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ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE ESTREPTOCOCCUS E ENTEROCOCCUS PROFESSORA CRISTINA MEIRELES ESTREPTOCOCOS O gênero Streptococcus é composto por bactérias Gram-positivas, esféricas (cocos), podem se apresentar em pares ou cadeias (diplococos). As colônias são discóides, mucóides, opacas ou brilhantes. Esses microrganismos são considerados fastidiosos, pois exigem condições especiais para o cultivo, tais como meios enriquecidos com sangue ou soro, microaerofilia e altas concentrações de dióxido de carbono (capnofílico). Os estreptococos são imóveis, não esporulados, mesófilos e a grande maioria anaeróbios facultativos. Além disso são fermentadores de carboidratos e apresentam perfil negativo para o teste da catalase, diferenciando-os dos Staphylococcus (MURRAY et al., 2009). ESTREPTOCOCUS Trata-se de importantes patógenos humanos, com diferentes espécies dentro do grupo, sendo responsável por diversas patologias, como fasciíte necrosante (gangrena estreptocócica), impetigo, escarlatina, erisipela, síndrome do choque tóxico estreptocócico entre outras. Há três formas de diferenciar e classificar as bactérias desse gênero: ✓ A primeira é por propriedades sorológicas que são os grupos de Lancefield, apresenta uma classificação de A até W. ✓ A segunda é por perfil hemolítico (hemólise), podendo ser hemólise completa (beta-β), hemólise incompleta (alfa-α) e ausência de hemólise (gama-γ). ✓ E a terceira classificação se baseia em características bioquímicas (MURRAY et al., 2009). HEMÓLISE E ESTREPTOCOCOS Estudos mostraram que estreptococos isolados de doenças infecciosas de garganta e de pele freqüentemente provocam lise completa das células vermelhas do sangue (hemólise). Este fenômeno era identificado em meio ágar sangue como uma zona clara ao redor das colônias. Outros estreptococos provocavam um tipo de lise incompleta, na qual as células vermelhas se retraem e se tornam esverdeadas (ocorre somente na presença de oxigênio devido à redução da hemoglobina). A hemólise incompleta é denominada alfa hemólise e os estreptococos que a produzem foram denominados Streptococcus viridans, enquanto que a lise completa das células vermelhas foi denominada beta hemólise e os organismos que a provocam foram denominados Streptococcus hemolyticus. Atualmente sabemos que esses nomes são inaequados e que existem muitas espécies que causam hemólise alfa, outras causam hemólise beta e algumas espécies produzem os dois tipos de hemólise dependendo da cepa e das condições de crescimento. Existem também muitos estreptococos que não são hemolíticos, os chamados de estreptococos gama. TAXONOMIA A partir da caracterização da amostra como CG+ através da coloração de Gram, a determinação da família é feita pela prova da catalase. CLASSIFICAÇÃO DE LANCEFIELD Um segundo tipo de designação, também muito empregado, baseia-se nas características antigênicas de um polissacarídeo de composição variável, chamado carbohidrato C, localizado na parede da célula, que pode ser detectado por diferentes técnicas imunológicas. Tomando por base este polissacarídeo, os estreptococos foram divididos em 20 grupos sorológicos (grupos de Lancefield), designados por letras do alfabeto (A, B, C, D, E, F, G, H, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U e V). STREPTOCOCCUS PYOGENES O Streptococcus pyogenes é caracterizado pela presença do polissacarídeo do grupo A de Lancefield que é um polímero de Nacetilglicosamina e ramnose. Ele pode ser dividido em grupos sorológicos graças à presença de duas proteínas na sua parede celular, a proteína M e a proteína T. STREPTOCOCCUS PYOGENES Patologias associadas: ➢ Faringite - O Streptococcus pyogenes é responsável por mais de 90% das faringoamigdalites bacterianas. ➢ Piodermite - Fazem parte do grupo das piodermites estreptocócicas a erisipela, o impetigo e a ectima. ➢ Febre Reumática - Febre Reumática: caracteriza-se por lesões inflamatórias não supurativas envolvendo coração, articulações, tecido celular subcutâneo e sistema nervoso central. Os indivíduos que sofrem um episódio de febre reumática são particularmente predispostos a outros episódios, em conseqüência de infecções