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PENAL - CONCURSO DE CRIMES (1)

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Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
@materiasdedireito.doc 
SUMÁRIO 
 
1. CONCEITO: ............................................................................... 3 
2. SISTEMAS DE APLICAÇÃO DA PENA: ........................................... 3 
2.1. Sistema do cúmulo material: ................................................ 3 
2.2. Sistema da Exasperação: ...................................................... 4 
2.3. Sistema da Absorção: ........................................................... 4 
3. CONCURSO MATERIAL OU REAL: ................................................ 5 
4. CONCURSO FORMAL: ................................................................. 7 
4.1. Aplicação da pena: ............................................................... 8 
5. CRIME CONTINUADO: .............................................................. 11 
5.1. Aplicação da pena: ............................................................. 14 
6. MULTA NO CONCURSO DE CRIMES: ......................................... 16 
7. CONCURSO DE CONCURSOS DE CRIMES OU CONCORRÊNCIA DE 
CONCURSOS: ............................................................................................. 17 
JURISPRUDÊNCIA CORRELATA .......................................................... 19 
LEGISLAÇÃO CORRELATA ................................................................. 21 
 
 
 
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
@materiasdedireito.doc 
CONCURSO DE CRIMES 
1. CONCEITO: 
O concurso de crimes nada mais é do que o instituto que se verifica 
quando o agente, mediante uma ou várias condutas, pratica duas ou mais 
infrações penais. Temos aqui, portanto, UNIDADE OU PLURALIDADE 
DE CONDUTAS sendo sempre cometidas duas ou mais infrações penais. 
 
Eu sei que o conceito pode parecer sempre trivial, mas acredite que 
mais a frente ele vai ser o fator de diferenciação entre institutos que parecem 
ser idênticos. 
 
Como espécies de concurso temos: 
 
a) CONCURSO MATERIAL; 
b) CONCURSO FORMAL; 
c) CRIME CONTINUADO. 
 
2. SISTEMAS DE APLICAÇÃO DA PENA: 
Meus caros, aqui temos 3 grandes sistemas (sim, três!). Os dois 
primeiros são os mais conhecidos e o terceiro é bem específico. 
 
2.1. Sistema do cúmulo material: 
Por este sistema, temos o SOMATÓRIO das penas pelas quais o 
agente foi condenado. 
Adotamos o sistema do cúmulo para os seguintes casos: 
 
a) Concurso Material; 
b) Concurso formal imperfeito; 
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
@materiasdedireito.doc 
c) Concurso das penas de multa. 
 
2.2. Sistema da Exasperação: 
Aplica-se somente a pena da infração penal mais grave praticada pelo 
agente, AUMENTADA DE DETERMINADO PERCENTUAL. 
Adotamos esse sistema para os seguintes casos: 
 
a) Concurso formal próprio; 
b) Crime continuado (Tem diferença aqui. Vamos tratar daqui a 
pouco). 
 
2.3. Sistema da Absorção: 
Conforme o professor CLEBER MASSON, aplica-se exclusivamente 
a pena da infração penal mais grave, dentre as diversas praticadas pelo 
agente, sem qualquer aumento. 
Esse sistema foi consagrado pela jurisprudência em relação aos 
CRIMES FALIMENTARES praticados pelo falido, sob a égide do 
Decreto-lei 7.661/1945, em virtude do princípio da unidade ou unicidade dos 
crimes falimentares, e preservado com a entrada em vigor da Lei 
11.101/2005 - Lei de Falências. 
 
ATENÇÃO: A unicidade do crime falimentar, contudo, não impede 
o concurso material ou formal entre um crime falimentar e outro delito 
comum. 
 
