demandante atua em nome próprio pleiteando direito alheio, é o exemplo em que o Ministério Público atua como substituto do credor (art. 778, §1º, I, CPC). 
Mas aqui é importante lembrar que a legitimidade para a causa não se confunde com a legitimidade para o processo (legitimatio ad processum). A legitimidade para o processo é a capacidade de estar em juízo, isto é, para praticar e receber atos processuais. Exemplo clássico para diferenciação entre essas duas espécies de legitimidade é sobre o menor de 16 anos (art. 3º CC), que tem legitimidade ad causam para propor a execução, mas não tem a legitimidade ad processum por não ter capacidade de estar em juízo, exigindo a lei que este seja representado para a prática de atos da vida civil.
 
O citado art. 778, CPC trata da legitimidade ad causam ativa para o processo de execução, exigindo a lei que este seja promovido pelo credor ou pelas pessoas legitimadas13. Se não for caso de legitimação extraordinária ou sucessiva, deverá o juiz extinguir o processo de execução, por ilegitimidade ativa ad causam. 
Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título executivo. 
§ 1o Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente originário: 
I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei; 
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo;
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido por ato entre vivos; 
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional. 
§ 2o A sucessão prevista no § 1o independe de consentimento do executado. 
Credor a quem a lei confere título executivo: É a legitimidade atribuída a quem figura no título executivo como credor. E aqui o termo “credor” engloba qualquer tipo de obrigação, seja de pagar, fazer, não fazer, entregar coisa distinta de dinheiro. Há casos em que a própria lei confere legitimidade a quem não conste no título, é o exemplo do advogado que pode executar a sentença na qual tenha sido fixado seus honorários (art. 23, Lei 8.906/94).
Legitimidade do Ministério Público: O Ministério Público poderá promover demanda executiva nos casos previstos em lei – art. 778, §1º, I, CPC – podendo ser legitimado ordinário originário (casos em que também figure como credor no título executivo), onde estará agindo em nome próprio um interesse próprio; poderá ser legitimado extraordinário, agindo em nome próprio defendendo direito alheio, é o que acontece quando executa um Termo de Ajustamento de Conduta, bem como execução de sentenças de direitos difuso ou coletivo (art. 3º da Lei 7.347/1985), sentenças de ação por ato de improbidade administrativa (art. 17 da Lei 8.429/1992) e execução de sentença penal condenatória quando o credor for pobre (art. 68, CPP). 
Cabe salientar que no Informativo 592 do STJ (REsp 888.081/MG), foi reconhecida a inconstitucionalidade progressiva do art. 68, CPP, afirmando que nesses casos a Defensoria Pública deverá ser intimada para que, sendo o caso, assuma o polo ativo da demanda. Ou seja, o Ministério Público só atua enquanto não criada a Defensoria Pública. 
Nas ações coletivas o Ministério Público tem legitimidade ativa para a execução, no entanto, as regras são diferentes.
 
Legitimidade do espólio, herdeiros e sucessores: Aqui refere-se a legitimação ordinária superveniente em razão da sucessão causa mortis, tendo legitimidade o espólio, os herdeiros e os sucessores para dar início à atividade executiva ou assumir o polo ativo no lugar do falecido, em sucessão processual. Se o falecimento do legitimado ordinário originário ocorrer antes de iniciada a demanda executiva, basta que os sucessores demonstrem com provas suficientes a sua legitimidade. Se a demanda já estiver em curso no momento do falecimento, deverá ser feita a habilitação dos sucessores (art. 687 a 692, CPC), de forma incidental e o processo principal ficará suspenso até a sua resolução. 
Legitimidade do cessionário e do sub-rogado: Alguns direitos podem ser objeto de cessão. E quando isso acontece o crédito do credor originário é cedido para um terceiro, que passa a ter legitimidade superveniente para executar o título. Dessa forma, para provar a sua legitimidade o cessionário deverá provar nos autos o instrumento da cessão de crédito. Nas hipóteses de sub-rogação legal ou convencional também poderá o sub-rogado ter legitimidade para promover a demanda executiva. Não existe uma obrigatoriedade do novo credor (tanto na cessão como na sub-rogação) assumir o polo ativo da demanda executiva, podendo aguardar o fim da demanda para depois cobrar do antigo credor, e então, nesse caso, o antigo credor passa a ter legitimidade extraordinária (atua em nome próprio defendendo direito que não mais lhe pertence). 
No polo passivo também poderá ocorrer legitimidade ordinária originária, ordinária superveniente e extraordinária (art. 779, I, II, III, IV, V e VI, CPC). 
Art. 779. A execução pode ser promovida contra: 
I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo; 
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; 
III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo; 
IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial; 
V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito; 
VI - o responsável tributário, assim definido em lei. 
Sujeito que figura no título como devedor: Devedor é aquele apontado no titulo executivo como tal, ou seja, é aquele que está obrigado a solver a obrigação. Dessa forma, este terá legitimidade passiva ordinária primária para participar da demanda. São considerados devedores para fins de legitimidade passiva na execução: o devedor constante no título, o avalista, o fiador convencional, o endossante (podendo haver entre eles litisconsórcio passivo facultativo). 
Legitimidade passiva do espólio, herdeiros e sucessores: Aqui trata-seda legitimidade ordinária superveniente pela morte do devedor originário, devendo também observar as regras do art. 687 a 692, CPC. Há de ressaltar que o direito material traça a regra de que os herdeiros e sucessores só respondem pelas dívidas do falecido nos limites da herança, por força do benefício do inventário, que exclui a responsabilidade civil do espólio, herdeiro e sucessores além da herança. 
