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Atividade gv - seguro e ressguro

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1 
 
ATIVIDADE INDIVIDUAL 
 
Matriz de análise 
Disciplina: Direito Seguro e Resseguro Módulo: 01 a 03 
Aluno: Giovanna Menecucci Dallaqua Turma: Direito Empresarial 
Tarefa: Elaborar um parecer com um prognóstico de êxito, abordando todas as questões 
jurídicas que possam ser utilizadas como matéria de defesa. 
Introdução 
 
A Seguradora nos procurou para elaborar um parecer acerca da notificação enviada pelo Governo 
Federal, informando sobre a rescisão do contrato administrativo que se deu após o andamento regular 
de processo administrativo, movido em face exclusivamente da Construtora XPTO, o que culminou na 
aplicação de multa à Construtora XPTO no valor de 120 milhões de reais. 
 
Ocorre que a Construtora XPTO permaneceu inerte no processo administrativo e, por tal motivo, a 
administração pública realizou a cobrança da seguradora, invocando o seguro garantia. 
 
Desenvolvimento 
 
No caso em tela, a construtora XPTO deixou de comunicar a seguradora acerca do descumprimento 
contratual, o que fez com que perdesse o direito de recebimento da indenização. Além do mais, a 
construtora sequer informou sobre a instauração do processo administrativo que culminou na aplicação 
da multa no valor de 120 milhões de reais. 
 
Conforme acima informado, a construtora deixou de prestar informações a seguradora, sendo que isso 
esbarra no princípio do mutualismo, principio que rege os contratos securitários, bem como o da boa-fé 
objetiva. Portanto, as partes devem prestar informações de forma mútua, vez que através destas, 
calcula-se o risco e preço do seguro. O que não ocorreu no caso. 
 
O Governo Federal instaurou processo administrativo em face exclusivamente da Construtora XPTO, 
sendo que a seguradora não teve conhecimento do processo administrativo instaurado, tampouco dos 
fatores que puderam agravar o risco durante a execução do contrato, tomando conhecimento apenas 
agora, quanto a aplicação da multa. 
 
Com toda a situação acima esplanada, a Construtora XPTO deixou de informar qualquer fato 
suscetível de causar desequilíbrio contratual entre as partes. Esse fato, em especifico, trazia o 
agravamento do risco, vez que a partir do sinistro ocasionado pelo tomador, é obrigação do segurado 
 
 
2 
 
comunicar de forma imediata a seguradora, o que não ocorreu, ocasionando a perda do direito à 
garantia, de acordo com artigo 768 do Código Civil: 
 
“Art. 768. O segurado perderá o direito à garantia se agravar intencionalmente o 
risco objeto do contrato” 
 
Ademais, como não ocorreu a informação imediata do sinistro, a Construtora XPTO não agiu de forma 
a minorar as consequências do mesmo, o que também a faz esbarrar nos termos do artigo 771 do 
Código Civil: 
 
“Art. 771. Sob pena de perder o direito à indenização, o segurado participará o 
sinistro ao segurador, logo que o saiba, e tomará as providências imediatas para 
minorar-lhe as consequências. 
Parágrafo único. Correm à conta do segurador, até o limite fixado no contrato, as 
despesas de salvamento consequente ao sinistro” 
 
 
No mais foi exigência da própria administração pública a opção do seguro garantia e, portanto, houve 
total conhecimento do segurado acerca das condições contratuais padronizadas na Circular Susep nº 
477, seja no ato da contratação, ou até mesmo pelo simples acesso através do próprio site da 
seguradora, que já é de notório conhecimento por parte do segurado. 
 
O item 4.14 da circular dispõe sobre o dever do segurado, de comunicar a seguradora acerca da 
instauração de quaisquer processos administrativos para apuração de inadimplências em face do 
tomador, no intuito de registrar a expectativa de sinistro. 
 
No caso em tela, claramente, tal item foi descumprido pelo segurado, uma vez que em momento algum 
informou a Seguradora acerca do Processo Administrativo. 
 
Ainda na circular, a Construtora XPTO também não observou o fato de enviar as devidas notificações 
à seguradora acerca dos procedimentos administrativos que comprovem o inadimplemento do 
tomador, sendo que a seguradora foi somente notificada em 20 de fevereiro de 2016, quando o 
processo de rescisão já havia terminado e nada mais poderia ser feito para reverter cenário. 
 
Portanto, no referido caso, somente após o decurso do prazo de 2 anos da assinatura do contrato, o 
segurado notificou a seguradora, pleiteando cobertura do seguro em razão da rescisão contratual. 
 
