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ANATOMIA DOS RUMINANTES DOMÉSTICOS HUGO PEREIRA GODINHO Professor Titular (aposentado), ICB / UFMG Professor Adjunto, PUC-MINAS / Belo Horizonte FÁBIO MAURÍCIO CARDOSO Professor Titular (aposentado), ICB / UFMG Professor Adjunto, PUC-MINAS / Betim ANTÔNIO CARLOS SANTANA CASTRO Professor Adjunto, ICB / UFMG BELO HORIZONTE – MINAS GERAIS 2006 2 APRESENTAÇÃO As disciplinas que envolvem o estudo da anatomia macroscópica dos animais domésticos são geralmente aquelas que ocupam a maior carga horária dentro dos cursos de Medicina Veterinária. Mesmo assim, essa carga horária tem sido progressivamente reduzida, já que o desenvolvimento da ciência veterinária nos últimos anos resultou em grande expansão da parte profissional do currículo em detrimento de sua parte básica, na qual se insere o estudo da anatomia. Na tentativa de adequar o ensino anatômico veterinário à carga horária que lhe vem sendo atribuída – e sem prejuízo da formação básica do estudante de Medicina Veterinária – elaboramos o presente texto, destinado a atender à rotina dos alunos nas aulas práticas e, obviamente, sem a pretensão de substituir os tratados clássicos existentes. As semelhanças que existem nos vários sistemas orgânicos das diferentes espécies domésticas permitem que uma delas possa ser utilizada como padrão para o estudo anatômico. No presente texto, adotou-se como padrão o ruminante (bovino, ovino e caprino), devido a sua facilidade de obtenção, seu baixo custo e, no caso do ovino ou caprino, seu porte adequado para uso em laboratório. Aspectos comparativos envolvendo aparelhos e sistemas das demais espécies domésticas devem ser abordados em aulas teóricas e práticas suplementares. À exceção do estudo dos ossos, articulações, sistema nervoso central e tegumento comum, a matéria do presente texto está exposta sob o ponto de vista topográfico. Para cada região do corpo animal a ser estudada, é apresentado o roteiro de dissecação, seguido da descrição teórica das estruturas dissecadas. A nomenclatura utilizada ao longo de todo o texto procurou seguir o mais estritamente possível aquela indicada pela Nomenclatura Anatômica Veterinária (SCHALLER, 1999). Somos gratos a todos que contribuíram de alguma forma para o aperfeiçoamento deste texto, especialmente aos alunos de graduação para os quais ele foi escrito. Agradecemos também aos colegas anatomistas veterinários que nos honraram com suas críticas e sugestões. Os Autores 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA VETERINÁRIA, 5 2. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO ESQUELETO, 7 3. OSSOS DO MEMBRO TORÁCICO, 10 4. OSSOS DO MEMBRO PELVINO, 14 5. COLUNA VERTEBRAL, COSTELAS, CARTILAGENS COSTAIS E ESTERNO, 19 6. OSSOS DO CRÂNIO E OSSO HIÓIDE, 24 7. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ARTICULAÇÕES, 30 8. ARTICULAÇÕES, 34 9. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS MÚSCULOS, 40 10. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS VASOS, 43 11. DISSECAÇÃO DO MEMBRO TORÁCICO, 47 12. MÚSCULOS DO MEMBRO TORÁCICO E ÁREAS ADJACENTES, 54 13. NERVOS DO MEMBRO TORÁCICO, 63 14. VASOS DO MEMBRO TORÁCICO, 67 15. DISSECAÇÃO DA PAREDE DO TÓRAX, 73 16. MÚSCULOS DA PAREDE DO TÓRAX, 75 17. NERVOS DA PAREDE DO TÓRAX, 78 18. VASOS DA PAREDE DO TÓRAX, 80 19. DISSECAÇÃO DA PAREDE DO ABDOME, 81 20. MÚSCULOS DA PAREDE DO ABDOME, 83 21. NERVOS DA PAREDE DO ABDOME, 85 22. VASOS DA PAREDE DO ABDOME, 86 23. DISSECAÇÃO DO MEMBRO PELVINO, 87 24. MÚSCULOS DO MEMBRO PELVINO, 93 25. NERVOS DO MEMBRO PELVINO, 100 26. VASOS DO MEMBRO PELVINO, 104 27. DISSECAÇÃO DA CABEÇA, 114 28. MÚSCULOS DA CABEÇA, 122 29. NERVOS DA CABEÇA, 126 30. VASOS DA CABEÇA, 135 31. DISSECAÇÃO DO PESCOÇO, 143 32. MÚSCULOS DO PESCOÇO, 145 33. NERVOS DO PESCOÇO, 149 34. VASOS DO PESCOÇO, 151 35. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO SISTEMA NERVOSO,155 36. SISTEMA NERVOSO CENTRAL, 158 37. OLHO, PÁLPEBRAS, TÚNICA CONJUNTIVA E APARELHO LACRIMAL, 174 38. OUVIDO (ÓRGÃO VESTIBULOCOCLEAR), 178 39. CAVIDADE DA BOCA, 185 40. CAVIDADE NASAL E SEIOS PARANASAIS, 193 41. FARINGE, 196 42. LARINGE, 198 43. ESÔFAGO, TRAQUÉIA, TIREÓIDE, PARATIREÓIDES E TIMO, 201 44. DISSECAÇÃO DA CAVIDADE DO TÓRAX, 204 45. PLEURA, PULMÕES E BRÔNQUIOS, 206 4 46. PERICÁRDIO E CORAÇÃO, 210 47. NERVOS DA CAVIDADE DO TÓRAX, 213 48. VASOS DA CAVIDADE DO TÓRAX, 215 49. DISSECAÇÃO DA CAVIDADE DO ABDOME, 222 50. ESTÔMAGO, 225 51. INTESTINOS, 229 52. FÍGADO, VIAS BILIARES, PÂNCREAS E BAÇO, 232 53. RINS, URETERES E GLÂNDULAS ADRENAIS, 235 54. PERITÔNIO, 238 55. NERVOS DA CAVIDADE DO ABDOME, 241 56. VASOS DA CAVIDADE DO ABDOME, 243 57. DISSECAÇÃO DA CAVIDADE PELVINA E DOS ÓRGÃOS GENITAIS EXTERNOS, 251 58. ÓRGÃOS GENITAIS FEMININOS, 253 59. ÚBERE, 257 60. ÓRGÃOS GENITAIS MASCULINOS, 259 61. BEXIGA URINÁRIA E PARTE TERMINAL DOS URETERES, 267 62. PARTE PELVINA DO PERITÔNIO, 268 63. NERVOS DA CAVIDADE PELVINA, 269 64. VASOS DA CAVIDADE PELVINA, 271 65. TEGUMENTO COMUM, 274 66. BIBLIOGRAFIA, 277 5 1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA VETERINÁRIA 1.1 Objetivo A Anatomia Veterinária tem como objetivo estudar a conformação e a estrutura macroscópica do corpo dos animais domésticos. Estes compreendem as espécies que, por seu valor econômico, científico ou afetivo, são criadas pelo homem. Em nosso meio, as principais espécies domésticas, considerando-se apenas mamíferos, são o bovino, o equino, o suíno, o ovino, o caprino, o canino e o felino. 1.2 Nomenclatura anatômica veterinária Compreende o conjunto de nomes ou termos utilizados para designar todas as estruturas anatômicas presentes no corpo dos animais domésticos. Foi elaborada por um comitê internacional de anatomistas veterinários e seus princípios básicos são os seguintes: -Cada estrutura anatômica deve ser designada por um único termo. -Os termos são escritos em Latim, mas os anatomistas de cada país podem traduzi-los para sua respectiva língua. -Os termos devem ser, preferencialmente, informativos e descritivos. Exemplo: músculo flexor superficial dos dedos. -Estruturas intimamente relacionadas do ponto de vista topográfico, isto é, situadas junto uma da outra em determinada região do corpo, devem possuir nomes semelhantes. Exemplo: artéria femoral, veia femoral e nervo femoral. -Os termos derivados de nomes próprios (epônimos) devem ser abolidos. Exemplo: tendão de Aquiles, substituído por tendão calcanear comum. 1.3 Divisão do corpo do animal O corpo do animal pode ser dividido nas seguintes partes fundamentais: cabeça, pescoço, tronco, membros e cauda. O tronco compreende o tórax e o abdome. Os membros incluem um par de membros torácicos (anteriores) e um par de membros pelvinos (posteriores). O membro torácico compõe-se de quatro partes ou segmentos: ombro (cintura escapular), braço, antebraço e mão. O membro pelvino também compreende quatro segmentos: quadril (cintura pelvina), coxa, perna e pé. 1.4 Planos do corpo do animal São planos imaginários que tangenciam ou cortam o corpo do animal, facilitando a sua delimitação no espaço. Os principais planos utilizados para os animais domésticos são os seguintes: -Plano cranial: plano vertical que tangencia o crânio do animal. -Plano caudal: plano vertical que tangencia a cauda do animal. -Planos transversais: planos verticais que cortam o corpo do animal paralelamente aos planos cranial e caudal. -Plano dorsal: plano horizontal que tangencia o dorso do animal. -Plano ventral: plano horizontal que tangencia o ventre do animal. -Planos laterais direito e esquerdo: planos verticais que tangenciam cada lado do corpo do animal. 6 -Plano mediano: planovertical que passa pelo meio do corpo do animal, dividindo-o em metades direita e esquerda (antímeros direito e esquerdo). 1.5 Termos indicativos de posição e direção São termos utilizados para indicar a posição e direção de uma determinada estrutura no corpo do animal. Os mais importantes, baseados nos planos, são os seguintes: -Cranial: indica uma estrutura ou face de estrutura que esteja voltada para o plano cranial ou mais próxima desse plano. Na mão e no pé, o termo cranial é substituído por dorsal. Na cabeça, é substituído por rostral. -Caudal: indica uma estrutura ou face de estrutura que esteja voltada para o plano caudal ou mais próxima desse plano. Na mão o termo caudal é substituído por palmar e no pé por plantar. -Dorsal: indica uma estrutura ou face de estrutura que esteja voltada para o plano dorsal ou mais próxima desse plano. -Ventral: indica uma estrutura ou face de estrutura que esteja voltada para o plano ventral ou mais próxima desse plano. -Médio: indica uma estrutura em posição intermediária entre dorsal e ventral. -Lateral: indica uma estrutura ou face de estrutura que esteja voltada para o plano lateral direito ou esquerdo ou mais próxima de um desses planos. -Medial: indica uma estrutura ou face de estrutura que esteja voltada para o plano mediano ou mais próxima desse plano. -Intermédio: indica uma estrutura em posição intermediária entre lateral e medial. -Mediano: indica uma estrutura situada no plano mediano. Além dos termos acima descritos, existem outros utilizados em áreas mais restritas do corpo do animal. Assim, temos: -Externo e interno: utilizados para estruturas cavitárias, indicam a sua face que esteja voltada, respectivamente, para fora e para dentro. -Superficial e profundo: indicam uma estrutura que esteja mais próxima ou mais afastada, respectivamente, de uma determinada superfície. -Proximal e distal: utilizados para os membros e órgãos apendiculares (por exemplo, orelha e cauda), indicam uma estrutura que esteja mais próxima ou mais afastada, respectivamente, da raiz do membro ou órgão. -Axial e abaxial: utilizados para os dedos, indicam sua face que esteja voltada, respectivamente, para dentro e para fora, tomando-se como referência o eixo do membro. -Superior e inferior: termos restritos a estruturas localizadas na cabeça, a exemplo dos lábios e das pálpebras. -Anterior e posterior: termos restritos a estruturas situadas no bulbo do olho e no ouvido interno. 2. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO ESQUELETO 7 2.1 Considerações gerais O esqueleto compreende o conjunto de ossos e cartilagens que formam o arcabouço de sustentação do corpo animal. Na grande maioria dos vertebrados, as peças do esqueleto situam-se mais ou menos profundamente no corpo, constituindo um típico endo-esqueleto. Em alguns animais, porém, estruturas ósseas são também encontradas revestindo externamente partes do corpo, formando assim um exo- esqueleto, a exemplo da carapaça das tartarugas e do casco dos tatus. Os ossos desempenham inúmeras funções no organismo, destacando-se como mais importantes as seguintes: -Sustentação do corpo do animal, possibilitando-lhe manter-se de pé e caminhar. -Formação de invólucros para proteção de órgãos vitais, como o encéfalo, a medula espinhal, o coração e os pulmões. -Formação de alavancas, nas quais se prendem os músculos. Estes, ao se contrairem, provovam deslocamentos de peças ósseas, resultanto isto em movimento de partes do corpo. -Armazenamento de cálcio e fósforo para as necessidades do organismo. -Contenção da medula óssea, importante tecido hemocitopoiético (formador de células sanguíneas). O termo grego para osso é osteon, daí derivando vários termos como osteologia (estudo dos ossos), osteócito (célula do osso), osteomielite (inflamação da medula óssea), etc. 2.2 Divisão do esqueleto Conforme sua localização no corpo, o esqueleto pode ser dividido em esqueleto axial, esqueleto apendicular e esqueleto visceral. -Esqueleto axial: compreende os ossos que se dispõem ao longo do eixo longitudinal do corpo, ou seja, os ossos do crânio, a coluna vertebral, as costelas e o esterno. -Esqueleto apendicular: compreende os ossos presentes nos membros torácicos e pelvinos. A união entre o esqueleto apendicular e o esqueleto axial é feita por meio das chamadas cinturas: cintura escapular (ombro) para o membro torácico e cintura pelvina (quadril) para o membro pelvino. -Esqueleto visceral: compreende ossos que se desenvolvem no interior de determinadas vísceras, sem conexão com o restante do esqueleto. Nos animais domésticos, são exemplos o osso do coração do bovino e o osso do pênis do cão. 2.3 Tipos de ossos Os ossos podem ser classificados, quanto à sua forma, nos seguintes tipos: ossos longos, ossos curtos, ossos planos e ossos irregulares. A estes acrescenta-se um tipo especial, representado pelos ossos pneumáticos. 2.3.1 Ossos longos 8 São ossos em que a dimensão predominante é o comprimento. Possuem forma aproximadamente cilíndrica ou colunar, ocorrendo tipicamente nos membros. Assim, no membro torácico são ossos longos o úmero, o rádio, o metacárpico III + IV e as falanges proximal e média; no membro pelvino, o fêmur, a tíbia, o metatársico III + IV e as falanges proximal e média. Em um osso longo distinguem-se uma parte média – o corpo ou diáfise – e duas extremidades mais dilatadas – as epífises. Nos animais adultos, a diáfise é contínua com as epífises. Porém, nos animais jovens, ainda em crescimento, esta continuidade não ocorre, estando a diáfise separada de cada epífise por um disco de cartilagem hialina, denominada cartilagem epifisal. Esta cartilagem constitui a zona por meio da qual o osso cresce em comprimento. A região da diáfise adjacente à cartilagem epifisal é mais larga e denomina-se metáfise. A diáfise apresenta sua parede formada, na maior parte, por uma camada espessa de osso compacto (substância compacta), que delimita uma cavidade alongada, denominada cavidade medular. Esta cavidade é ocupada pela medula óssea, a qual, dependendo da idade do animal, pode ser classificada como vermelha (de função hemocitopoiética), amarela (rica em tecido adiposo) ou uma mistura de ambas. As epífises e metáfises são formadas internamente por osso esponjoso (substância esponjosa) e externamente por uma fina camada de osso compacto (substância cortical). O osso esponjoso apresenta-se como uma malha de trabéculas ósseas interligadas, cujos pequenos espaços são também preenchidos por medula óssea. Nas superfícies articulares das epífises, o osso é ainda envolvido por uma fina camada de cartilagem hialina, denominada cartilagem articular. 2.3.2 Ossos curtos São ossos que possuem comprimento, largura e espessura mais ou menos equivalentes. Apresentam-se formados externamente por uma camada de osso compacto e internamente por osso esponjoso, não possuindo cavidade medular. São classificados como ossos curtos os ossos do carpo, os ossos do tarso e os ossos sesamóides. 2.3.3 Ossos planos São ossos em que o comprimento e a largura predominam sobre a espessura, apresentando um aspecto laminar. São constituídos por duas camadas de osso compacto, separadas por uma fina camada de osso esponjoso contendo medula óssea. São classificados como ossos planos a escápula e muitos dos ossos do crânio. Nestes últimos, a camada de osso esponjoso recebe o nome especial de díploe. 2.3.4 Ossos irregulares Como o nome indica, são ossos cuja forma não permite o seu enquadramento nos tipos anteriores. São classificados como irregulares o osso do quadril, as vértebras e alguns ossos do crânio. Sua estrutura é variável, podendo ser constituídospor osso esponjoso envolvido por osso compacto ou ainda, dependendo da parte considerada, por osso compacto apenas. 2.3.5 Ossos pneumáticos 9 São ossos em cuja espessura se formam cavidades revestidas por mucosa nas quais circular o ar. Nos animais domésticos, alguns ossos do crânio são deste tipo e suas cavidades são denominadas seios paranasais. 2.4 Acidentes ósseos Os ossos não possuem superfície uniforme, podendo apresentar saliências, depressões, áreas lisas e orifícios. Estes acidentes são melhor vistos em ossos preparados, dos quais foram removidas as estruturas moles que os envolvem. As saliências ósseas podem ser articulares ou não. As saliências articulares denominam-se cabeça, côndilo, capítulo, tróclea, dente, etc. As saliências não articulares, nas quais se prendem tendões ou ligamentos, recebem também diferentes nomes, como túber, tubérculo, tuberosidade, trocânter, processo, epicôndilo, etc. Quando lineares, as saliências denominam-se linha, crista, espinha, etc. As depressões na superfície óssea, articulares ou não, são designadas como cavidade, fossa, fóvea, etc. Já os termos fissura, incisura, sulco, colo e arco designam fendas e reentrâncias na superfície de um osso. As áreas lisas na superfície óssea são designadas como asa, tábula, ramo, lâmina, etc. Um orifício na superfície do osso é denominado forame; quando o forame dá passagem a uma artéria, denomina-se forame nutrício. A continuação de um forame no interior do osso, até emergir em outra face, é comumente denominada canal. 2.5 Periósteo e endósteo O periósteo é uma membrana formada por tecido conjuntivo que reveste externamente os ossos, exceto nas superfícies articulares. Ele é constituído por uma camada externa mais fibrosa e uma camada interna mais celularizada. Esta última camada tem capacidade osteogênica, contribuindo para o crescimento do osso em espessura. O periósteo é dotado de abundante inervação sensitiva, sendo particularmente sensível a estímulos dolorosos. O endósteo é uma delgada membrana conjuntiva que reveste internamente a parede da cavidade medular dos ossos longos. 2.6 Vascularização e inervação dos ossos A irrigação dos ossos provém de artérias do periósteo, de artérias das articulações e da artéria nutrícia. As artérias do periósteo irrigam tanto o próprio periósteo como o osso compacto subjacente, principalmente da diáfise. Os vasos provenientes das articulações irrigam as extremidades ósseas ou epífises. Já artéria nutrícia penetra no forame nutrício do osso, localizado mais comumente na diáfise, atravessa a substância compacta e distribui-se na medula óssea e no próprio osso compacto da diáfise. Os nervos atingem os ossos acompanhando os vasos sanguíneos. Eles contêm tanto fibras sensitivas como vasomotoras. Os impulsos sensitivos são principalmente dolorosos. 3. OSSOS DO MEMBRO TORÁCICO 3.1 Introdução 10 O membro torácico é formado pelos seguintes segmentos ou partes, com suas respectivas bases ósseas: -Ombro (cintura escapular): um único osso, a escápula. -Braço: um único osso, o úmero. -Antebraço: dois ossos, rádio e ulna. -Mão: ossos do carpo, do metacarpo e dos dedos (falanges e ossos sesamóides). 