Responsabilidade do espólio na execução de título extrajudicial- “Recurso especial. 1. Ação de execução. Dívida contraída pelo autor da herança. Penhora diretamente sobre bens do espólio. Possibilidade. 1. Decorre do art. 597 do CPC36 que o espólio responde pelas dívidas do falecido, determinação também contida no art. 1.997 do CC, sendo induvidoso, portanto, que o patrimônio deixado pelo de cujus suportará esse encargo até o momento em que for realizada a partilha, quando então cada herdeiro responderá dentro das forças do que vier a receber. Em se tratando de dívida que foi contraída pessoalmente pelo autor da herança, pode a penhora ocorrer diretamente sobre os bens do espólio e não no rosto dos autos, na forma do que dispõe o art. 674 do CPC, o qual só terá aplicação na hipótese em que o devedor for um dos herdeiros. 2. Recurso especial provido” (STJ, REsp 1.318.506/RS, Rel. Min. Marco Aurelio Bellizze, j. 18.11.2014). 
Novo devedor: Aqui refere-se a legitimidade ordinária superveniente por ato inter vivos, ou seja, é a famosa assunção de dívida ou cessão de débito, que se dá pela transferência da dívida a um novo sujeito. Para que isso ocorra é necessária a concordância do credor, uma vez que há modificação do patrimônio que responderá pela dívida, bem como evita a ocorrência de fraude (art. 299, CC).
Além disso, existe para a formação do processo executivo há exigência da presença do pressuposto processual de interesse de agir, que se evidencia pela exigibilidade do crédito exequendo, ou, pela adequação da via eleita, quando se exige a indicação de título judicial ou extrajudicial tipificado em lei. Ademais, o título executivo constitui pressuposto processual, e a sua ausência gera a consequência de extinção do processo executivo. 
Fiador: Aqui refere-se a legitimidade passiva do fiador constante no título executivo extrajudicial, consagrando a hipótese do fiador convencional, tendo como objeto a execução do contrato principal e não do contrato de garantia acessório. No entanto, tal hipótese não afasta a posição já consolidada na doutrina sobre a possibilidade de execução baseada em um título executivo judicial. Em qualquer das hipóteses, o fiador poderá se valer do benefício de ordem indicando à penhora de bens do devedor antes que seus próprios bens sejam objeto de constrição judicial (art. 794, caput, CPC). Contudo, no caso do fiador convencional, o benefício de ordem só poderá ser invocado se o fiador tiver participado do processo de formação do título executivo extrajudicial. O CPC ainda permite que se o pagamento ocorrer por parte do fiador, este poderá executar o afiançado no mesmo processo (art. 794, §2º).
 
Responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito: Sabe-se que o adimplemento das obrigações pode ser garantido por meio dos direitos reais de garantia, quais sejam, hipoteca, penhor , anticrese e alienação fiduciária em garantia (arts. 1419 a 1430, CC e DL 911/1969 e Lei 9.514/1997). Em razão disso, o terceiro que prestou a garantia real, não é devedor, contudo, terá legitimidade passiva para a execução, conforme art. 779, V, CPC. 
Responsável Tributário: Aqui refere-se à uma responsabilidade secundária, ou seja, é um sujeito que não é o contribuinte, mas que tem a obrigação de satisfazer a dívida em decorrência de disposição expressa na lei (121, parágrafo único, II, CTN). 
Responsabilidade envolvendo direito de superfície: Trata-se de previsão do art. 791, CPC17, na qual individualiza a tutela executiva quando recair sobre bens gravados no direito real de superfície. A regra da lei é que se a execução for promovida em face do proprietário, apensas nesta medida poder-se-á praticar atos de constrição, não sendo motivo de desconstituição do direito real de superfície. Quando o executado for o superficiário, apenas a construção ou plantação estará sujeita à satisfação do crédito. 
Intervenção de Terceiro na execução: Além disso, importante aqui mencionar sobre a possibilidade de intervenção de terceiros no processo de execução, podendo serem intervenções típicas e atípicas. Não irei aqui esgotar o tema, mas consigno que a denunciação da lide não é compatível com o processo de execução, uma vez que sua natureza é de ação regressiva, tendo característica de ação de conhecimento (art. 126, CPC). 
O instituto do chamamento ao processo também não é compatível com o processo de execução, eis que a ideia aqui é que o juiz declare em uma mesma sentença a responsabilidade dos obrigados, e na execução não há declaração de responsabilidade, apenas haverá a busca pela satisfação do crédito. 
Sobre o cabimento da assistência no processo de execução, a doutrina majoritária sustenta que deve haver uma interpretação extensiva do art. 119, parágrafo único, CPC, sendo possível na execução independentemente do ingresso de embargos à execução. É o exemplo do fiador, que é autorizado por lei a intervir na execução promovida ao afiançado em caso de demora pelo exequente (art. 834, CC), sendo certo que o fiador assiste o credor porque o resultado positivo da execução lhe interessa, visto que uma vez extinta a obrigação principal, consequentemente a relação acessória da garantia também é extinta. 
O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução de título executivo extrajudicial, é o que se extrai da redação do art. 134, CPC. 
Sobre a intervenção do amicus curie no processo de execução, ainda há divergência doutrinária sobre o tema, uma vez que pode ocorrer em uma execução coletiva surja uma questão processual complexa que haverá especificidade e repercussão social. 
As intervenções atípicas referem-se as demais hipóteses não especificadas no CPC, sendo certo que no ordenamento jurídico existem outras formas de intervenção que podem ocorrem no processo de execução e no cumprimento de sentença. E aqui as referências são de fácil identificação, como por exemplo, no caso de adjudicação (art. 876, §§5º e 7º), na alienação do bem realizada pelo próprio exequente ou por corretor especializado (art. 880), alienação no leilão judicial por arrematação, que normalmente ocorre por quem não é o exequente. E, por fim, a intervenção anômala por parte dos credores para discussão do direito de preferência.
COMPETÊNCIA
A regra de competência em sede executiva será diferenciada de acordo com o objeto da execução, sendo uma referência ao processo de execução de títulos executivos judiciais e outra referente ao processo de execução de títulos executivos extrajudiciais. 
