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RESUMO DE DIREITOS REAIS

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DIREITOS REAIS – PARTE I
LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS REAIS 
Art. 1.225.
Código civil estabelece parâmetros de tipicidade para os direitos reais 
DIREITOS REAIS - INTRODUÇÃO
O direito real é um poder imediato que a pessoa exerce sobre a coisa, com eficácia contra todos (teoria personalista). 
Jus in re – poder sobre a coisa
· Poder imediato sobre a coisa que estabelece direitos e deveres da pessoa em relação a determinado bem 
RELAÇÕES JURÍDICAS PESSOAIS (um contrato ou um casamento, por exemplo) possui efeitos INTER PARTES os efeitos só valem para as partes daquele contrato
Já as RELAÇÕES JURÍDICAS REAIS: existem duas teorias: realista e personalista. 
Teoria realista (clássica): é aquela que estabelece apenas a relação entre pessoa e coisa (efeitos INTER PARTES)
· Possui efeito sobre determinado bem / coisa = jus in re (poder sobre a coisa)
· É insuficiente, pois o direito é fenômeno que não acontece isoladamente; a relação jurídica deve ser vista a partir da relação entre pessoas 
Teoria personalista: relação de direito real acontece entre a pessoa titular da coisa para com todos os sujeitos passivos que vão se abster de interferir nessa coisa (sujeitos passivos)
· Em uma relação jurídica contratual ou pessoal o sujeito passivo é delimitado (eficácia inter partes); já na relação jurídica de direitos reais é diferente, o sujeito passivo implica em toda coletividade (eficácia erga omnes) 
· O direito real é uma relação jurídica estabelecida entre pessoas, mas intermediada por coisas. 
1. Eficácia erga omnes = contra todos que vão ser sujeitos passivos na relação jurídica 
Na contemporaneidade, a propriedade é considerada como “um poder que se legitima através do uso pessoal da coisa, em atenção às finalidades econômicas e sociais”
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS REAIS
1. Aderência (ambulatoriedade)
Direitos e obrigações se aderem em razão da coisa e acompanham a coisa – e não seu titular (ex. venda de uma casa transfere as responsabilidades da casa para o novo adquirente = as obrigações são aderentes)
2. Sequela 
Direito de perseguir a coisa = uma vez que tem o direito sobre a coisa, pode tomá-la como sua ou exigir no judiciário uma tutela para que sua coisa seja devolvida 
Diz respeito a possibilidade do proprietário de ir atrás de sua coisa
3. Publicidade 
Relações jurídicas de direitos reais precisam ser públicas (ex. dono de imóvel precisa registrar em cartório)
4. Especialidade
Direitos reais não são gerais, eles recaem sobre coisas especificas (ex. se for hipotecar uma casa, deve ser um imóvel de endereço certo)
· Certas e determinadas
5. Preferência 
Relação jurídica de direito real tem preferência sobre relação jurídica de direito obrigacional (pessoal); (ex. se a pessoa tiver uma dívida em um contrato e ao mesmo tempo estiver hipotecando, à pessoa que for devida a hipoteca tem preferência)
6. Taxatividade 
Os direitos reais são taxativos – autonomia privada não pode criar novos direitos 
Não é possível criar novos tipos para dar efeito erga omnes = como são direitos que produzem efeitos para toda a coletividade, é necessária segurança jurídica 
Existe taxatividade, mas o direito deve acompanhar as evoluções sociais (ex. direito sob a superfície, não existia antes, mas passou a ser utilizado e foi abrangido pelo CC)
No atual ordenamento, [a reserva legal de direitos reais] deve ser revisitada à luz da axiologia constitucional, da qual despontam os princípios da função social da propriedade, da isonomia substancial e da solidariedade, que impõem novo controle de legitimidade aos atos de autonomia patrimonial. Revela-se, nessa perspectiva, o verdadeiro
significado de que se revestem os princípios da taxatividade e da tipicidade: evitar vínculos (e, de uma maneira geral, formas de aproveitamento das coisas) prejudiciais para a coletividade.
OBRIGAÇÃO PROPTER REM = obrigação por causa da coisa
Direito obrigacional, pessoal que acompanha a coisa em razão da sua característica de aderência/ambulatoriedade (ex. credito tributário; obrigação do condômino de não alterar a fachada do prédio, de concorrer com as despesas de conservação da coisa comum) = é uma obrigação que vai junto com a coisa
· Não é um direito real – é estudado junto, mas não é 
· Conceito: é a relação jurídica pessoal que acompanha a relação jurídica real 
· Obrigação propter rem é uma obrigação (onerosa ou não) imposta ao titular de determinado direito real pelo simples fato de assumir a condição de titular. 
DIREITO REAL DE LAJE 
Conceito: é a matrícula independente de um imóvel que é construído sobre outro (unidade autônoma da construção base)
· Laje não é direito de superfície = direito de superfície tem característica de consolidação no tempo (é temporário), direito de laje não é condicionado pelo tempo (tende à perpetuidade).
· Não é direito de servidão, laje é independente (não há relação de principal e subsidiário) – os imóveis guardam relação de interdependência. 
· Laje não é condomínio ordinário (divisão igual de uma mesma propriedade) = lajes possuem matriculas e usos diferentes do imóvel base; 
· Foi um direito real que veio para abarcar as necessidades das pessoas em favelas que buscavam respostas jurídicas – facilita o acesso ao direito de propriedade = resposta à função social da propriedade 
· Estimula a construção civil e garante o direito fundamental à moradia; assegura ao morador da favela um título, a transformar em direito o fato da posse. 
· Tem natureza de propriedade e deve atender ao seu papel social (funcionamento urbano)
Art. 1.510-A, CC/02. O proprietário de uma construção-base poderá ceder a superfície superior ou inferior de sua construção a fim de que o titular da laje mantenha unidade distinta daquela originalmente construída sobre o solo.
· É um direito vinculado ao poder de edificar sobre ou sob uma propriedade.
· Instituído pela Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017, anteriormente pela Medida Provisória 759/2016.
Art. 1.510-A, §3º, CC/02. Os titulares da laje, unidade imobiliária autônoma constituída em matrícula própria, poderão dela usar, gozar e dispor.
DIREITO DE ENFITEUSE
Art. 2.038, CC/02. Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior [...].
Enfiteuse é o arrendamento por prazo perpétuo de terras, mediante a obrigação, por parte do adquirente (enfiteuta), de manter em bom estado o imóvel e efetuar o pagamento de um foro anual e/ou laudêmio, certo e invariável, ao senhorio direto (proprietário).
· A enfiteuse é o mais amplo direito real de coisa alheia, pois confere a seu titular todas as vantagens materiais da propriedade. 
· O direito ao laudêmio corresponde a 2,5% do preço de alienação do direito da enfiteuse. Tratando-se de terrenos da União, o valor é 5%. A enfiteuse foi regulada pelos arts. 678 a 692 do Código Civil de 1916.
· Em virtude da perpetuidade, a enfiteuse transmite-se por herança.
Segundo o Código Civil de 1916, a enfiteuse poderia ser constituída por: a) registro imobiliário do título (contrato);
b) ato de última vontade (testamento). 
No mesmo diploma, a enfiteuse poderia ser extinta por: a) consolidação (quando o enfiteuta falece sem herdeiros ou
o herdeiro é o senhorio ou vice-versa); b) comisso (quando não se paga o foro anual por três anos consecutivos); c)
resgate (quando o foreiro compra o terreno do senhorio); d) deterioraçãodo prédio aforado.
ASPECTOS HISTÓRICOS DA PROPRIEDADE 
ANTIGUIDADE (DIREITO ROMANO)
Naquela época existia a figura do domínio – relação jurídica de dono que decorria da própria condição de cidadão Greco-romano 
· Essas relações de incondicionalidade do poder para ser exercido (do domínio), se estendiam a certos entes (não apenas de bens, como também o domínio sobre esposa, filhos e escravos)
· Isso torna historicamente/antropologicamente errado tentar conceituar propriedade em uma época que não concedia limite ao domínio incondicional do cidadão sobre tudo aquiloque estava em sua volta 
· Propriedade era uma situação abstrata, absoluta e incondicional 
PERÍODO MEDIEVAL 
· Surge idéia de domínio útil (“você pode utilizar minha terra, desde que você me pague uma parte e desde que você produza”; regime de servidão) – terra passa a ter titularidade, mas o exercício passa a ser titularizado por quem as utiliza 
· O que importava era a efetividade da utilização econômica da terra (mentalidade do primado do efetivo)
· Impossibilidade de uma fórmula abstrata, de um vínculo puro das relações entre os homens e as coisas
· Preocupação era com quem estava usando a terra e não com quem era seu propritário 
· Estrutura imobiliária da idade média era estática (presença forte da nobreza) – não havia preocupação com a distinção de estruturas jurídicas de propriedade, vez que as terras não mudavam de mão/dono (estrutura de imobilização do patrimônio fundiário); não havia preocupação em estabelecer uma situação jurídica para a terra. 
