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1 Bruna V. Chagas M3- Parasitologia A doença de Chagas, também chamada de tripanossomíase americana, é uma doença tropical causada pelo parasito flagelado Trypanosoma cruzi e transmitida por insetos triatomíneos (são insetos hematófagos, ou seja, se alimentam do sangue do hospedeiro humano). INTRODUÇÃO • Reino: Protista • Filo: Sarcomastigophora • Subfilo: Mastigophora • Ordem: Kinetoplastida – protozoários que apresentam cinetoplasto (é uma organela específica. É uma mitocôndria bem irregular que fica localizada em partes diferentes do protozoário, apresenta-se auto duplicável e apresentam um DNA próprio, chamado de KDNA, que é o DNA do cinetoplasto) • Família: Trypanosomatidae • Gênero: Trypanosoma • Espécie: Trypanosoma cruzi EPIDEMIOLOGIA A doença de Chagas é uma zoonose, que é causada pelo Trypanosoma cruzi e passa entre os animais silvestres e os homens e os barbeiros, sendo muito comum na área rural. É muito comum na América latina como um todo e no Brasil está mais presente na região Norte, pela ingestão de açaí É considerada uma doença negligenciada pela OMS Distribuído desde o México até a argentina Prevalência: 30% a 40% dos casos com danos cardíacos crônicos, resultando em morte súbita ou insuficiência progressiva. O principal órgão acometido é o coração. A doença de chagas do aparelho digestório ou digestiva acomete principalmente o esôfago e o intestino grosso a nível do cólon, podendo causar o aumento destas partes do intestino São considerados endêmicos em 21 países da América Latina. A cada ano morrem 14.000 pessoas. INSETO VETOR Distribuição geral – Sul da Argentina (Patagônia) até o sul dos EUA 1- Triatoma infestans: principal transmissor da Doença de Chagas, países andinos a partir do Peru até o Uruguai, o Paraguai e o sul do Brasil. 2- Panstrongylus mengitus: segundo vetor em importância Brasil e no Paraguai 3- Triatoma braziliensis: Nordeste do Brasil 4- Rhodnius prolixus.: focos no norte do continente Sul- Americano ligado a matas e florestas Habitat - No homem e nos animais, vive no sangue periféricos e nas fibras musculares, especialmente as cardíacas e digestivas. HOSPEDEIROS • Vertebrados: roedores, marsupiais, primatas, homens DOENÇA DE CHAGAS 2 • Invertebrado (vetor): insetos hematófagos – barbeiro è Família: Reduviidae è Subfamília: Triatominae è Gêneros: Triatoma, Panstrongylus e Rhodnius Os barbeiros são insetos hemípteros hematófagos que tem a trompa reta e curta. Os barbeiros podem ser de três gêneros, sendo que eles podem ser de diversas espécies, mas a mais importante é o Triatoma infestans, porque essa espécie é adaptada às casas de pau a pique (barro) e, por isso, pica muito os homens, transmitindo o Trypanosoma cruzi para os mesmos. Essa espécie é importante porque ela prefere o sangue humano e, por ser adaptada às casas do homem, conseguem picá-lo e manter o ciclo dentro da casa. Por esse motivo, as medidas de controle contra a doença de Chagas são na tentativa de eliminar a espécie Triatoma infestans, já que as outras espécies de barbeiro são bem pouco relevantes, principalmente por não terem preferência pelo sangue humano. Esses barbeiros são muito comuns de ficarem dentro das casas das pessoas e ficam escondidos durante o dia, e saindo apenas durante a noite para sugar o sangue dos indivíduos. FORMAS EVOLUTIVAS As formas evolutivas se diferenciam de acordo com suas características morfológicas, fisiológicas e de acordo com o hospedeiro que estejam infectando (vertebrado- homem, invertebrado- triatomíneo, que no caso, é o barbeiro 1. Epimastigota Presente no intestino médio dos triatomíneos, onde começam a se multiplicar por divisão binária (ou seja, o aumento da população parasita no intestino médio do inseto é feito por divisão binária que é uma forma de reprodução assexuada). Aspecto morfológico- Possui forma alongada (seu corpo celular é alongado), com flagelo lateral (emerge mais ou menos no meio do corpo do parasita) e cinetoplasto anterior ao núcleo (bem próximo ao núcleo), núcleo grande, presença de membrana ondulante emergindo de região mediana, terminando em um flagelo. Ou seja, o Epimastigota é uma forma evolutiva