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Aula 7 – FURTO 1. Tipo subjetivo: deve haver dolo e animus rem sibi habendi · Dolo · “Animus rem sibi habendi”: vontade de ficar com a coisa pra você ou não devolver a coisa para o dono · Furto de uso: quando não há animus rem sibi habendi ocorre (ex: pegar o carro de alguém para ir comer pastel e depois devolver o carro) · Furto de uso é irrelevante para o Direito Penal a. Demonstrar que desde o início, a intenção era restituir o bem no fim das contas b. Coisa deve ser não consumível (exceção: uso decorativo – comodato “ad pompam ostentationis”) c. Restituir imediatamente o bem furtado · Furto famélico: furta um gênero alimentício para saciar a fome · Estado de necessidade – exclusão de ilicitude · Furto de botijão de gás e comida que precisa ser preparada não se encaixam no furto famélico · Posição majoritária: se o furto for de um objeto de valor muito sofisticado não é considerado furto famélico, a não ser que este seja a única coisa disponível · Para alimentar a criança é aceito a. Furto famélico é para matar a fome b. Último recurso da pessoa era furtar c. A coisa furtada deve ser apta a saciar a fome imediatamente 2. Consumação e tentativa – 4 correntes: a) Contretactio: o simples botar as mãos no objeto a ser subtraído com a intenção de furtar já consuma o delito de furto (dificuldade em comprovar o dolo) b) Amotio: há consumação do furto no momento em que o agente toma ou assuma a posse do objeto independente de distanciar-se do dono (ainda que o objeto não tenha saído da esfera de proteção da vítima) – adotada no Brasil pelo STF e STJ (súmula) c) Ablatio: há consumação quando o agente tem a posse mansa e pacífica do objeto furtado (o objeto sai da esfera de proteção da vítima, ela não pode mais reagir) e quando está na esfera de proteção seria tentativa – posição dominante da doutrina d) Ilatio: há consumação quando o agente dá a destinação final ao bem furtado · Bolso vazio: batedor de carteira que enfia a mão do bolso vazio · Hipótese 1: todos os bolsos vazios – o resultado seria sempre o mesmo: crime impossível · Hipótese 2: um bolso cheio – tentativa de furto: bem está disponível · Comércio com circuito interno de TV e segurança física: · Defesa: não há possibilidade de consumar o furto porque quando tentasse sair da loja os seguranças o impediriam – argumento não é aceito 3. Majorantes · §1 – Repouso noturno: dado cultural que só acontece à noite, momento em que as pessoas costumeiramente se recolhem para descansar à noite em dada localidade (não é sinônimo de noite – bairros com vida noturna agitada) · Justificativa: o sistema de segurança pública como um todo desacelera durante a madrugada, deixando todos mais vulneráveis · Locais habitados: jurisprudência entende que o repouso noturno pode ser aplicado em qualquer lugar, não apenas em locais habitados (pode ser aplicado à UFLA) · Cidade com turnos: cidades artificiais construídas por empresas para abrigar seus trabalhadores; empresas que funcionam 24 horas e dividem seus trabalhadores em turnos – repouso noturno só se aplica durante a noite, não é dependente do turno 4. Furto privilegiado (furto mínimo): causa especial de diminuição de pena quando estiverem presentes dois requisitos simultaneamente a. Primariedade do agente: aplicável pelo juiz · Corrente 1: pessoa nunca foi condenada por absolutamente nada · Corrente 2: pessoa nunca foi condenada pelo delito furto b. Coisa deve ser de pequeno valor · Pequeno valor: valor menor do que um salário mínimo – orientação do STF mas há discordância (5ª turma STJ acredita que é o valor menor que R$100,00) · Princípio da insignificância: pequeno valor não é ínfimo (ausência de tipicidade formal e material) · Delitos contra a ordem tributária e econômica (Art. 168-A): STF entende que pequeno valor é R$20.000,00 – porque procuradores da receita federal não devem ajuizar ações de cobrança se o custo é menor do que esse valor, porque o valor do processo é maior · Súmula 511 STJ: possibilidade de ter um furto qualificado e privilegiado simultaneamente, desde que as qualificadoras sejam objetivas (qualificação em razão do modo, e não da motivação) – ex: pular muro (escalada) para roubar bicicleta velha 5. Furto qualificado - §§4º e 5º a) Destruição ou rompimento de obstáculo que dificulta a subtração da coisa: qualquer coisa colocada para servir de obstáculo (ex: grades na janela, cerca elétrica, câmeras de segurança) · Vidro de carro: a jurisprudência aplica a qualificadora em casos de quebra de vidro de carro para subtração de objetos que estão dentro dele. Se o objeto do furto é o carro, a qualificadora não é aplicada, porque o vidro de carro não foi pensado para ser um o objeto que dificulte o furto. b) II. Abuso de confiança: o furto só foi cometido por causa daquela relação de lealdade entre autor e vítima (ex: empregada doméstica que subtrai joias do dono da casa) c) Fraude: qualquer manobra realizada com a intenção de enganar a vítima (ex: pessoa usa uniforma de prestador de serviço para ter acesso a casa; pessoa que ajuda idosos no caixa eletrônico) d) Escalada: utilização de qualquer acesso incomum ao objeto (ex: pular muros, cavar túneis, quebrar parede, entrar na casa pela janela) e) Destreza: agilidade ou habilidade física incomum (ex: batedor de carteira) f) III. Chave falsa: objeto que não tem aparência da chave original mas que é utilizado para destrancar um dispositivo (diferente de chave falsificada) g) IV. Concurso de pessoas: mesmo que haja diferença nas tarefas executadas, todos respondem pelo furto qualificado **Se houver um menor de idade, continua o concurso de pessoas h) §5º. Veículo automotor: se o objeto furtado é um veículo automotor que foi levado para outro estado da federação ou para outro país (veículo automotor = qualquer coisa que tem motor e que se move; qualificadora que só se aplica se o resultado efetivamente acontecer
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