3.2 Escápula A escápula constitui a base óssea do ombro. É um osso plano, de forma triangular, com sua parte mais estreita voltada distalmente (para baixo). Ela está presa proximalmente ao pescoço e ao tórax por meio de músculos; distalmente, articula-se com o úmero. A face lateral da escápula caracteriza-se por apresentar uma longa saliência em forma de crista, disposta verticalmente e denominada espinha da escápula. A espinha da escápula apresenta, aproximadamente em seu meio, uma dilatação rugosa, o túber da espinha da escápula; distalmente, ela termina em uma projeção ponteaguda, denominada acrômio. A área da escápula situada cranialmente à espinha denomina-se fossa supra-espinhal; a área situada caudalmente à espinha constitui a fossa infra- espinhal. A face medial (costal) da escápula é lisa e ligeiramente côncava. Nela situa-se uma depressão rasa, denominada fossa subescapular, mais acentuada no terço distal do osso. A extremidade distal da escápula é estreita e apresenta uma cavidade articular de contorno arredondado, denominada cavidade glenóide, destinada à articulação com a cabeça do úmero. No contorno cranial da extremidade distal, logo acima da cavidade glenóide, encontra-se uma saliência rugosa, denominada tubérculo supraglenoidal. Do tubérculo supraglenoidal projeta-se medialmente uma pequena saliência, o processo coracóide. O forame nutrício da escápula situa-se mais comumente no terço distal do osso, próximo à sua borda caudal. Presa à borda dorsal da escápula encontra-se uma lâmina de cartilagem hialina, em forma de meia lua, denominada cartilagem da escápula; em ossos preparados esta cartilagem costuma estar ausente. 3.3 Úmero O úmero constitui a base óssea do braço, articulando-se proximalmente com a escápula e distalmente com o rádio e a ulna. É um osso longo, nele se distinguindo a extremidade proximal, o corpo e a extremidade distal. A extremidade proximal do úmero possui uma ampla saliência articular convexa, de contorno arredondado e voltada caudalmente – a cabeça do úmero – destinada a se articular com a cavidade glenóide da escápula. Junto à cabeça do úmero encontram-se duas saliências voltadas para cima: uma lateral e mais volumosa, denominada tubérculo maior; outra medial e menos volumosa, denominada tubérculo menor. Entre os tubérculos maior e menor situa-se um sulco profundo, denominado sulco intertubercular. Logo abaixo do tubérculo maior encontra-se uma área rugosa circular, denominada face do músculo infra-espinhal. A transição entre a cabeça e o corpo do úmero denomina-se colo, apresentando-se este melhor definido na face caudal da extremidade proximal. 11 O corpo (diáfise) do úmero é aproximadamente cilíndrico. Sua face lateral apresenta uma depressão larga e lisa, de conformação espiralada, denominada sulco do músculo braquial. Este sulco é limitado cranialmente por uma crista também espiralada, denominada crista do úmero. Em sua porção proximal, a crista do úmero forma uma saliência rugosa, denominada tuberosidade deltóidea. Na face medial do corpo encontra-se uma outra saliência rugosa, a tuberosidade redonda maior. O forame nutrício situa-se no terço médio do corpo. A extremidade distal do úmero é caracterizada pela presença de uma saliência articular denominada côndilo, no qual se distinguem duas superfícies articulares: capítulo e tróclea. O capítulo é a superfície articular mais estreita e lateral; a tróclea é a superfície articular mais larga e medial. Na face cranial da extremidade distal, logo acima da tróclea, encontra-se uma depressão rasa e rugosa, denominada fossa radial. Já na face caudal encontra-se uma depressão bem mais profunda, denominada fossa do olécrano. Em cada lado da extremidade distal encontra-se uma pequena elevação rugosa denominada epicôndilo, sendo o epicôndilo lateral mais desenvolvido que o epicôndilo medial. 3.4 Rádio e ulna O rádio e a ulna constituem a base óssea do antebraço, estando parcialmente fundidos nos ruminantes. O rádio é o mais volumoso e o mais cranial dos dois ossos. Articula-se proximalmente com o úmero, distalmente com o carpo e caudalmente com a ulna. Nele distinguem-se as seguintes partes: cabeça , corpo e tróclea. A cabeça é a extremidade proximal do rádio e apresenta duas superfícies articulares ligeiramente côncavas, uma medial e outra lateral, destinadas a se articularem respectivamente com a tróclea e o capítulo do úmero. As duas superfícies articulares estão separadas por uma pequena depressão não articular, a fóvea dacabeça do rádio. No contorno craniomedial da cabeça situa-se uma discreta saliência rugosa, a tuberosidade do rádio. O corpo do rádio é robusto, apresentando-se algo achatado no sentido craniocaudal. Sua face cranial é lisa e plana. Já sua face caudal apresenta-se percorrida por sulcos mais ou menos desenvolvidos e está fundida ao corpo da ulna, exceto em dois pontos onde permanecem espaços: espaço interósseo proximal e espaço interósseo distal. No espaço interósseo proximal situa-se comumente o forame nutrício do rádio. A tróclea constitui a extremidade distal do rádio. Possui três superfícies articulares dispostas obliquamente e destinadas à articulação com os ossos do carpo. A ulna é o menor e mais caudal dos dois ossos do antebraço, caracterizando-se por apresentar uma extremidade proximal bem mais desenvolvida que o restante do osso. A extremidade proximal da ulna denomina-se olécrano. Este se apresenta como uma grande saliência que se projeta para cima e para trás a partir do corpo do osso. A extremidade livre do olécrano forma um tubérculo arredondado, denominado túber do olécrano. Cranialmente, o olécrano forma uma projeção ponteaguda, denominada processo ancôneo. Logo abaixo do processo ancôneo encontra-se uma reentrância de perfil semilunar, a incisura troclear. O corpo da ulna é longo, delgado e está fundido ao corpo do rádio, exceto nos espaços interósseos proximal e distal, já mencionados. 12 A extremidade distal da ulna está igualmente fundida à extremidade distal do rádio e termina formando uma saliência ponteaguda, o processo estilóide. 3.5 Carpo O carpo é um conjunto de ossos curtos que se interpõe entre o rádio e a ulna proximalmente e o metacarpo distalmente. Nos ruminantes, o carpo é composto de seis ossos, articulados entre si e dispostos em duas fileiras, uma proximal e outra distal. A fileira proximal articula-se com a extremidade distal do rádio e da ulna. A fileira distal articula-se com o metacarpo. A fileira proximal do carpo compreende quatro ossos, que se denominam, no sentido mediolateral: osso radial do carpo, osso intermédio do carpo, osso ulnar do carpo e osso acessório do carpo, este último de forma globosa e projetado para trás. A fileira distal do carpo compõe-se de dois ossos, que são, também no sentido mediolateral: osso cárpico II + III e o osso cárpico IV. O osso cárpico I não ocorre nos ruminantes. A face dorsal do carpo é ligeiramente convexa e a face palmar ligeiramente côncava, constituindo esta concavidade o sulco do carpo. 3.6 Metacarpo O metacarpo dos ruminantes compreende apenas um osso completamente desenvolvido – o metacárpico III + IV – formado pela fusão dos ossos metacárpico III e metacárpico IV no período fetal. Além deste, o bovino possui também um osso metacárpico rudimentar, pequeno e ponteagudo, o metacárpico V, articulado à face lateral da extremidade proximal do metacárpico III + IV. O metacárpico III + IV é um osso longo, no qual se distinguem três partes: base, corpo e cabeça. A base é a extremidade proximal do metacárpico III + IV e apresenta duas superfícies articulares ligeiramente côncavas, destinadas à articulação com a fileira distal dos ossos do carpo. No contorno dorsomedial da base encontra-se uma saliência discreta, a tuberosidade metacárpica. O corpo do metacárpico III + IV é longo e ligeiramente achatado no sentido dorsopalmar. Sua face dorsal apresenta-se percorrida no meio por uma depressão linear, o sulco longitudinal dorsal. Na extremidade distal deste sulco encontra-se um orifício, denominado canal distal do metacarpo, destinado à passagem de vasos sanguíneos. Um outro orifício menor, o canal proximal do metacarpo, pode ou não estar presente na extremidade proximal do sulco. A face palmar do corpo do metacárpico III + IV apresenta-se percorrida pelo sulco longitudinal palmar, mais discreto que o dorsal, e nela se abrem os canais proximal e distal do metacarpo. A cabeça constitui a extremidade distal do metacárpico III + IV e articula-se com as falanges proximais dos dois dedos principais do ruminante. Apresenta duas saliências articulares, as trócleas medial e lateral, separadas entre si por uma fenda profunda, denominada incisura intertroclear. 3.7 Falanges Os ruminantes domésticos possuem quatro dedos na mão. Destes, o dedo III e o dedo IV são completamente desenvolvidos, apóiam-se no solo e possuem, cada um, três falanges (proximal, média e distal) e três ossos sesamóides (dois proximais e um 13 distal). Os dedos II e V, situados na face palmar da mão, são rudimentares e possuem um ou dois pequenos ossos que não se articulam com o restante do esqueleto. A falange proximal é um osso longo, apresentando base, corpo e cabeça. A base é a extremidade proximal, mais larga e dotada de duas superfícies articulares côncavas para articulação com a tróclea correspondente do osso metacárpico III + IV. Em sua face palmar salientam-se dois tubérculos, separados por um sulco. O corpo apresenta quatro faces: axial, abaxial, dorsal e palmar. A cabeça é a extremidade distal, apresentando uma tróclea para articulação com a base da falange média. A falange média, embora mais curta que a proximal, também é um osso longo. Sua base possui duas superfícies articulares côncavas para articulação com a tróclea da falange proximal. Apresenta também na face palmar dois tubérculos, mais desenvolvidos que os da falange proximal, especialmente os abaxiais. A cabeça é constituída por uma tróclea semelhante àquela da falange proximal, para articulação com a falange distal. A falange distal difere bastante das duas precedentes por sua forma irregular. Apresenta quatro faces: solear, abaxial, axial e proximal. A face solear é aquela que se apóia no solo por meio do casco; é mais ou menos lisa, de perfil lanceolado, com sua extremidade aguda voltada para frente e ligeiramente para dentro. A face abaxial ou parietal é aquela voltada para fora, apresentando-se convexa e dotada de vários forames, alguns deles bem desenvolvidos. A face axial é aquela voltada para dentro; apresenta-se ligeiramente côncava e possui igualmente vários forames. A face proximal ou articular é aquela que se articula com a tróclea da falange média, sendo formada por duas superfícies articulares côncavas. 