estreptocócicas subsequentes das vias aéreas superiores. Erisipela Ectima STREPTOCOCCUS PNEUMONIAE Essa espécie é composta por cocos Gram-positivos com forma de chama de vela, agrupados aos pares. Os pneumococos, em geral, possuem a cápsula composta de polissacarídeos, cujas diferenças antigênica permitem caracterizar 84 tipos sorológicos distintos. TIPOS DE INFECÇÕES O Streptococcus pneumoniae é um dos agentes bacterianos mais frequentemente associados a infeções graves como pneumonia, sinusite, meningite, septicemia e otite média. Os pneumococos também têm sido relacionados a infeções oculares e, ocasionalmente, isolados de fluido peritoneal, urina, secreção vaginal, exsudatos de feridas entre outros espécimes clínicos. ESTREPTOCOCOS DO GRUPO D Os estreptococos possuidores de antígeno do grupo D eram, antigamente, divididos em duas categorias: os enterococos e os não enterococos. Com a alocação dos enterococos em uma novo gênero, os estreptococos do grupo D são, atualmente, em termos de importância médica, representados pelo Streptococcus bovis. Apresentam suceptibilidade à antimicrobianos , sendo encontrados normalmente no trato gastro intestinal. Existe uma tendência de se encontrar o S. bovis associado ao câncer de intestino grosso embora não haja evidência de qualquer relação etiopatogênica. IDENTIFICAÇÃO A identificação do estreptococo isolado em cultura é baseada na morfologia bacteriana e coloração de Gram, características do crescimento e reação hemolítica em placas de ágar sangue de carneiro a 5%, ausência de catalase e lise em presença de optoquina e de desoxicolato de sódio. A partir do crescimento em ágar chocolate, primo isolamento ou amostra transportada a outro laboratório: • Semear em ágar sangue de carneiro 5% para obtenção de colônias isoladas; • Efetuar picadas na superfície do meio para observar a hemólise sensível ao oxigênio; • Incubar a 35±2ºC por 18 - 24 h; • Observar as características do crescimento: as colônias devem ser lisas, pequenas, brilhantes, acinzentadas, elevadas, podendo apresentar concavidade central, rodeadas por halo de hemólise parcial, com aspecto esverdeado. Um esfregaço corado pelo Gram deverá confirmar as características de diplococos com pontas em forma de lança, Gram-positivos. IDENTIFICAÇÃO • Repicar colônia bem isolada para ágar chocolate 10% e incubar a 35±2ºC por 18 - 24 horas; • Preparar esfregaço e corá-lo pelo Gram para verificar a pureza da cultura; • Proceder às provas de identificação (optoquina e solubilidade em bile). A prova da catalase deve ser feita para caracterizar o gênero. Teste da catalase Finalidade: A presença da catalase permite separar os estreptococos catalase negativa de outros cocos Gram-positivos produtores de catalase, por exemplo, estafilococos. A enzima catalase converte o peróxido de hidrogênio em oxigênio e água. A liberação do oxigênio se observa pela formação de bolhas. Procedimento: •Colocar sobre uma placa de Petri, ou uma lâmina, uma porção do isolado de uma cultura 18 - 24 horas, evitando tocar no meio de cultura. Repetir o procedimento com cepas controle positivo e negativo; •Adicionar uma gota de peróxido de hidrogênio a 3%; •Observar a formação de bolhas de ar, indicativo de teste positivo para catalase. Interpretação: Não havendo formação de bolhas, o teste é negativo e indicativo de Streptococcus. Prova da optoquina Finalidade: A optoquina (etil-hidrocupreína hidroclorídrica) é uma droga solúvel em água que se difunde rapidamente em meio de cultura sólido. Para este teste, em geral,utiliza-se o disco de optoquina de 6 mm contendo 5 µg da droga. O teste tem sensibilidade maior que 95%, sendo considerado de baixo custo e simples de ser realizado. Procedimento: •Preparar uma suspensão do isolado em solução salina a 0,85% estéril com densidade ótica de 0,08 a 0,1 ao comprimento de onda de 625 nm, ou correspondente a 0,5 da escala de McFarland; •Semear a suspensão em uma placa de ágar sangue de carneiro 5% de forma a obter crescimento confluente; •Após a absorção da suspensão pelo meio de cultura, colocar um disco de optoquina na superfície do meio semeado, com o auxílio de uma pinça; •Incubar a 35±2ºC e 5 - 7% de CO2 por 18 - 24 h; •Fazer a leitura do halo de