Conforme aponta o STJ: 
O princípio da unicidade estabelece que, havendo o 
concurso de diversas condutas voltadas ao cometimento de 
fraudes aos credores da empresa em processo de falência, 
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
@materiasdedireito.doc 
considera-se a prática de apenas um único tipo penal, para 
o qual deve ser aplicada a pena do mais grave deles (HC 
94.632/MG, rel. Min. Og Fernandes, 6ª Turma, j. 
12.03.2013. No mesmo sentido: REsp 1.617.129/RS, rei. 
Min. Sebastião Reis Júnior, 6.a Turma, j. 07.11.2017) 
 
Meus caros, passemos agora a analisar cada espécie de concurso: 
 
3. CONCURSO MATERIAL OU REAL: 
Conforme dispõe o Art. 69 do CP: 
 Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou 
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-
se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que 
haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas 
de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. 
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido 
aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos 
crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata 
o art. 44 deste Código. 
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o 
condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis 
entre si e sucessivamente as demais. 
 
Meus caros, o mais importante aqui é o básico. Ou seja, temos: 
 
a) Pluralidade de condutas; e 
b) Pluralidade de resultados. 
 
O concurso material de crimes pode ser de duas espécies: 
 
A) HOMOGÊNEO: Os crimes cometidos são idênticos; 
B) HETEROGÊNEO: Os crimes são diversos. 
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
@materiasdedireito.doc 
Quanto ao momento adequado para a soma das penas, deve-se 
observar que se HOUVER A CONEXÃO entre as infrações penais, com a 
consequente unidade processual, a regra do concurso material é aplicada pelo 
juiz que PROFERE A SENTENÇA. 
O juiz deverá fixar, separadamente a pena de cada uma das infrações 
penais e em seguida soma-las. 
Todavia, se NÃO HOUVER CONEXÃO, as disposições inerentes 
ao concurso material serão aplicadas pelo JUÍZO DA EXECUÇÃO. 
 
Outro ponto relevante é observar o §1º do Art. 69, CP (releia): 
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido 
aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos 
crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata 
o art. 44 deste Código. 
 
Temos aqui, portanto, a possibilidade de se cumular, na aplicação das 
penas de crimes em concurso material, uma pena privativa de liberdade, 
desde que tenha sido concedido sursis, com uma restritiva de direitos. 
 
CONCURSO MATERIAL E SUSPENSÃO CONDICIONAL DO 
PROCESSO: 
Atenção para este ponto que já apareceu em provas! 
O professor MASSON diz que a suspensão condicional do processo 
somente é admissível quando, no concurso material, a somatória das 
penas impostas ao acusado preencha os pressupostos do Art. 89 da Lei 
9.099/1995. O total das penas mínimas, portanto, deve ser igual ou inferior 
a 1 (um) ano. 
 
 
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
@materiasdedireito.doc 
4. CONCURSO FORMAL: 
Aqui temos o concurso de crimes em que o agente mediante uma única 
conduta, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. 
Conforme o Art. 70 do CP: 
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, 
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a 
mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, 
mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As 
penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou 
omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios 
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. 
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria 
cabível pela regra do art. 69 deste Código. 
Aqui temos 2 grandes requisitos: 
 
a) Unidade de conduta; e 
b) Pluralidade de resultados. 
 
ATENÇÃO: No que tange à unidade de conduta, somente se 
concretiza quando os atos são realizados no mesmo contexto temporal e 
espacial. Não importa, obrigatoriamente, em ato único, pois há condutas 
fracionáveis em diversos atos. É neste sentido o entendimento do STF (HC, 
91615/ RS – 2007) que diz haver concurso formal a ação única que tenha 
como resultado a lesão ao patrimônio de vítimas diversas, e não crime único.O concurso formal pode ser: 
 
A) HOMOGÊNEO: Crimes idênticos; 
B) HETEROGÊNEO: Crimes diversos; 
C) PERFEITO (PRÓPRIO): O agente não possui desígnios 
autônomos em relação à cada crime. 
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
@materiasdedireito.doc 
D) IMPERFEITO (IMPRÓPRIO): Verifica-se a conduta dolosa do 
agente e os crimes derivam de desígnios autônomos. Envolve 
crimes DOLOSOS, qualquer que seja a espécie de dolo, conforme 
entendimento do STJ no HC 191.490/RJ – 2012, noticiado no 
informativo 505. 
 
O código Penal adotou a TEORIA OBJETIVA sobre o concurso 
formal, vale dizer, bastam a unidade de conduta e a pluralidade de resultados 
para a caracterização do concurso formal. Assim, pouco importa se o agente 
agiu ou não com unidade de desígnios. 
 
