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PCR real-time Reação em cadeia da polimerase (PCR): uma das tecnologias mais utilizadas na biologia molecular. Na PCR, sequências específicas dentre de um template de DNA ou cDNA são copiadas e amplificadas, gerando de milhares a milhões de cópias da mesma sequência - amplicons. P a ra a amp l i fi c a ção s ã o u t i l i z a d o s oligonucleotídeos sequência-específicos, DNA polimerase termoestável e um termociclador. O DNA é amplificado exponencialmente, dobrando a quantidade de produto-alvo a cada ciclo. Na PCR tradicional (endpoint), a detecção e quantificação do amplificado são realizadas no final da reação, após o último ciclo. Para isso, geralmente são utilizados métodos como eletroforese em gel e análise de imagem. A PCR tradicional é utilizada, principalmente, para clonagem e sequenciamento de sequências específicas. Na PCR em real-time, ou também chamado de PCR quantitativo (qPCR), o amplificado é quantificado em cada ciclo. PCR real-time x RT-PCR Real-time: quantificação acontecendo durante a reação de PCR. RT-PCR: com transcriptase reversa, possui passo adicional para converter RNA em cDNA. qPCR: PCR quantitativo, aplica-se para os dois exemplos anteriores. Para essa quantificação, são util izados marcadores fluorescentes que fornecem um sinal fluorescente que aumenta proporcionalmente ao número de amplicons gerados. Podem ser utilizados corantes que se ligam a DNA dupla-fita (ds-DNA), moléculas corantes acopladas aos primers, ou probes que hibrideza com produtos de PCR durante a amplificação. Pelo monitoramento da reação na fase exponencial, é possível determinar a quantidade do alvo no início da reação. A fluorescência é plotada junto com o número do ciclo de reação, gerando um gráfico de amplificação que representa o acúmulo de produto pela duração do tempo da reação completa de PCR: VANTAGENS DE PCR real-time Habilidade de monitorar o progresso da reação em tempo real. Capacidade de medir precisamente a quantidade de amplicon em cada ciclo, permitindo a quantificação do material no início da reação. Amplificação e detecção no mesmo tubo, eliminando manipulações pós-PCR. PCR Real-Time: PASSOS 1. Desnaturação: incubação em temperatura alta para que o DNA dupla-fita seja “desmanchado" em fitas simples e para afrouxar estruturas secundárias nessas fitas simples. Geralmente é utilizada a maior temperatura que a enzima DNA polimerase consegue aguentar (normalmente 95oC). O tempo de desnaturação pode ser aumentado se o DNA molde tem um conteúdo GC alto. 2. Anelamento: sequências complementares (pr imers e DNA molde) vão sof rer hibridização. Uma temperatura apropriada é utilizada a partir do cálculo da temperatura de meeting (Tm) dos primers (tipicamente 5oC abaixo da Tm do primer). 3. Extensão: a 70-72oC, a atividade da DNA polimerase é ótima, e a extensão dos primers ocorre em taxas de até 100 bases por segundo. Quando um amplicon na RT-PCR é pequeno, esse passo é geralmente combinado com o passo de anelamento, usando 60oC como temperatura. qRT-PCR em dois passos (Two-step) Começa com a transcrição reversa do RNA total ou RNA poli(A) em cDNA por uma enzima transcriptase reversa. A primeira fita da reação de síntese de cDNA pode ser feita com primers aleatórios, oligo(dT) ou primers específicos para genes (GSPs). Para dar uma representação real para todos os alvos e para evitar o bias 3’ de primers oligo(dT), pesquisadores utilizam primers aleatórios ou mistura de aleatórios e oligo(dT). A temperatura utilizada para síntese de cDNA depende da enzima transcriptase reversa escolhida. Após a transcrição reversa, aproximadamente 10% do cDNA é transferido para um tubo separado para a reação de PCR real-time. qRT-PCR em um passo (One-step) Combina a reação de síntese da primeira fita de cDNA e a reação de PCR real-time em um mesmo