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CIV – Cimento de Ionômero de Vidro 16/03/2021 Nome: Jemerson Santos do Monte Curso: Odontologia Matrícula: 20.1.001008 Semestre: 3º semestre Turno: Noturno Sede: Parque Ecológico O Cimento de Ionômero de Vidro (CIV) é um material derivado de 2 outros componentes anteriores: • Cimento de silicato: herdando suas propriedades anticariogênicas e liberação de flúor. (O silicato era irritante) • Policarboxilato de zinco: herdando a adesão a estrutura dentária e pouca irritabilidade (maior biocompatibilidade). O CIV é um material recente tendo sua primeira publicação em 1971 por Wilson Kent. Essa substância pertence a classe dos materiais conhecidos como Cimentos ácido-base (o produto é um sal). “Produto da reação de Ácido Poliacrílico fraco com pó de vidro de caráter básico.” No início de sua utilização, como o material de referência era o amálgama, os cientistas tentaram combinar metais a sua formulação (Cerments), porém isso baixava suas propriedades adesivas e sua liberação de flúor, suas melhores características, por isso foi descontinuado. Assim em 1990 surgiu os ionômeros de vidro fotopolimerizáveis. Pouco tempo depois (1991) surgiu o Vitremer que apresenta 3 tipos de cura (presa) sem perder a adesividade e liberação de flúor, se tornando assim o padrão ouro, porém muito caro. Vantagens • Superfície mais resistente às manchas e ataque ácido • Menos irritante para a polpa dentária • Menor tendência das moléculas do ácido se difundir para os tecidos dentais • Adesão as estruturas dentais Contraindicação: • classe II (de dentística) com envolvimento de crista marginal • classe IV (de dentística) • estética (pois tem coloração opaca) • dentes com grandes perdas de esmalte vestibular • áreas de cúspides • áreas de grande esforço mastigatório Classe II da dentística: Perda de uma ou ambas as paredes interproximais dos dentes posteriores Classe IV da dentística: Perda de ângulo incisal dos dentes anteriores Formas de apresentação: • Convencional: mais utilizado, no pó tem a substância ácida e básica misturadas, porém só irão reagir na presença de líquido, e nesse líquido terá aditivos para melhorar a reação. • Anidro: menos utilizado, é quando todos os componentes estão apenas no pó, e a água é a convencional mesmo. • Encapsulado: outra forma de apresentação menos comum, que já vem pronta, bastando apenas ser ativada no amalgamador, mais caro, tem porções pré-definidas. Composição química Encapsulado A reação vai se dar da seguinte forma: Principais constituintes da porção básica: • Alumina (30%): muito reativa – Al2O3 • Sílica (30%): pouco reativa – SiO2 • Fluoreto de cálcio (2,6%) – CaF2 Esse três componentes formam o pó de vidro Vão atuar dando resistência ao material e participam ativamente da reação de presa. • Estrôncio: as vezes utilizado com a única finalidade de radiopacidade • Sal: atua um pouco na resistência Componente ácido: • Ácido poliacrílico O ácido ao entrar em contato com a água liberará H+, esse processo se chama Ionização. Além disso o grupo carboxila (COOH) também será liberado. O H+ liberado irá atacar os componentes do pó básico: Alumina, Sílica e Fluoreto de Cálcio, este último quebrando e liberando flúor no meio. Base Ácido Sal H2O CH3 COOH R H C Ácido Poliacrílico Fig. 01 CH3 COOH- R H+ C Ácido Poliacrílico Fig. 02 H+ CaF2 Al2O3 SiO2 Ca+ F- Fig. 03 Fase 1 - Aglutinação Pega-se o pó, despende na placa de vidro, e mistura o pó com o líquido. Nessa etapa ocorre a ionização do Ácido Poliacrílico (fig. 01 e 02) e posteriormente a liberação de H+, que irá atacar as partículas de vidro e liberar íons (Fig. 03). Na fase 1 é o momento ideal de aplicação do CIV na cavidade bucal, pois aqui o íon Carboxila (COOH-) é liberado (e terá maior disponibilidade), para assim se ligar ao cálcio presente no dente, assim como ocorrerá na Fase 2. • O Material terá aspecto brilhoso. Fase 2 – Formação dos primeiros Polissais Primeiramente se formará o Policarboxilato de Alumínio (COOH- + Al2O3), o íon carboxila se juntará a Alumina, pois ela é muito reativa. Após isso a Carboxila se ligará ao Cálcio, formando o Policarboxilato de Cálcio (COOH- + Ca+), pois mesmo estando em menor concentração, ele é mais reativo que a Sílica. A concentração baixa de cálcio no CIV não é aleatório, tendo pouco cálcio, os íons carboxílicos liberados irão se ligar ao cálcio do dente. Porém se aplicado nessa fase, a carboxila será disputada pelo cálcio do dente e o do próprio CIV, diminuindo sua adesividade. • Perda de brilho • ↓ mobilidade das cadeias • ↑ viscosidade Após 7 a 8 minutos do início da mistura, o material vai adquirir alguma resistência mecânica para suportar o material restaurador definitivo ou os esforços mastigatórios leves. Porém para que o material não sofra com sinérese ou embebição (perda ou ganho de água, como a saliva) e altere sua proporção química, o material deve ser protegido com materiais hidrofóbicos como: adesivo hidrofóbico, vaselina ou esmalte incolor. COOH- Al2O3 COOH- Ca+ Em caso de não proteção surgirão: - Trincas perceptíveis - Diminuição das propriedades mecânicas - Contração da massa Fase 3 – Formação do gel de Sílica Presa final, essa fase demora de 24 a 48 horas para acontecer, período que corresponde