3.8 Ossos sesamóides Os sesamóides proximais, em número de quatro, são pequenos ossos ovóides dispostos em uma fileira transversal junto à face palmar da articulação entre o metacárpico III + IV e as falanges proximais dos dedos III e IV. O sesamóide distal (também conhecido como osso navicular) é um pequeno osso alongado em sentido transversal, situado na face palmar da articulação entre a falange média e a falange distal de cada dedo. 4. OSSOS DO MEMBRO PELVINO 4.1 Introdução O membro pelvino compreende os seguintes segmentos, com suas respectivas bases ósseas: -Quadril (cintura pelvina): osso do quadril, formado por ílio, pube e ísquio. -Coxa: um único osso, o fêmur. 14 -Perna: dois ossos, tíbia e fíbula, esta última rudimentar. -Pé: ossos do tarso, do metatarso e dos dedos (falanges e ossos sesamóides) 4.2 Osso do quadril Cada osso do quadril é composto de três ossos – ílio, pube e ísquio – que no animal adulto estão fundidos entre si de modo a formar uma peça inteiriça, articulada proximalmente com a coluna vertebral e distalmente com o fêmur. Os dois ossos do quadril constituem as paredes laterais e ventral da cavidade pelvina e estão unidos um ao outro na linha mediana ventral por cartilagem fibrosa (sínfise pelvina). 4.2.1 Ílio É o maior dos ossos que formam o quadril, estando voltado para frente e para cima. Possui forma aproximadamente triangular, nelese distinguindo uma porção dorsal mais larga – a asa – e uma porção ventral mais estreita – o corpo. A asa do ílio tem seu eixo maior disposto transversalmente e apresenta duas faces: face glútea e face sacropelvina. A face glútea é aquela voltada para cima e para fora. É côncava e está percorrida por uma elevação linear denominada linha glútea, pouco evidente em animais jovens. A face sacropelvina é aquela voltada para baixo e para dentro. É convexa e apresenta uma área rugosa para articulação com o sacro (parte da coluna vertebral). A extremidade lateral da asa do ílio forma uma saliência volumosa denominada túber coxal; a extremidade medial constitui outra saliência, o túber sacral. Entre o túber coxal e o túber sacral estende-se uma borda denominada crista ilíaca. O corpo do ílio dirige-se para baixo e para trás, terminando em uma cavidade articular ampla e profunda, de contorno arredondado, denominada acetábulo e destinada à articulação com a cabeça do fêmur. A borda dorsal do corpo forma com a asa uma ampla reentrância denominada incisura isquiádica maior, que se continua caudalmente com uma crista cortante denominada espinha isquiádica. 4.2.2 Pube É o menor e mais ventral dos ossos do quadril, formando a parte cranial do assoalho da cavidade pelvina. É composto de dois ramos, cranial e caudal. O ramo cranial é a parte maior do pube, dirigida para frente e para fora, de modo a se fundir com o corpo do ílio e formar parte do acetábulo. Seu limite com o corpo do ílio, na borda cranial do osso do quadril, é marcado pela presença de uma pequena saliência denominada eminência iliopúbica. O ramo caudal é a parte menor do pube, dirigida para trás para se fundir com o ísquio. Ele está unido ao seu correspondente do lado oposto por cartilagem fibrosa, constituindo esta união a parte cranial (sínfise púbica) da sínfise pelvina. Em animais mais velhos, esta sínfise costuma estar completamente ossificada. 4.2.3 Ísquio É o mais caudal dos ossos que formam o quadril, podendo se distiguir nele três partes: corpo, tábula e ramo. O corpo é a parte do ísquio que se dirige para frente, de modo a se fundir com o corpo do ílio e contribuir para a formação do acetábulo. 15 A tábula é a parte mais larga e plana do ísquio, dirigida trás e para cima. Sua extremidade caudal forma uma saliência volumosa, de contorno aproximadamente triangular, denominada túber isquiádico. Entre este último e a espinha isquiádica, o ísquio forma uma reentrância, a incisura isquiádica menor. Caudalmente, as tábulas dos dois ísquios delimitam em conjunto uma outra reentrância, o arco isquiádico. Este arco tende a ser mais aberto nas fêmeas e mais fechado nos machos. O ramo é a parte menor e mais medial do ísquio, dirigindo-se para frente de modo a se fundir com o ramo caudal do pube. Está unido ao seu correspondente do lado oposto por cartilagem fibrosa, formando esta união a parte caudal (sínfise isquiádica) da sínfise pelvina. A cada lado da sínfise pelvina, o ísquio delimita, juntamente com o pube, um amplo oríficio de contorno arredondado – o forame obturado – que recebe este nome pelo fato de estar ocluído por músculos. Há uma tendência de o forame obturado ser mais circular nas fêmeas e mais ovóide nos machos. 4.2.4 Acetábulo É a cavidade articular do osso do quadril, formada conjuntamente pelo ílio, pube e ísquio e destinada à articulação com a cabeça do fêmur. O acetábulo está voltado para baixo e para fora, apresentando um típico contorno circular. Em seu interior encontra- se, além da superfície articular propriamente dita, uma depressão não-articular denominada fossa do acetábulo. A borda do acetábulo é espessa e apresenta-se interrompida, no contorno caudomedial, por uma pronunciada incisura, denominada incisura do acetábulo. Apenas no bovino encontra-se também uma segunda incisura, mais discreta e situada cranialmente à primeira. 4.3 Fêmur Constitui a base óssea da coxa. Articula-se proximalmente com o osso do quadril – mais especificamente com o acetábulo – e distalmente com a tíbia e a patela. É um típico osso longo, apresentando extremidade proximal, corpo e extremidade distal. A extremidade proximal do fêmur é caracterizada pela presença de uma saliência articular esférica – a cabeça do fêmur – voltada medialmente e destinada à articulação com o acetábulo do quadril. Aproximadamente no centro da cabeça encontra-se uma pequena depressão não-articular, a fóvea da cabeça do fêmur. A cabeça está unida ao corpo do fêmur por um prolongamento mais estreito, o colo do fêmur, bem marcado medialmente. Lateralmente à cabeça do fêmur encontra-se uma volumosa saliência de face lateral rugosa – o trocânter maior – que se projeta para cima, ultrapassando a altura da cabeça. O trocânter maior continua-se, na face caudal da extremidade proximal, com uma crista espessa disposta obliquamente, denominada crista intertrocantérica. Esta crista vai terminar em uma pequena saliência rugosa – o trocânter menor. A crista intertrocantérica delimita, juntamente com o trocânter maior, uma depressão profunda, a fossa trocantérica. O corpo do fêmur é cilíndrico. Sua face lateral apresenta, próximo à extremidade distal, uma depressão irregular, denominada fossa supracondilar. Sua face caudal caracteriza-se pela presença de rugosidades bem marcadas e nela se encontra geralmente o forame nutrício. A extremidade distal do fêmur caracteriza-se por possuir três saliências articulares: a tróclea e dois côndilos, um lateral e outro medial. A tróclea está voltada cranialmente e destina-se à articulação com a patela. É uma grande saliência articular 16 em forma de polia, apresentando duas cristas separadas por um sulco. Os côndilos lateral e medial são duas saliências articulares globosas, voltadas caudalmente e destinadas à articulação com a tíbia. Estão separados um do outro por uma depressão profunda, a fossa intercondilar. Logo acima do côndilo medial encontra-se uma saliência rugosa, o epicôndilo medial; da mesma forma, acima do côndilo lateral encontra-se o epicôndilo lateral, porém menor que o medial. 4.4 Patela A patela é um osso curto que se articula com a tróclea do fêmur, salientando-se na face cranial do joelho. Tem forma aproximadamente triangular, com o vértice voltado para baixo. Sua face cranial é convexa e rugosa; sua face caudal apresenta duas superfícies articulares para a tróclea do fêmur. No ângulo medial da patela prende-se uma cartilagem, denominada cartilagem patelar, nem sempre presente em ossos preparados. 4.5 Tíbia e fíbula Constituem a base óssea da perna. Nos ruminantes, porém, somente a tíbia é um osso completamente desenvolvido, dotado de extremidade proximal, corpo e extremidade distal. A extremidade proximal da tíbia é dilatada e de contorno aproximadamente triangular. Apresenta duas superfícies articulares, os côndilos lateral e medial, destinados à articulação com os côndilos correspondentes do fêmur. Separando os dois côndilos, aproximadamente no centro da extremidade proximal, encontra-se uma saliência voltada para cima – a eminência intercondilar – dotada de dois tubérculos, dos quais o medial é o mais alto. No ângulo cranial da extremidade proximal destaca-se uma grande saliência rugosa, denominada tuberosidade da tíbia, que se prolonga distalmente como uma crista no corpo do osso. Entre a tuberosidade da tíbia e o côndilo lateral encontra-se uma reentrância, o sulco extensor. Outra reentrância, a incisura poplítea, é encontrada na face caudal da extremidade proximal, entre os dois côndilos. O corpo da tíbia é largo e de contorno triangular em seu terço proximal; distalmente, ele se torna mais estreito e de contorno quadrangular. Sua face caudal caracteriza-se pela presença de rugosidades dispostasobliquamente e pela presença do forame nutrício. Sua borda cranial é bem destacada, prolongando-se proximalmente, em forma de crista, até a tuberosidade da tíbia. A extremidade distal da tíbia apresenta uma superfície articular côncava denominada cóclea, destinada à articulação com o osso tálus do tarso. A cóclea é formada por dois sulcos, separados por uma crista. Medialmente, a cóclea é limitada por uma projeção ponteaguda, denominada maléolo medial. Lateralmente, seu limite é constituído por um osso separado, denominado osso maleolar (maléolo lateral), que na realidade é a extremidade distal da fíbula. A fíbula dos ruminantes é um osso incompleto, estando no adulto reduzido a duas extremidades, uma proximal e outra distal, unidas entre si por um cordão fibroso, que não aparece no esqueleto. A extremidade proximal, denominada cabeça da fíbula, apresenta-se como uma pequena projeção ponteaguda, unida ao côndilo lateral da tíbia. A extremidade distal é o osso maleolar (maléolo lateral), de contorno aproximadamente retangular e formando o limite lateral da cóclea da tíbia. 