flagelada. *O cinetoplasto anterior ao núcleo; se multiplica no tubo digestivo do inseto; dá origem à forma tripomastigota metacíclica 2. Tripomastigota Esta presente no sangue do hospedeiro humano e de outros vertebrados (animais silvestres por exemplo) e no final do intestino dos triatomíneos ( hospedeiro invertebrado que é o inseto vetor) sendo eliminado em suas fezes. Desta maneira, a forma evolutiva Tripomastigota pode se diferenciar em Tripomastigota sanguícola e Tripomastigota metacíclica (que é a forma infectante para o ser humano) )– essa forma evolutiva não tem capacidade reprodutiva, ou seja, não se multiplica. Tripomastigota sanguícola- Presente no sangue do hospedeiro humano e de outros vertebrados (animais silvestres por exemplo *É uma forma infectante para os triatomíneos (ou seja, quando o triatomíneo se alimenta/chupa o sangue do homem que contém essa forma evolutiva da tripomastigota sanguícola, o triatomíneo vai se infectar) *Também pode infectar novas células no hospedeiro vertebrado, que é o homem, e são capazes de penetrar em células musculares lisas, cardíacas. Aspecto morfológico -Possui forma alongada, pode ser larga ou fina, cinetoplasto localizado na região posterior ao núcleo, flagelo em sua região anterior e membrana ondulante emergindo na região posterior. 3 à Na imagem anterior podemos observar a Tripomastigota sanguícola entre as hemácias e dessa forma podemos fazer o diagnóstico parasitológico da doença de Chagas em pacientes na fase aguda da infecção Tripomastigota metacíclica - É a forma infectante para o ser humano/homem, presente nas fezes dos triatomíneos. O inseto vetor irá eliminar essa forma evolutiva nas fezes, então quando o homem tem contato com as fezes do inseto vetor, irá se infectar com a doença de Chagas, seja através do ato de hematofagismo do vetor ou por transmissão oral, pois muitas vezes as fezes do vetor pode estar contaminando alimentos. Está presente no final do intestino dos triatomíneos (hospedeiro invertebrado que é o inseto vetor) sendo eliminado em suas fezes. Aspecto morfológico -Possui núcleo no meio do corpo; Membrana ondulante por todo o corpo. 3. Amastigota É uma forma evolutiva encontrada no interior das células do hospedeiro humano ou de qualquer hospedeiro vertebrado, possui muita capacidade de reprodução por divisão binária (aumenta a população desse tipo celular por divisão binária). Aspecto morfológico - É redonda e NÃO apresenta flagelos, possui um bolso flagelar (esta próximo ao cinetoplasto, e dá origem ao flagelo quando ocorre a diferenciação em outra forma evolutiva do protozoário) e cinetoplasto próximo ao núcleo Característica importanteà *É UMA FORMA EVOLUTIVA INTRACELULAR OBRIGATÓRIA* (se é intracelular, irá estar presente em alguma células) OBS: por ser intracelular, pode infectar diversos tipos celulares humanos - macrófagos, células nervosas, musculares (lisas ou cardíacas). 4 à Nesta imagem, vemos uma célula toda infectada, que é o macrófago, e dentro deste macrófago vemos várias pontinhas/bolinhas pequenas que são as amastigotas infectando os macrófagos. Vemos também uma célula muscular repleta de pontinhos que são as amastigotas dentro dessas células CICLO BIOLÓGICO- HETEROXÊNICO A transmissão clássica ocorre pelo ato do inseto vetor se alimentar do sangue do hospedeiro e defecar. Quando o inseto vetor se alimenta do sangue do homem contaminado, ele vai ingerir a forma tripomastigota sanguícola Ao ingerir o sangue com as formas tripomastigota sanguícola,quando chega ao intestino vai se diferenciar em forma epimastigota que vai colonizar o intestino médio do inseto e vai se reproduzir através da reprodução assexuada pela divisão binária aumentando a população de epimastigota. Vai chegar um momento em que a forma epimastigota vai migrar para a ampola retal (que é a porção final do intestino deste inseto) e é nesta ampola retal que ocorre a diferenciação em tripomastigota metacíclica, que não se multiplica. Essa forma tripomastigota metacíclica se encontra no final do tubo digestivo do inseto e quando o inseto vetor se alimenta do sangue humano ele defeca e junto das fezes serão eliminadas a forma evolutiva metacíclica, que é a forma infectante para