Buscar

Câncer de mama

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 
 
1 PIESC III Teorização 7 
 
CÂNCER DE MAMA: EPIDEMIOLOGIA, DIAGNÓSTICO, PREVENÇÃO E CONTROLE 
 
# EPIDEMIOLOGIA 
O câncer de mama é hoje um relevante problema de saúde pública. É a neoplasia maligna mais incidente em mulheres na maior 
parte do mundo. De acordo com as últimas estatísticas mundiais do Globocan 2018, foram estimados 2,1 milhões de casos novos 
de câncer e 627 mil óbitos pela doença. No Brasil, as estimativas de incidência de câncer de mama para o ano de 2019 são de 
59.700 casos novos, o que representa 29,5% dos cânceres em mulheres, excetuando-se o câncer de pele não melanoma. em 2016, 
ocorreram 16.069 mortes de mulheres por câncer de mama no país. 
Foram calculadas as medianas das taxas de incidência específicas por idade segundo os RCBP (Registros de Câncer de Base 
Populacional) com informações disponíveis nos anos de 2000 até 2010 → para a faixa de 70 anos ou mais, observa-se um leve 
acréscimo nas medianas ao longo dos anos, enquanto uma leve tendência decrescente foi observada nas faixas de 40 a 49 anos; 
para as faixas de 20 a 39 e 50 a 69 anos, foi observada estabilidade. A mediana das taxas brutas de incidência de câncer de mama 
para o Brasil, no período de 2000 a 2010, foi de 49,3 por cada 100 mil mulheres. 
Na série dos anos de 2000 a 2010 dos RCBP no Brasil, verifica-se um aumento na idade mediana registrada no momento do 
diagnóstico: de 53 anos em 2000 para 56 anos em 2010. 
Em 2016, foram registrados, no Brasil, 16.069 óbitos por câncer de mama em mulheres. A taxa bruta de mortalidade por esse 
câncer foi de 15,4 óbitos por 100 mil mulheres no país, mas variou entre as regiões geográficas. As maiores taxas foram 
observadas nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. 
 
Figura 1 - Taxa bruta de mortalidade por câncer de mama nas 
regiões geográficas do Brasil, por sexo feminino, em 2016. 
 
Os estados das regiões Sul e Sudeste do Brasil tiveram 
taxas brutas de mortalidade por câncer de mama 
superiores à taxa nacional em 2016, chegando a atingir 
valores maiores que 20 óbitos por 100 mil mulheres no 
rio Grande do Sul e no rio de Janeiro. Enquanto isso, o 
maranhão e os estados da região Norte, exceto 
Rondônia e Tocantins, tiveram as menores taxas brutas 
de mortalidade por câncer de mama no país. 
A avaliação da idade mediana da mulher adulta (20 anos ou mais) na data do óbito por câncer de mama indica que, 
com o passar dos anos, esse evento tem sido postergado. Em 1980, as mulheres que morreram com câncer de mama 
tinham idade mediana de 56 anos. Com o passar dos anos, houve um avanço da idade mediana no momento do óbito 
que, em 2016, chegou a 61 anos. O aumento da idade mediana no momento do óbito por câncer de mama pode 
indicar avanços no rastreamento e no tratamento da doença. Cabe, também, considerar o aumento na proporção de 
mulheres idosas no Brasil, que passou de 6%, em 1980, para 13%, em 2016. 
 
As pesquisas epidemiológicas identificaram condições individuais, de estilo de vida e ambientais que aumentam a 
probabilidade de desenvolvimento do câncer de mama. Alguns fatores de risco, como os hereditários, hormonais e 
reprodutivos, certos tipos de doença benigna da mama, idade e raça, não podem ser alterados. Outros fatores 
ambientais ou comportamentais, tais como reposição hormonal, ingestão de bebidas alcoólicas, excesso de gordura 
corporal, radiação ionizante em tórax e uso de tabaco podem ser reduzidos. A prática regular de atividade física e a 
amamentação também são formas de se proteger do câncer de mama. Alguns desses fatores afetam o risco de 
desenvolver câncer de mama mais do que outros e podem mudar ao longo do tempo, como o envelhecimento 
populacional ou as mudanças culturais em estilos de vida. 
• Somente 10% dos casos de câncer de mama são atribuídos a fatores hereditários como as mutações 
germinativas nos genes BRCA1 e BRCA2, que são responsáveis pela síndrome de cânceres de mama e ovário 
hereditários. 
o Mesmo sem a identificação clara de mutação patológica nos genes conhecidos, o risco de câncer de 
mama é maior entre as mulheres com parentes em primeiro grau (mãe, irmã ou filha) que tiveram a 
doença → 2X MAIS CHANCE. 
▪ Quando se trata de 2 parentes de primeiro grau → ~3X MAIS. 
 