Agora, precisamos estabelecer uma diferença importante: Trata-se da 
diferença entre crime formal próprio e o crime preterdoloso. 
Meus caros, como eu falei no início, os conceitos são importantes para 
estabelecer essas diferenças. Vejamos uma tabela: 
 
CONCURSO FORMAL 
PRÓPRIO: 
CRIME PRETERDOLOSO: 
É espécie de concurso de crimes. 
Portanto, temos 2 ou mais crimes 
sendo considerados. 
 
Apenas 1 crime. 
Temos 2 ou mais crimes dolosos e 
ou demais são culposos ou ainda 
todos são culposos. 
 
Aqui temos uma conduta inicial 
dolosa e um resultado agravador de 
natureza culposa. 
 
 
4.1. Aplicação da pena: 
Lembre-se que o CP adotou o sistema da exasperação. Assim, se o 
concurso for homogêneo, o juiz tomará qualquer das penas e a aumentará de 
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
@materiasdedireito.doc 
1/6 a ½ (metade). Sendo o concurso heterogêneo, o juiz tomará a pena mais 
grave e a aumentará também de 1/6 a ½ (metade). 
 
#CRITÉRIO USADO PELO JUIZ PARA FIXAR O AUMENTO: 
O juiz observará exclusivamente o número de crimes cometidos. 
Assim, atente-se para a tabela constante do livro do professor MASSON: 
 
NÚMERO DE CRIMES: 
 
AUMENTO DE PENA: 
2 1/6 
3 1/5 
4 ¼ 
5 1/3 
6 ou mais ½ 
 
 
ATENÇÃO: No caso de termos 7 crimes ou mais, o juiz deverá 
aplicar o aumento no máximo (metade) e as demais infrações serão contadas 
para fins de circunstâncias judiciais desfavoráveis para a dosimetria da pena-
base. 
 
Cuidado com o que foi dito agora! Não confunda com o aumento 
decorrente do concurso em si, pois este incidirá sobre a terceira fase da 
dosimetria (por se tratar de causa de aumento de pena). 
 
 
#CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO E SISTEMA DE APLICAÇÃO 
DA PENA: 
Este é mais um detalhe importante e que já foi antecipado no início do 
caderno. Atente-se que, no caso de concurso formal impróprio ou imperfeito, 
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
@materiasdedireito.doc 
não será aplicado o sistema da exasperação, mas sim o do cúmulo material 
(soma de penas). 
Se há desígnios autônomos, há dolo na conduta que produz a 
pluralidade de resultados, e o agente deve responder por todos os resultados 
a que deu causa, sem nenhum tratamento diferenciado. 
 
#CONCURSO MATERIAL BENÉFICO: 
Meus caros, aqui preciso que você volte a ler o Art. 70 e preste atenção 
no seu §único: 
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, 
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a 
mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, 
mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As 
penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou 
omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios 
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. 
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria 
cabível pela regra do art. 69 deste Código. 
 
Lembre-se que o Art. 69 é que trata do concurso material de crimes. 
Vamos entender a lógica desse parágrafo. 
 