o homem. Enquanto o inseto vetor está se alimentando do sangue, ele lança sua saliva na circulação contendo uma substancia anticoagulante para que ele permaneça se alimentando durante bastante tempo e o sangue não coagule. Além desta atividade anticoagulante, esta saliva apresenta uma atividade anestésica, onde a pessoa não consegue perceber a presença do inseto que está fazendo o hematofagismo. Depois que o infeto realiza o hematofagismo e a consequente defecação, o individuo contaminado apresenta uma reação alérgica através de uma reação inflamatória, a reação alérgica gera prurido e o indivíduo coça a área e quando ela coça, ela vai espalhar as fezes contendo as forma tripomastigota metacíclica. Quando o individuo espalha as fezes contendo o parasita pode ter contato com alguma área lesada da pele que pode ter acontecido pela coceira (que causou escoriação na pele) ou mesmo pelo orifício de picada, por onde a tripomastigota vai entrar em contato com o hospedeiro humano. Assim, quando a forma tripomastigota metacíclica penetra no organismo, ela penetra em uma célula como macrófagos ou células da pele. Os macrófagos, que são as células que fazem a primeira linha de defesa e que tem função de fagocitar, vão fagocitar essas tripomastigotas metacíclicas que vão se diferenciar em amastigotas dentro do macrófago. Essas amastigotas conseguem escapar da explosão oxidativa do macrófago, então o macrófago acaba perdendo sua função de degradação do que ele fagocita. Então essas formas evolutivas amastigotas além de permanecerem dentro do macrófago, ainda se Ou seja, quando o barbeiro pica o indivíduo, ele fica muito cheio de sangue, comprimindo seu intestino e fazendo com que ele libere as fezes na pele do individuo e nessas fezes se encontram as formas tripomastigotas metacíclicas, que são as formas infectantes. Essa forma tripomastigota não é capaz de penetrar na pele íntegra do indivíduo, entretanto, a picada do barbeiro gera coceira e quando a pessoa coça, ela acaba jogando as fezes no orifício da picada, ou gera lesões na pele que fazem com que a forma tripomastigota consiga penetrar. Ou, ainda, a pessoa coça a região da picada e depois coça o olho, levando as fezes até a mucosa do olho, onde a forma tripomastigota consegue penetrar. Ou seja, a transmissão do Trypanosoma cruzi para o homem se dá pelas fezes do inseto 5 reproduzem dentro deles, através da reprodução assexuada pela divisão binária, aumentando a população de amastigotas dentro desta célula. Depois que acaba de se multiplicar, essa forma amastigota se diferencia em tripomastigota sanguícola, arrebenta/rompe o macrófago, e quando ele rompe, ele libera parasitas que vão retornar a circulação sanguínea, e assim, sendo levadas para outras células, principalmente fibras musculares. Ou seja, a forma tripomastigota invade a fibra muscular, se transforma em amastigota, se multiplica, se transforma novamente em tripomastigota sanguícola e destrói a fibra muscular para cair na corrente sanguínea, mantendo esse ciclo no homem, o que caracteriza a forma aguda da doença, em que há formas circulando e penetrando nas fibras musculares, especialmente as fibras da musculatura involuntária, principalmente a musculatura cardíaca e a do tubo digestivo (esôfago e cólon), provocando destruição de fibras musculares e de feixes nervosos. Então, esse protozoário tem preferência pelas fibras cardíacas e também por musculatura lisa e, pode ainda, destruir feixes nervosos e é isso que provoca o dano na contração muscular, que é a causa principal da doença de Chagas. à Quando o inseto suga o sangue do indivíduo, ele suga as tripomastigotas sanguícola, que chegam ao intestino do inseto e se transformam em epimastigota, que multiplica do tubo digestório do mesmo e dá origem às tripomastigotas metacíclicas no final do tubo digestório, que vão ser eliminadas nas fezes do inseto. Essas formas tripomastigotas metacíclicas, quando liberadas, podem infectar tanto o homem quanto outros animais, como roedores, tatus e primatas, mas esses animais não sofrem com a presença desse protozoário, funcionam apenas como reservatório, mantendo o parasita na natureza, mas sem sofrer nada com a presença do mesmo. Na