EXPERIÊNCIA BRASILEIRA 
Quando a Coroa brasileira tomou as terras em 1530 (aquisição originária; direito de conquista), ela encontrou um problema = não tinham maneiras efetivas de usar a terra em razão da distancia, dispêndios, etc. 
· Para colonizar a terra, o governo português implantou as capitanias hereditárias (lotes de terra que dividiam o Brasil em 15 regiões paralelas ao Equador)
· Depois, surgiu a Lei das Sesmarias (1375). As sesmarias surgiram para regular a propriedade no território recém descoberto – pagava-se certa taxa à coroa para utilizar a terra e torná-la domínio útil (plantar, comer, colonizar) – eram lotes de terra menores de uma capitania que eram doadas a um sesmeiro com o intuito de tornar a terra produtiva. 
· O movimento do domínio útil chegou ao Brasil tardiamente 
· Sesmaria era propriedade sem caráter absoluto (pois continuava a ser de titularidade da coroa portuguesa); era condicionada ao princípio da obrigatoriedade do cultivo (“REINO DA EFETIVIDADE”). 
· A preocupação não era em que era o sesmeiro, mas se esse individuo estava fazendo uso das terras – preocupação com o reinado efetivo 
· Caracteriza o ordenamento jurídico medieval em sua generalidade. 
MODERNIDADE
· Começa-se a romper com os moldes feudais => Libertação em relação aos poderes verticais da sociedade anterior
Revolução francesa: busca regular a propriedade como direito fundamental da pessoa contra o Estado – que não pode intervir na relação jurídica de propriedade; pessoa deve ter liberdade 
· O que importava era um sistema jurídico que afastasse a interferência do estado das relações privadas, permitindo os particulares a atuar e tomar decisões sobre seu próprio patrimônio 
· Direito de propriedade surge como liberdade individual contra a ingerência do Estado
Primeira expressão da nova concepção de propriedade: Código de Napoleão (1804)
Art. 544. A propriedade é o direito de gozar e dispor das coisas, de maneira mais absoluta, desde que não se faça um uso proibido pelas leis ou pelos regulamentos.
· Estado concedia as pessoas um espaço de atuação – chamado de autonomia privada. Existiam limites organizados pela lei em que o estado não poderia intervir mais 
· Características importantes:
a. É um direito natural e subjetivo – decorre da própria condição de ser humano o fato de ser proprietário 
b. Se traduz em um poder absoluto, ilimitado, sagrado e inviolável – ninguém pode interferir na condição de propriedade 
c. Constitui um vínculo abstrato 
d. Possui a função histórica de ruptura com a hierarquia feudal
CONCEITO CLÁSSICO DE PROPRIEDADE
O conceito clássico de propriedade ganha denominações cada vez mais abstratas. 
A propriedade, no sentido próprio da palavra (dominium), exprime a ideia do poder jurídico mais completo de uma pessoa sobre uma coisa e pode ser definida como o direito em virtude do qual uma coisa encontra-se sujeita, de uma maneira absoluta e exclusiva, à vontade e ação de uma pessoa)
BGB Alemão (CC ALEMÃO)
§ 903. O proprietário de uma coisa pode, sempre que a lei ou o direito de um terceiro não se opuser, dispor da coisa à sua vontade e excluir outros de qualquer intromissão
· Só precisava de um vinculo capaz de excluir os outros de acordo com a sua vontade 
· Era direito de eficácia erga omnes – afastava interferência de todos 
BRASIL: o regime de sesmarias quando extinto (1822) responde à expansão da economia cafeeira que queria maior segurança para as trocas econômicas (+ extinção do tráfico negreiro + movimento de independência)
· Em 1850 surge a lei de terras marco da história da propriedade privada brasileira (a propriedade deixa de ser domínio util da coroa portuguesa e passa a ser mercadoria)
· Terra passa a ser objeto de transação comercial 
· Propriedade passa a ser mercadoria 
· Brasil demonstra as necessidades de seguir as tendências das revoluções liberais 
· Sesmarias foram vendidas (terras devolutas) e transformadas em propriedade
Terras devolutas são terras públicas sem destinação pelo Poder Público e que em nenhum momento integraram o patrimônio de um particular, ainda que estejam irregularmente sob sua posse. O termo “devoluta” relaciona-se ao conceito de terra devolvida ou a ser devolvida ao Estado. 
CÓDIGO CIVIL 1916 
Art. 524. A lei assegura ao proprietário o direito de usar, gozar e dispor de seus bens, e de reavê-los do poder de quem quer que, injustamente, os possua. 
· Modelo mais prático e menos abstrato (seguiu o modelo liberal francês)
Características importantes: 
· Possui influência da mentalidade proprietária individualista liberal.
· Clóvis Beliváqua, apesar de sua formação pandectística, aproximou-se mais do modelo francês (Napoleão) do que do alemão (BGB).
· Curiosidade: Teixeira de Freitas, no Esboço, art. 4.071, ao iniciar o direito das coisas, diferencia domínio e propriedade (domínio e propriedade).
CONTEMPORANEIDADE
Em decorrência de problemas sociais, ambientais e tecnológicos, não faz sentido tratar a propriedade em sentido geral e abstrato – deve regulamentar de forma diferente, de modo a individualizar, pois cada uma das propriedades gera uma situação jurídica diferente. 
· Troca linha dogmática abstrata por linha pratica/realista 
· A propriedade se abre a uma sociedade complexa que deve responder problemas sociais, ambientais e tecnológicos
· Renovação metodológica: não mais persistir em conceitos unitários relacionados a uma pluralidade de estatutos proprietários, trocando a estabilidade e a cristalização de um conceito pelo valor do movimento e da abertura. 
Na contemporaneidade, as mudanças têm sido de tal magnitude que se cogita não mais de um genérico direito de propriedade, mas de direito das propriedades, além da viragem rumo à funcionalização, à interlocução com deveres gerais de conduta e ao exercício ambientalmente sustentável. Não mais existe a propriedade concebida como direito individual absoluto, exclusivo e oponível a todos, como expressão de soberania localizada, sem contemplação do interesse social ou coletivo.
Motivos para negação da acepção de propriedade abstrata :
1. Social: se entende a propriedade como direito absoluto que decorre de vinculo abstrato, faz-se possível o não uso da propriedade e o acúmulo de terras infrutíferas e não utilizáveis simplesmente em razão de uma justificativa abstrata = geraria muita desigualdade social; por isso, é necessária uma análise da propriedade que garanta à coletividade a utilização efetiva das propriedades. 
2. Ambiental: a propriedade não pode servir de instrumento para destruir um bem comum da coletividade, o meio ambiente; o uso da propriedade esta vinculado a um respeito comum da utilização de bens, esse respeito comum é o meio ambiente. A terra deve ser usada de forma a não prejudicar não apenas aqueles que estão em volta sem acesso, mas toda a coletividade que intitula os direitos coletivos. 
3. Tecnológico: o conceito abstrato não faz sentido, visto que o conceito de propriedade intelectual e industrial é atual. 
· Patente, etc. 
CONCEITO DE PROPRIEDADE
Art. 1.228. O proprietáriotem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
Conceito de propriedade voltado para delimitar faculdades do exercício da propriedade; as faculdades são: usar, gozar, dispor e reaver. 
§ 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
Condicionante ao exercício do direito da propriedade: preservar as funções econômicas, sociais e ambientais da propriedade. 
· Limitação/renovação metodológica do exercício do direito de propriedade
Propriedade: relação jurídica complexa que confere a um titular a faculdade de usar, gozar, dispor e reivindicar um determinado bem em face da coletividade, respeitando, no exercício dessas faculdades, a função social e econômica pela qual o bem é juridicamente protegido. 