inibição do crescimento bacteriano. Interpretação: Presença de halo ≥ 14 mm indica que a cultura é sensível à optoquina, sendo identificado para Streptococcus pneumoniae. Teste da solubilidade em bile (desoxicolato de sódio a 2%) Finalidade: Detergentes fracos, como os sais biliares desoxicolato de sódio ou taurocolato de sódio têm a capacidade de lisar seletivamente o S. pneumoniae em fase logarítmica do crescimento. Estes sais ativam as enzimas autolíticas (autolisinas) produzidas pelo pneumococo, acelerando a reação lítica natural da bactéria. O teste da bile-solubilidade pode ser realizado tanto em meio de cultura líquido como sólido. A turvação produzida por uma suspensão de pneumococo ficará completa ou parcialmente límpida ao se adicionar os sais biliares. Em meio sólido, as colônias bile-solúveis “desaparecem” em contato com algumas gotas de solução destes sais e o teste é um pouco mais difícil de ser visualizado. Quando se utiliza crescimento de cultura em caldo, deve-se ajustar o pH do meio para 7, para evitar reações falso-negativas devido à precipitação do desoxicolato de sódio em pH ácido (pH ≥ 6,5). Atenção: Se após 2 h não houver diferença entre os tubos, o teste é negativo e identifica Streptococcus do grupo viridans TESTE DA SOLUBILIDADE EM BILE (DESOXICOLATO DE SÓDIO A 2%) Procedimento: • Preparar uma suspensão bacteriana densa a partir da cultura recente, que não tenha ultrapassado 18 - 24 horas de incubação; • Separar dois tubos de ensaio com transparência adequada para observar a presença de suspensão bacteriana. Marcar um com “C” (tubo controle) e outro com “T” (tubo teste); • Adicionar solução de desoxicolato de sódio a 2% ao tubo “T” e solução salina a 0,85% ao tubo “C”. Os volumes em cada tubo devem ser iguais, pequenos, mas suficientes para fazer a leitura, por exemplo, 0,5 mL. Adicionar a cada tubo o mesmo volume, por exemplo, 0,5 mL da suspensão bacteriana; • Homogeneizar e fazer a leitura imediatamente, após 1 h e até 2 h de incubação a 35±2ºC. Interpretação: A leitura é feita de preferência contra um anteparo escuro, observando a turvação do tubo T em relação ao tubo C. Verificar se o tubo C apresenta uma suspensão homogênea da cultura em solução salina. Compará-lo com o conteúdo do tubo teste, contendo a cultura em desoxicolato de sódio. Se o tubo T apresentar turvação visivelmente menor que o controle ou estiver límpido, o teste é positivo e identifica Streptococcus pneumoniae; e confirmada a positividade, os tubos podem ser desprezados conforme Teste de PYR (pyrrolidonil arilamidase) Finalidade: O teste de PYR determina a atividade da enzima pyrrolidonil arilamidase produzida pelo S. pyogenes, mas não pelos demais estreptococos β-hemolíticos. Colônias β-hemolíticas de enterococos podem ser confundidas com S. pyogenes, pois ambas apresentam positividade neste teste. Procedimento: •Com auxílio de uma pinça, retirar um disco de PYR do frasco e colocá-lo sobre uma lâmina ou placa de Petri vazia; •Pingar uma gota de água destilada estéril (não utilizar salina, pois torna a reação mais lenta e menos intensa); •Realizar um esfregaço com a bactéria a ser testada, recém-isolada, sobre o disco de PYR umidecido; •Aguardar alguns minutos e colocar uma gota do reagente PYR. A reação ocorrerá em até 1 minuto. Interpretação: •Teste de PYR positivo apresenta o desenvolvimento de cor vermelha; •O aparecimento de coloração amarela ou alaranjada indica resultado negativo; •S. pyogenes e Enterococcus spp. são PYR positivos. Teste de sensibilidade à bacitracina Finalidade: O teste tem a finalidade de diferenciar S. pyogenes de outras cepas do grupo A ou de outras espécies com colônias β-hemolíticas PYR positivas. Procedimento: •Um disco de 0,04 U de bacitracina é aplicado a uma placa de ágar sangue de carneiro que tenha um inóculo com 4 ou 5 colônias puras de Streptococcus spp., a ser testado. •Incubar 12 horas (overnight) a 35± 2ºC. Interpretação: A presença de qualquer halo de inibição ao redor do disco é interpretado como sensibilidade a bacitracina e indicativo de S. pyogenes. ENTEROCOCCUS É a maior e mais heterogênea família de bactérias Gram negativas de importância médica. São considerados atualmente: 27 gêneros / 102 espécies / 08 