fase aguda de infecção existe uma alta parasitemia, ou seja, uma alta quantidade de parasitas no sangue, que é tripomastigota sanguícola, isso possibilita a transmissão para o inseto vetor, ou podem infectar outras células, penetrando por exemplo, células musculares cardíacas e lisas. Quando penetram essas células musculares, elas se diferenciam em amastigotas (sempre que estão dentro das células são amastigotas). E ai começa tudo de novo...um processo de reprodução assexuada por divisão binária, aumentando a quantidade de amastigotas dentro das células infectadas até o momento em pode acontecer o rompimento dessa célula, liberando mais tripomastigota para o sangue. A pessoa que está em fase aguda da infecção pode ter o parasitismo no tecido, ou seja, na forma intracelular, ou o parasitismo no sangue, ou seja, parasitemia elevada e parasitas no tecido. A partir do momento que ocorre a evolução para um processo crônico de infecção, o sistema imunológico do individuo vai controlar a parasitemia, ou seja, os parasitas vão “sumir” do sangue e ficar mais concentrados no tecido sobre a forma de amastigotas. Resumindo... -O vetor se alimenta e defeca -O tripomastigota metacíclica entra por alguma escoriação na pele -São fagocitados por macrófagos, dentro deles ocorre a diferenciação para amastigota e reprodução -Rompimento da célula de defesa, e o tripomastigota sanguícola fica circulante e infectar outros tecidos -Na fase aguda existem parasitas no sangue e nos tecidos -Vetor ingere o tripomastigota sanguícola, muda para epimastigota e retorna ao ciclo 6 ECÓTOPOS NATURAIS E ARTIFICIAS São locais onde ocorre o ciclo do parasita Casas pau-a-pique: com o tempo, o barro das casas pau- a-pique vão se abrindo e possibilitando a entrada dos vetores dentro das casas, ou seja, contato direto com o ser humano, favorecendo um foco de transmissão intra- domiciliar. Peridomiciliar; triatomíneos constroem seus ninhos, em telhas em quintais, rochas, bambus. Ciclo silvestre- formação de ninhos em arbustos e participação de animais silvestres no ciclo do tripanosoma cruzi VIAS DE TRANSMISSÃO As principais formas de transmissão da doença de chagas são: Vetorial clássica: contato com fezes de triatomíneos infectados, após picada/repasto (os triatomíneos são insetos popularmente conhecidos como barbeiro, chupão, procotó ou bicudo). Infecção intradomiciliar ou peridomiciliar. Oral: ingestão de formas tripomastigotas metacíclicas em alimentos ou bebidas contaminados por triatomíneos esmagados, fezes de triatomíneos ou secreções contendo as formas tripomastigotas metacíclicas. Esses triatomíneos vivem nos cachos de açaí́ (mais comum na região Norte), constroem seus ninhos ali, e ao fazer as coletas ele vem junto, no preparo pode-se triturar esses triatomíneos ou vir com as fezes ou secreções do mesmo CONTENDO AS FORMAS TRIPOMASTIGOTAS METACÍCLICAS, possibilitandoentão a transmissão oral da doença de Chagas. Vertical/congênita: ocorre pela passagem de parasitos de mulheres infectadas por T. cruzi em fase aguda para seus bebês durante a gravidez ou o parto. Transfusão de sangue ou transplante de órgãos de doadores infectados a receptores sadios. Acidentes em laboratórios: pelo contato da pele ferida ou de mucosas com material contaminado durante manipulação em laboratório ou na manipulação de caça. 2006- Nesta época houve um investimento habitacional, e as pessoas começaram a ter uma qualidade de vida melhor e saíram das casas de pau-a-pique onde os insetos vetores constroem os seus ninhos. E uma vez melhorando a qualidade de vida da população, houve uma melhora significante da transmissão da doença de Chagas no Brasil A partir dai começamos a observar, que principalmente na região Norte do Brasil no Pará houve um aumento do número de pessoas infectadas apresentando a doença de Chagas na forma aguda, e foi então, que houve a associação com a ingestão de alimentos contaminados na região Norte, principalmente pelo açaí. Hoje a transmissão da doença de Chagas no Brasil se da pela via oral na maior parte dos casos. Ainda existe a transmissão vetorial clássica, porém a prevalência deste tipo de transmissão é muito menor quando comparada com a transmissão