PROPRIEDADE = situação jurídica complexa 🡪 possuir o direito de propriedade é estar em uma situação jurídica complexa, visto que esse direito incorpora diversos deveres/obrigações 
· Os limites e as obrigações fazem parte do direito de propriedade 
· Fatores externos são o ônus real, a servidão, o peso imposto pelo exterior e que, não fazem parte da estrutura da situação subjetiva-propriedade. 
· Além das faculdades conferidas ao titular, a propriedade acarreta imposição de deveres, como o da função social. São deveres positivos e negativos. Exemplos de dever positivo: usar de modo útil a coisa, ou de conservá-la de acordo com as regras urbanísticas e sanitárias, ou de derrubar edifício que esteja com risco de desabamento. São deveres negativos: não edificação nos recuos exigíveis, a partir dos limites do terreno.
FACULDADES DA PROPRIEDADE
· Faculdades próprias do direito de propriedade 
· Configuração do conteúdo do direito subjetivo
1. USAR – jus utendi 
Usar um determinado bem móvel/imóvel para a finalidade econômica que ele foi destinado e para qual foi criado. 
· É uma faculdade do proprietário, não um dever. No entanto, o “não-uso” (inação) no tempo estimado pela lei, pode configurar usucapião ou abandono (art. 1.276). 
· Frutos NATURAIS (ex: maça, laranja): colher frutos faz parte da faculdade de usar
· Frutos CIVIS (ex: dinheiro de aluguel): faz parte da faculdade de gozar
Art. 1.412. O usuário usará da coisa e perceberá os seus frutos (frutos naturais), quanto o exigirem as necessidades suas e de sua família.
§ 1º Avaliar-se-ão as necessidades pessoais do usuário conforme a sua condição social e o lugar onde viver.
§ 2º As necessidades da família do usuário compreendem as de seu cônjuge, dos filhos solteiros e das pessoas de seu serviço doméstico.
2. GOZAR – jus fruendi 
Explorar economicamente a coisa; faculdade de receber vantagens econômicas e úteis a partir da exploração do bem
· Pode ocorrer pela extração de frutos civis (com exceção dos frutos naturais – uso) e produtos do bem. Ex. Aluguel
Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem.
· O fruto colhido pertence ao proprietário.
3. DISPOR – jus abutendi 
Faculdade de alterar a substância do bem ou de determinar a destinação do bem
· Enquanto nos exercícios de usar e fruir o proprietário não se priva da substância da coisa, no exercício de disposição ele deliberadamente o faz. 
· Ex: vender, doar, entregar, alugar, destruir
Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade:
I - por alienação;
II - pela renúncia;
III - por abandono;
IV - por perecimento da coisa;
V - por desapropriação – não se aplica na faculdade de disposição
Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis.
4. REIVINDICAR – jus persequendi 
Não é uma faculdade em sentido estrito, pois dela não se extrai conteúdo do direito. É um “elemento externo jurídico da propriedade”. 
· Significa a pretensão do titular de excluir terceiros de indevida ingerência sobre a coisa
· “Ir atrás” da coisa
Direito real sobre coisa própria: você tem as plenas faculdades de usar, gozar, dispor e reaver a coisa
	Laje – art. 1225, XIII
· Não limita nenhuma das faculdades de usar, gozar, dispor e reaver a coisa
· É apenas uma faculdade espacial da propriedade
Condomínio – art. 1314
· Quando há mais de um titular na relação jurídica complexa de propriedade
· Condomínio geral x condomínio edilício
· Não modificam as faculdades; apenas limitam fracionalmente o direito de propriedade
Multipropriedade – art. 1358-B
· Quando há mais de um titular na relação jurídica complexa de propriedade
· Multipropriedade temporal: estabelecer uma limitação temporal ao exercício da propriedade
· Não limita nenhuma das faculdades jurídicas, só as condiciona ao tempo em que foi marcado na propriedade
Direito real sobre coisa alheia: são manifestações derivadas dos direitos reais, pois resultam da decomposição das faculdades jurídicas contidas na esfera da propriedade; quando você confere a si um direito real com algumas das faculdades de uma maneira limitada. 
a) Direitos reais de uso e fruição: superfície, servidão, usufruto, uso, habitação, concessão de moradia, concessão de uso e enfiteuse. 
b) Direitos reais de garantia: penhor, hipoteca e anticresse 
c) Direito real à aquisição: promessa de compra e venda
MULTIPROPRIEDADE
Na multipropriedade fraciona-se no tempo o uso da mesma coisa (meses, semanas, dias) entre titulares diversos. A titularidade é de unidade de tempo de uso determinado sobre a coisa e, durante esse tempo, de modo exclusivo. O tempo restante é compartilhado por outros titulares
· No Brasil, tem sido frequente a constituição de sociedade ou associação dos adquirentes, passando cada titular a deter uma quota da sociedade ou um título de associado; ou, também, de um condomínio em geral (não edilício). O registro do condomínio converte cada condômino em titular de uma parte ideal do imóvel, mas não de um direito real de utilização temporal reconhecido.
· A multipropriedade não está baseada na restrição temporária do direito de uso e gozo do bem, mas sim na qualidade peculiar da coisa assenhoreada, a qual é individualizada no espaço e no tempo
· Em decisão tomada em 2016 o STJ (REsp 1.546.165) fez opção explícita pelo condomínio, considerando a multipropriedade espécie do gênero condomínio
PROPRIEDADE X POSSE
Posse: exercício material de alguma das faculdades da propriedade
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
A posse que não seja a do próprio dono da coisa vive em constante tensão com o direito de propriedade. 
A posse é protegida desde seu nascedouro até mesmo quando o possuidor esteja de má-fé, ou seja, quando sabia que a coisa é de titularidade de outrem.
As únicas posses que nosso direito não protege são as havidas de modo clandestino ou violento, senão depois de cessar a clandestinidade ou a violência (CC, art. 1.208), e, por força da Constituição, a que viole a função social ou o meio ambiente.
· Pode parecer estranho que se proteja a posse contra o proprietário da coisa. Assim é porque a inércia deste afronta o princípio da função social da propriedade, pois é do interesse social que seja útil.
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
Paradoxalmente, as concepções contemporâneas da propriedade, mercê das restrições e limitações que sofreu, reduzindo seu impacto de poder jurídico eabstrato, fizeram emergir toda a força emancipadora da concepção da posse como poder de fato, como instrumento mais democrático de acesso das pessoas às coisas. A posse, quanto mais distante fica da propriedade, mais protege quem dela se utiliza e mais amplo fica o acesso das pessoas aos suportes materiais para suas existências
LIMITES À PROPRIEDADE
1. Limites de ordem dogmática
1.1. Limitação temporal
Em regra, o direito de propriedade é PERPÉTUO (tende a perpetuidade). 
Exceção: propriedade RESOLÚVEL – propriedade com data para acabar; vínculo de propriedade em que há uma condição ou termo que, uma vez implementado, se extingue. 
· Condição – condiciona o exercício de um direito a certo acontecimento
· Termo – evento futuro e certo
Art. 1.359. Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprietário,em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha.
Ex. 1: alienação fiduciária em garantia (você compra um bem do banco – carro/casa – e financia; quando você acaba de pagar o financiamento, o bem passa para o seu nome; até que você acabe de pagar, o bem é do banco; porque se você não pagar, o bem já é do banco)
Exceção 1: retrovenda
Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador,inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.
- Ex: pessoa vende um imóvel, arrependeu; pode retroagir à venda por um prazo de 3 anos, devendo restituir o valor e as despesas; mas para isso deve haver cláusula com essa previsão no contrato, não pode em qualquer caso.
Exceção 2: direitos reais limitados. 
1.2. Limitação espacial
O direito de propriedade do solo se estende para cima (céu) e para baixo (subsolo)? Em regra, sim, desde que seja útil para uso e fruição do bem. 
Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las. 
Exceção:
Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.
Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial.
1.3. Limitação funcional
Direito de propriedade e função social = art. 5°
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
· Art. 170 função social na ordem econômica 
· Art. 182,184 e 186 (função social da propriedade urbana e rural)
Quais os efeitos da função social? 
· Os manuais divergem sobre o que consideram função social, devido a abstração do termo
· Limitador funcional da própria sociedade a função social não é meramente um limite, ou seja, não é um fato que, se não atingido, gerará indenização; mas sim uma condicionante de exercício; os efeitos, portanto, não são meramente reparatórios, são também preventivos, estabelecendo obrigações que acompanham o exercício do direito de propriedade; 
O direito de propriedade pode ser abusivo?