I. Competência nas execuções fundadas em títulos executivos judiciais 
A competência na execução iniciada por meio do cumprimento de sentença, tem regras de fixação dispostas no art. 516, CPC. Quando o processo de conhecimento for de competência originária de tribunal (como se dá, por exemplo, quando proposta “ação rescisória”), será competente (por aplicação do critério funcional de fixação da competência interna) para a execução o próprio tribunal (art. 516, I). Esta é regra aplicável a todos os tribunais, inclusive aos Tribunais Superiores e ao Supremo Tribunal Federal, nos casos de sua competência originária. Pois nessas hipóteses será preciso verificar, no Regimento Interno do Tribunal, a quem compete atuar como juiz da execução. 
Assim, por exemplo, no Supremo Tribunal Federal, a competência executiva é sempre do relator do processo de conhecimento (arts. 21, II, e 341 do RISTF). Já no Superior Tribunal de Justiça, a competência executiva é do Presidente da Corte quando é sua a decisão exequenda, etambém quando tal decisão for do Plenário ou da Corte Especial (art. 301, I e II, do RISTJ); do Presidente do órgão fracionário (Seção ou Turma), quanto às suas decisões monocráticas ou às decisões dos órgãos que presidem (art. 302, I e II, do RISTJ); ou do relator, quanto às suas decisões acautelatórias ou de instrução e direção do processo (art. 302, III, do RISTJ). 
Nas hipóteses em que o processo de conhecimento (fase cognitiva do processo sincrético) tiver tramitado originariamente pelo juízo de primeira instância, será do mesmo órgão jurisdicional a competência funcional para a execução (art. 516, II), existindo, também, a possibilidade de promover a cisão da execução, nas regras estabelecidas no art. 516, parágrafo único. 
E, nos casos de execução de sentença penal condenatória de sentença arbitral ou de sentença estrangeira homologada pelo STJ, a competência será pelas regras gerais determinadas na competência interna (art. 516, III e arts. 42 a 66 e art. 109, X, CRFB/88). Contudo, apesar das regras especificas, poderá o exequente optar por promover a execução nas regras gerais, quais sejam, foro do domicílio atual do executado, no lugar onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou no lugar onde deve ser cumprida a obrigação de fazer ou não fazer (art. 516, parágrafo único). 
II. Competência nas execuções fundadas em títulos executivos extrajudiciais 
Já no que diz respeito à competência para a execução fundada em título extrajudicial, o regime é diferente. A regra geral é a da fixação da competência pelos critérios gerais de determinação da competência interna (art. 781, caput), sendo a matéria tratada pelos arts. 42 a 66. 
Nesse sentido, a execução poderá ser proposta no foro do domicílio do executado, no foro de eleição constante do título ou no lugar onde situados os bens a ela sujeitos (art. 781, I); tendo mais de um domicílio o executado, a execução poderá ser em qualquer um deles (art. 781, II); sendo o domicílio do executado incerto ou desconhecido poderá se proposta no lugar onde for encontrado ou no foro do domicilio do exequente (art. 781, III); havendo mais de um executado com diferentes domicílios, a execução poderá ser feita em qualquer um dos endereços, ficando a cargo do exequente a opção de escolha (art. 781, IV); a execução poder ser sempre proposta no foro onde se praticou o ato ou em que ocorreu o fato que originou o título (art. 781, V). 
Contudo, apesar das regras atinentes à competência, o art. 68, CPC preconiza que os juízos poderão formular entre si pedido de cooperação para a prática de qualquer ato processual, e essa cooperação pode ocorrer no plano internacional ou no âmbito nacional, podendo ser feita por auxílio direto ou por carta de ordem ou precatórias ou rogatórias. (arts. 28, 34, 36, 69, CPC). 
Assim, para facilitar nossa fixação, o quadro abaixo demonstra as regras de competência nos processos de execução, no qual o exequente poderá propor a ação em qualquer dos seguintes foros.
	REGRAS GERAIS
	a) de domicílio do executado;
	b) de eleição
	c) de situação dos bens sujeitos à execução;
	d) do lugar em que se praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo que nele não resida o executado
	ESPECIFICIDADES
	a. devedor com mais de um domicílio: a ação pode ser proposta em qualquer deles;
	b. devedor com domicílio incerto: a ação pode ser proposta no local em que ele for encontrado ou do domicílio do exequente;
	c. pluralidade de devedores com domicílios distintos: o exequente pode escolher o foro de domicílio de qualquer um deles.
III. Conflito de Competência no processo de execução
Assim como ocorre no processo de conhecimento, pode ser que ocorra conflito de competência em relação aos processos executivos. O conflito de competência ocorre quando dois ou mais juízes se dizem competentes para apreciação da causa. E ocorrendo isso, aplica-se o art. 771, CPC, no qual remete à aplicação das regras relativas ao processo de conhecimento.
PETIÇÃO INICIAL
Conceito: Conceitualmente, petição inicial é o instrumento da demanda, ou seja, documento formal que materializa a pretensão autoral frente ao Poder Judiciário, devendo ser composta por algumas regras e formalidades previstas em lei.
O procedimento executivo nem sempre será iniciado por uma petição inicial, na realidade, a exigência dessa peça é específica do processo autônomo de execução, ou seja, nos casos de execução de títulos executivos extrajudiciais o processo será iniciado por meio de petição inicial que deverá conter todos os requisitos de validade de uma petição inicial.
Nos casos de cumprimento de sentença, meio pelo qual se deflagra a execução de títulos executivos judiciais, não é necessária uma petição inicial, mas sim uma petição que exponha, de maneira clara e objetiva, sobre as partes, a causa de pedir e o pedido.
I. Requisitos de validade: A petição inicial para dar início ao processo autônomo de execução deve observar alguns requisitos de validade, aplicando-se as disposições dos arts. 319 e 320, CPC, bem como os requisitos específicos do art. 798, CPC.
Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente: I - instruir a petição inicial com:
a) o título executivo extrajudicial;
b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da ação, quando se tratar de execução por quantia certa;
c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o caso;
d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que lhe corresponde ou que lhe assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer a sua prestação senão mediante a contraprestação do exequente;
II - indicar:
a) a espécie de execução de sua preferência, quando por mais de um modo puder ser realizada;
b) os nomes completos do exequente e do executado e seus números de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica;
c) os bens suscetíveis de penhora, sempre que possível. 
d) Parágrafo único. O demonstrativo do débito deverá conter:
I - o índice de correção monetária adotado; 
II - a taxa de juros aplicada;
III - os termos inicial e final de incidência do índice de correção monetária e da taxa de juros utilizados;
IV - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
V - a especificação de desconto obrigatório realizado.
Art. 799. Incumbe ainda ao exequente:
I - requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, anticrético ou fiduciário, quando a penhora recair sobre bens gravados por penhor, hipoteca, anticrese ou alienação fiduciária;
II - requerer a intimação do titular de usufruto, uso ou habitação, quando a penhora recair sobre bem gravado por usufruto, uso ou habitação;
III - requerer a intimação do promitente comprador, quando a penhora recair sobre bem em relação ao qual haja promessa de compra e venda registrada;
IV - requerer a intimação do promitente vendedor, quando a penhora recair sobre direito aquisitivo derivado de promessa de compra e venda registrada;
V - requerer a intimação do superficiário, enfiteuta ou concessionário, em caso de direito de superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair sobre imóvel submetido ao regime do direito de superfície, enfiteuse ou concessão;
VI - requerer a intimação do proprietário de terreno com regime de direito de superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair sobre direitos do superficiário, do enfiteuta ou do concessionário;
VII - requerer a intimação da sociedade, no caso de penhora de quota social ou de ação de sociedade anônima fechada, para o fim previsto no art. 876, § 7o; VIII - pleitear, se for o caso, medidas urgentes;
Por oportuno, a petição inicial ainda deve conter dois requisitos essenciais para obter a execução, existência de título executivo e exigibilidade da obrigação. A essência é que a execução forçada só pode ser deflagrada em caso de não satisfação pelodevedor de obrigação certa, líquida e exigível consubstanciada em título executivo (art. 786), com a afirmação feita pelo exequente, estará cumprido o interesse de agir na execução.
A certeza da obrigação refere-se aos elementos constitutivos do título, ou seja, deve haver a precisa certeza sobre o credor, devedor e o objeto. A liquidez refere-se a determinação da quantidade devida. E a exigibilidade da obrigação estará presente quando seu cumprimento não depender de termo, condição ou encargo.
Aqui merece destaque para as obrigações resultantes de contratos bilaterais (art. 476, CC c/c art. 787, CPC), na qual a exigibilidade só será possível após o exequente cumprir a sua própria prestação.
Sendo recebida a petição inicial, caberá ao juiz antes de determinar a citação do executado, exercer sobre ela o juízo de admissibilidade, a fim de analisar o preenchimento dos requisitos de validade, pressupostos processuais e, em alguns casos, até mesmo apreciar o mérito.
Art. 801. Verificando que a petição inicial está incompleta ou que não está acompanhada dos documentos indispensáveis à propositura da execução, o juiz determinará que o exequente a corrija, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de indeferimento.
Nota-se que o art. 801 é semelhante ao art. 321, CPC, sendo certo que tanto na fase de conhecimento como na fase de execução será necessária a realização por parte do magistrado do juízo de admissibilidade, a fim de analisar a existência vício (relativo aos pressupostos processuais e/ou às condições da ação), bem como quanto a improcedência do pedido. A existência de vícios enseja para o exequente o direito subjetivo à emenda da inicial, oportunizando que seja sanado o defeito ou irregularidade devidamente apontada pelo juiz.
Estando a inicial devidamente adequada aos termos exigidos pela lei, o juiz exercerá o seu juízo de admissibilidade positivo, praticando ato para a próxima fase do procedimento, qual seja, a citação do executado.
Se a petição inicial estiver apresentando defeitos ou irregularidades, o juiz exercerá o seu juízo de admissibilidade neutro, ou seja, abrirá prazo para que o exequente possa sanar o que precisa ser corrigido.
No caso de emenda da petição inicial, o juiz deverá indicar com precisão o vício que precisa ser corrigido ou completado na petição inicial. Aqui tem-se a aplicação do princípio da cooperação e dever de prevenção, a fim de que o juiz alerte as partes sobre a existência de irregularidades no processo.
A lei estabelece que a parte terá 15 dias para emendar a petição inicial. Ultrapassado este prazo, o juiz novamente irá analisar a petição inicial para verificar se o vício ou defeito foi sanado. Caso a emenda não tenha sido feita, ou não tenha o autor não tenha atendido a determinação feita pelo magistrado, o juiz indeferirá a petição, pondo fim ao procedimento sem análise do mérito, por sentença apelável (art. 203, §1º c/c art. 924, CPC) com aplicação do efeito regressivo, permitindo a retratação pelo juiz (art. 485, §7º; art. 332, §3º c/c art. 771, parágrafo único, CPC).
Além disso, é possível que a petição inicial seja parcialmente indeferida ou julgada parcialmente improcedente, caso em que estaremos diante de uma decisão interlocutória (art. 203, §2º, CPC), podendo resolver ou não o mérito da demanda, sendo impugnada via agravo de instrumento (art. 1.015, parágrafo único, CPC).
II. Efeitos decorrentes da propositura da execução: Com a propositura da demanda executiva alguns efeitos são gerados. Esses efeitos decorrem do despacho judicial que admite o seu processamento. É o que chamamos de litispendência executiva, dentre eles, podemos mencionar: averbação da pendencia de execução nos registros de bens do devedor, interrupção da prescrição, prevenção, litispendência, litigiosidade do objeto, indisponibilidade patrimonial relativa e possibilidade do parcelamento da dívida exequenda.
III. Averbação da pendência executiva: Segundo o art. 828, CPC o exequente terá o direito de proceder à averbação da pendência do processo no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade. A averbação será feita a partir da certidão comprobatória do ajuizamento e da admissão da execução, devendo conter a identificação das partes e o valor da causa. 
O exequente terá 10 dias para comunicar ao juízo para que seja promovida a penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, devendo o excesso ser cancelado (art. 828, §2º, §3ºCPC), sob pena de insurgir o dever de indenizar o executado (art. 828, §5º, CPC).
Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com identificação das partes e do valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade.
§ 1o No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exequente deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas.
§ 2o Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, o exequente providenciará, no prazo de 10 (dez) dias, o cancelamento das averbações relativas àqueles não penhorados.
§ 3o O juiz determinará o cancelamento das averbações, de ofício ou a requerimento, caso o exequente não o faça no prazo.
§ 4o Presume-se em fraude à execução a alienação ou a oneração de bens efetuada após a averbação.
§ 5o O exequente que promover averbação manifestamente indevida ou não cancelar as averbações nos termos do § 2o indenizará a parte contrária, processando-se o incidente em autos apartados.
Resta claro que o objetivo do legislador foi prevenir a alienação ou oneração do bem que poderá satisfazer o crédito exequente, evitando-se, assim, a fraude à execução (art. 792, II e art. 828, §4º, CPC). E dessa forma, com a averbação realizada qualquer ato do executado de alienação ou oneração do bem será ineficaz em relação ao exequente (art. 792, §1º, CPC).
IV. Interrupção da Prescrição: A propositura e admissão da demanda executiva também enseja a interrupção da prescrição. A súmula 150, STF21 afirma que a prescrição na ação executiva é o mesmo prazo da ação de conhecimento, e o art. 802, CPC22 afirma que o despacho que ordena a citação interrompe a prescrição ainda que realizada por juízo incompetente, desde que observadas as exigências do art. 240, §2º, CPC. Note- se que o legislador exige do exequente que em 10 dias promova as diligências necessárias para a citação do executado, não sendo prejudicado se a demora for exclusivamente do serviço judiciário (art. 240, §3º c/c art. 771, parágrafo único, CPC, Súmula 106, STJ).
Saliente-se que a interrupção da prescrição acima exposta refere-se ao processo autônomo de execução, não sendo a forma aqui exposta aplicável ao processo sincrético (fase de conhecimento e fase de execução), uma vez que a prescrição interrompida na fase de conhecimento volta a correr com o último ato praticado no processo (art. 202, parágrafo único, CC). Contudo, nos casos de cumprimento de sentença de obrigação de pagar quantia certa, somente se procede com requerimento da parte, então aqui, a doutrina sustenta a aplicação da prescrição intercorrente, razão pela qual o despacho que admite o requerimento de execução e intima o executado para cumpri-la interrompe a prescrição (art. 802, CPC).
V. Prevenção: A prevenção é efeito que decorre da propositura da demanda executiva, e se dará por meio do registro ou distribuição da petição inicial (art. 59, CPC), e, havendo conexão entre demandas executivas, serão reunidas no primeiro juízo que se registrou ou distribuiu o processo executivo.
VI. Litispendência: A litispendência será efeito da propositura da demanda executiva, bem como do requerimento da execução no processo sincrético. A litispendência visa evitar a propositura de demanda executiva idêntica perante o mesmo ou outro juízo, devendo a segunda demanda ser extinta (art. 485, V, CPC). Os efeitos da litispendência correm para o exequente a partir da propositura da demanda executiva e para o executado a partirda citação (art. 240 c/c art. 771, parágrafo único, CPC).
A litispendência na demanda executiva refere-se ao pedido de satisfação de um direito subjetivo certificado. A distinção é importante porque se o objeto da segunda demanda for o direito subjetivo certificado, ensejará a extinção do processo pela existência de coisa julgada material e não por litispendência.
VII. Litigiosidade do Objeto: A propositura da execução torna litigioso o objeto executivo para o exequente. Esse efeito somente passará a incidir sobre o executado após a sua citação válida. Após a ocorrência desse efeito, se houver alienação da coisa a um terceiro, tal fato não irá alterar a legitimidade das partes, exceto nos casos previstos em lei (art. 109, art. 778, §1º, III, CPC), dependendo em alguns casos do consentimento do executado.
Art. 109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título particular, não altera a legitimidade das partes.
§ 1o O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo o alienante ou cedente, sem que o consinta a parte contrária.
§ 2o O adquirente ou cessionário poderá intervir no processo como assistente litisconsorcial do alienante ou cedente.
§ 3o Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias ao adquirente ou cessionário.
Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título executivo.
§ 1o Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente originário: 
I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo;
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido por ato entre vivos; 
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
§ 2o A sucessão prevista no § 1o independe de consentimento do executado.
Note-se que a redação do art. 109, CPC que está incluído no procedimento comum do processo de conhecimento, nos casos de cessão de crédito, exige a anuência da parte contrária para que haja sucessão por ato entre vivos. Já na fase do processo executivo, a cessão de crédito prevista no art. 778, §2º não dependerá da anuência da parte contrária. Por fim, em todas as cessões de débito haverá necessidade de anuência da parte contrária.
VII. Indisponibilidade patrimonial relativa: Após a citação no processo executivo, qualquer alienação ou oneração de bens por parte do executado será considerada fraude à execução (art. 792, IV, CPC). Para fins de conhecimento, fraude à execução é um instituto de direito processual que é ato atentatório à dignidade da justiça, gerando a ineficácia do negócio jurídico fraudulento.
A alienação ou oneração de bens por parte do executado no curso da demanda executiva não terá eficácia perante o exequente, podendo, inclusive, ser reconhecida nos próprios autos a fraude à execução. No entanto, a limitação aqui prevista refere-se aos atos de oneração e alienação que podem reduzir o devedor à insolvência, por isso, a doutrina refere-se a uma indisponibilidade relativa dos bens que compõem o patrimônio do executado, a fim de garantir que a dívida seja satisfeita, não podendo, assim, exceder.
Essa indisponibilidade poderá recair ou não sobre a coisa litigiosa, devendo sempre ser interpretado segundo a boa-fé na execução.
VIII. Direito do executado ao parcelamento da dívida exequente: Trata-se de um direito potestativo do executado, que na forma do art. 916, CPC poderá realizar o parcelamento da dívida pecuniária (art. 916, §7º, CPC).