oral, assim, é preciso haver uma conscientização com relação a fiscalização sanitária, orientação da população, capacitação de profissionais, investimentos governamentais na produção do açaí na região Norte para assim poder diminuir essa prevalência à Vale ressaltar que o tripomastigota não resiste ao calor e não resiste a frio muito intenso, por isso o açaí deve ser congelado antes de ser consumido. Para controlar a doença de Chagas, que está controlada atualmente no Brasil, é preciso haver um controle dos vetores e realizar o acompanhamento de casos novos 7 porque o tratamento só́ funciona na fase aguda. É preciso também evitar a transmissão pelos alimentos. PATOGENIA E ASPECTOS CLÍNICOS O controle do sistema imune leva à forma crônica, fica nos tecidos; na aguda a parasitemia está muito alta no sangue e nos tecidos. O indivíduo pode passar pela fase indeterminada (dentro da crônica), ou seja, é pode ser assintomático. Na fase crônica sintomática pode haver efeitos na musculatura cardíaca. Sempre que a célula hospedeira se rompe, há a liberação de formas morfológicas do parasito (tripomastigotas sanguícolas) e restos celulares na corrente sanguínea (DAMPs). Este processo é responsável por desencadear uma resposta inflamatória que, inicialmente, é considerada pequena. Com a repetição deste ciclo de invasão e destruição celular, o processo inflamatório intensifica-se cada vez mais, podendo gerar fibrose e perda de função (principalmente no tecido digestivo,cardíaco e nos sistemas nervosos simpático e parassimpático). O coração é o primeiro órgão a ser afetado. Ocorre uma destruição das fibras musculares, com deposição de fibroblastos e produção de colágeno fibrose, gerando áreas do coração fibrosadas em meio às fibras cardíacas normais e isso faz com que o impulso da contração não seja propagado corretamente, gerando insuficiência cardíaca. Esse protozoário tem preferência pelas fibras cardíacas e também por musculatura lisa e, pode ainda, destruir feixes nervosos e é isso que provoca o dano na contração muscular, que é a causa principal da doença de Chagas. Reações inflamatórias intensas – fibrose e necrose. à FASE AGUDA A fase aguda podemos dividir em 2 partes: APARENTE- transmissão oral Casos associados á transmissão por via oral, a quantidade de parasita é muito grande, refere ao aparecimento de sinais e sintomas. Alta parasitemia, febre, edema e alterações cardíacas. INAPARENTE-transmissão clássica Casos associados á transmissão clássica intradomiciliar ou peridomiciliar. *Silenciosa*, muitos indivíduos não apresentam sinais e sintomas (isso não significa que está ocorrendo lesão no organismo) mais comum em crianças e jovens ➔ OBS: alterações hepáticas e cardíacas que podem levar o indivíduo á morte súbita ainda na fase aguda da infecção • Alta parasitemia e parasitismo tecidual • Geralmente é silenciosa • Alguns casos podem apresentar sintomas graves com alterações hepáticas e cardíacas que podem levar o indivíduo a morte. Ocorre principalmente em jovens e crianças. • Febre prolongada (mais de 7 dias), cefaleia, astenia (fraqueza), edema. Febreà hipertermia • Sinal de Romanã (edema nos olhos): presença de fezes do vetor nos olhos, conjuntivite e edema (bi) palpebral caracterizando um conjuntivite. Isso acontece pois houve a entrada do parasita pelo olho, o inseto vetor pica o rosto pois é uma parte descoberta, o indivíduo coça e esfrega, o que acaba levando essas fezes aos olhos. (pode haver sinal de romã ou não) 8 • Chagoma cutâneo (edema no local da inoculação): Tumoração elevada, hiperemia, tem regressão espontânea e dor. à FASE CRÔNICA- indeterminada/assintomática • 70% dos casos • Fase assintomática, ausência de sinais e sintomas • Pacientes podem transmitir o parasita. • Pode durar 10 anos. • Baixa parasitemia ou ausente- A partir do momento que ocorre a evolução para um processo crônico de infecção, o sistema imunológico do individuo vai controlar a parasitemia, ou seja, os parasitas vão “sumir” do sangue e ficar mais concentrados no tecido sobre a forma de amastigotas. • Diagnóstico sorológico: Muitos anticorpos (sorologia positiva com títulos variáveis de anticorpos IgG) • Equilíbrio Hospedeiro-Parasita, sendo