Art. 1.228, § 2º São defesos (proibidos) os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
Teoria do abuso de direito 
· Caso da chaminé e Caso dos balões 
· Abuso de direito: você não pode exercer um direito com a intenção de prejudicar alguém 
· Problema: como provar que o intuito da pessoa é prejudicar alguém? Por isso a teoria caiu em desuso. 
· Hoje em dia, se utiliza a função social da propriedade como argumento, visto que atribui parâmetros objetivos para determinar se está sendo observada a função social ou não. 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Abuso no CC: O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com suas finalidades econômicas e sociais (CC, art. 1.228, § 1o). Os limites estabelecidos pelo Código Civil, para além dos quais se incorre em abuso do direito, são: o fim econômico e social, a boa-fé, os bons costumes.
· Para Gustavo Tepedino, a teoria do abuso do direito torna-se dispensável diante da funcionalização da propriedade, em razão da qual se concebe a função social como elemento interno do domínio, seu pressuposto de legitimidade, e cujo desatendimento enseja a perda de merecimento de tutela da situação proprietária.
Constitucionalização: entre os direitos e garantias fundamentais, a Constituição garante aos brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil a inviolabilidade do direito à propriedade (art. 5o), estabelecendo explicitamente que “é garantido o direito de propriedade” (art. 5o, XXII). No plano internacional, a Declaração Universal dos Direitos Humanos estabelece (art. 17) que “toda pessoa tem direito à propriedade, individual ou coletivamente” e “ninguém será privado arbitrariamente de sua propriedade”.
· Na contemporaneidade, a garantia da inviolabilidade da propriedade é exercida em conformidade com as garantias, igualmente constitucionais, dos que são por ela afetados e pelos não proprietários.
Limitação de direitos de vizinhança 
Os direitos de vizinhança impõe deveres ao titular da situação jurídica de proprietário e, com isso, limitam sua atuação. 
· São eles: uso anormal da propriedade, árvores limítrofes, passagem forçada, passagem de cabos e tubulações, águas, direito de tapagem, direito de construir (artigos 1.277 a 1.298)
O direito de propriedade pode ser limitado pela necessidade pública?
Lei 13.301/2016
Art. 1° Na situação de iminente perigo à saúde pública pela presença do mosquito transmissor do vírus da dengue, do vírus chikungunya e do vírus da zika, a autoridade máxima do Sistema Único de Saúde - SUS de âmbito federal, estadual, distrital e municipal fica autorizada a determinar e executar as medidas necessárias ao controle das doenças causadas pelos referidos vírus [...], tais como:
IV - ingresso forçado em imóveis públicos e particulares, no caso de situação de abandono, ausência ou recusa de pessoa que possa permitir o acesso de agente público, regularmente designado e identificado, quando se mostre essencial para a contenção das doenças.
Limitações de ordem ambiental
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
Existem titularidades especiais (indígenas, quilombolas e extrativistas) 
INDÍGENAS 
Art. 231, § 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes. (CF)
§ 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé.
A propriedade da terra é da UNIÃO, mas as comunidades indígenas possuem direito real de usufrutoArt. 1.394. O usufrutuário tem direito à posse, uso, administração e percepção dos frutos. (CC)
Lei 6.001 (Estatuto do índio) 
Art. 24. O usufruto assegurado aos índios ou silvícolas compreende o direito à posse, uso e percepção das riquezas naturais e de todas as utilidades existentes nas terras ocupadas, bem assim ao produto da exploração econômica de tais riquezas naturais e utilidades.
 § 1° Incluem-se, no usufruto, que se estende aos acessórios e seus acrescidos, o uso dos mananciais e das águas dos trechos das vias fluviais compreendidos nas terras ocupadas.
 § 2° É garantido ao índio o exclusivo exercício da caça e pesca nas áreas por ele ocupadas, devendo ser executadas por forma suasória as medidas de polícia que em relação a ele eventualmente tiverem de ser aplicadas. 
Caso raposa serra do sol (RO): 
a) o usufruto das riquezas do solo, dos rios e dos lagos existentes nas terras indígenas (§ 2º do art. 231 da CF) não se sobrepõe ao relevante interesse público da União, tal como ressaído da Constituição e na forma de lei complementar (§ 6º do art. 231 da CF);
b) o usufruto dos índios não abrange a exploração mercantil dos recursos hídricos e dos potenciais energéticos, que sempre dependerá (tal exploração) de autorização do Congresso Nacional;
c) as terras indígenas não poderão ser objeto de arrendamento ou de qualquer ato ou negócio jurídico que atente contra o pleno exercício do usufruto e da posse direta por comunidade indígena ou pelos índios (art. 231, § 2º, Constituição Federal, c/c art. 18, caput, Lei nº 6.001/1973);
QUILOMBOLAS
ACDT: Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
· A propriedade definitiva é das comunidades quilombolas, devendo a União apenas emitir o título (processo com várias etapas)
· Apesar de a Constituição determinar que as comunidades quilombolas fazem parte do patrimônio cultural brasileiro e que devem ter suas terras reconhecidas, apenas 6% dos territórios quilombolas possuem o título da área – na maior parte dos casos, apenas parte dos territórios foram titulados. No Brasil, das 2.847 comunidades quilombolas certificadas – número que é ainda maior se forem consideradas as comunidades que ainda não foram reconhecidas –, apenas 174 foram tituladas. Até obterem o título da terra, as comunidades ainda precisam passar pela elaboração e publicação do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), pela publicação da Portaria de Reconhecimento assinada pelo Incra e pelo Decreto de Desapropriação assinado pela Presidência da República.
RESERVAS EXTRATIVISTAS
A área das reservas extrativistas pertence ao domínio do poder público, com uso concedido às populações extrativistas tradicionais. 
As áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.
OBRIGAÇÕES AMBIENTAIS PROPTER REM
Legislação: Código Florestal, PNMA (Política Nacional do Meio Ambiente)
Obrigações administrativas: ZEE (Zoneamento Ecológico-econômico), CAR (Cadastro Ambiental Rural, PRA (Programas de Regularização Ambiental)
Reserva legal: arts. 3º, III, 12, Lei nº 12.651/12
 Obrigação propter rem de TODA propriedade imóvel rural.
 Reserva legal são áreas legalmente demarcadas dentro de uma propriedade rural que devem ser exploradas sustentavelmente. Representam uma área variável de 20% a 80% dependendo do bioma em que se encontra a propriedade.
APP, Área de Preservação Permanente (arts. 3º, II, 4º, Lei nº 12.651/12)
 Constituem áreas protegidas, devendo ser conservada a vegetação nativa preservando os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, além de proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.
 São instrumentos de proteção contra os impactos derivados da exploração de recursos naturais, tais como deslizamentos, enchentes e instabilidade climática.
 Enquanto as Reservas Legais podem ser exploradas, desde que com uso sustentável, Área de Preservação Permanente deve ser mantida intacta.
POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
 Instituição de Servidão Ambiental (Direito Real) - Lei nº 11.284/06 que acrescentou o artigo 9º-A/C à Lei 6.938/81, PNMA 
 Classicamente, servidão é direito real sobre imóvel alheio que se constitui em proveito de um prédio, chamado de dominante, sobre outro, denominado serviente, pertencentes a proprietários diferentes.
 Contemporaneamente, a servidão ambiental consiste em direito real criado a partir da renúncia voluntária do proprietário rural ao direito de uso, exploração ou supressão dos recursos naturais existentes em toda ou parte de sua propriedade.
Constituindo-se de servidão ambiental, averbada na transcrição ou matrícula no registro de imóveis, a propriedade gozará de incentivos tributários, como isenção do Imposto Sobre a Renda do proprietário, isenção do Imposto Territorial Rural (para áreas de cobertura vegetal primária ou estágio médio e avançado de regeneração), compensação da Reserva Legal e dedução do Imposto Sobre a Renda do doador ambiental.
CAR 
Criado pela Lei nº 12.651/2012, no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, e regulamentado pela Instrução Normativa MMA nº 2, de 5 de maio de 2014.
 É um registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais referentes às Áreas de Preservação Permanente - APP, de uso restrito, de Reserva Legal, de remanescentes de florestas e demais formas de vegetação nativa, e das áreas consolidadas, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento.
RECURSOS NATURAIS DO SUBSOLO – JAZIDAS E MINAS 
CF/88. Art. 20. São bens da União: IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo.
Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais (ex. Petróleo).
Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial.
CF/88, Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.
§ 2º É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma e no valor que dispuser a lei.
Jazidas e minas, fontes de recursos minerais, são propriedade da União por força constitucional e não se confundem com a propriedade do solo.
· A participação na exploração desses recursos é concedida ao proprietário do solo (em regra, 50%), mas a exploração somente pode ser realizada ou concedida para terceiros pela União.
PETRÓLEO
CF/88. Art. 177. Constituem monopólio da União:
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;
II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;
III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores [...]
· Minas de petróleo, assim como os demais recursos minerais, são propriedade da União por força constitucional e não se confundem com a propriedade do solo.
· A exploração do petróleo, porém, é monopólio da União e suas estatais.
ÁGUA
CF/88. Art. 20. São bens da União: 
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; 
CF/88. Art. 26.Incluem-se entre os bens dos Estados: 
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
O particular possui direito de uso da água e, mediante autorização do Poder Público, cobrada devida contraprestação, tem direito de explorar economicamente (gozo) das nascentes em sua propriedade.
Lei 9.433/97 (Código de Águas).
Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos hídricos:
II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo;
Art. 20. Serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos a outorga, nos termos do art. 12 desta Lei.
POSSE 
Posse como ponto de inflexão crítica do conceito tradicional de propriedade.
· Contra o direito de propriedade abstrato da modernidade, tem-se a proteção da posse =>> que é material 
· O problema da posse é um questionamento da situação de proprietária
· Direito de posse é tentar regular as pessoas que estão exercendo a posse de maneira concreta 
Subverte a ordem jurídica abstrata que busca simplesmente um conceito 
· Ser proprietário ≠ estar proprietário 
· POSSE COMO DIREITO REAL SUBVERSIVO
“A posse é o estado de fato de quem se acha na possibilidade de exercer poder como o que exerceria quem fosse proprietário [...]. Posse é o poder fático sobre a coisa”. 
· Quem de fato exerce aquilo como se proprietário fosse 
· Idéia de posse = quem esta exercendo as faculdades de exercício da propriedade 
· Propriedade em si é o vinculo abstrato que tem a ver com a titularidade 
· A posse se adquire quando se inicia efetivamente o exercício do poder de fato, equivalente a qualquer dos poderes inerentes à propriedade, sobre a coisa.
· A posse descreve a situação fática da situação jurídica de propriedade. É o exercício material das faculdades de usar, gozar, fruir e perseguir. 
Ex. Se a pessoa absolutamente incapaz recebe de alguém uma coisa, não se torna proprietária dela, mas adquire a posse. Assim é porque a propriedade é relação de direito, exigente de capacidade jurídica para sua aquisição, enquanto a posse, por ser relação de fato, dispensa tal capacidade ou validade da manifestação de vontade. Não se indaga da validade da manifestação de vontade, mas se a aquisição da posse, como fato, se deu ou não.
Posse x propriedade: Doutrina, na maioria das vezes, não enxerga a posse como um direito, mas como situação de fato com repercussão jurídica, enxerga a propriedade como direito subjetivo 
· A propriedade em si versa sobre a titularidade formal da relação jurídica. A doutrina clássica enxerga propriedade como um direito subjetivo, decorrente de título, com eficácia contra terceiros.
Código Civil: Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Tutela da posse: tutelar a posse é resolver o problema do vinculo abstrato = condiciona o exercício da propriedade de uma maneira especifica 🡪 não tutela o direito, tutela o exercício desse direito
Proteção jurídica da posse é tanto positiva quanto negativa: é positiva quando garante seu exercício e sua função social. É negativa, quando repele a lesão de terceiros e até do proprietário, que intentem impedir ou suprimir seu exercício pelo possuidor. 
· Compõem a proteção jurídica: a) a autodefesa, que é a defesa imediata à injusta violação, como turbação ou esbulho; b) a manutenção ou reintegração judiciais; c) a indenização dos danos sofridos pelo possuidor. 
· Estende-se à posse, consequentemente, a tutela legal do exercício dos poderes e deveres de proprietário. Assim, são aplicáveis ao possuidor os direitos de vizinhança, os direitos e deveres do condômino em edifício de apartamentos, as regras sobre a servidão, se o imóvel possuído tem servidão. 
· Além de sua proteção jurídica, que se encontra no plano da defesa, a posse é também o exercício de fato de poderes correspondentes aos poderes jurídicos de proprietário, como estabelece o Código Civil brasileiro. Estende-se à posse, consequentemente, a tutela legal do exercício dos poderes e deveres de proprietário.O que se protege, na posse, não são os direitos, mas poderes fáticos que correspondem a esses direitos.
TEORIAS DA POSSE:
1. Teoria subjetiva: posse = corpus (controle material sobre determinada coisa) + animus (intenção de exercer o controle material sobre aquela coisa)
a. Se faltar esta vontade interior, esta intenção de proprietário (animus domini), existirá simples detenção e não posse. 
b. Gera problema processual – demonstrar o animus levava a uma discussão infinita, a necessidade probatória é muito difícil 
2. Teoria objetiva: posse = corpus (exercício dos poderes da propriedade) 🡪 uso, gozo, reivindicação 
a. É a regra = aplicada na codificação brasileira 
b. Para se caracterizar a posse, basta atentar no procedimento externo, independentemente de uma pesquisa de intenção
c. Exceção: usucapião – precisa configurar corpus e animus
Obs: o objetivismo da teoria de Ihering, ou seja, a dispensa da intenção de dono na sua configuração permite caracterizar como relação possessória o estado do fato do locatário em relação à coisa locada, do depositário em relação à coisa depositada, do comodatário em relação à coisa comodada, do credor pignoratício em relação à coisa apenhada etc. E isto não é mera abstração. Verdadeiramente dotado de efeitos práticos, permitirá a qualquer deles defenderse por via das ações possessórias ou interditos
Obs2: A posse, em nosso direito positivo, não exige, portanto, a intenção de dono, e nem reclama o poder físico sobre a coisa. É relação de fato entre a pessoa e a coisa, tendo em vista a utilização econômica desta. É a exteriorização da conduta de quem procede como normalmente age o dono. É a visibilidade do domínio
CC 2002: a norma legal brasileira não declara que a posse seja o poder de fato sobre a coisa, não exige o elemento intencional, nem impõe a exteriorização do com- portamento próprio de dono da coisa. É acontecimento do mundo fático, porém erga omnes. Assim, não seguiu a teoria subjetivista
Fundamento da posse: fundamento da posse é o princípio da conservação do fático. Resumindo seus pressupostos, podemos dizer que a posse é relação fática entre a pessoa e a comunidade, diferentemente da propriedade que é relação jurídica entre a pessoa e a comunidade. Quem toma posse de um terreno sem oposição está no mundo fático. Mas, quando há oposição à posse esta ingressa no mundo jurídico como fato jurídico. Ou quando ela ofende direito alheio. Ou quando é objeto de algum negócio jurídico.
SIGNIFICADOS DA POSSE
Do sistema legal brasileiro surgem não apenas uma, mas duas definições essenciais e complementares da posse de coisas:
- 1. A posse é o exercício de poderes de fato que corresponde ao exercício dos poderes inerentes à propriedade.
- 2. A posse é legitimação própria do direito de usar e possuir a coisa.
A primeira definição legal é relativa à posse em geral. A posse, enquanto exercício fático de algum dos poderes inerentes à propriedade, permanece no mundo dos fatos; é fato do mundo dos fatos. Todavia, quando é violada ou corre o risco de ser violada, ingressa no mundo do direito, como fato jurídico merecedor da proteção possessória que o ordenamento lhe confere. Também se converte em fato jurídico quando é objeto de negócio jurídico ou em virtude da sucessão hereditária. A posse não pode ir além, como poder fático, do que, como poder jurídico, poderia ir o poder contido na propriedade.
A segunda definição é da posse autônoma, como direito subjetivo próprio, quando a Constituição e a lei dispensam a correlação com a propriedade. A definição legal dada pelo Código Civil limita-se à posse correlacionada à propriedade. Mas não abrange a posse autônoma, que, por ser independente da propriedade,já é fato jurídico, de onde promana o direito subjetivo. Quando a posse é autônoma, como nos exemplos das terras dos índios ou da legitimação da posse registrada decorrente de demarcação urbanística, ela já ingressa no mundo do direito como fato jurídico, por força de lei.
