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Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 - 1 27.04.21 Alimentação O departamento de Nutrologia e aleitamento materno da SBP adotam a recomendação da OMS para que se oriente o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade Deve-se preocupar com o nutriente da criança desde antes da gestação. A mãe vegana precisa suplementar B12. DIETA MATERNA A mãe deve ser orientada a manter uma dieta saudável e equilibrada com baixo teor de gorduras trans, pois seu alto consumo aumenta a concentração desse tipo de gordura no LM com consequências na composição corporal do RN e aumento de massa gorda ALIMENTAÇÃO: 6-12M A alimentação complementar ou de transição deve ser iniciada aos 6 meses de idade com a introdução de frutas e a primeira papa principal de misturas múltiplas ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR • Fruta in natura • Papa com todos os grupos alimentares: cereal ou tubérculos, alimento proteico de origem animal (melhor biodisponibilidade), leguminosas e hortaliças PAPA PRINCIPAL • Trigo e ovo: introduzir 6 - 7 meses (reduzir intolerância, alergias) • Cereal ou tubérculo: arroz, milho, macarrão, batatas, mandioca, inhame, cará, farinha de trigo, aveia Leguminosa: feijão, soja, ervilha, lentilhas, grão-de-bico • Proteinas: carne bovina, vísceras, frango, porco, peixe, ovos • Hortaliças: verduras - alface, couve, repolho, legumes - tomate, abóbora, cenoura, pepino Legumes são vegetais cuja parte comestível não são folhas - cenoura, beterraba, abóbora, chuchu, vagem, berinjela e pimentão Verduras são vegetais cuja parte comestível são as folhas - agrião, alface, tomba, espinafre, serralha, beldroega, acelga, almeirão, couve, repolho, rúcula e escarola. Tubérculos são caules curtos e grossos, ricos em carboidratos - batata, mandioca, cará e inhame Cereais são sementes ou grãos comestíveis das gramínea, como trigo, arroz, milho, aveia, cevada e centeio. Vegetarianos consomem leite e ovo. Os vegetarianos estritos não consomem ovo e leite. Veganos não consomem também nada que seja testado em animais. Mel não pode ser oferecido até 1 ano de idade, devido o risco de botulismo. Deve também, ser evitado leite de vaca para evitar que o rim fique sobrecarregado. Exceto casos que sejam necessários. Os óleos vegetais (preferencialmente de canola ou de soja devido a proporção de ômega 3 e ômega 6) devem ser usados na quantidade de 3-3,5 ml para cada 100g ou 100 ml Não deve ser colocado leite, açúcar e sal na papa principal. Tempero é salsinha, coentro, alecrim... Divisão do prato Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 - 2 • Oferecer de 8-15x o mesmo alimento para que ele seja aceito pela criança. • 800 ml de água dos 7-12m, incluindo a fórmula, LM e alimentação complementar. • Suco natural é proscrito até 1 ano de idade. O suco faz o papel quase de um refrigerante, retirando fibra e aumentando o índice glicêmico. Alimentação 8 meses. Criança em aleitamento materno tem maior chance de aceitar alimentação. ALIMENTAÇÃO DE 1-2 ANOS • Alimentação da família: família se alimentar todos juntos. Qualidade, ambiente, telas. • Os hábitos alimentares adquiridos nessa faixa etária se mantêm até a vida adulta. Evitar consumo de produtos industrializados. • Recomenda-se não consumir açúcar de nenhum tipo: refinado, cristal, mascavo, mel, melado, rapadura - durante os 2 primeiros anos de vida • Não há mais alimento proibido. • Presença de sal em excesso em preparações caseiras ou industrializadas, assim como sal de adição devem ser evitados, inclusive para os pais. Desta forma, é recomendado a retirada do saleiro da mesa durante refeições. • Deve ser incentivada a ingestão de 600ml de leite por dia, preferencialmente fortificado com vitaminas e minerais e teor adequado de proteínas, como as fórmulas infantis de 1ª infância e os compostos lácteos. Fórmula 3 (compostos lácteos): pobre em proteínas, muito açúcar, muito sódio - contraindicado e inadequado. • A criança deve ser estimulada a tomar iniciativa na seleção dos alimentos e no modo de comer (comer sozinha) • Alimentos sólidos podem ser manuseados ou oferecidos no prato, auxiliados de utensílio adequado: colher pequena, estreita e rasa. • Suco deve ser evitado, preferindo a fruta in natura CUIDADOS