17 4.6 Tarso O tarso é um conjunto de ossos curtos interposto entre a tíbia e a fíbula proximalmente e o metatarso distalmente. Nos ruminantes, compõe-se de cinco ossos, dispostos em duas fileiras, proximal e distal. A fileira proximal compreende os ossos tálus e calcâneo; a fileira distal, os ossos centroquarto, társico II + III e társico I. O tálus é um osso volumoso, de contorno aproximadamente quadrangular e caracterizado pela presença de duas trócleas, uma proximal e outra distal. A tróclea proximal articula-se com a cóclea da tíbia e a tróclea distal com o osso centroquarto. O calcâneo é o maior dos ossos do tarso, dispondo-se lateral e plantarmente ao tálus. Ele se destaca do conjunto por formar uma grande saliência alongada que se projeta para cima e para trás. O ápice desta saliência constitui o túber do calcâneo. Na face medial do calcâneo encontra-se outra saliência menor, denominada sustentáculo do tálus. O osso centroquarto, resultante da fusão do osso central do tarso com o osso társico IV, é o maior da fileira distal, estendendo-se de um lado a outro do tarso, de modo a articular-se com todos os demais ossos do conjunto. O osso társico II + III, resultante da fusão dos ossos társico II e társico III, é o segundo em tamanho da fileira distal, situando-se no contorno dorsomedial do tarso. O osso társico I, o menor de todos, localiza-se no contorno medioplantar do tarso. 4.7 Metatarso Acompanhando o que ocorre com o metacarpo, o metatarso dos ruminantes compreende apenas um osso completamente desenvolvido, o metatársico III + IV, resultante da fusão dos ossos metatársico III e metatársico IV no período fetal. O osso metatársico III + IV assemelha-se bastante ao metacárpico III + IV, sendo porém um pouco mais longo e mais estreito. É formado por base, corpo e cabeça. A base é a extremidade proximal dilatada do metatársico III + IV. Tem contorno aproximadamente quadrangular e apresenta quatro superfícies articulares mais o menos planas para articulação com os ossos da fileira distal do tarso. O corpo do metatársico III + IV também apresenta contorno mais ou menos quadrangular. Sua face dorsal é percorrida no meio por uma depressão linear, o sulco longitudinal dorsal, bem acentuado. O mesmo ocorre em sua face plantar, percorrida pelo sulco longitudinal plantar. Na extremidade distal de ambos os sulcos encontra-se um orifício, o canal distal do metatarso. Quanto ao canal proximal do metatarso, está ausente na maioria dos casos. A cabeça é a extremidade distal do metatársico III + IV, apresentando-se formada por duas trócleas, separadas pela incisura intertroclear. Cada tróclea se articula com a falange proximal do dedo correspondente. Nos ruminantes, pode ocorrer, junto à face plantar da base do metatársico III + IV, um pequeno osso discóide, denominado osso sesamóide do metatarso, difícil de ser preservado nos esqueletos. 4.7 Falanges e ossos sesamóides As falanges e ossos sesamóides do membro pelvino são semelhantes aos correspondentes do membro torácico. 18 5. COLUNA VERTEBRAL, COSTELAS, CARTILAGENS COSTAIS E ESTERNO 5.1 Introdução A coluna vertebral constitui o eixo longitudinal de sustentação do corpo do animal, sendo formada por uma cadeia de ossos ímpares e irregulares – as vértebras – situadas no plano mediano desde o crânio até a cauda. Ela é subdividida em cinco regiões, de acordo com a parte do corpo que sustenta: cervical, tóracica, lombar, sacral e coccígea (caudal). As vértebras são unidades independentes, exceto na região sacral, onde se encontram fundidas para formar o osso sacro. O número de vértebras é variável conforme a espécie, exceto na região cervical, cujo número (sete) é constante em todos 19 os mamíferos domésticos. A Tabela 1 indica o número de vértebras de cada região da coluna, nos ruminantes. Tabela 1. Número de vértebras, por região, dos ruminantes Espécie Cervicais Torácicas Lombares Sacrais Coccígea s Bovino 7 13 6 5 18-20 Caprino 7 13 6 4 11-13 Ovino 7 13 6-7 4 16-24 Cada vértebra é formada basicamente por um corpo e um arco. O corpo é a parte ventral da vértebra, apresentando-se como uma massa compacta de forma mais ou menos cilíndrica. Possui uma extremidade cranial convexa – a cabeça da vértebra – e uma extremidade caudal côncava – a fossa da vértebra. O corpo de uma vértebra está unido ao corpo da vértebra seguinte por um disco de cartilagem fibrosa denominado disco intervertebral. O arco é a parte da vértebra que se dispõe dorsalmente ao corpo, delimitando com este uma ampla abertura, o forame vertebral. O conjunto de forames vertebrais em sequência constitui o canal vertebral, que aloja e protege a medula espinhal. O canal vertebral se comunica com o exterior, a cada lado, por meio de oríficios denominados forames intervertebrais, cada um deles delimitado pelo corpo e arco de uma vértebra e o corpo e arco da vértebra seguinte. Os forames intervertebrais dão passagem aos nervos espinhais. As vértebras apresentam várias saliências, denominadas processos. Entre estes, os mais importantes são os seguintes: processo espinhoso, ímpar e voltado para cima; processos transversos, pares e voltados um para cada lado; processos articulares craniais e caudais, também pares e destinados a articularem cada vértebra com a precedente e a seguinte. 5.2 Vértebras cervicais 5.2.1 Atlas O atlas é a primeira das sete vértebras cervicais. É uma vértebra atípica, desprovida de corpo e de processo espinhoso. É composto basicamente por dois arcos oponentes, um dorsal e outro ventral, e duas asas, uma a cada lado. O arco dorsal tem parede mais fina e apresenta em sua superfície dorsal uma saliência rugosa mediana, o tubérculo dorsal do atlas. O arco ventral tem parede mais espessa e possui em sua superfície ventral outra saliência, o tubérculo ventral do atlas. Na superfície dorsal do arco ventral, junto à sua borda caudal, encontram-se duas superfícies articulares ligeiramente côncavas, destinadas à articulação com o dente do áxis (segunda vértebra cervical). Cranialmente, o atlas apresenta duas superfícies articulares côncavas, as fóveas articulares craniais, para articulação com os côndilos do osso occipital (pertencente ao crânio). Caudalmente, encontram-se duas superfícies articulares planas, as fóveas articulares caudais, para articulação com o áxis. A asa, que corresponde ao processo transverso das demais vértebras, é uma larga expansão horizontal que se projetaa cada lado do atlas. Na face dorsal da asa, próximo à sua borda cranial, observa-se uma pequena depressão, na qual se abrem dois orifícios: um dirigido para dentro, denominado forame vertebral lateral; outro 20 dirigido para fora, denominado forame alar. Na face ventral da asa encontra-se uma depressão maior, a fossa do atlas, na qual se abre o forame alar. 5.2.2 Áxis O áxis é a segunda e a mais longa das vértebras cervicais. Sua principal característica é a presença, na extremidade cranial do corpo, de uma saliência articular mediana, de forma hemicilíndrica, denominada dente do áxis. O processo espinhoso é bastante desenvolvido, com a forma de uma crista alta e espessa. Os processos transversos são ponteagudos e estão voltados caudalmente. Os processos articulares craniais situam- se um a cada lado da base do dente, apresentando-se como expansões de superfície articular voltada cranialmente. Os processos articulares caudais projetam-se caudalmente da borda caudal do arco. O áxis possui, a cada lado, dois forames: um bem desenvolvido – forame vertebral lateral – situado próximo à borda cranial do arco; outro bem menor – forame transversal – situado na base do processo transverso. Em alguns casos, o forame transversal está ausente. 5.2.3 Terceira à sétima vértebras cervicais As cinco últimas vértebras cervicais apresentam aproximadamente as mesmas características A sexta e a sétima vértebras possuem algumas peculiaridades, sem contudo fugir ao padrão da região. A terceira, quarta e quinta vértebras cervicais são aproximadamente cubóides e seus corpos diminuem de comprimento à medida que se distanciam na coluna. Possuem um processo espinhoso bem saliente e inclinado cranialmente. Os processos transversos estão divididos em duas partes: parte dorsal, mais curta e voltada para trás; parte ventral, mais longa e voltada para baixo e para frente. Na base de cada processo transverso encontra-se o forame transversal, bem amplo. Os processos articulares craniais e caudais são bem desenvolvidos, projetando-se respectivamente da borda cranial e da borda caudal do arco. A sexta vértebra cervical diferecia-se das precedentes por apresentar a parte ventral do processo transverso sob a forma de uma larga lâmina voltada ventralmente, dando ao conjunto o aspecto de uma sela. A sétima vértebra cervical caracteriza-se por seu processo espinhoso bem mais alto que o das vértebras precedentes e por não apresentar a parte ventral do processo transverso e nem o forame transversal. Por outro lado, ela apresenta, a cada lado da fossa da vértebra, uma pequena superfície articular côncava, a fóvea costal, destinada à articulação com a cabeça da primeira costela. 