DETENÇÃO 
Conceito de detenção: o servidor da posse não é possuidor. Entre o possuidor e o servidor há relação de ordem e obediência; de autoridade e subordinação 
· Autoriza a pessoa a exercer a propriedade, mas ela não é possuidora = é um vinculo de autorização, subordinado às ordens 
Não possuidores: não são considerados possuidores os detentores da coisa ou as pessoas permitidas ou meramente toleradas pelo proprietário
· Essas pessoas não podem entrar com ação de usucapião 
Famulus da posse = detentores = servidores: pessoas subordinadas ao proprietário ou ao possuidor que exercem os poderes de propriedade em razão de ordens ou favores.
· Exerce as faculdades da posse em nome de outra pessoa (daquele que tem vinculo real com a propriedade)
Art. 1198, CC: Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Pessoas permitidas ou meramente toleradas: são pessoas que estão de favor 
· Não pode confundir com aluguel, usufruto, etc = essas decorrem de relação jurídica direta que concede à outra pessoa a faculdade de usar, gozar, dispor e reivindicar 
Art. 1208, CC: Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
Enunciado 301 das Jornadas de Direito Civil CJF/STJ. É possível a conversão da detenção em posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos possessórios.
· Se comprovar que estava exercendo os poderes de propriedade em nome próprio – independente de anuência do proprietário, por vontade própria 🡪 se conseguir comprovar isso (por determinado tempo) consegue vinculo originário por usucapião
· Passa a ter efeitos possessórios se mostrar rompimento da relação de dependência 
· Tanto detentores da coisa quanto as pessoas permitidas ou meramente toleradas podem se tornar possuidores desde que contrariem as ordens de detenção ou permaneçam como possuidoras findo o prazo de permissão ou tolerância. Nos dois casos, é preciso se configurar exercício de atos possessórios em nome próprio.
· A detenção pode se converter em posse, quando o detentor age em contra- dição aos interesses do titular da posse, descumprindo suas instruções e rompendo o vínculo de subordinação. A partir daí desaparece a detenção e surge a posse própria
Servo: mas não é possuidor o servo na posse, isto é, aquele que conserva a posse em nome de outrem, ou em cumprimento de ordens ou instruções daquele em cuja dependência se encontre
Permissão e tolerância: Não induzem posse, também, os atos de mera permissão ou tolerância; os primeiros, porque resultam de uma concessão do dominus, por isso mesmo revogável ao seu nuto; os segundos, porque representam uma condescendência ou indulgência, pelos quais nenhum direito é na realidade cedido. 
MULTI TITULARIDADE 
Composse = posse conjunta: exercício do direito de propriedade é compartilhado por mais uma pessoa; a coisa deve ser INDIVISA, deve estar circunstancialmente indivisível (ex. lote é divisível; casa é indivisível)
· Mas o lote pode ser INDIVISO – pode estar numa situação em que a multi titularidade não seja considerada em frações; 
· A composse é, obviamente, temporária
Obs: Não se fragmenta em tantas propriedades distintas quantos forem os sócios, nem se fraciona materialmente de molde a que exerça cada um o domínio pro parte. Ao revés, cada condômino é titular do direito de propriedade, por quota ideal, exercendo o por tal parte que não se anule igual direito por parte de cada um dos demais, e não se embarace o seu exercício.
Exercício: A todos os compossuidores reconhece a lei iguais atributos, assegurando-lhes a todos a utilização da coisa comum, contanto que não interfiram no exercício, por parte dos outros, ou de qualquer deles, de iguais faculdades (art. 1.199 do 47 289. Código Civil de 2002). Nenhum dos compossuidores possui a coisa por inteiro (Lafayette), porém cada um tem-lhe a posse por fração ideal.
AQUISIÇÃO DE POSSE 
CC 2002: adquire a posse com o exercício de algum dos poderes de propriedade
· Deve exercer em nome próprio alguma das faculdades – gozar, usar, dispor 
Art. 1.204, CC/02: Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
Regra Hermenêuticada Aquisição da Posse:
O modo como você adquiriu a posse permanece para caracterizá-la.
· Ex. a posse é de má fé desde o inicio = permanece de má-fé; a posse é injusta desde o inicio = permanece 
· Ver art. 1.203, CC/02.
Exceções da Regra Hermenêutica:
Quando, na posse de boa-fé, você percebe o direito violado ou, na posse injusta, o vício sobre a aquisição da posse é cessado.
Exceções da regra hermenêutica: quando, na posse de boa-fé, você percebe o direito violado ou, na posse injusta, o vício sobre a aquisição da posse é cessado. 
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
Importante: quando usada para configurar usucapião, a posse necessita ser qualificada (em aspectos temporais e, algumas vezes, funcionais). 
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
§ 4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente,
obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante.
§ 5º No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE 
Regra: uma das características essenciais do modelo brasileiro da posse é a manutenção de sua natureza, de acordo como foi adquirida, notadamente quanto a suas qualidades e vícios. Essa regra está expressamente determinada no CC
- A posse que foi adquirida de boa-fé permanece de boa-fé, assim como a posse que foi adquirida de má-fé permanece de má-fé. A que foi adquirida clandestinamente ou por meio de violência permanece assim, mas a lei admite que, cessada a clandestinidade ou a violência, converta-se em posse justa, que tem direito à proteção possessória. Enquanto perdurar o vício, a posse é desconsiderada pelo direito.
1) POSSE DIRETA E INDIRETA
Art. 1.197
Dois possuidores. Um, possuidor que cede o uso da coisa, possuidor indireto ou mediato. O outro, que o recebe por força de contrato, diz-se possuidor direto ou imediato. Várias são as hipóteses desse desdobramento: locação, usufruto, penhor, depósito, transporte, comodato.
· Asposses direta e indireta coexistem; não colidem nem se excluem. 
· Uma vez que coexistem, e não colidem, é lícito aos titulares defendê-la, qualquer deles 
· Mas, se o possuidor indireto molestar a posse direta daquele a quem transferiu a utilização da coisa, tem o possuidor direto ação contra ele.
· A posse direta é o exercício real e temporário do poder de fato sobre a coisa, em virtude de relação jurídica pessoal ou real contraída com o possuidor indireto. A posse indireta é a do titular da posse ou propriedade da coisa que está sob exercício do possuidor direto.
Posse direta: exercício real e temporário de um dos poderes da propriedade em virtude de relação jurídica pré-existente, pessoal (como locatário) ou real (como usufrutuário); possuidor direto não é o dono. 
· Maneira de proteger o proprietário do bem, mesmo quando ele cede a posse por uma razão limitada a outra pessoa. 
· Possuidor indireto não é o dono 
· Possuidor direto = imediato
A posse direta, em regra, é temporária, pois se extingue ao fim do tempo que a determina. As relações negociais, donde derivam posses diretas (exemplo, a do locatário) não podem ser perpétuas. O mesmo ocorre com as posses diretas oriundas de direitos reais: o uso, a habitação, o penhor, a anticrese, o direito de promitente comprador, a propriedade fiduciária são temporários
Posse indireta: titularidade da propriedade, em que o proprietário concede posse real e temporária para um possuidor direto, por negócio pessoal (como o locador) ou real, mas mantém certos poderes sobre a coisa. 
· Possuidor indireto = é o dono, proprietário
· Decorre da titularidade do bem 
· Possuidor indireto = mediato 
· Comodante, locador, depositante, nu-proprietário
2) POSSE JUSTA E INJUSTA
Art. 1.200
Posse justa: é aquela que não for violenta, clandestina ou precária
· Violenta: se toma a coisa por meio de força física ou meio que se faça uma intimidação irresistível; que se adquire por ato de força, seja ela natural ou física, seja moral ou resultante de ameaças que incutam na vítima sério receio. A violência estigmatiza a posse, independentemente de exercerse sobre a pessoa do espoliado ou de preposto seu
· Clandestina: quando a posse é feita às escondidas; quando o ofendido toma a posse sem que saiba o possuidor; nem é preciso que haja intenção de esconder, apenas o fato (difícil de acontecer); se adquire por via de um processo de ocultamento (clam), em relação àquele contra quem é praticado o apossamento
· Precária: quando a coisa é tomada a partir de um rompimento do vínculo de confiança; é quem recebe a coisa, por título real ou pessoal que obriga a sua restituição e recusa-se injustamente a restituir; daquele que recebe a coisa com a obrigação de restituir, e arroga-se a qualidade de possuidor, abusando da confiança, ou deixando de devolvê-la ao proprietário, ou ao legítimo possuidor.