difícil encontrar o parasita no sangue. à FASE CRÔNICA- sintomática (principalmente com acometimento cardíaco) Forma mais importante da Doença de Chagas Parasitemia baixa ou ausente • Forma cardíaca: - Cerca de 15 a 25% dos casos - Sintomas cardíacos, intensa inflamação local e possível necrose e fibrose com hipertrofia - Dano progressivo do miocárdio. Baixa parasitemia e sorologia positiva. - Alterações do ritmo cardíaco - Alterações da inervação simpática: a fibra muscular desnervada sofre atrofia simples por diminuição do número de miofibrilas e organelas. - Fenômenos tromboembólicos - Insuficiência cardíaca congestiva -Reações inflamatórias intensas- necrose e fibrose -Mega esôfago ou mega cólon - CARDIOPATIA CHAGÁSICA: Dilatação das cavidades cardíacas e hipertrofia das paredes do órgão, principalmente do VE levando a formação do aneurisma de ponta (dilatação no ápice cardíaco). o Processos inflamatórios-> fibrose o Espessamento-> cardiomegalia o Insuficiência cardíaca OBS: OCORRE EM 86% DOS PACIENTES • Forma digestiva: Desde a descoberta da doença, essas formas passaram a ser consideradas possíveis causas do mal de engasgo. 9 -Mega esôfago e mega cólon o Destruição dos plexos mioentéricos o Redução do peristaltismo o Hipertrofias(dilatação0 - 10% dos casos, ocorre acometimento do sistema digestório, com surgimento de megacólon e megaesôfago. -Baixa parisetemia e sorologia positiva. - Perda do peristaltismo esofagiano e falta de relaxamento do esfíncter inferior às deglutições, acarretando dificuldade na ingestão dos alimentos, causando progressiva dilatação deste órgão. - Dilatação do TGI, dificuldade de ingestão destruição dos plexos mioentérico e submucoso; - Megaesôfago chagásico: Miosite e lesões degenerativas causadas pela destruição das células ganglionares - Megacólon chagásico: Destruição dos plexos mioentérico e submucoso, especialmente em seu componente parassimpático. à A doença de Chagas é uma doença que não se cura espontaneamente e que pode ficar muito tempo sem se manifestar e que tem tratamento na fase aguda. Quando a pessoa se infecta, logo na primeira fase, ocorre uma multiplicação muito intensa do Trypanosoma cruzi, o que caracteriza afase aguda, em que há muitos parasitas circulantes no sangue e nas células humanas. Essa fase aguda, geralmente, desaparece 1 mês e meio após o início da infecção, quando o indivíduo entra na fase crônica indeterminada ou na fase crônica sintomática. Isso porque o organismo gera uma resposta imune mediada por anticorpos que vai destruir o Trypanosoma, fazendo com que este quase desapareça da corrente sanguínea. Então, a resposta imune leva ao fim da resposta aguda e o paciente pode entrar na fase crônica indeterminada ou na fase crônica sintomática. Na fase crônica indeterminada, não há quase nenhum parasita no sangue e o indivíduo não apresenta sintomas, podendo permanecer assim para o resto de sua vida, sem nenhuma manifestação clínica. Considera-se que a fase crônica indeterminada se dá em função de um equilíbrio entre a quantidade de parasitas e a resposta imune do hospedeiro. Já na fase crônica sintomática, o coração é o primeiro órgão a ser afetado. Isso porque ocorre uma destruição das fibras musculares, gerando uma deposição de fibroblastos, com produção de colágeno e formação de fibrose, gerando áreas do coração fibrosadas em meio às fibras cardíacas normais e isso faz com que o impulso da contração não seja propagado corretamente, gerando insuficiência cardíaca. Ou seja, o processo inflamatório gerado pelo parasita faz com que haja destruição de feixes nervosos e fibrose das fibras musculares, fazendo com que o coração não consiga se contrair corretamente e, assim, ele acumula sangue. Na tentativa de compensar esse acúmulo de sangue no coração, o organismo gera uma hiperplasia da parede do coração, gerando a cardiomegalia, que faz com que as câmaras cardíacas tenham seu tamanho reduzido e, com isso, ocorre insuficiência cardíaca. Pode, ainda, se formar um aneurisma na ponta porque a parede da ponta não se espessa, então, com o esforço na tentativa de esvaziamento do coração, se forma o aneurisma de ponta, que é muito arriscado porque pode se romper. Esse é o quadro mais comum da doença de Chagas, que é a cardiopatia chagásica. Além disso, ocorre também fibroses na musculatura do tubo digestivo, alterando o peristaltismo e, assim, o esôfago não consegue se esvaziar completamente e aumenta de tamanho, sendo chamado de mega esôfago. O mesmo acontece com o cólon, que não é capaz de eliminar devidamente o bolo fecal e, por isso, fica dilatado, que é chamado de mega cólon. Esses quadros, geralmente, são fatais. 