Pessoal, direito penal, por mais chato que seja (um amante de civil e 
empresarial falando rsrs), tem lógica também! Pense que se você comete 
mais de um crime, a regra, obviamente, é responder por todos eles sem 
nenhum tipo de benevolência por parte do Estado. Todavia, o sistema da 
exasperação nasce para dar ao agente benefício na aplicação da pena 
quando temos hipóteses de crimes culposos (por isso também que o formal 
impróprio adota a regra do cúmulo material e não a exasperação). 
Assim, seguindo essa lógica, se o que nasce para beneficiar acaba se 
tornando mais rígido e maléfico, não faz sentido manter a regra. 
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
@materiasdedireito.doc 
Assim, sendo prejudicial a exasperação, deve incidir o cúmulo 
material, pois a soma é mais vantajosa. Leia o exemplo do livro do professor 
MASSON: 
"A”, com a intenção de ser promovido na empresa em que trabalha, 
arremessa, dolosamente, uma pedra contra a cabeça de “B”, com o escopo 
de tirá-lo da disputa pela vaga (motivo torpe), matando-o. Em face de sua 
imprudência, uma vez que o local em que foi praticada a conduta estava 
repleto de pessoas, a pedra atinge também a perna de “C”, nele produzindo, 
culposamente, lesões corporais. Após o regular trâmite da ação penal, é 
condenado pela prática dos dois crimes, em concurso formal perfeito. 
Levando-se em conta o mínimo legal de cada um dos crimes, como 
devem as penas ser aplicadas? 
O homicídio qualificado tem a pena mínima de 12 anos de reclusão, e 
as lesões corporais culposas, detenção de 2 meses. 
De acordo com o sistema da exasperação, o cálculo seria: 12 anos de 
reclusão (crime mais grave) + 1/6 (aumento mínimo) = 14 anos de reclusão 
(pena final). 
Já para o sistema do cúmulo material, o cálculo seria outro: 12 anos 
de reclusão (homicídio qualificado) + 2 meses de detenção (lesões culposas) 
= 12 anos de reclusão e 2 meses de detenção (pena final). 
Conclui-se, pois, ser em alguns casos o sistema do cúmulo material 
melhor do que o da exasperação, prevalecendo sobre este. Fala-se, no caso, 
em concurso material benéfico ou favorável. 
 
5. CRIME CONTINUADO: 
Vamos entrar na última modalidade de concurso de crimes. 
Conforme o Art. 71 do CP: 
 
 
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
@materiasdedireito.doc 
 Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou 
omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, 
pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e 
outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos 
como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só 
dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, 
aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois 
terços. 
 Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas 
diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à 
pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os 
antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem 
como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um 
só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, 
até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 
e do art. 75 deste Código. 
Fique muito atento para os pontos destacados no Artigo, pois são os 
objetos de cobrança em provas. 
 
No que tange à Natureza Jurídica, temos que saber que foi adotada a 
TEORIA DA FICÇÃO JURÍDICA, ou seja, a continuidade delitiva é uma 
ficção criada pelo Direito. Existem, na verdade, vários crimes, considerados 
como um único delito para fins de aplicação da pena (guarde isso!). 
 
ATENÇÃO: A unidade do crime continuado se opera 
exclusivamente para fins de aplicação da pena. Para as demais 
finalidades há concurso, tanto que a prescrição, por exemplo, é 
analisada separadamente em relação a cada delito, como se extrai do art. 
119 do Código Penal e da Súmula 497 do Supremo Tribunal Federal: 
“Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena 
imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da 
continuação” 
 
São requisitos do crime continuado: 
a) Pluralidade de condutas;Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
@materiasdedireito.doc 
b) Pluralidade de crimes da MESMA ESPÉCIE; 
c) Condições semelhantes de tempo, lugar, maneira de execução 
e outras semelhantes. 
 
Vejamos uma tabela com os apontamentos necessários sobre esses 
requisitos: 
 
PLURALIDADE DE 
CONDUTAS: 
 
Lembrar que nada impede que seja uma conduta 
composta de diversos atos. 
PLURALIDADE DE 
CRIMES DA MESMA 
ESPÉCIE: 
 
Para a jurisprudência, crimes da mesma espécie 
são aqueles tipificados pelo mesmo 
dispositivo legal, consumados ou tentados, seja 
na forma simples, privilegiada ou qualificada. 
Mas não basta só isso! 
 
Os crimes precisam possuir a mesma estrutura 
jurídica, ou seja, devem ser idênticos os bens 
jurídicos tutelados. Nesse sentido, roubo e 
latrocínio, embora previstos no art. 157 do 
Código Penal (são crimes do mesmo gênero), 
não são crimes da mesma espécie. 
 
CONDIÇÕES 
SEMELHANTES: 
 
Tempo: A jurisprudência consagrou um critério 
objetivo, pelo qual entre um crime parcelar e 
outro não pode transcorrer um hiato superior a 
30 (trinta) dias. Mas, em ação penal 
pela prática de crime contra a ordem tributária, 
o Pretório Excelso excepcionalmente admitiu a 
continuidade delitiva com intervalo temporal de 
até 3 (três) meses entre as condutas. 
 