Ou seja, é uma posse mansa, pacífica, que se deu por meios tradicionais, de maneira pública/clara, não precária, etc.; “a posse justa é a que não é injusta”
Obs: a violência e a clandestinidade, como vícios relativos, somente podem ser acusadas pela vítima; em relação a qualquer outra pessoa, a posse produz seus efeitos normais
Posse injusta: posse injusta NÃO recebe proteção jurídica 
· Não há efeitos jurídicos positivos para a posse que se dá de maneira violenta/clandestina/precária 
· O modo de como se inicia a posse geralmente se perdura pelo tempo (começou injusta, será injusta para sempre). Art. 1.208
· A posse injusta não se pode converter em posse justa quer pela vontade ou pela ação do possuidor, nem pelo decurso do tempo
Posse injusta pode gerar usucapião ou não?
· Questão complexa na doutrina e não tem entendimento predominante
Posse de má-fé não é a mesma coisa que posse injusta
· Não confundir posse justa com justo título!!!
· Posse de boa-fé: reduz o prazo de usucapião; posse injusta nem gera usucapião
3) POSSE VELHA E POSSE NOVA
Art. 558, CPC
Posse velha: já passou de um ano e um dia (rito ordinário)
Posse nova: está dentro do prazo de um ano e um dia (rito sumário)
· Turbação = ter o exercício dos poderes da posse prejudicados – ação de manutenção
· Esbulho = posse completamente retirada – ação de reintegração 
4) POSSE DE BOA-FÉ E DE MÁ-FÉ
Considera-se de má-fé aquele que possui na consciência da ilegitimidade de seu direito. De boafé está aquele que tem a convicção de que procede na conformidade das normas.
Boa-fé: não tem a intenção de ferir o direito alheio – o conceito de boa-fé na posse não considera nenhum padrão ético-jurídico, mas sim o estado de fato psicológico; É um conceito puramente psicológico que reside na ignorância de que se lesam direitos alheios, ou na íntima convicção de que se age em conformidade com o direito 
Má-fé: quando a pessoa atua naquele lugar, sabendo que não pode
Muito difícil comprovar a intenção da pessoa
· Como comprovar isso em juízo? Uma das maneiras é apresentar o justo título
· Enquanto a prova da boa-fé da posse, ou sua presunção, é ônus de quem a invoca, a má-fé há de ser provada pelo que reage a tal posse.
Posse de má-fé (justa) recebe proteção jurídica (ou seja, pode fazer jus à interditos possessórios)
· Só posse INJUSTA que não tem proteção jurídica
· Possuidor de má-fé pode fazer interditos possessórios e até a indenizações 
Ônus: posse de boa-fé é ônus de quem invoca, enquanto a má-fé é ônus de quem acusa 
· Boa-fé é presumida por justo título
· Não há presunção de publicidade de título
Frutos: o possuidor de boa-fé tem direito, enquanto a boa-fé durar, aos frutos de qualquer espécie que ele percebeu (por exemplo, a colheita, os aluguéis). Quando cessar a boa-fé deve restituir os frutos pendentes, descontadas as des- pesas que teve de produção e custeio, e bem assim os que colheu com antecipa- ção. Já o possuidor de má-fé é obrigado a devolver todos os frutos colhidos, percebidos e pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé, mas tem direito às despesas de custeio e produção, para que não haja enriquecimento sem causa do possuidor originário.
AQUISIÇÃO DA POSSE 
MODOS:
1) AQUISIÇÃO DE PROPRIEDADE ORIGINÁRIA: não há necessidade de comprovar a existência de uma relação jurídica anterior 
1.1 Acessão
1.2 Usucapião
1.1. ACESSÃO
Algo acresce a algo já existente – uma coisa nova se acopla à coisa já existente; tudo que foi acrescido é de propriedade daquele que já detinha a propriedade originária;
· O dono é dono da coisa que ascende 
“Dá-se a acessão [...] sempre que alguma coisa [...] vem a formar parte integrante de outra [...]. Cessam, para a coisa que acede, a existência e a independência [...]. O dono da coisa a que a outra acede passa a ser, desde o momento da acessão, o proprietário também da outra”.
Tipos de acessão:
1. Artificial – por ação humana (ex. plantação e construção)
2. Natural – por atuação da natureza 
Formação de ilhas
Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes:
I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais;
II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado;
III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram.
Da Aluvião
Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização.
Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testadade cada um sobre a antiga margem.
Da Avulsão
Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida.
Do Álveo Abandonado
Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo.
Das Construções e Plantações
Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário.
Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé.
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização.
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo.
Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões.
Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua.
Art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio.
Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la do plantador ou construtor.
Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente.
Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção.
Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro.
Artificial: dividem-se os efeitos jurídicos da acessão artificial a partir dos critérios de titularidade do terreno e daquele que deu os materiais para a realização da acessão. 	
· Exceção do terreno alheio e material próprio: se o valor da construção for consideravelmente maior, considera-se que não há motivo de pagar apenas o material, como acontece normalmente. Daí a pessoa paga uma indenização para o dono do terreno e passa a ter a posse dele. 
· Nestes artigos, o termo “boa-fé” trata de aplicação da boa-fé subjetiva (intenção)! Quem não tem, age de má-fé. Ver art. 1.256, parágrafo único, CC/02.
1.2 USUCAPIÃO 
É ação originária – não importa a relação jurídica anterior
· Qualquer categoria de usucapião não há preocupação com a existência de uma relação anterior 
· Se o sujeito exerce a posse de maneira continua e sem intromissão por 15 anos = usucapiu 
Elementos: posse, continuidade e consumação no tempo real
Posse: é necessário especificar qual tipo de posse, para qualificá-la e procurar o prazo para usucapião 🡪 qualquer posse, para configurar a usucapião, precisa ser qualificada – de boa-fé, má-fé, justa ou injusta etc;
Conceito: “A usucapião consiste na aquisição da propriedade pela posse qualificada e prolongada no tempo de um determinado bem”.
· “A usucapião é o modo de aquisição originária da coisa [...] em virtude da posse contínua de alguém no tempo estabelecido em lei. São seus elementos: posse, continuidade e consumação no tempo legal.”
· Exercer a posse de forma contínua, sem intervenções
2. DERIVADOS (há necessidade de comprovar a existência de uma relação jurídica anterior):
2.1. Registro
2.2. Herança (não será abordados)
 2.1 REGISTRO 
“Os negócios jurídicos entre vivos translativos de imóveis apenas produzem efeito de transmissão da propriedade quando são registrados no registro imobiliário competente, que é o da situação do imóvel. O registro gera a transmissão da propriedade, não é simples meio de publicidade. [...] A fé pública do oficial diz respeito ao registro, mas não ao título obrigacional de onde proveio, pois a finalidade do registro é proteger o tráfico imobiliário”
· Aquisição de propriedade imóvel não ocorre por meio de tradição, mas apenas com o registro; 
· A pessoa só adquire a propriedade (NÃO POSSE) com o registro 
· Intuito: proteger o tráfego imobiliário; 
· Registro público é oponível erga omnes; 
Art. 1245.Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis.
§ 1º Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.
§ 2º Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.
· Se houver algum vicio no registro de imóvel, o proprietário será aquele que está registrado, até que tenha sentença de invalidação 
· O que é importante é o registro 
1ª distinção) Contrato de compra e venda de imóvel (contrato de gaveta) NÃO gera transmissão de propriedade. O contrato tem eficácia inter partes, a propriedade tem eficácia erga omnes, por isso precisa de registro público. 
2ª distinção) Em regra, transmissão de propriedade móvel perfaz por meio de tradição. 
Arts. 1.267 e 1.268, CC/02. Somente a transmissão de propriedade imóvel necessita de registro para perfazer.
Arts. 1.245 a 1.247, CC/02. Caso tenha dúvidas sobre a diferença entre imóvel e móvel veja os arts. 79 a 81, CC/02. 
3ª distinção) O registro de transmissão de propriedade imóvel deve ser anotado no Cartório de Registro de Imóveis competente, enquanto a escritura pública é formalização do contrato de compra e venda, anotada em qualquer Cartório de Registro de Notas.