 
JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 
 
2 PIESC III Teorização 7 
 
• O risco para as mulheres que já tiveram um câncer de mama, mesmo sem história familiar, é aumentado em 
3-4X para um novo câncer de mama. 
Dados do Sistema de Informação Ambulatorial do SUS (SIA/SUS) indicam que a produção de mamografias no sistema 
público, em 2018, foi 4.609.094. A oferta de mamografias de rastreamento no SUS, para a faixa etária de 50 a 69 anos, 
aumentou em 19% entre 2012 e 2017. 
O número absoluto de exames ofertados deve ser ponderado pela população feminina de cada local para que seja 
possível comparar as localidades estudadas. Assim, as regiões Norte e Centro-oeste apresentam as menores razões 
de exames por mulheres rastreadas no SUS, quando comparadas às demais regiões do país. o Nordeste é a única 
região que apresenta um crescimento constante desse indicador no período analisado. 
 
Figura 2 - Razão de mamografias realizadas no SUS em mulheres de 50 a 69 anos, por regiões, Brasil. SIA/SUS, de 2012 a 2017. 
 
Conforme a última edição dos dados da PNS (IBGE, 2013), a estimativa da COBERTURA MAMOGRÁFICA no Brasil foi 
de 60%, com expressivas diferenças regionais. 
 
 
Figura 3 - Percentual de mulheres de 50 a 69 anos que fizeram mamografia nos últimos dois, Brasil e regiões. PNS, 2013. 
 
Desigualdades no acesso a exames de rastreamento 
podem ser observadas quando se analisa a cobertura 
mamográfica segundo nível de escolaridade e cor ou raça. 
Conforme os dados da PNS (IBGE) de 2013, a cobertura 
variou em 30% entre as mulheres sem instrução e com 
escolaridade fundamental incompleta e aquelas com 
nível superior completo. Essa discrepância ocorre em 
todas as regiões, sendo ainda mais expressiva na região 
Norte. 
A raça ou cor complementa a análise quanto às 
disparidades sociais no acesso à mamografia. Constata-se 
o menor acesso da população negra ao exame no país 
como um todo. 
 
 
 
 
JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 
 
3 PIESC III Teorização 7 
 
# DIAGNÓSTICO 
➔ AUTOEXAME DAS MAMAS 
Faz parte da estratégia do rastreamento do câncer de mama e deve ser realizado mensalmente, de preferência uma semana após 
o início da menstruação a partir dos 20 anos de idade e para as mulheres que não menstruam, deve-se orientar a escolha arbitrária 
de um dia do mês para a realização do autoexame. 
A importância do autoexame está na sua realização periódica mensal, pois uma vez que a mulher tenha como referência a 
palpação habitual normal, se houver uma alteração, esta logo será percebida. 
 
➔ MAMOGRAFIA 
É a radiografia da mama que permite a detecção precoce do câncer. É capaz de mostrar lesões, em fase inicial, muito pequena 
(milímetros), ou seja, as chamadas lesões pré-clínicas as quais apresentam melhor resposta terapêutica e capacidade de cura. 
Em virtude de ainda ser um método caro em nosso meio, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda hoje a realização 
da mamografia anualmente nos casos de exame clínico suspeito e em mulheres com situação de riscos, com idade igual ou maior 
de 40 anos, mesmo que não apresentem alterações no exame clínico. 
A realização do exame dar-se por meio da compressão das mamas, onde são feitas duas incidências (crânio-caudal e médio-lateral 
oblíqua) de cada mama. O desconforto provocado pela mamografia é discreto e suportável. Os sinais radiológicos de malignidade 
são divididos em diretos e indiretos. 
• Sinais diretos → nódulos, microcalcificações e densidades assimétricas focais ou difusas. 
• Sinais indiretos → distorções parenquimatosas, dilatação ductal isolada, espessamento cutâneo, retração da pele e/ou 
complexo aréolo-papilar e linfonodopatia axilar. 
• O nódulomuito denso e de contorno espiculado tem grande possibilidade de representar um câncer. 
No ano de 1998 foi criada uma padronização dos laudos de mamografia, à qual foi dado o nome de BI-RADS (Breast Imaging 
Reporting and Data Systems), proposta pelo Colégio Americano de Radiologia, como segue: 
 