Ora, a Seguradora não pode arcar com tal fato, uma vez que claro o descumprimento dos itens 
previstos na Circular Susep nº 477. 
 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10687240/art-768-do-codigo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10687065/art-771-do-codigo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10687034/art-771-1-do-codigo-civil-lei-10406-02
Ainda, a Seguradora teve seu direito de ampla defesa cerceado, uma vez que não pode se manifestar 
no Processo Administrativo. Portanto, a administração pública não observou o princípio do 
contraditório e ampla defesa, previsto no art. 5º, LV da Constituição Federal/1988. 
 
Vejamos o que o Doutrinar Hely Lopes Meirelles relata acerca do tema: 
 
“Por tudo isso, os incs. VII a XI do parágrafo único do art. 2º da Lei 9.784/99 determinam a 
"motivação" da decisão, essencial para o próprio exercício do direito de defesa e do 
contraditório, a "observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos 
administrados", a "adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de 
certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados", e a "garantia dos direitos à 
comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição 
de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio". 
Deve-se também dar às partes oportunidade de se manifestarem em caso de fundamento 
novo sobre o qual não se manifestaram (cf. CPC/2015, arts. 9º e 10)”. 
 
Ora, para que a Seguradora tivesse o dever de indenizar no caso, a mesma deveria ter sido informada 
de forma imediata e tempestiva acerca dos fatos, o que não ocorreu. Portanto, a seguradora está 
desobrigada da obrigação de indenizar. 
 
Se já não fossem as ilegalidades acima mencionadas, no presente caso, foi exigido que a garantia 
fosse no maior valor permitido pela Lei nº 8666/90. 
 
Logo, ainda com relação ao item 1.2. da referida circular, bem como o artigo 56 § 3 da Lei 
8.666/19937, caberia a seguradora garantir valor equivalente a no máximo dez por cento do valor do 
contrato. Ou seja, a multa cobrada, além de indevida também é excessiva, pois sendo a obra orçada 
em R$ 980.000.000,00, o valor cobrado pela administração pública deveria ser no máximo R$ 
98.000.000,00 e não o valor ora cobrado de R$ 120.000.000,00. 
 
Diante do cenário, percebemos que, além de tudo, a multa aplicada é desproporcional, ferindo o 
princípio da proporcionalidade. 
 
Segue julgado acerca do tema: 
 
CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO MONITÓRIA. SEGURO GARANTIA. CONTRATO 
ADMINISTRATIVO. DESCUMPRIMENTO DO DEVER CONTRATUAL. PERDA DO 
DIREITO À INDENIZAÇÃO. EXPECTATIVA DE SINISTRO. 1. O descumprimento do 
dever do segurado em comunicar à seguradora tão logo ocorra a inadimplência do 
tomador do serviço, a fim de registrar a expectativa do sinistro, acarreta a perda do direito 
ao pagamento do seguro. 2. A deflagração do procedimento administrativo para apurar 
falhas cometidas no curso do contrato administrativo deveria ser o objeto de informação 
 
 
4 
 
imediata à seguradora, a fim de possibilitar a minoração do sinistro. Recurso desprovido. 
(TJ-DF 07031038420198070018 DF 0703103- 84.2019.8.07.0018 Relator: MARIO-ZAM 
BELMIRO, Data de Julgamento: 04/12/2019, 8ª Turma Cível, Data de Publicação: 
Publicado no DJE: 18/12/2019. Pág.: Sem Página Cadastrada). 
 
Conclusão 
 
Diante do todo acima exposto, a Construtora XPTO descumpriu as condições contratuais previstas naCircular Susep nº 477, especificamente as condições expressas no Capítulo II, bem como a Legislação 
Civil, prevista nos arts. 765, 768 e 771 do CC/02, art. 56, § 3 da Lei 8.666/1993, razão pela qual não 
faz jus ao recebimento da indenização securitária. 
 
Mais claramente, a Construtora XPTO não faz jus ao recebimento da garantia, uma vez que 
 
 O segurado não cumpriu com as suas obrigações previstas em apólice, quais sejam: 
respeitar os princípios da boa-fé objetiva, no dever de imediata comunicação do 
sinistro; 
 Consequentemente, o segurado contribuiu para o agravamento de risco, culminando 
no desequilíbrio da relação contratual e perda do direito à garantia; 
 Ante a ausência de comunicação imediata do sinistro, não foi possível quantificá-lo 
monetariamente, tampouco apurar a verossimilhança, para definir a aplicabilidade da 
cobertura ou não. 
 
Portanto, podemos concluir que eventual defesa apresentada possui provável chance de êxito, 
uma vez que descumprido diversos preceitos para se fazer jus ao valor do seguro. No mais, 
caso assim não entenda o Juiz, subsidiariamente, possuímos a alegação de 
desproporcionalidade no valor da multa aplicada. 
 
Referências bibliográficas 
 
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 42ª ed. Atualizada até a Emenda 
Constitucional 90, de 15.9.2015. - São Paulo: Editora: Malheiros, 2016. pg. 113

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