10 Vale ressaltar que quando a transmissão se dá pela mucosa da pálpebra, quando a pessoa coça o lugar da picada do inseto, contamina a mão com as fezes do mesmo e leva ao olho, ocorre o sinal de Romaña, que é um edema palpebral unilateral, que é típico da fase aguda na doença. DIAGNÓSTICO Diagnóstico em aguda: ALTA PARASITEMIA-> pesquisa do parasito • Primeira escolha é o exame direto- exame a fresco: busca pelo tripomastigota sanguícola, caso dê negativo e a suspeita clínica persistir, recomenda-se nova coleta entre 12 a 24 horas da primeira; • Método de concentração (Strout) - para casos de suspeita e com o direto negativa; • Esfregaço e gota espessa - menor sensibilidade; utilizado na Amazonia Legal, em virtude de aspectos operacionais para o diagnóstico da malária. • Hemocultura Diagnóstico em crônica- BAIXA PARASITEMIA MAS MUITOS ANTICORPOS • Métodos sorológicos para dosagem de IgG: ELISA, PCR, Imunofluorescência indireta e hemaglutinação indireta (HAI). • Método parasitológico - xenodiagnóstico: baixa sensibilidade, detecta entra 20-50% dos casos. O inseto se alimenta do sangue do indivíduo e se faz a análise de suas fezes; • Métodos moleculares: PCR (não é feito em rotina, apenas em pesquisa pois é um método caro) PROFILAXIA • Controle de hemoterápicos; • Controle de vetores, detecção da formação de colônias de triatomíneos dentro de residências; • Vigilância sanitária para a produção de alimentos, principalmente no Norte • Combate ao barbeiro • Atenção nas transfusões de sangue • Tratamento dos casos • Cuidado com produtos que possam estar envolvidos na transmissão oral (cana de açúcar e açaí) • Para controlar a doença de Chagas, que está controlada atualmente no Brasil, é preciso haver um controle dos vetores e realizar o acompanhamento de casos novos porque o tratamento só funciona na fase aguda. É preciso também evitar a transmissão pelos alimentos. ❖ Caso clínico Mulher, branca de 42 anos, residente em Belém no Estado do Pará, procurou hospital queixando-se de Na fase aguda, há parasitas no sangue e, por isso, é possível realizar a pesquisa do parasita no sangue por de esfregaço e cultura, por exemplo. Para isso, são realizados métodos de concentração do sangue, como gota espessa e centrifugação do material. Na fase crônica não é possível procurar os parasitos porque a parasitemia é muito baixa e, por isso, o diagnóstico é realizado por testes sorológicos, ou seja, pela pesquisa dos anticorpos por meio do teste de imunofluorescência. Pode também ser realizado o PCR com a análise do sangue, uma vez que nesse exame é possível detectar até mesmo quantidades muito pequenas de parasita no sangue. Além disso, é também realizado um exame para a fase crônica em que são criados barbeiros não infectados e esses barbeiros são colocados em contato com a pessoa para que piquem a mesma, após 30 dias, esses barbeiros são analisados para ver se estão contaminados e, se estiverem, indica que esse paciente está contaminado. Vale ressaltar que o diagnóstico da doença na fase aguda é muito importante porque o tratamento só́ é realizado na fase aguda. 11 indisposição, dor abdominal, dispnéia, edema de face e membros inferiores, após ingestão, há 20 dias, de açaí. Dizia ser hipertensa. No ato da internação apresentava pressão arterial 240×170 mm/Hg, abdome com dor difusa à palpação e epistaxe. A avaliação clínica cardiológica mostrou área cardíaca aumentada. Discuta o caso: a. Provável diagnóstico: Doença de Chagas. b. Métodos laboratoriais para a confirmação: Exame de busca direta, esfregaço ou gota espessa. c. Forma evolutiva predominante na fase da doença: Por se tratar da fase aguda, a forma predominante é o tripomastigota sanguícola
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