Espaço: A jurisprudência firmou o 
entendimento de que os diversos delitos devem 
ser praticados na mesma cidade, ou no 
máximo em cidades limítrofes, ou ainda 
contíguas, isto é, próximas entre si. 
 
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
@materiasdedireito.doc 
Modo: semelhança entre a maneira de execução 
pela qual os crimes são praticados, isto é, o 
agente deve seguir sempre um padrão análogo 
em suas diversas condutas. 
 
Ocasião: O agente, para executar os crimes 
posteriores, deve se valer da ocasião 
proporcionada pelo crime anterior. 
 
UNIDADE DE 
DESÍGNIO: 
 
Temos 2 teorias: 
 
1) TEORIA OBJETIVO-SUBJETIVA: 
Não basta a presença dos requisitos 
objetivos previstos no art. 71, caput, do 
Código Penal. Reclama-se também a 
unidade de desígnio, isto é, os vários 
crimes resultam de plano previamente 
elaborado pelo agente. ADOTADA 
PELA JURISPRUDÊNCIA: RHC 
93.144/SP. 
 
2) TEORIA OBJETIVA PURA: Basta a 
presença dos requisitos objetivos 
elencados pelo Art. 71 do CP. 
 
5.1. Aplicação da pena: 
Nós temos 3 espécies de crime continuado: 
a) Simples ou comum: é aquele em que as penas dos delitos 
parcelares são idênticas. 
 
b) Qualificado: as penas são diferentes. 
 
Nestes dois casos, o juiz adotará o vetor do número de crimes para aplicar o 
aumento de 1/6 a 2/3. Seguimos aqui a mesma regra já estudada no concurso 
formal. 
 
 
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
@materiasdedireito.doc 
 
ATENÇÃO: É possível o aumento da pena na fração máxima (2/3) quando 
não se conhece, com exatidão, o número de delitos praticados pelo agente, 
desde que sejam vários e prolongados em amplo espaço de tempo, conforme 
o STF no HC 127.158/MG – 2015. 
 
Lembre-se que se forem oito ou mais crimes, deve-se aplicar o 
máximo de aumento e os restantes serão considerados circunstâncias 
judiciais desfavoráveis. 
 
c) Específico: é o previsto no parágrafo único do art. 71 do Código 
Penal, o qual se verifica nos crimes dolosos, contra vítimas 
diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa. 
Aplica-se a pena de qualquer dos crimes, se idênticas, ou a mais 
grave, se diversas, aumentada até o triplo. 
 
ATENÇÃO: Está superada a súmula 605 do STF que vedava a 
continuidade delitiva nos crimes contra a vida. 
 
Meus caros, lembrem-se ainda que o crime continuado em qualquer 
de suas espécies, constitui-se em causa obrigatória de aumento da pena, e 
incide, por corolário, na terceira fase de aplicação da pena. Se, entretanto, 
os diversos crimes parcelares forem objetos de variadas ações penais, em 
juízos distintos, não unificadas antes do trânsito em julgado, é possível a 
unificação das penas em sede de execução, com fulcro no art. 82 do Código 
de Processo Penal. 
 
#CRIME CONTINUADO E CONFLITO DE LEIS NO TEMPO: 
Aqui você precisa lembrar da famosa súmula 711 do STF: 
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
@materiasdedireito.doc 
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao 
crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação 
da continuidade ou da permanência 
 
#PRESCRIÇÃO E CRIME CONTINUADO: 
Lembrar que a ficção jurídica só para fins de aplicação da pena. 
Conforme o Art. 119 do CP: 
Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da 
punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. 
 