grupos indefinidos. Independente da complexidade, mais de 95% das amostras implicadas em caso clínicos são colocadas em 25 espécies, sendo possivel o isolamento de enterobactérias de qualquer amostra clínica. São bacilos Gram negativos, não esporulados, com motilidade variável, oxidase negativos, e que crescem em meios básicos (caldo peptona), meios ricos (ágar sangue, ágar chocolate e CLED), meios seletivos (Mac Conkey, EMB). São anaeróbios facultativos (crescem em aerobiose e anaerobiose), fermentam a glicose com ou sem produção de gás, são catalase positivos, e reduzem nitrato a nitrito. ENTEROCOCCUS E. faecalis mais frequente (85-90%); E. faecium (5- 10%) As colônias podem apresentar perfil hemolítico, sendo α- hemolíticas, β-hemolíticas ou γ-hemolíticas Grupo D de Lancefield Epidemiologia - Habitante do tubo digestivo, vagina e cavidade oral Transmitidos de pessoa a pessoa pelas mãos do pessoal hospitalar ENTEROCOCCUS Mecanismos de petogenicidade Tem poucos factores de virulência conhecidos Produzem bacteriocinas Muito resistentes à terapeutica – pressão seletiva DOENÇAS POR ENTEROCOCCUS Dentre as espécies descritas, os E. faecalis e E. faecium são os mais associados a manifestações clínicas. Outras espécies como E. gallinarum, E. casseliflavus, E. durans e E. avium são clinicamente de menor importância. A associação deste gênero com endocardite bacteriana é classicamente conhecida. Por outro lado, denota-se atualmente o isolamento destas bactérias, em diversos sítios, causando infecções relacionadas à assistência à saúde, como: • Infecções do trato urinário (ITU); • Infecções da corrente sanguínea (ICS); • Infecções de sítio cirúrgico e intra-abdominais. No trato urinário, além de infecção, podem representar colonização ou bacteriúria assintomática. DOENÇAS POR ENTEROCOCCUS Mais raramente, são descritas pneumonias em pacientes debilitados, bem como empiema em portadores de doença hepática, mesmo na ausência de outras manifestações respiratórias. As meningites também são apontadas como infecções infreqüentes, ocorrendo na presença de fatores predisponentes, como o período neonatal, alterações do sistema nervoso, incluindo defeitos anatômicos e procedimentos neurocirúrgicos, doenças crônicas de base e, em dados mais recentes, em pacientes portadores da síndrome da imunodeficiência humana (AIDS). DIAGNÓSTICO LABORATOTRIAL Gram Em Cultura são nutritivamente exigentes- Vit, bases de ácidos nucléicos, glicose e são anaeróbios facultativos - São capazes de crescer na presença de concentrações elevadas de NaCl e sais biliares, essas características são utilizadas para distinguir enterococos de outros cocos Gram- positivos catalase negativos Identificação bioquímica MEIOS DE CULTURA As diferentes espécies de enterococos multiplicam-se bem em ágar Müeller-Hinton acrescidos ou não desangue, ou ainda com outras bases como Brain Heart Infusion (BHI) e outros meios enriquecidos. O ágar azida é um exemplo de meio enriquecido bastante utilizado para o isolamento destas bactérias, principalmente quando existe a possibilidade da amostra conter concomitantemente bacilo Gram-negativo. Em ágar sangue, as colônias, após 24 h de crescimento, têm aproximadamente 1 a 2 mm de diâmetro. Aproximadamente um terço dos Enterococcus faecalis apresentam-se com beta-hemólise em ágar contendo sangue humano, coelho ou cavalo, mas são não-hemolíticas em sangue de carneiro. As outras espécies são usualmente não-hemolíticas. A temperatura adequada de crescimento é de 35±2ºC e, apesar de algumas cepas crescerem melhor em concentrações aumentadas de CO2 não existe necessidade de atmosfera especial. PROVAS DE IDENTIFICAÇÃO Apesar de não haver características fenotípicas que diferenciem totalmente o gênero Enterococcus de outros gêneros relacionados, a presença de cocos Gram-positivos dispostos aos pares ou em cadeias, catalase negativa com prova de PYR positiva, crescimento em caldo de NaCl a 6,5% e hidrólise da esculina são provas presentes na maioria das espécies do gênero Enterococcus. Com provas de PYR positivo Hidrólise da esculina positiva Crescimento em caldo de NaCl a 6,5% são provas presentes na maioria das espécies do gênero Enterococcus. NaCl 6,5% Princípio: Capacidade do