tubo, simplificando o processo e reduzindo a possibilidade de contaminação. Primers específicos para genes (GSP) são necessários. Isso se deve pelo fato que oligo(dT) ou primers aleatórios geram produtos não-específicos na reação com um passo, e reduzem a quantidade do produto de interesse. COMPONENTES DE PCR REAL-TIME DNA polimerase Determina a performance da PCR. Taq DNA polimerase possui atividade residual em temperaturas baixas - primers podem se anelar de maneira não-específica e a polimerase gera produtos não-específicos em temperaturas menores. Enzima hot-start: garante que a DNA polimerase não está ativa antes do passo de extensão. Transcriptase Reversa Importante escolher uma com grande rendimento de cDNA completo, mas também com boa atividade em altas temperaturas. Performance em alta temperatura também é importante para a desnaturação de RNA com estrutura secundária. Em RT-PCR one-step, uma TR que mantém sua atividade em alta temperatura permite que GSP com alta Tm seja usada, aumentando a especificidade e diminuindo background. dNTPs Maior sensibilidade quando são utilizados dNTPs e DNA polimerase do mesmo fabricante. Concentração de magnésio Cloreto ou sulfato de magnésio são geralmente utilizados na concentração final de 3mM. A concentração ótima para um alvo especifico pode variar de 3 a 6 mM. Boa técnica experimental Uso de ponteiras com barreira de aerosol e tubos com tampas rosqueáveis pode diminui problemas de contaminação cruzada. Preparar uma mistura master com todos os componentes menos a amostra para reduzir o número de pipetagens e, consequentemente, contaminação cruzada de poços e outros erros. Template Usar de 10 a 1000 cópias de ácido nucleico template para cada reação de PCR real time - equivalente a 100 pg a 1ug de DNA genômico, ou cDNA gerado de 1pg a 100 nm de RNA total. Excesso de template pode diminuir a eficiência da PCR por trazer contaminantes. Dependendo da especificidade dos primers para o cDNA, pode ser necessário o tratamento dos templates de RNA para reduzir a contaminação deles por DNA com DNaseI. RNA puro e intacto é necessário para síntese de cDNA de alta qualidade e importante para quantificação de mRNA precisa. RNA deve ser livre de contaminação com RNase. Isolamento de mRNA geralmente não é necessário, mas pode melhorar condições para cDNA específicos. DESIGN DE PRIMERS Um dos parâmetros mais importantes para PCR. Devem ter de 18 a 24 nucleotídeos. Devem ser específicos para a sequência-alvo e livres de estruturas secundárias. Evitar sequências homopoliméricas ou motivos repetidos, que podem hibridizar de forma inapropriada. O par de primers deve ter temperaturas de melting compatíveis - dentro de 1oC e devem conter aproximadamente 50% de conteúdo GC. Primers com alto conteúdo de GC podem formar híbridos imperfeitos estáveis. Já um alto conteúdo de AT diminui a Tm de híbridos perfeitamente compatíveis. Se possível, o terminal 3’deve ser rico em GC para melhorar o anelamento no terminal em que será estendido. Analisar a sequência do por para verificar se não haverá complementaridade entre eles, possibilitando hibridização e formação de primers-dímeros. Para qRT-PCR, criar primers que anelam em éxons nos dois lados de um íntron para permitir diferenciação entre a amplificação do cDNA e contaminação potencial de DNA genômico pela análise de curva de melting. Para confirmar a especificidade dos primers, fazer uma busca no BLAST. Resultados ótimos podem precisar de titulação do primer em concentrações de 50 a 500 nM. Uma concentração final de 200 nM para cada primer é efetiva para a maioria das reações. ANÁLISE DE PCR REAL-TIME BASELINE Refere-se ao nível de sinal durante os ciclos iniciais do PCR, geralmente entre ciclos 3 e 15, no qual há pouca mudança nosinal fluorescente. O baixo sinal de baseline pode ser considerado o background ou ruído da