5.3 Vértebras torácicas As vértebras torácicas caracterizam-se por apresentar processos espinhosos longos e inclinados caudalmente, sendo os mais altos os da terceira e quarta vértebras. Além disto, possuem pequenas superfícies articulares côncavas, as fóveas costais, destinadas à articulação com as costelas. Existem, a cada lado da vértebra, três fóveas costais: fóvea costal cranial, junto à cabeça da vértebra; fóvea costal caudal, junto à fossa da vértebra; fóvea costal do processo transverso, no processo transverso, que é bastante curto. 21 Na maioria das vértebras torácicas, os processos articulares craniais e os processos articulares caudais estão reduzidos a simples facetas articulares planas, situadas respectivamente junto à borda cranial e à borda caudal do arco da vértebra. No bovino, além da série de forames intervertebrais formados entre uma vértebra e a vértebra seguinte, cada vértebra torácica possui um forame próprio, denominado forame vertebral lateral, situado caudalmente ao processo transverso. 5.4 Vértebras lombares As vértebras lombares caracterizam-se por apresentar processos transversos longos, laminares, dispostos horizontalmente e ligeiramente encurvados em sentido cranial. Seus processos espinhosos apresentam-se como lâminas quadrangulares, dispostas verticalmente. Os processos articulares craniais são tuberosos e suas facetas articulares são côncavas e voltadas medialmente. Já os processos articulares caudais possuem, conforme o esperado, facetas articulares convexas. Como nas vértebras torácicas, as primeiras vértebras lombares do bovino podem também apresentar, além da série de forames intervertebrais, um forame vertebral lateral. 5.5 Sacro O sacro é formado pela fusão das vértebras sacrais e constitui o teto da cavidade pelvina. Ele articula-se cranialmente com a última vértebra lombar, caudalmente com a primeira vértebra coccígea e distalmente com o osso do quadril. Entre a extremidade cranial do sacro e a extremidade caudal da última vértebra lombar permanece dorsalmente um amplo espaço, denominado espaço interarcual lombossacral. Este espaço é um importante local para introdução de agulhas dentro do canal vertebral, com a finalidade de punção do líquor ou aplicação de anestésicos. A face dorsal do sacro é bastante irregular. Assim, no plano mediano os processos espinhosos das vértebras sacrais estão fundidos de modo a formar uma crista alta e espessa, denominada crista sacral mediana. A cada lado da base da crista sacral mediana encontra-se uma crista bem mais discreta e irregular, denominada crista sacral intermédia, resultante da fusão dos processos articulares das vértebras sacrais. A borda lateral do sacro constitui a crista sacral lateral, resultante da fusão dos processos transversos das vértebras sacrais. Na face dorsal do sacro são encontrados, a cada lado da crista sacral mediana e parcialmente cobertos pela crista sacral intermédia, orifícios denominados forames sacrais dorsais. A face ventral ou pelvina do sacro é lisa, apresentando-se cruzada por discretas linhas transversais, que indicam os limites dos corpos das vértebras sacrais. Nela se encontram duas séries de orifícios, os forames sacrais pelvinos, mais amplos que os forames sacrais dorsais. A extremidade cranial do sacro denomina-se base e apresenta, em seu contorno ventral, uma discreta saliência abaulada, denominada promontório sacral. A cada lado da base, o sacro forma uma expansão volumosa, de contorno aproximadamente triangular, denominada asa do sacro e que se articula com o ílio (osso do quadril). 5.6 Vértebras coccígeas (caudais) 22 As vértebras coccígeas formam a base óssea da cauda. À medida que se distanciam na cauda, elas diminuem progressivamente de tamanho, devido à redução de seus processos espinhosos e transversos. As cinco ou seis primeiras vértebras coccígeas possuem corpo e arco. Da face ventral do corpo projetam-se duas expansões discretas, os processos hemais. Estes últimos delimitam um sulco, no qual passa uma artéria cuja pulsação pode ser sentida pela palpação da face ventral da cauda. As últimas vértebras coccígeas estão reduzidas a simples ossos de forma cilíndrica. 5.7 Costelas e cartilagens costais As costelas formam o arcabouço lateral da parede do tórax e dão proteção aos órgãos da cavidade torácica e parte dos órgãos abdominais. Articulam-se dorsalmente com as vértebras torácicas e ventralmente com as cartilagens costais. Os ruminantes possuem treze pares de costelas, podendo em alguns casos ocorrer quatorze pares. As três primeiras costelas são aproximadamente retas, enquanto as restantes apresentam-se ligeiramente curvas. As oito primeiras costelas prendem-se ventralmente ao esterno por meio de peças cartilaginosas denominadas cartilagens costais; são por isto denominadas costelas verdadeiras ou esternais. Já costelas restantes são chamadas falsas ou asternais, pelo fato de suas cartilagens costais não se prenderem diretamente ao esterno, mas se unirem uma à outra de modo a formaro arco costal. Em cada costela distinguem-se duas partes principais: cabeça e corpo. A cabeça é a extremidade dorsal da costela, apresentando-se como uma saliência globosa, dotada de duas pequenas superfícies articulares convexas, destinadas à articulação com as fóveas costal caudal e costal cranial de vértebras torácicas adjacentes. Está unida ao corpo por uma porção estreitada denominada colo. No ponto de união entre o colo e o corpo encontra-se uma saliência, o tubérculo da costela, dotado de uma pequena superfície articular côncava para articulação com a fóvea costal do processo transverso da vértebra torácica correspondente. O corpo é a parte longa da costela. Apresenta duas faces, lateral e medial, e duas bordas, cranial e caudal. A face lateral é lisa e convexa. A face medial é côncava e apresenta, ao longo da borda caudal, um sulco, denominado sulco costal. Neste sulco correm a artéria, a veia e o nervo intercostais. Os espaços entre os corpos de costelas são denominados espaços intercostais. As cartilagens costais são peças de cartilagem hialina que fazem a ligação das extremidades ventrais das costelas esternais com o esterno. Nas costelas asternais, as cartilagens costais terminam em ponta e estão unidas umas às outras de modo a formar o arco costal. As cartilagens costais apresentam-se ossificadas em animais velhos. 5.8 Esterno O esterno é uma placa óssea alongada que constitui a parede ventral do tórax. Ele é formado por sete segmentos denominados estérnebras, as quais estão unidas entre si por cartilagen hialina. No esterno distinguem-se três porções: manúbrio, corpo e processo xifóide. O manúbrio é a estérnebra mais cranial, apresentando-se achatado laterolateralmente. O corpo é a porção média do esterno, sendo formado por cinco estérnebras achatadas dorsoventralmente e cuja largura aumenta em sentido caudal. O processo xifóide é a 23 estérnebra mais caudal, de forma aproximadamente triangular e também achatado dorsoventralmente. Na extremidade caudal do processo xifóide prende-se uma cartilagem laminar de contorno arredondado, a cartilagem xifóidea. 6. OSSOS DO CRÂNIO E OSSO HIÓIDE 6.1 Introdução O crânio constitui o invólucro ósseo que envolve e protege o encéfalo, formando também cavidades para alojar tanto órgãos dos sentidos como vísceras dos aparelhos digestório e respiratório. Os ossos do crânio são, em sua maioria, ossos planos, apresentando-se constituídos por duas lâminas de osso compacto, lâmina externa e lâmina interna, separadas por uma camada de osso esponjoso, denominada díploe. A união entre os ossos do crânio é feita predominantemente por articulações fibrosas denominadas suturas. Em animais mais velhos, boa parte das suturas apresenta-se ossificada, resultando isto no desaparecimento da linha de união entre um osso e outro. No presente texto, os ossos do crânio serão estudados em conjunto, abordando apenas os acidentes ósseos considerados relevantes. Com finalidade didática, o estudo 24 será feito considerando-se no crânio as seguintes faces: dorsal, caudal, lateral e ventral. 6.2.Face dorsal do crânio Nesta face situam-se dois ossos pares: frontais e nasais. Os ossos frontais são os mais extensos do crânio e formam a parede dorsal da cavidade craniana. Estão unidos um ao outro no plano mediano e cada um deles forma, em seu ângulo caudolateral, uma expansão ponteaguda denominada processo cornual, que constitui a base óssea do chifre ou corno. Entre os dois processos cornuais, no plano mediano, encontra-se uma elevação discreta, denominada protuberância intercornual. Em animais de raças mochas, obviamente, os processos cornuais estão ausentes. Cada osso frontal forma o contorno dorsal da órbita óssea e dele se projeta para baixo uma expansão laminar – o processo zigomático do frontal – que vai se unir a outra expansão laminar em sentido oposto – o processo frontal do zigomatico. Estes dois processos unidos formam o contorno caudal da órbita óssea. A face dorsal de cada frontal é percorrida longitudinalmente por uma depressão linear, o sulco supra- orbital, que vai terminar caudalmente em um orifício, o forame supra-orbital. Este forame se continua no interior do osso como canal supra-orbital, que vai se abrir na órbita óssea. O interior do osso frontal possui uma extensa e complexa cavidade, o seio frontal, o qual se prolonga inclusive dentro de cada processo cornual. Os ossos nasais são alongados e formam parte da parede dorsal da cavidade nasal. Estão unidos um ao outro no plano mediano e cada um deles apresenta a extremidade rostral dividida em dois ramos ponteagudos. Lateralmente, cada osso nasal está unido aos ossos maxilar e lacrimal e caudalmente ao osso frontal. 