IV. Requisitos específicos do processo de execução: Aqui iremos tratar dos requisitos específicos para a demanda executiva, quais sejam: apresentação de um título executivo, afirmação do inadimplemento do executado. Saliente-se que a não observância desses requisitos ensejará a inadmissibilidade do procedimento.
Título executivo: O título executivo é um documento indispensável para a deflagração do processo executivo e sua ausência gera um defeito de instrumento da demanda, uma vez que é meio de prova da legitimidade das partes e do interesse de agir. O título executivo deve ser revestido de certeza, liquidez e exigibilidade. Se a petição inicial não estiver instruída com o título executivo poderá gerar a inadmissibilidade do procedimento executivo.
A ideia inicial é verificar se houve a juntada do título executivo, ou seja, a análise é sobre se o documento representa um direito de prestação líquido, certo e exigível. A análise sobre o direito ali exposto é questão de mérito, e, portanto, não será analisado no juízo de admissibilidade da petição inicial.
A Lei de execução fiscal (Lei 6.830/90)24 em seu art. 3º traz a descrição sobre a certidão de dívida ativa, que é considerada pela lei como título executivo. E o legislador se preocupou em expressamente afirmar que a CDA goza de presunção de certeza e liquidez. Aqui indico ao leitor fazer remissão ao art. 784, CPC, a fim de que não se esqueça dos atributos dos títulos executivos.
Afirmação do inadimplemento: A afirmação do inadimplemento do executado significa que este não cumpriu o seu dever jurídico em relação ao direito material do exequente, denotando ao Poder Judiciário a necessidade de promover a execução forçada para a satisfação do crédito do exequente. A ausência dessa afirmação denota ausência de interesse de agir, afinal, enquanto não caracterizado o inadimplemento a execução não é necessária. (art. 786 a 788, CPC).
Art. 786. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível consubstanciada em título executivo.
Parágrafo único. A necessidade de simples operações aritméticas para apurar o crédito exequendo não retira a liquidez da obrigação constante do título.
Art. 787. Se o devedor não for obrigado a satisfazer sua prestação senão mediante a contraprestação do credor, este deverá provar que a adimpliu ao requerer a execução, sob pena de extinção do processo.
Parágrafo único. O executado poderá eximir-se da obrigação, depositando em juízo a prestação ou a coisa, caso em que o juiz não permitirá que o credor a receba sem cumprir a contraprestação que lhe tocar.
Art. 788. O credor não poderá iniciar a execução ou nela prosseguir se o devedor cumprir a obrigação, mas poderá recusar o recebimento da prestação se ela não corresponder ao direito ou à obrigação estabelecidos no título executivo, caso em que poderá requerer a execução forçada, ressalvado ao devedor o direito de embargá-la.
Na afirmação de inadimplência, devemos nos atentar para os casos em que há deveres recíprocos (art. 787, CPC), a lei diz que o exequente só poderá cobrar do executado a prestação devida se provar ter cumprido a sua própria prestação, ou seja, deve provar o seu adimplemento. É o que a doutrina convenciona de “exceção ao contrato não cumprido” ou “exceção do inadimplemento” (exceptio non adimpleti contractus).
Nos casos de prestações recíprocas, não basta a alegação do inadimplemento por parte do executado, deve, também, o exequente provar documentalmente que adimpliu com sua parte na prestação (art. 798, I, d, CPC). Há, contudo, divergência doutrinária sobre o tema. Para uma tese tal dever do exequente é um requisito de admissibilidade da demanda, podendo ensejar a extinção do processo (art. 797, CPC). Para outra tese, o ônus recai sobre o executado, que deverá alegar a exceção do inadimplemento para que a matéria seja conhecida pelo juiz, e caso o exequente não cumpra a sua parte, ai sim poderá ensejar a extinção do processo.
Em sede processual, o executado poderá alegar a exceção do inadimplemento no caso do exequente não ter adimplido com sua parte na obrigação, e por meio dessa defesa substancial, o executado irá neutralizar a pretensão do exequente, retardando o cumprimento da prestação, ou seja, o principal efeito é a suspensão da exigibilidade da prestação devida pelo executado. Importante frisar que não se trata de liberaçãoda dívida, mas sim um meio de recusa do cumprimento da prestação ante ao inadimplemento ou adimplemento defeituoso da prestação por parte do exequente.
Esse tema ainda será trabalhado no tópico defesas do executado, contudo, devo destacar que se o executado não opuser a exceção do inadimplemento no momento oportuno (por exemplo, por meio dos embargos), não poderá mais fazê-lo, em razão da ocorrência da preclusão. Então, o estado de inadimplência do executado não será justificado e o processo prosseguirá normalmente.
Dentro da afirmação de inadimplência, vários são os temas de defesa que pode o executado se valer, devendo ser analisado o caso concreto. Nesse sentido, cabe alegação da prescrição da pretensão que enseja a exceção de inadimplemento, inadimplemento e os deveres sujeitos a condição ou termo (art. 514, CPC), adimplemento substancial e boa-fé.
TÍTULOS EXECUTIVOS
- Conceito: Em poucas palavras, podemos afirmar que título executivo é um documento indispensável à propositura do processo de execução, sendo um documento que a lei exige a certeza, liquidez e exigibilidade da obrigação.
- Natureza Jurídica: Quanto à natureza jurídica do título executivo sob o ponto de vista material, há na doutrina uma divergência, que gerou três teorias: 
1. A primeira teoria sustenta que o título tem natureza documental (Teoria documental), sendo um documento que representa a existência do crédito. Para essa teoria o indivíduo precisa do documento em mãos, porque sem ele não existe o título executivo (documento é tudo o que documenta a existência de um fato, ou seja, retrata algo que aconteceu). É a teoria defendida por Francesco Carnelutti. 
2. A segunda teoria sustenta que o título executivo é um ato jurídico (Teoria do Ato Jurídico), e que o título não representa o crédito, mas sim a via adequada para o início da execução, ou seja, o título executivo tem uma importância meramente processual, porque é o que vai viabilizar a execução. É a teoria defendida por Enrico Tullio Liebman. 