COM A HIGIENE Mamadeiras, utensílios do lactente, frutas e verduras devem ser lavadas em água corrente, e colocados em imersão em água com hipoclorito de sódio a 2,5% por 15 minutos (20 gotas de hipoclorito para um litro de água) Os alimentos devem ser preparados em local limpo, em pequena quantidade, de preferência para uma refeição, e oferecidos à criança logo após o preparo. Os restos não devem ser novamente oferecidos na refeição seguinte Os alimentos precisam ser mantidos cobertos e na geladeira quando necessitarem de refrigeração SUPLEMENTAÇÃO • Ao nascimento para prevenis doença hemorrágica • 1 mg IM Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 - 3 • 1ª semana de vida • Leite Materno = 25 UI/L x necessidade = 400 UI no primeiro ano de vida • Suplementação de 400UI/dia de vit D desde a primeira semana de vida até os12m e 600UI/dia dos 12 aos 24 meses. • Para recém-nascidos pré-termos, recomenda-se iniciar quando o peso for superior a 1500g e houver tolerância plena à nutrição enteral. • Oral: 2 gotas no primeiro ano e 3 gotas no segundo ano (cada gota tem 200 unidades) • Suplementação em área endêmica. • Megadoses po VO, a cada 4-6 meses o 100.000 UI (6 - 12 m) o 200.000 UI (12 - 72 m) O Ministério da Saúde/Organização Pan-Americana da Saúde (MS/OPAS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria estabeleceram, para crianças menores de 2 anos, dez passos para a alimentação saudável: 1º: LM até os 6 meses, sem oferecer água, chás ou quaisquer outros sintomas 2º: A partir os 6 meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo-se o leite materno até os 2 anos e idade ou mais 3º: Após 6 meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e legumes) 3 x ao dia se a criança receber leite materno e 5 x ao dia se estiver desmamada 4º: Alimentação complementar deverá ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se sempre a vontade da criança 5º: Alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida com colher, começar com consistência pastosa (papas/pures) e aumentar consistência até chegar à alimentacao da família 6º: Oferecer à criança diferentes alimentos todos os dias. Uma alimentacao variada e colorida 7º: Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições 8º: Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação 9º: Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos, garantir armazenamento e conservação adequados 10º: Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo a alimentacao habitual e seus alimentos preferidos e respeitando sua aceitação Prestar atenção os sinais de saciedade da criança, tem capacidade de autorregular sua ingestão calórica total Introduzir alimentos saudáveis e continuar oferecendo-os mesmos se houver recusa inicial (de 8 a 15 ofertas para observar aceitação) ALIMENTAÇÃO PRÉ-ESCOLAR • 2-6 anos • Fase de transição: criança estava em velocidade alta de crescimento, e neste momento diminui o ritmo de crescimento • Decréscimo das necessidades nutricionais e do apetite por diminuição do ritmo de crescimento • Neofobia: dificuldade em aceitar alimentos novos o Medidas coercitivas podem transformar em distúrbio alimentar real e perdurar em fases posteriores • Apetite variável A maneira como os pais se alimentam tem importância fundamental nocomportamento alimentar dos filhos, ou seja, os filhos não irão comer o que os pais não comem só porque o pai está dizendo que é necessário Alimentos preferidos pela criança são os de sabor doce e muito calóricos, preferência é inata do ser humano, normal que a criança queira doce, cabe aos pais colocar os limites de horário e quantidade Doce: limitar horário e quantidade; • Monotonia alimentar: apetite pode ser estimulado pela forma de apresentação (cor, textura e cheiro), evitada (muitas vezes a criança não está mais comendo pois está enjoada da comida; é importante perguntar isso aos pais durante a consulta); • A criança não deve ser obrigada a comer tudo o que está no prato; A criança possui mecanismos internos de saciedade que determinam a quantidade de alimentos que necessita, por isso deve ser permitido a ela o controle da ingestão • Recusa alimentar é comum, para contornar a situação, os pais devem buscar o diálogo e nunca a recompensa; deve-se Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 - 4 estipular um horário para a alimentação e, se a criança se recusar, só oferecer outra refeição no horário correto, e não 30 minutos depois do almoço, por exemplo; • Crianças devem ser estimuladas a comer sozinhas (com supervisão); • Utensílios: inicia-se com a colher, de preferência de silicone; assim que a criança se adapta a colher, pode-se iniciar o uso do garfo; • Recompensas e castigos devem ser evitados! • Horários fixos devem ser estipulados, diferente das fases anteriores; habitualmente de 3-3h, mas os horários das refeições devem respeitar a rotina da criança e da família; • Sucos naturais = 125ml/dia, 1-3 anos; 175ml/dia, 4-6 anos, deixar claro para os pais que o suco natural é o suco da fruta, não o de caixinha; O regime alimentar precisa ser variado e de qualidade, compreendendo alimentos pertencentes aos quadro grupos principais: leite e derivados, carnes e alternativas, pães e cereais, fruta e hortaliças, óleos e gorduras já estão inseridas nos alimentos • Aos 3 anos de idade todos os dentes da primeira dentição já formados. Lembrar de escovar os dentes!! Idade para retirar a mamadeira caso use. • Evitar beliscos e na frente da TV Gorduras: estimular o consumo de insaturadas e desestimular o consumo de trans e saturadas; Tabela de distribuição de gordura na dieta da criança acima de 2 anos Sal: evitar ao máximo; tomar cuidado com alimentos prontos (caldos, macarrão instantâneo, etc); Vitaminas e minerais: sempre perguntar sobre o consumo de cálcio, ferro e vitaminas; Cuidados com alimentos que podem engasgar (uva, cenoura, pipoca, balas) Quantidade de alimento deve ser suficiente para cobrir as exigências principais energéticas e proteicas do organismo e mantes em equilíbrio o seu balanço Qualidade alimentar deve ser completa, incluindo todos os nutrientes Harmonia: quantidades de diversos nutrientes que integram a alimentacao deve guardar uma relação de proporção entre si Faixa de distribuição de macronutrientes. Recomendações de cálcio e vitamina D para crianças e adolescentes ALIMENTAÇÃO ESCOLAR • 7-10 anos • Atividade física: nessa fase, as crianças começam a participar de atividades físicas mais intensas e com gasto energético maior; Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 - 5 • Escola: a criança sofre ainda mais influência dos colegas e pode começar a ter vontade de comer “porcarias”; • Dentição: troca dos dentes de leite; Transtornos alimentares: tanto pais quanto médicos devem ficar atentos, pois nessa fase a criança pode iniciar com algum transtorno alimentar e, apesar de o tratamento ser feito com psiquiatra e/ou psicólogo, muitas vezes quem diagnostica é o pediatra. Principais são anorexia e bulimia; Ficar atento tanto ao consumo de refrigerante, que tende a aumentar nessa fase, quanto ao consumo de leite, que tende a diminuir; Ficar atento ao consumo de fast-foods e tentar estimular (quando possível) a alimentação em casa, em família e balanceada; Sedentarismo: tentar limitar o “tempo de tela” em 2 horas por dia; pais devem ficar atentos às crianças que levam os celulares, tablets, computadores para o quarto, pois pode atrapalhar tanto no sono quanto no desenvolvimento Propaganda: Brasil não possui uma legislação para limitar essas propagandas, portanto os pais devem tentar evitar o contato das crianças com essas propagandas – junk food: caloria vazia; Medidas educativas: as crianças dessa idade já entendem as explicações, portanto o ideal é tentar medidas educativas para alcançar uma alimentação mais saudável; RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS • Qualidade e quantidade; • Alimentação variada; • Carboidratos complexos; • Consumo diário de frutas, verduras e legumes; • Consumo restrito de gorduras saturadas (10% do VET) e trans (< 2% do VET), 10% monoinsaturada, <300 mg de colesterol e 10% de poli-insaturadas. Maior restrição com monoinsaturada. • Estimular o consumo de peixes marinhos 2 vezes na semana; • Sal (1-1,5g/dia); • Consumo adequado de cálcio (cerca de 600 ml de leite/dia e/ou derivados ao dia); • Orientar a importância de ler e interpretar os rótulos dos alimentos; • Controlar o ganho excessivo de peso; • Evitar a substituição de refeições por lanches; • Estimular a prática de atividade física; • Reduzir o tempo de atividades sedentárias (2h/dia); • Estimular a “autonomia orientada” e estilo de vida adequado para toda a família. ALIMENTAÇÃO DO ADOLESCENTE • 10-20 anos Começa o aparecimento dos caracteres sexuais secundários; o adolescente começa a buscar mais a opinião do grupo no qual está inserido do que dos pais e/ou responsáveis; fase de grande ganho pondero-estatural; muitas atividades físicas competitivas e/ou buscando a estética; Como o adolescente está muito inserido em grupos, as refeições costumam ser em grupos e, portanto, normalmente o adolescente não vai fugir muito da refeição do grupo (se um come fast-food, normalmente todos comem; hoje está mudando um pouco isso); os pais não precisam proibir isso, apenas orientar e tentar limitar para que não seja diário; Mais do que nunca, cuidar com a ingesta de refrigerantes, que tende a ser alta, e de leite, que tende a ser baixa; lembrar que essa é a fase com maior demanda de cálcio, portanto a ingesta deve ser alta; O adolescente costuma dormir até mais tarde e pular o café da manhã; esse hábito deve ser desestimulado; já existem estudos mostrando que adolescentes que pulam o café da manhã tem risco aumentado para obesidade; Requerimento energético. Meninos. Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 - 6 Requerimento energético. Meninas. PROTEÍNAS O rápido crescimento ocorrido durante o estirão da puberdade exige elevada oferta proteica, influenciada por fatores como a velocidade de crescimento, o estado nutricional prévio, a qualidade proteica da dieta e a oferta energética; Uma dieta que atenda a estas necessidades pode requerer cerca de 10- 14% da ingestão total de energia em proteína de alta qualidade VITAMINAS As vitaminas lipossolúveis, como tiamina, niacina e riboflavina, cumprem relevantes funções no metabolismo energético; Vitamina C pode estar diminuída em adolescentes fumantes e nas que utilizam contraceptivos orais; As necessidades de vitamina B12 são também elevadas, e o risco de carência e alto nos casos de dietas radicais ou de vegetarianos; As recomendações de folato para adolescentes em idade reprodutiva são de 300-400μ/dia → previne deficiência do tubo neural – tomar antes de engravidar. MINERAIS Alimentos Na adolescência aumentam as necessidades de ferro devido a expansão do volume plasmático para disposição de maior massa eritrocitária e de maior quantidade de mioglobina, importante no desenvolvimento da massa muscular.A deficiência de ferro na adolescência é muito frequente. Nesse período de desenvolvimento há elevada prevalência de anemia por inadequação de ferro na dieta e pelo aumento das necessidades desse mineral. Recomendações: • Entre 9-13 anos: 8mg/dia • Entre 14-18 anos: o Meninas 15mg/dia; o Meninos 11 mg/dia; Quantidade de ferro existente em alguns tipos de carnes RECOMENDAÇÕES • Dar preferência a uma dieta variada • Priorizar o consumo de carboidratos complexos em detrimento do simples • Consumo de frutas, verduras e legumes deve ser diário e variado (suco 240 ml/dia → 1 copo) • Consumo de gordura saturada restrito (10% VET) < 2% de gordura trans; 10% monoinsaturada, < 300 mg de colesterol e 10% de poli-insaturadas • Estimular o consumo de peixes marinhos 2 vezes/semana • A ingestão de sal deve ser controlada (1,5g/dia) para prevenção de hipertensão arterial • Consumo de cálcio deve ser apropriado (cerca de 1300 mg/dia) para permitir a formação adequada da massa óssea e a prevenção de osteoporose na vida adulta Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 - 7 • Orientar a importância de ler a interpretar corretamente o rótulo dos alimentos industrializados • Avaliar a presença de fatores de risco de distúrbios nutricionais: fumo, poucas horas de sono, ingestão de álcool e energéticos • Incentivar o consumo de alimentos ricos em zinco e ferro • Reduzir o consumo de refrigerante e sucos artificiais • Estimular pratica de atividade física ROTULAGEM DE ALIMENTOS • Para colocar que tem gordura trans: 0,2g por porção. Então, muitas vezes tem gordura trans, mas é menos que 0,2 por porção e colocam que não tem. • Para saber se tem gordura trans: olhar ingredientes (aparece em quantidade decrescente de ingredientes). Gordura vegetal hidrogenada é a gordura trans. Ou, pode aparecer apenas como gordura vegetal. •
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