6.3 Face caudal do crânio Esta face é formada dorsalmente pelos ossos frontais e parietais e ventralmente pelo osso occipital. Em animais mais velhos, as suturas entre estes ossos estão frequentemente ossificadas, tornando os limites entre eles imprecisos. Aproximadamente no centro da face caudal localiza-se uma saliência rugosa, denominada protuberância occipital externa. Ventralmente, encontra-se uma ampla abertura arredondada, o forame magno, que dá passagem à medula espinhal. A cada lado do forame magno situa-se uma saliência articular convexa, de contorno ovóide, denominada côndilo do occipital. Os dois côndilos do occipital articulam-se caudalmente com o atlas. Lateralmente a cada côndilo encontra-se uma saliência ponteaguda, dirigida ventralmente, o processo paracondilar (jugular). 6.4 Face lateral do crânio Na face lateral do crânio encontram-se os ossos da face, a órbita óssea, a mandíbula e a parede lateral da cavidade craniana. 6.4.1 Ossos da face A face tem como base óssea a maxila (osso maxilar), o incisivo, o zigomático, o lacrimal e o nasal, este último já descrito. 25 A maxila é o maior dos ossos da face, apresentando um contorno aproximadamente quadrangular. Está unida dorsalmente aos ossos nasal, lacrimal e zigomatíco; rostralmente, une-se ao osso incisivo. Apresenta em sua porção média uma elevação linear, a crista facial, que termina ventralmente em uma saliência rugosa, o túber facial. Rostralmente ao túber facial encontra-se um amplo orifício, o forame infra- orbital. A borda ventral da maxila denomina-se borda alveolar, pois nela se encontram os alvéolos para implantação dos dentes pré-molares e molares superiores. No interior da maxila encontra-se uma cavidade irregular, denominada seio maxilar. O osso incisivo situa-se rostralmente à maxila, formando a extremidade rostral do palato ósseo. Não apresenta alvéolos dentários, pois os ruminantes não possuem dentes incisivos superiores. O osso zigomático situa-se caudodorsalmene à maxila, formando o contorno ventral da órbita óssea. De sua porção caudal projetam-se duas expansões: processo frontal do zigomático, que se dirige para cima para se unir ao processo zigomático do frontal; processo temporal do zigomático, que se dirige para trás para se unir ao processo zigomático do temporal, formando com este o arco zigomático. O osso lacrimal é pequeno e está intercalado entre os ossos nasal e frontal dorsalmente e os ossos maxilar e zigomático ventralmente. Forma o contorno rostral da órbita óssea e nele se encontra um orifício, o forame lacrimal. Este forame constitui o início do canal nasolacrimal, que percorre o interior dos ossos lacrimal e maxilar e vai se abrir na cavidade nasal. 6.4.2 Órbita óssea É uma cavidade de contorno circular, situada a cada lado do crânio e destinada a alojar o bulbo do olho e seus anexos. A parede medial da órbita ósseaé lisa e nela são encontrados três orifícios: forame orbitorredondo, o maior e o mais ventral; forame óptico, situado um pouco acima e à frente do forame orbitorredondo; forame etmoidal, o menor e mais dorsal. Na parede dorsal encontra-se um quarto orifício, a abertura do canal supra-orbital. A parede ventral é incompleta, destacando-se nela uma expansão globosa e oca, de parede extremamente fina, denominada bula lacrimal, formada a partir dos ossos maxilar e lacrimal. A parede lateral também é incompleta, formada apenas pelos processos zigomático do frontal e frontal do zigomático. 6.4.3 Mandíbula As mandíbulas, uma a cada lado, estão unidas uma à outra no plano mediano, na região do queixo ou mento, por meio de cartilagem hialina. Em cada mandíbula distinguem-se duas partes principais, o corpo e o ramo. O corpo da mandíbula é a sua parte horizontal, dirigida para frente. Sua face externa é lisa e apresenta, próximo à extremidade rostral, um ou dois orifícios, denominados forames mentuais. Sua face interna, também lisa, não possui acidentes relevantes. Na borda dorsal do corpo da mandíbula encontram-se os alvéolos para implantação dos dentes inferiores. Rostralmente encontram-se os alvéolos para os dentes incisivos e caudalmente os alvéolos para os dentes pré-molares e molares. O trecho sem alvéolos da borda dorsal denomina-se borda interalveolar. O corpo termina caudalmente no ângulo da mandíbula, de contorno arredondado. O ramo da mandíbula é a sua parte vertical, dirigida para cima partir do ângulo. A extremidade dorsal do ramo está dividida por uma reentrância, a incisura mandibular, em dois processos: um cranial, alto e ponteagudo, denominado processo coronóide; 26 outro caudal, baixo e abaulado, denominado processo condilar. No processo condilar encontra-se uma superfície articular convexa, denominada cabeça da mandíbula, destinada à articulação com o osso temporal. A face lateral do ramo é mais ou menos plana, apresentando rugosidades causadas pela inserção do músculo masséter. A face medial é ligeiramente côncava e nela se encontra um orifício bem desenvolvido, o forame mandibular. 6.4.4 Parede lateral da cavidade craniana Nesta parede se encontram os ossos frontal, parietal e temporal. Estes três ossos formam o contorno de uma extensa depressão denominada fossa temporal, situada logo atrás da órbita óssea. O contorno dorsal da fossa temporal é formado pelos ossos frontal e parietal, enquanto o contorno ventral é formada pelo osso temporal. O osso temporal compreende três partes: escamosa, timpânica e petrosa. A parte escamosa do temporal é a porção deste osso que forma o contorno ventral da fossa temporal. Da borda lateral da parte escamosa projeta-se para frente uma expansão achatada dorsoventralmente, o processo zigomático do temporal, que vai se unir com o processo temporal do zigomático para formar uma barra óssea encurvada, o arco zigomático. Na face ventral da raiz do processo zigomático do temporal encontra-se uma superfície articular ligeiramente convexa e ovóide, denominada tubérculo articular, destinado à articulação com a cabeça da mandíbula A parte timpânica do temporal situa-se ventralmente à parte escamosa, logo à frente do processo paracondilar do occipital. Nela se localiza a abertura de um canal cilíndrico – o meato acústico externo – que se prolonga para dentro na parede do crânio. Ventralmente ao meato acústico externo encontra-se uma saliência mais ou menos globosa e oca – a bula timpânica. Da borda rostral da bula timpânica se projeta uma expansão ponteaguda, dirigida para frente e para baixo, denominada processo muscular. A parte petrosa do temporal tem a sua maior parte oculta pela parte timpânica. Assim, ela deve ser vista em um crânio serrado, onde se pode observar a superfície interna da parede craniana. Aí, a parte petrosa aparece como uma massa óssea de contorno mais ou menos ovalado e de coloração mais clara, apresentando aproximadamente em seu centro um orifício, denominado meato acústico interno. Externamente, poucas estruturas da parte petrosa podem ser observadas, destacando- se entre elas o processo estilóide e o forame estilomastóideo. O processo estilóide é uma pequena projeção cilíndrica, alojada no fundo de uma depressão situada ao lado da bula timpânica; nele se prende o aparelho hióide, a ser visto posteriormente. O forame estilomastóideo é um orifício situado logo atrás do processo estilóide; ele constitui a abertura externa de um canal denominado canal facial. 6.5 Face ventral do crânio A face ventral do crânio apresenta-se claramente dividida em uma porção rostral mais lisa e uma porção caudal mais acidentada, com inúmeras saliências, depressões e forames. A porção rostral da face ventral do crânio é constituída pelo palato ósseo. Este se apresenta como uma larga superfície de contorno aproximadamente retangular, ligeiramente côncava e limitada, a cada lado, pelos dentes pré-molares e molares superiores. A extremidade rostral do palato ósseo é formada pelos ossos incisivos, os quais, como já foi mencionado, não apresentam alvéolos dentários. Entre os dois 27 incisivos, no plano mediano, situa-se uma pequena fenda, denominada fissura interincisiva. Entre cada incisivo e a maxila do mesmo lado encontra-se uma fenda maior, denominada fissura palatina. O restante do palato ósseo é formado rostralmente pelas maxilas e caudalmente pelas lâminas horizontais dos ossos palatinos, ambos os ossos unidos entre si no plano mediano por uma sutura mais ou menos retilínea. Na parte caudal do palato ósseo encontram-se dois orifícios, os forames palatinos maiores. Cada um destes forames se continua rostralmente com uma discreta depressão linear, o sulco palatino maior. A porção caudal da face ventral do crânio, conforme já mencionado, é bastante acidentada e dela só serão abordados os acidentes ósseos mais relevantes. Logo atrás do palato ósseo encontram-se duas lâminas verticais, mais ou menos paralelas, as lâminas perpendiculares