3. A terceira teoria sustenta que o título executivo é um fato complexo (Teoria do Fato Completo ou Teoria Mista). Para essa teoria, título executivo é o documento que representa o crédito ou que apresenta o crédito e possibilita uma futura e eventual execução. A ideia dessa tese é que vai depender do título a ser utilizado, posto que por vezes irá preponderar o documento (princípio da cartularidade), em outros casos, o que será mais importante é verificar a viabilidade de uma futura execução, como ocorre nos negócios jurídicos. É a tese majoritária e adotada pelo CPC/15, porque ora se exige o documento e ora se exige o conhecimento sobre a via adequada para a execução. É o que vemos pela leitura do art. 784, CPC.
Taxatividade dos títulos: A ideia aqui preconizada é baseada no princípio da tipicidade. Somente será título executivo se estiver no rol legal taxativo, sendo certo que por essa regra, não há título se a não houver previsão em lei (nullus titulus sine legis). Somente a lei pode criar um título executivo ou incluí-lo no elenco de títulos já existentes. Dessa forma, concluímos que uma nota promissória, um cheque ou uma sentença devem obedecer aos padrões estabelecidos pelo legislador.
Segundo a previsão legal, os títulos podem ser judiciais (art. 515, CPC) e extrajudiciais (art. 784, CPC). São títulos judiciais aqueles que são formados através de um processo (isto é, de um procedimento em contraditório), e extrajudiciais, os demais títulos executivos, ou seja, aqueles que são criadas independentemente da interferência da função jurisdicional do Estado, do processo de conhecimento, representando direitos acertados pelos particulares.
Com o advento do CPC/15 e a positivação no art. 190 dos negócios jurídicos processuais há quem sustente na doutrina a possibilidade de criação de um título executivo por deliberação negocial, sob o fundamento que o art. 190 é uma fonte de autorização para a criação de outros títulos executivos.
Assim, por exemplo, admite-se que haja uma confissão de dívida por instrumento particular assinado pelo devedor, mas sem qualquer testemunha (o que a lei exige como requisito do título executivo extrajudicial previsto no art. 784, III), a que se atribua eficácia de título executivo por convenção das partes.
Atributos da Obrigação representada no título executivo: A ideia aqui é que não basta ter um título executivo judicial ou extrajudicial, visto que a obrigação representada no título deve apresentar alguns atributos: certa, líquida e exigível (art. 783, CPC).
Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar- se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível.
Alguns doutrinadores dividem esses atributos em intrínsecos e extrínsecos. O requisito intrínseco é a certeza e a liquidez e o requisito extrínseco é a exigibilidade. Estando presentes esses atributos, poderá ser promovida a execução.
I. A CERTEZA é um pré-requisito dos demais atributos, ou seja, tendo a certeza então poderá existir liquidez e exigibilidade. A certeza representa a existência da obrigação, ou seja, a obrigação tem que ser certa, e nos casos de certeza de titulo executivo judicial, deve ser certa ainda que decida relação jurídica condicionada. Contudo, em algumas hipóteses específicas, a eficácia executiva da obrigação reconhecida pode ser condicionada. Vejamos os exemplos:
1. Decisão sujeita ao reexame necessário, previsto no art. 496, CPC. (A Natureza Jurídica do reexame necessário é uma condição de eficácia da decisão, e é uma condição suspensiva) – o juiz reconhece a obrigação, mas a eficácia jurídica da decisão está condicionada a confirmação pelo tribunal;
2. Efeito suspensivo ope iudicii do recurso. Houve o reconhecimento da obrigação no bojo da decisão, mas foi interposto um recurso que foi recebido no efeito suspensivo – art. 995, CPC;
3. Emprego da técnica da modulação dos efeitos temporais – art. 27, lei 9868/99; art. 11 da Lei 9882/99 e art. 927, §2º ao 4º, CPC.
Quando o juiz aplica um meio executório cuja eficácia está condicionada ao decurso do tempo. Exemplo, o juiz condena o devedor a cumprir uma obrigação e fixa um prazo para o cumprimento sob pena de aplicar a prisão civil, ou outro meio executório. (o juiz condiciona a eficácia da sua decisão)
A certeza demonstrada no título executivo é abstrata, ou seja, o título aponta a existência de um débito e indica o credor e o devedor. É preciso que do título deflua o na debeatur (existência da dívida).
II. A LIQUIDEZ pressupõe a certeza, ou seja, a certeza refere-se a existência da obrigação, e a liquidez refere-se a determinação de seu objeto, é o que chamamos de quantum debeatur (quantidade de bens que constitui o objeto da obrigação do devedor). O crédito líquido é aquele que além de claro e manifesto, dispensa qualquer elemento extrínseco para aferir o seu valor ou determinar o seu objeto.
Partindo dessa premissa, afirmamos que os títulos executivos extrajudiciais devem sempre ser líquidos, ao passo que os títulos executivos judiciais podem depender de prévia liquidação (fase que precederá a fase de cumprimento de sentença). Aqui deve ser destacado que ausência de liquidez não se confunde com a necessidade de simples cálculos aritméticos (art. 509, §2ºe 786, parágrafo único, CPC) – as majorações ou minorações em relação ao decurso do tempo não afetam a liquidez e não tornam a obrigação ilíquida. Aqui temos como exemplo a existência de pagamento parcial, acréscimos de encargos, subtração ou adição para apuração do montante.
Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor:
(...)
§ 2o Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença.
Art. 786. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível consubstanciada em título executivo.
Parágrafo único. A necessidade de simples operações aritméticas para apurar o crédito exequendonão retira a liquidez da obrigação constante do título.
III. A EXIGIBILIDADE é o direito de exigir a prestação. As obrigações a termo ou sob condição só se tornam exigíveis depois que estes se verificarem. Com a presença da exigibilidade será possível promover a execução forçada da dívida. Além disso, para que a exigibilidade seja analisada vale destacar que os títulos executivos extrajudiciais devem ser assinados pelo devedor, com exceção da certidão de dívida ativa expedida pela Fazenda Pública.