ao tempo de presa do ionômero de vidro. Outros aditivos presentes no CIV Ácido tartárico • Melhora a manipulação • Aumento do tempo de trabalho (pois se liga a Alumina, deixando mais COOH-) • Diminui a viscosidade • Diminui o tempo de presa (porque ele também forma um polissal) O Ácido tartárico irá se ligar a Alumina, deixando mais íons carboxílicos para se ligar ao cálcio do dente. Água • Solvente do ácido poliacrílico • Meio onde a reação se processa • Promove a liberação de íons (ionização) • Auxilia na translucidez do material Pouca água: causa trincas Muita água: fragiliza Propriedades mecânicas • Diretamente relacionadas a proporção Pó:Líquido • Tamanho das partículas do pó (interfere na indicação do material, ex para restaurações, bases de cavidades, cimentações de prótese) • Concentração de ácido piliacrílico (10 – 25%) por 20s (ácido poliacrílico pode ser aplicado direto no dente como líquido para remoção parcial da smear layer, e ter mais adesividade ao dente do CIV; só fazer isso em restaurações provisórias, não fazer quando CIV for usado como forrador) O ionômero de vidro por se ligar ao cálcio, terá maior adesividade no esmalte do que na dentina. • Adesão no esmalte: 2,6 – 9,6 Mpa • Adesão na dentina: 1,1 – 4,1 Mpa (se adere a parte mineral da dentina) O CIV é um contínuo reservatório de flúor, pois além de liberar o flúor lá no início, ele é recarregado, ou seja, se você fizer uma aplicação tópica de flúor, ele irá absorver e guardar, para ser liberado quando o PH cai. Por isso ele tem alta atividade anticariogênica. Ele estabelece uma ligação iônica muito forte entre os grupos carboxílicos do cimento e o cálcio do dente A imagem ilustra que a ligação é tão forte que quando o CIV quebra, a porção que está aderida ao dente permanece presa, impedindo que o dente fique susceptível a entrada de bactérias, ácidos. • Fraturas coesivas: apenas no próprio material restaurador (CIV) • Fraturas adesivas: entre o material restaurador e o substrato dentinário Alguns outros minerais liberados: • Condições normais: liberação normal de Flúor pelo CIV • Condições de baixo PH: maior liberação de Flúor pelo CIV Flúor contra sensibilidade ao frio O Flúor também irá proteger o dente contra sensibilidade ao frio, as vezes o CIV pode ser usado em porções cervicais de pré-molares de forma definitiva poressa característica. Coeficiente de expansão térmica linear (CETL) O coeficiente de expansão térmica do ionômero de vidro é bem semelhante ao do dente. O que é ótimo pois se tiver uma diferença, ou o material se comprime mais que o dente (descolando e deixando espaços) ou se expande demais (quebra o dente). Estética Falta de translucidez Alta rugosidade superficial (tamanho das partículas) Dificuldade de polimento (pois só estará pronto para polimento 24 a 48h depois) Classificação • Em relação a natureza do material - Cerments (em desuso) - CIV modificado por resina (composição inicial + monômero + Sistema iniciador) • Em relação a indicação do material Vitremer (padrão ouro) • 3 tipos de presa: - Presa inerente ao ionômero de vidro - Presa por fotopolimerização - Presa química Vitro Fil LC Concorrente do vitremer, bem mais barato e tem os 3 tipos de cura/presa, tem uma manipulação melhor. O “LC” da embalagem significa Light Cure (cura por luz), ou seja, precisa ser polimerizado. Se tiver SC - Self Cure (cura por conta própria) é o convencional e não o modificado por resina. CIV modificado por resina Material menos sensível a água durante a reação de presa, porém depende de polimerização por luz. Indicação • Restauração • Forramento (como base para o material definitivo) • Cimentação Classificação (não precisa decorar*) • Tipo I: indicado para cimentação • Tipo II: indicado para restauração • Tipo III: indicado para base, forramento e selante Selante Cobrir os sulcos com CIV para evitar cáries Dentística: restauração - Indicações • Classe I conservadora • Classe II tipo túnel • Classe II slot horizontal • Classe III • Classe V • Lesão cervical não cariosa • Restauração mista • Cimentação de pinos • ART (Tratamento restaurador atraumático; sem o kit acadêmico, feito fora do consultório) • Adequação do meio bucal • Restauração provisória Protocolo clínico • Profilaxia (pedra pomes) • Isolamento absoluto • Remoção do tecido cariado/preparo cavitário • Proteção do complexo dentinopulpar (se necessário) • Tratamento de superfície • Manipulação e inserção do material • Compressão e proteção do material • Acabamento e polimento Métodos de inserção do CIV - Espátula (não recomendado) - Seringa centrix (mais utilizado) – em Restauração - Aplicador do hidróxido de cálcio – em Forramento Técnica mista: CIV + Resina Composta • Imediata: CIV e Resina aplicados na mesma sessão, lembrando que tem que ser o CIV modificado por resina pois o convencional demora de 24 a 48h para pegar presa total. • Mediata: CIV é colocado em uma sessão e em outra é desgastado e colocado o material definitivo, aqui pode ser o CIV convencional. Técnica do sanduiche fechado: CIV fica no interior da restauração Técnica do sanduiche aberto: CIV fica exposto na cavidade, utilizado em cáries próximas aos tecidos, pois o CIV é mais biocompatível que a Resina.
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