microrganismo crescer em altas concentrações de sal. Tem por finalidade diferenciar Enterococcus spp. de Streptococcus spp. Procedimento: •Inoculam-se 2 a 3 colônias a serem testadas em um caldo BHI suplementado com 6,0% de NaCl (com ou sem indicador); •Incubam-se a 35±2ºC por até 72 h. Interpretação: A turvação ou mudança de cor (no caso de adição de indicador) é indicativa de crescimento bacteriano. BILE ESCULINA Ágar bile-esculina Princípio: Esculina presente no meio é hidrolizada, formando esculetina e dextrose. A esculetina reage com sais de ferro presentes no meio tornando-o enegrecido. Tem por finalidade diferenciar Enterococcus spp. e Streptococcus bovis (Streptococcus do grupo D) de Streptococcus spp. Procedimento: •Inoculam-se 2 a 3 colônias a serem testadas em base contendo bile-esculina; •Incubam-se a 35±2ºC por até 72 h. Interpretação: Presença de cor enegrecida no meio é indicativa da presença de hidrólise, isto é, uma prova positiva Existem diversos testes convencionais que levam à identificação das espécies de Enterococcus e gêneros relacionados, classificando-o em cinco diferentes grupos fisiológicos. Estes incluem a hidrólise da arginina, a detecção da produção de ácido a partir de diferentes carboidratos: arabinose, sorbitol, manitol, rafinose, sorbose e sacarose, utilização do piruvato de sódio, motilidade e produção de pigmento. TESTES COMERCIAIS A produção de ácido a partir de metil-a-D-glucopiranosídeo (MGP) auxilia na diferenciação do E. faecium, E. gallinarum e E. casseliflavus. Considerando que para fins de controle e prevenção de infecções, as espécies de E. faecium e E. faecalis necessitam rapidamente ser distinguidas de E. gallinarum e E. casseliflavus, a fermentação da xilose é outro teste de valor. Apesar de todos os enterococos fermentarem a xilose, pelo fato de os E. gallinarum possuírem a enzima pré-formada, a reação para esta espécie ocorre com maior rapidez, permitindo leitura em duas horas. Alguns testes comerciais, baseados em características bioquímicas, têm utilização para o diagnóstico e identificação das espécies dos enterococos como o API 20 STREP (bioMérieux), o sistema BD BBL Crystal (Becton Dickinson Cockeysville) e identificação de enterococos (PROBAC® do Brasil). MÉTODOS AUTOMATIZADOS Os métodos automatizados também são usualmente utilizados para a identificação e detecção rápida da resistência antimicrobiana dos enterococos. Dentre os mais utilizados destacam-se o Vitek system® e Vitek® (bioMerieux), MicroScan® (Siemens) e Phoenix® (BD). O desempenho dos métodos automatizados vem sendo constantemente observado, incluindo diversas alterações nos painéis e cartões, além de adaptações no software. A acurácia tem-se mostrado melhor para E. faecalis, oferecendo maior dificuldade para E. faecium e outras espécies. Para detecção de resistência, podem ser utilizados os métodos manuais qualitativos (disco-difusão) e quantitativos com micro ou macrodiluição. Do ponto de vista de rotina diária no laboratório de microbiologia, uma opção é a metodologia epsilométrica do E-test® (AB Biodisk, Solna, Sweden). TERAPIA E RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA O principal obstáculo que o clínico enfrenta no tratamento de infecções enterocócicas é que esses organismos são intrinsecamente resistentes a vários antibióticos e também têm a capacidade de ampliar a resistência a antibióticos. Esses problemas terapêuticos têm sido reconhecidos há muito tempo e, no passado, cerca de 60% das falhas no tratamento da endocardite enterocócica ocorreram quando a penicilina foi usada como monoterapia nessas infecções. A terapia bactericida é necessária para taxas de cura ótimas na endocardite e outras infecções endovasculares. Portanto, a terapêutica combinada deve ser administrada nessas situações. O aparecimento de resistência a vários agentes antimicrobianos coloca enormes problemas clínicos porque o objetivo da terapia bactericida não pode ser alcançado. A combinação de ß-lactâmicos e aminoglicósidos ou cefalosporinas é útil, pois apresenta efeitos sinérgicos; assim, em infecções graves, endocardites ou meningites, uma combinação de dois antibióticos é recomendada.
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