dos ossos palatinos. Na face medial de cada lâmina perpendicular do palatino está preso um osso alongado, disposto em diagonal, denominado osso pterigóide. O espaço entre as lâminas perpendiculares dos palatinos constitui a abertura caudal (coanas) da cavidade nasal. Entre cada lâmina perpendicular do palatino e a extremidade caudal da maxila do mesmo lado localiza-se uma depressão, a fossa pterigopalatina. No meio da porção caudal da face ventral do crânio encontra-se o assoalho da cavidade craniana. Este assoalho é formado, em sentido caudorrostral, por três ossos: parte basilar do occipital, basi-esfenóide e pré-esfenóide. A parte basilar do occipital estende-se dos côndilos do occipital até os tubérculos musculares, duas saliências de aspecto tuberoso situadas no limite com o osso basi-esfenóide. Lateralmente a cada tubérculo muscular e rostralmente à bula timpânica encontra-se, já no osso basi- esfenóide, um orifício amplo, de contorno ovóide e por isto mesmo denominado forame oval. Lateralmente a cada côndilo do occipital situa-se uma depressão, a fossa condilar, na qual se encontram um ou dois orifícios, os canais do nervo hipoglosso. O osso basi-esfenóide está unido à parte basilar do occipital exatamente nos tubérculos musculares, sendo a união entre os dois ossos feita por cartilagem hialina. Rostralmente, o basi-esfenóide está unido, também por cartilagem hialina, ao osso pré- esfenóide. Em animais mais velhos, estas uniões cartilaginosas tendem a se ossificar, desaparecendo o limite entre os ossos envolvidos. O osso pré-esfenóide, quando visto ventralmente, apresenta-se em sua maior parte coberto pelo osso vômer. Este é um osso alongado, de paredes finas, que se estende para frente de modo a constituir parte do septo nasal, no interior da cavidade nasal.6.6 Cavidade craniana É a cavidade na qual estão alojados o encéfalo e suas meninges. Seu estudo deve ser feito em crânios serrados, tanto no plano mediano como transversalmente. Apresenta, para descrição, parede dorsal ou teto, paredes laterais, parede caudal, parede ventral ou assoalho e parede rostral. Estas paredes possuem uma superfície interna bastante irregular, em decorrência das impressões causadas pelas estruturas encefálicas contidas na cavidade. A parede dorsal ou teto é formada pelos ossos frontais. Ela apresenta no plano mediano uma crista longitudinal, denominada crista sagital interna, mais saliente em sua porção rostral. Cada parede lateral é formada pelos ossos temporal e parietal e por expansões (asas) dos ossos basi-esfenóide e pré-esfenóide. Na parede lateral salienta-se a parte petrosa do osso temporal, geralmente de coloração mais clara, na qual se encontra um orifício, o meato acústico interno. 28 A parede caudal é constituída pelos ossos parietais e occipital. Ventralmente, esta parede é interrompida pelo forame magno, ampla abertura destinada à passagem da medula espinhal. A parede ventral ou assoalho é formada, em sentido caudorrostral, pela parte basilar do osso occipital e pelos ossos basi-esfenóide e pré-esfenóide. Nela situam-se, também em sentido caudorrostral, os forames oval, orbitorredondo e óptico, já vistos ao se estudar a superfície externa do crânio. Na porção mediana do osso basi-esfenóide encontra-se uma depressão rasa, a sela túrcica ou fossa hipofisária, destinada a alojar a glândula hipófise. A parede rostral, que separa a cavidade craniana da cavidade nasal, é formada pelo osso etmóide. Nesta parede encontram-se duas depressões de contorno ovóide, uma a cada lado, denominadas fossas etmoidais. O fundo de cada fossa etmoidal é formado por uma lâmina perfurada por inúmeros orifícios, denominada lâmina cribiforme (crivosa) do etmóide. Entre as duas fossas etmoidais dispõe-se uma elevação mediana em forma de crista, denominada crista galli (crista de galo). 6.7 Aparelho hióide O aparelho hióide é uma cadeia de segmentos ósseos que se situa na transição entre a cabeça e o pescoço, prendendo-se dorsalmente ao osso temporal e ventralmente à lingua e à laringe. Comumente, ao se preparar o esqueleto, o aparelho hióide acaba se desarticulando, o que dificulta seu estudo. Assim, torna-se mais conveniente estudá-lo em peças dissecadas, juntamente com a língua e a laringe. Ele compreende um segmento ímpar, denominado basi-hióide, e os seguintes segmentos pares: tíreo- hióides, cérato-hióides, epi-hióides e estilo-hióides. O basi-hióide é uma barra óssea disposta transversalmente na base da língua. De sua porção mediana projeta-se rostralmente uma pequena expansão, o processo lingual. A cada lado do basi-hióide prendem-se dois segmentos: um dirigido caudalmente, o tireo-hióide, que se articula com a cartilagem tireóidea da laringe; outro dirigido dorsalmente, o cérato-hióide. Este último une-se a um pequeno segmento angular, o epi-hióide, o qual está por sua vez unido a um longo segmento dirigido dorsocaudalmente, o estilo-hióide, que se prende no processo estilóide do temporal. 29 7. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ARTICULAÇÕES 7.1 Considerações gerais Articulações são os meios pelos quais os ossos (em alguns casos, cartilagens) estão unidos para formar o esqueleto. Além de sua função de união, um tipo especial de articulação – a articulação sinovial – é constituída de modo a permitir o movimento de um osso em relação a outro. O termo grego para articulação é artron, daí derivando os termos artrologia (estudo das articulações), artrite (inflamação da articulação), artrose (degeneração da articulação), etc. 7.2 Classificação das articulações De acordo com a natureza do meio de união entre as superfícies articulares dos ossos, as articulações são classificadas em três tipos fundamentais: fibrosas, cartilagíneas e sinoviais. 7.2.1 Articulações fibrosas São aquelas em que a união entre ossos (ou cartilagens) é feita por tecido conjuntivo fibroso. Três tipos de articulações fibrosas são reconhecidos: a) Suturas: articulações fibrosas entre ossos do crânio. De acordo com o aspecto da linha de união entre os ossos envolvidos, as suturas classificam-se em planas (linha de união mais ou menos retilínea, como na sutura internasal), escamosas (linha de união com sobreposição de uma borda óssea sobre outra, como na sutura entre a lâmina horizontal do palatino e a maxila) e serreadas (linha de união em zig-zag, como na sutura interfrontal). Nos animais mais velhos ocorre um processo de ossificação progressiva das suturas, fazendo com que desapareçam os limites entre os ossos envolvidos. b) Sindesmoses: articulações fibrosas entre partes do esqueleto fora do crânio. Como exemplo, no ruminante, pode ser citada a união entre o corpo do rádio e o corpo da ulna e as uniões entre cartilagens costais. Com a idade, as sindesmoses tendem também a se ossificar. c) Gonfose: união fibrosa entre a raiz do dente e seu alvéolo. Não se trata, a rigor, de uma articulação, já que os dentes não são elementos do esqueleto. 7.2.2 Articulações cartilagíneas São aquelas em que a união entre ossos é feita por tecido cartilaginoso. Segundo a natureza histológica da cartilagem de união, classificam-se em dois tipos: a) Sincondroses: articulações cartilagíneas em que ossos estão unidos por cartilagem hialina. Exemplos: sincondrose intermandibular, sincondrose esfeno- occipital. Com a idade, as sincondroses frequentemente se ossificam. b) Sínfises: articulações cartilagíneas em que ossos estão unidos por cartilagem fibrosa. Como exemplos, citam-se a sínfise pelvina e as uniões entre os corpos das vértebras (discos intervertebrais). A sínfise pelvina tende a ossificar-se com a idade. 7.2.3 Articulações sinoviais 30 São aquelas em que a união entre ossos é feita por uma estrutura membranosa denominada cápsula articular. A cápsula articular delimita uma cavidade, denominada cavidade articular, que contém um líquido lubrificante, denominado líquido sinovial. Além de unir dois ou mais elementos ósseos, as articulações sinoviais possibilitam o deslocamento de um em relação a outro, resultando isto em movimento dos segmentos corporais. Em uma articulação sinovial estão presentes quatro elementos essenciais: cápsula articular, cavidade articular, líquido sinovial e cartilagens articulares. A cápsula articular é constituída por duas camadas: uma externa, denominada membrana fibrosa, e outra interna, denominada membrana sinovial. A membrana fibrosa é resistente, formada por tecido conjuntivo denso. A membrana sinovial é lisa, brilhante e reveste internamente toda a cápsula articular. Em determinados pontos, a membrana sinovial forma expansões, as pregas e vilos sinoviais, que se projetam no interior da cavidade articular. A cápsula articular recebe bastante vascularização e inervação. O líquido sinovial, produzido pela membrana sinovial, é um fluido claro, transparente e dotado de viscosidade, devido à presença de mucinas; contém também albumina, sais, gotículas lipídicas e resíduos celulares. Sua função primordial é lubrificar as superfícies articulares, de modo a reduzir o atrito e o desgaste entre elas. Admite-se também que desempenha função no transporte de nutrientes para as cartilagens articulares, que são avasculares, bem como na remoção de seus catabólitos. As cartilagens articulares são finas camadas de cartilagem hialina que revestem a superfícies de contacto de um osso com outro. Elas são desprovidas de vascularização e de inervação, mantendo-se lubrificadas pelo líquido sinovial. Na grande maioria das articulações sinoviais, a função de união da cápsula articular
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