Obs.: Segundo o MS, a mamografia de rastreamento – exame de rotina em mulheres sem sinais e sintomas de câncer de mama – 
é recomendada na faixa etária de 50 a 69 anos, a cada dois anos. Fora dessa faixa etária e dessa periodicidade, os riscos aumentam 
e existe maior incerteza sobre benefícios. 
 
➔ ULTRASSONOGRAFIA 
É um exame realizado com um aparelho que emite ondas de ultrassom e que, através do registro do eco, dá-nós informações da 
textura e conteúdo de nódulos mamários. Na maioria dos casos será método complementar da mamografia. A ultra-sonografia 
tem grande aplicação na diferenciação entre tumores císticos e sólidos e também é capaz de identificar lesões no interior de cisto, 
indicando a retirada do cisto através de cirurgia. Este exame tem melhor resultado quando feito em mamas densas, com tecido 
glandular exuberante, como as mamas das mulheres jovens < 35 anos. 
 
➔ MARCADORES TUMORAIS 
Os marcadores tumorais, em sua maioria, são proteínas ou pedaços de proteínas, incluindo antígenos de superfície celular, 
proteínas citoplasmáticas, enzimas e hormônios. Esses marcadores podem ser úteis no manejo clínico dos pacientes com câncer, 
auxiliando nos processos de diagnóstico, estadiamento, avaliação de resposta terapêutica, detecção de recidivas e prognóstico, 
além de auxiliar no desenvolvimento de novas modalidades de tratamento. 
Mais de 100 fatores tem sido relacionados como marcadores prognósticos em câncer de mama, estudados através de exames 
anatomopatológicos, imunohistoquímicos ou biologia molecular. 
 
 
 
 
JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 
 
4 PIESC III Teorização 7 
 
➔ BIÓPSIAS 
Estão indicadas como recurso final para a exclusão ou para a confirmação do diagnóstico de câncer de mama. As biópsias podem 
ser realizadas de duas formas distintas: 
• Punção-biópsia → realizada com uma agulha, conectada a uma pistola, a qual retira pequenos fragmentos do nódulo; 
este procedimento deve sempre ser acompanhado por algum exame de imagem; 
• Biópsia cirúrgica → consiste na retirada do nódulo ou das calcificações através de um procedimento cirúrgico; o material 
é encaminhado para avaliação histológica. 
 
# PREVENÇÃO E CONTROLE 
A prevenção do câncer de mama não é totalmente possível em função da multiplicidade de fatores relacionados ao surgimento 
da doença e ao fato de vários deles não serem modificáveis. De modo geral, a prevenção baseia-se no controle dos fatores de 
risco e no estímulo aos fatores protetores, especificamente aqueles considerados modificáveis. 
Os principais fatores de risco comportamentais relacionados ao desenvolvimento do câncer de mama são: excesso de peso 
corporal, falta de atividade física e consumo de bebidas alcoólicas. 
Estima-se que por meio da alimentação, nutrição e atividade física é possível reduzir em até 28% o risco de a mulher desenvolver 
câncer de mama. Controlar o peso corporal e evitar a obesidade, por meio da alimentação saudável e da prática regular de 
exercícios físicos, e evitar o consumo de bebidas alcoólicas são recomendações básicas para prevenir o câncer de mama. A 
amamentação também é considerada um fator protetor. 
A terapia de reposição hormonal (TRH), quando estritamente indicada, deve ser feita sob rigoroso controle médico e pelo mínimo 
de tempo necessário 
 
IMPORTANTE → O controle do câncer de mama é prioridade da agenda de saúde no Brasil. A perspectiva atual do Sistema Único 
de Saúde é impulsionar a organização das redes regionalizadas de atenção à saúde para garantir a detecção precoce, a investigação 
diagnóstica e o tratamento oportuno, reduzindo o número de casos de doença avançada e a mortalidade pela doença. A prevenção 
deve ser também valorizada por meio da informação e de oportunidades para a adoção de práticas mais saudáveis.

Continue navegando