Dispõe ainda a súmula 497 do STF: 
Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-
se pela pena imposta na sentença, não se computando o 
acréscimo decorrente da continuação 
 
#SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO E CRIME 
CONTINUADO: 
Necessário respeitar o limite da pena mínima do crime, de 1 ano, aí já 
computado o aumento decorrente da continuação. 
É o que estabelece a Súmula 723 do Supremo Tribunal Federal: 
Não se admite a suspensão condicional do processo por 
crime continuado, se a soma da pena mínima da infração 
mais grave com o aumento mínimo de 1/6 (um sexto) for 
superior a 1 (um) ano 
 
 
6. MULTA NO CONCURSO DE CRIMES: 
Meus caros, devemos prestar atenção ao Art. 72 do CP: 
Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas 
distinta e integralmente. 
 
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
@materiasdedireito.doc 
Pelo texto do artigo, percebemos que o sistema adotado para aplicação 
da multa é o do cumula material, tanto no caso de concurso formal, quanto 
de concurso material. 
No âmbito de aplicação da multa em casos de crime continuado, 
prevalece na jurisprudência que a adoção da teoria da ficção jurídica pelo art. 
71 do Código Penal implica na aplicação de uma única pena de multa, por se 
tratar de crime único para fins de dosimetria da sanção penal. Assim já 
decidiu o STJ no AgRg no REsp 607.929/PR – 2007 bem como no HC 
95.641/DF – 2008 e REsp 905.854/SP – 2007. 
A pena de multa, aplicada no crime continuado, escapa à 
norma contida no art. 72 do Código Penal. As penas de 
multa, no caso de concurso de crimes, material e formal, 
aplicam-se cumulativamente, diversamente do que ocorre 
com o crime continuado, induvidoso concurso material de 
crimes gravado pela menor culpabilidade do agente, mas 
que é tratado como crime único pela lei penal vigente, como 
resulta da simples letra dos arts. 71 e 72 do Código Penal, 
à luz dos arts. 69 e 70 do mesmo diploma legal (AgRg no 
REsp 607.929/PR – 2007). 
 
7. CONCURSO DE CONCURSOS DE CRIMES OU 
CONCORRÊNCIA DE CONCURSOS: 
É possível o concurso de concursos de crimes entre as modalidades. 
O professor CLEBER MASSON traz um excelente exemplo: 
 
Imagine-se, exemplificativamente, que determinada pessoa pratique, 
em um dia, três homicídios culposos em concurso formal, e, no outro dia, 
mais dois crimes de homicídio culposo, também em concurso formal. Entre 
esses dois blocos de concursos haverá concurso material. A imputação seria 
assim definida: art. 121, §3°, por três vezes, na forma do art. 70, caput, lª 
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
@materiasdedireito.doc 
parte, em concurso material (art. 69, caput) com art. 121, §3º, por duas vezes, 
na forma do art. 70, caput, 1/ parte, todos do Código Penal. 
 
#COMO SERIA O CÁLCULO DA PENA? 
O juiz calcularia em 3 etapas: 
 
1) No primeiro bloco de crimes, pena do homicídio culposo 
aumentada de 1/6 até ½. Exasperaria em 1/5, pois 3 delitos 
praticados (vide tabela já feita); 
2) No segundo bloco de crimes, pena de homicídio culposo 
aumentada de 1/6 a ½. Exasperaria de 1/6, pois 2 delitos praticados. 
3) De posse das duas penas já calculadas, aplicaria o cúmulo entre 
elas, somando-as.É isso, pessoal! Bons estudos e espero que tenham gostado do caderno. 
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Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
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JURISPRUDÊNCIA CORRELATA 
 
Roubo qualificado consistente na subtração de dois aparelhos celulares, 
pertencentes a duas pessoas distintas, no mesmo instante. A jurisprudência deste 
Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de configurar-se concurso formal a 
ação única que tenha como resultado a lesão ao patrimônio de vítimas diversas, 
e não crime único (HC 91.615/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, 1ª Turma, j. 09.2007) 
 
Os desígnios autônomos que caracterizam o concurso formal impróprio referem-
se a qualquer forma de dolo, direto ou eventual. A segunda parte do art. 70 do 
CP, ao dispor sobre o concurso formal impróprio, exige, para sua incidência, que 
haja desígnios autônomos, ou seja, a intenção de praticar ambos os delitos. O 
dolo eventual também representa essa vontade do agente, visto que, mesmo não 
desejando diretamente a ocorrência de um segundo resultado, aceitou-o. Assim, 
quando, mediante uma só ação, o agente deseja mais de um resultado ou aceita 
o risco de produzi-lo, devem ser aplicadas as penas cumulativamente, afastando-
se a regra do concurso formal perfeito (HC 191.490/RJ, rel. Min. Sebastião Reis 
Júnior, 6ª Turma, j. 27,09.2012) 
 