Atributos do registro
1. Constitutividade: registro constitui o direito real
2. Prioridade: 
3. Força probante: meio de prova; exceção: única forma de registro que não admite prova em contrária é o “registro torrens”
4. Continuidade: uma cadeia de eventos que deve ser respeitada para registrar
5. Publicidade
6. Legalidade
7. Especialidade: a descrição do imóvel deve ser perfeita para ser assentada no registro; segurança jurídica 
Existem 3 coisas num contrato de compra e venda de imóveis 
1. Contrato obrigacional: é contrato propriamente dito – negócio jurídico vinculativo entre as partes; obriga as partes a honrarem com seus compromissos. 
2. Cartório de registro de notas: transforma em documento de fé pública – publiciza. Transforma o contrato em contrato de fé pública – adquire validade enquanto negócio jurídico (É ESSE QUE PRECISA para verificar direito real sobre imóvel)
3. Escritura:Contrato X Escritura
Escritura: valida o contrato desde que registrado no cartório; a escritura é um contrato de fé pública (é publicizado em cartório); é a prova da aquisição de um direito real sobre um bem imóvel. 
contrato —> escritura —> registro da escritura 
a escritura não transfere a propriedade, o que transfere é o REGISTRO NO CARTÓRIO DE IMÓVEIS. 
AQUISIÇÃO DE PROPRIEDADE MÓVEL
1.3 OCUPAÇÃO
· Dispositivo legal: Art. 1.263, CC/02: Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei.
· Natureza jurídica: Tem natureza de ato-fato jurídico. 
· Conceito: “Ocupação é aquisição originária de coisa móvel que não esteja na posse ou propriedade de qualquer pessoa, ou tenha sido abandonada pelo respectivo titular”. 
 
 Exemplos
· Caça (Lei 5.197/67). 
· Pesca (Lei 11.959/09). 
· E material genético descartado?
· obs; 1233 CC —> Se a coisa for perdida não ocorra ocupação, mas sim descoberta, devendo o descobridor devolver o bem ao legítimo proprietário, ou entregar ás autoridades locais
1.4 ESPECIFICAÇÃO
· Dispositivos legais: Arts. 1.269 a 1.271, CC/02. 
Art. 1.269. Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie nova, desta será proprietário, se não se puder restituir à forma anterior.
Art. 1.270. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à forma precedente, será do especificador de boa-fé a espécie nova.
§ 1 o Sendo praticável a redução, ou quando impraticável, se a espécie nova se obteve de má-fé, pertencerá ao dono da matéria-prima.
§ 2 o Em qualquer caso, inclusive o da pintura em relação à tela, da escultura, escritura e outro qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-prima, a espécie nova será do especificador, se o seu valor exceder consideravelmente o da matéria-prima.
Art. 1.271. Aos prejudicados, nas hipóteses dos arts. 1.269 e 1.270 , se ressarcirá o dano que sofrerem, menos ao especificador de má-fé, no caso do § 1 o do artigo antecedente, quando irredutível a especificação.
· Natureza jurídica: Tem natureza de ato-fato jurídico. 
· Conceito: “A especificação consiste no modo de aquisição da propriedade em que um sujeito, denominado especificador, transforma matéria-prima preexistente, de outro sujeito de direitos, em uma espécie nova. [...]. A aquisição, entretanto, depende de não ser possível reduzir o bem à forma inicial” 
· Requisitos: i) materia prima não pertence ao especificador (a ao menos em parte) ii) transformação
1.5. TESOURO (não será abordado)
1.6. UNIÃO DE COISA
· Confusão é a mistura de coisas, principalmente líquidas, as quais, depois desse processo, formam coisa única e distinta das coisas originárias 
· Comissão é a mistura de coisas móveis do gênero seco, homogêneas ou heterogêneas, sem a perda da integridade corporal [...]. —> é a mistura de coisas secas ou sólidas pertecentes a diferentes donos, sem que se possam separar e sem que se produza coisa nova 
· A adjunção é o ajuntamento de uma coisa em outra, de espécies diversas, para que se forme um todo unitário. As coisas ajuntadas não podem mais ser separadas, sem prejuízo do todo”. —> justaposição de uma coisa sólida
· Dispositivos legais: Arts. 1.272 a 1.274, CC/02. V
· Conceito: Tratam de acessão de coisa móvel a coisa móvel. Suas três formas (confusão, comistão e adjunção) possuem o mesmo tratamento no Código Civil. Pressupõe que a separação das coisas é impossível ou excessivamente dispendiosa.
PERDA DA PROPRIEDADE 
1) RENÚNCIA
· Extinção do direito e voluntária 
Conceito: “O renunciante perde a propriedade sem que outrem a adquira, diferentemente do que ocorre com a alienação. É ato puro de abdicação do direito de propriedade. Por força da renúncia, o direito de propriedade sobre a coisa sai do patrimônio do renunciante, porém não entra no de outrem. A consequência é que a coisa fica sem titular, res nullius, podendo qualquer um dela tomar posse, adquirindo ulteriormente a propriedade, mediante usucapião”.
Efeitos da Renúncia : Art. 108, CC/02. v Art. 1.275, parágrafo único, CC/02. 
Características da renúncia:
· Tem natureza de negócio jurídico unilateral. 
· A renúncia à propriedade é fato muito raro e, portanto, pouco último. Comum é renúncia à herança, em que se aplicam o arts. 1.806, 1.808, 1.810 à 1.1813 do Código Civil. 
· Há também renúncia à parte ideal no condomínio ou à fração temporal na multipropriedade 
· A renúncia é irrevogável e irretratável.
· ato expresso 
2) ABANDONO 
Conceito de abandono: “O abandono é ato de despojamento, desligamento ou desfazimento definitivo da coisa, sem a transmitir a quem quer que seja. Quando a coisa é abandonada pelo titular da propriedade ela se converte em res derelictae, que pode ser objeto por tomada de posse por terceiro ou de arrecadação pelo Estado”.
Efeitos de abandono: Art. 1.276, CC/02 (primeira parte). 
· Tem natureza de ato-fato jurídico. 
Como se difere da renúncia? Não exige declaração unilateral, explícita e formal, de vontade (por isso não é negócio jurídico). 
Como se difere da perda? A coisa perdida é regulada pelos arts. 1.233 à 1.237, CC/02. Embora possa se arguir o aspecto volitivo, a jurisprudência (Resp 75.659) tende a caminhar para maneiras objetivas de se verificar o abandono, como o aspecto temporal e a resistência à mudanças na substância da coisa.
Art. 1276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.
§ 1º O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde quer que ele se localize.
§ 2º Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando, cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais.
Arrecadação≠ Desapropriação. Arrecada-se bens vagos. (imóvel abandonado e sem exercício da posse por 3)
I) Se o imóvel for urbano, a arrecadação é feita pelo Município ou Distrito Federal e, após três anos, passa a integrar o patrimônio do ente federativo. 
II) Se o imóvel for rural, a arrecadação é feita pela União e, após três anos, passa a integrar o patrimônio do ente federativo. 
Requisitos para um bem ser considerado vago e sr passível de arrecadação:
Art. 1.276, §2º, requisitos objetivos: a) cessação da posse, pelo proprietário; b) não pagamento de ônus fiscais (impostos) sobre o imóvel.
DESAPROPRIAÇÃO
· Conceito:“A desapropriação é o procedimento administrativo pelo qual o Poder Público ou seu delegados, mediante prévia declaração de necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, impõe ao proprietário a perda de um bem, substituindo-o em seu patrimônio por justa indenização”.
USUCAPIÃO
· Também recebe o nome de prescrição aquisitiva = Posse qualificada e prolongada no tempo;
Conceito: “A usucapião consiste na aquisição da propriedade pela posse qualificada e prolongada no tempo de um determinado bem”
· “A usucapião é o modo de aquisição originária da coisa [...] em virtude da posse contínua de alguém no tempo estabelecido em lei. São seus elementos: posse, continuidade e consumação no tempo legal.”
· Não se precisa comprovar um vínculo jurídico de propriedade anterior;
· Deve-se provar, apenas, a existência dos requisitos de configuração da usucapião;
· Única modalidade, no Direito Civil, de prescrição aquisitiva: 
a. Prescrição: extingue a possibilidade de exigir uma obrigação; modo de prescrição extintiva;
b. Prescrição aquisitiva: o cumprimento de determinado prazo temporal cria um direito – direito de se tornar proprietário; 
					
· Elementos de configuração da usucapião:
· Respaldo legal;
· Não há como se criar novas modalidades de usucapião; 
4 elementos relevantes, que não seguem uma ordem específica:
1. Requisito subjetivo

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