reação. A baseline é determinada empiricamente para cada reação, por análise pelo usuário ou análise automática do gráfico de amplificação. A determinação de baseline deve considerar ciclos suficientes para eliminar o background encontrado em ciclos iniciais, mas não deve incluir ciclos em que a amplificação do sinal é maior que o background. Para comparar reações ou experimentos diferentes de PCR real-time, a baseline deve ser definida da mesma maneira para cada. THRESHOLD É o nível de sinal que reflete um aumento estatisticamente significativo sobre o sinal de baseline calculado. Representa um sinal de amplificação relevante. Geralmente, o software do equipamento determina o threshold no valor de 10 vezes o desvio padrão do valor de fluorescência da baseline. No en tan to , o th re sho ld pode se r determinado em qualquer ponto da fase exponencial da PCR. Ct - CICLO DE THRESHOLD É o número do ciclo em que o sinal de fluorescência ultrapassa o threshold. O Ct é utilizado para calcular o número inicial de cópias de DNA pois ele é inversamente relacionado a quantidade inicial do alvo. Por exemplo, comparando resultados de amostras contendo quantidades diferentes de um alvo, a amostra com o dobro de quantidade inicial vai gerar um Ct um ciclo antes que uma amostra com 1x de alvo. A medida que o template diminui, o número do c ic lo em que uma ampl ificação significativa é vista aumenta. Com uma diluição de 10x, os valores de Ct ficam a 3,3 ciclos de distância. CURVA-PADRÃO Uma diluição em série de um template com concentração conhecida de alvo é utilizada para fazer uma curva. Assim, a concentração inicial de uma amostra desconhecida pode ser calculada a partir desta curva. COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO (R2) Medida da linearidade da curva padrão. Idealmente R2 = 1 mas o valor máximo geralmente é 0.999. INTERSECÇÃO-Y Corresponde ao limite teórico de detecção da reação, ou o valor de Ct esperado para o menor valor de alvo que consegue apresentar um aumento estatisticamente significativo de amplificação. Teoricamente, a PCR é capaz de detectar uma única cópia de um alvo, no entanto, um número de cópias entre 2 e 10 é o limite mínimo que pode ser confiavelmente quantificado por PCR. Medida direta de sensibilidade. Útil para comparar diferentes sistemas e alvos. FASE EXPONENCIAL A quantificação do alvo é feita na parte inicial da fase exponencial. Nessa parte, os reagentes ainda estão em excesso, a DNA polimerase ainda é altamente eficiente e o produto de amplificação (ainda em baixa concentração) não compete com os pr imers para anelamento. SLOPE É a fase log- l i near da reação de amplificação. Medida de eficiência de reação. Para resultados precisos e reprodutíveis, a eficiência deve ser próxima a 100%, o que equivale a uma slope de -3.32. EFICIÊNCIA Eficiência = 10 (-1/slope) - 1 Idealmente, deveria ser 100%, o que significa que o template dobra a cada ciclo na amplificação exponencial. Fatores experimentais como comprimento, estrutura secundária, e conteúdo GC do amplicon podem influenciar a eficiência. Outras condições que influenciam: uso de reagentes em concentrações não-ótimas, qualidade da enzima, presença de inibidores de PCR (pode aumentar para mais de 110%). RANGE DINÂMICO Range no qual um aumento na concentração inicial do material resulta em um aumento correspondente no produto de amplificação. Deve ser em 7-8 ordens de magnitude para DNA plasmidial e pelo menos 3-4 log para cDNA e DNA genômico. QUANTIFICAÇÃO ABSOLUTA Descreve um experimento de PCR real-time no qual a expressão do gene de interesse em uma amostra (por exemplo, amostra tratada) é comparada com a expressão do mesmo gene em outra amostra (não-tratada). Um gene normalizador, como a B-actina, é usado como controle para variabilidade experimental.
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