Para configurar o crime continuado, na linha adotada pelo Direito Penal brasileiro, 
é imperioso que o agente: a) pratique mais de uma ação ou omissão; b) que as 
referidas ações ou omissões sejam previstas como crime; c) que os crimes sejam 
da mesma espécie; d) que as condições do crime (tempo, lugar, modo de 
execução e outras similares) indiquem que as ações ou omissões subsequentes 
efetivamente constituem o prosseguimento da primeira. É assente na doutrina e 
na jurisprudência que não basta que haja similitude entre as condições objetivas 
(tempo, lugar, modo de execução e outras similares). É necessário que entre 
essas condições haja uma ligação, um liame, de tal modo a evidenciar-se, de 
plano, terem sido os crimes subsequentes continuação do primeiro. O 
entendimento desta Corte é no sentido de que a reiteração criminosa indicadora 
de delinquência habitual ou profissional é suficiente para descaracterizar o crime 
continuado (RHC 93.144/SP). 
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Consignou, ademais, que o aumento de 2/3 da pena se harmonizaria com a 
jurisprudência pacífica da Corte, no sentido de que o “quantum” de exasperação 
da pena, por força do reconhecimento da continuidade delitiva, deveria ser 
proporcional ao número de infrações cometidas. Considerou, por fim, que a 
imprecisão quanto ao número de crimes praticados pelo paciente não obstaria a 
incidência da causa de aumento da pena em seu patamar máximo, desde que 
houvesse elementos seguros, como na espécie, que demonstrassem que vários 
seriam os crimes praticados ao longo de dilatadíssimo lapso temporal (HC 
127.158/MG, rel. Min. Dias Toffoli, 2ª Turma, j. 23.06.2015, noticiado no 
Informativo 791. No STJ: HC 311.146/SP, rei. Min. Newton Trisotto 
(Desembargador convocado do TJ-SC), 5.a Turma, j. 17.03.2015, noticiado no 
informativo 559). 
 
Se reconhecida a continuidade delitiva específica entre estupros praticados contra 
vítimas diferentes, deve ser aplicada exclusivamente a regra do art. 71, parágrafo 
único, do Código Penal, mesmo que, em relação a cada uma das vítimas, 
especificamente, também tenha ocorrido a prática de crime continuado. A 
quantidade de infrações praticadas quanto a todas as vítimas deve ser avaliada 
de uma só vez, refletindo na fixação do patamar de aumento decorrente da 
incidência do crime continuado específico, em cuja estipulação também deverão 
ser observadas as demais circunstâncias mencionadas no art. 71, parágrafo 
único, do CP. Esse procedimento não faz com que a continuidade delitiva 
existente em relação a cada vítima específica deixe de ser considerada, mas 
apenas com que a sua valoração seja feita em conjunto, o que é possível porque 
os parâmetros mínimo e máximo de aumento previstos no art. 71, parágrafo 
único, são mais amplos do que aqueles estabelecidos no caput do mesmo artigo" 
(STJ: REsp 1.471.651/MG, rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª Turma, j. 
13.10.2015, noticiado no Informativo 573). 
 
 
 
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LEGISLAÇÃO CORRELATA 
Concurso material 
 Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica 
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas 
privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa 
de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. 
 § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena 
privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será 
incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. 
 § 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado 
cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente 
as demais. 
Concurso formal 
 Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois 
ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis 
ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um 
sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação 
ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, 
consoante o disposto no artigo anterior. 
 Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra 
do art. 69 deste Código. 
Crime continuado 
 Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica 
dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, 
maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser 
havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos 
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer 
caso, de um sexto a dois terços. 
 Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos 
com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a 
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, 
bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, 
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do 
parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. 
Multas no concurso de crimes 
 Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e 
integralmente.

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