Espécies de títulos executivos: Os títulos executivos podem ser judiciais e extrajudiciais. A principal distinção refere-se a sua origem, que dará ensejo a procedimentos processuais diferenciados para executá-los.
O CPC/15 elenca os títulos executivos judiciais no art. 515 e os títulos executivos extrajudiciais no art. 784. O título executivo judicial será executado por meio do procedimento de cumprimento de sentença (art. 513 e ss.) e o título executivo extrajudicial será executado por meio de processo autônomo de execução.
TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS: São aqueles previstos em lei e produzidos no exercício da jurisdição ou procedimento arbitral.
Além do rol do art. 515, CPC, os títulos executivos judiciais também podem ser encontrados em outros dispositivos legais, é o caso, por exemplo, da decisão concessiva de tutela provisória (que é título hábil para permitir execução provisória, nos termos do art. 297, parágrafo único), a qual não reconhece a exigibilidade de obrigação, uma vez que é fundada em cognição sumária, e não exauriente, de modo que não lhe é possível certificar a existência da obrigação exigível.
Contudo, nosso estudo será para examinar os títulos executivos judiciais elencados no art. 515, CPC.
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título:
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial; III	-	a	decisão	homologatória	de	autocomposição extrajudicial de qualquer natureza;
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal;
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial;
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado; VII - a sentença arbitral;
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça;
X - (VETADO).
§ 1o Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2o A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo.
Títulos executivos judiciais certificam uma norma jurídica que atribui a um sujeito o dever de prestar (fazer, não-fazer, entregar coisa ou pagar quantia), tendo sido formado pelo crivo do Poder Judiciário.
I. Art. 515, I, CPC: as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa.
Trata-se de qualquer decisão judicial, ou seja, sentenças (art. 203, §1, CPC) decisão interlocutória (art. 203, §2º, CPC), acórdão e decisão unipessoal em tribunal pode ser título executivo judicial. Além disso, não é exigência da lei que a “decisão” seja de conteúdo condenatório, sendo afirmado pela doutrina a possibilidade de decisão com conteúdo constitutivo e declaratório ser título executivo judicial25, tendo o STJ firmado entendimento de que não importa a natureza da sentença (improcedência ou procedência), mas sempre irá constituir título executivo judicial, desde que estabeleça obrigação de pagar quantia certa, de fazer, não fazer ou entregar coisa.
Contudo, não se pode negar que a decisão condenatória sempre será considerada título executivo judicial por excelência, mas isso não retira a possibilidade de uma decisão constitutiva ou declaratória ser executada, uma vez que o entendimento é de que toda e qualquer decisão é exequível, desde que haja o reconhecimento da exigibilidade da obrigação, independente da natureza da ação ou da decisão proferida.
Além disso, não se faz necessário que a decisão tenha transitado em julgado para que seja objeto da execução, bastando que não esteja nenhum recurso dotado de efeito suspensivo. Aqui será realizado o cumprimento provisório.
II. Art. 515, II, CPC: a decisão homologatória de autocomposição judicial.
Trata-se de uma decisão de mérito (art. 487, III, CPC), sendo uma decisão acobertada pela coisa julgada. A eficácia executiva da decisão refere-se a obrigação que tenha sido assumida pelos litigantes.
Merece ainda destaque, que a decisão se dará em processo judicial já instaurado e poderá versar sobre matéria não posta em juízo e até mesmo que envolvam terceiros que não participam do processo (art. 515, §2º, CPC).
III. Art. 515, III, CPC: a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza.
Trata-se de qualquer acordo, inclusive em causas trabalhistas (pela aplicação subsidiária do CPC), de família e outros, possam ser levados ao juízo materialmente competente para ser homologado e constituir título executivo judicial (art. 725, VIII, CPC). O procedimento para essa homologação seguirá o disposto no art. 719 e ss, que trata dos procedimentos de jurisdição voluntária.
Aqui a exigência também é que o acordo esteja impondo aos celebrantes alguma prestação.
Além disso, o acordo extrajudicial que não seja levado para homologação em juízo, poderá valer como título executivo extrajudicial (art. 784, III, CPC). A diferença aqui terá relevância nas matérias de defesa, uma vez que a defesa no cumprimento de sentença (título executivo judicial) só permite a discussão das matérias do art. 525, §1º, CPC, que se refere a fatos relativos ao negócio jurídico. Se for título executivo extrajudicial poderá ser alegada todas as matérias de defesa, sem limitação (art. 917, CPC).
A diferença entre o inciso II e o inciso III, é que no primeiro caso o acordo foi celebrado quando já havia processo judicial em curso; enquanto na outra hipótese o acordo foi celebrado sem que houvesse processo instaurado, e este teve início para que se apreciasse a pretensão de homologação do acordo já celebrado.
IV. Art. 515, IV: o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal.
A partilha de bens feita em inventário ou arrolamento é homologada por sentença, sendo expedido um formal ou certidão que indicará os bens cabentes a cada um. A regra é a expedição de um formal – que é um caderno processual composto por peças que compuseram o processo de inventário ou arrolamento - que pode ser substituído por uma certidão nos casos em que o quinhão hereditário não exceder cinco vezes o salário mínimo vigente (art. 655, parágrafo único, CPC).
Merece destaque que o presente título executivo judicial só poderá ser executado em face do inventariante, dos outros herdeiros e dos sucessores a título singular ou universal, ou seja, herdeiro, beneficiário de um quinhão (art. 515, IV, in fine, CPC). Aqui não pode ser executado em face de um terceiro, justamente porque não participou da formação da decisão que reconheceu o dever. Caso o interesse seja em propor demanda contra terceiro, deverá ser feito por meio de demanda cognitiva.
Por fim, a interpretação do art. 515, IV deve ser feita de forma extensiva, a fim de incluir a partilha inter vivos decorrente do divórcio e dissolução de sociedade empresária.
V. Art. 515, V, CPC: o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial.

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