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Doenças Neurodegenerativas

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Doenças 
Neurodegenerativas 
-São doenças de degeneração de neurônios, do sistema 
nervoso (principalmente o central); 
-Doença de Alzheimer, doença de Parkinson, esclerose 
múltipla, encefalopatia espongiforme transmissível, doença 
do neurônio motor, doença de Huntington, ataxia 
espinocerebelosa e atrofia espinal muscular; 
-Todas as doenças acima têm em comum a morte de 
neurônios em uma fase precoce, devido a algum 
mecanismo específico e em determinado local; 
-De acordo com a localização da morte dos neurônios 
haverá a sintomatologia específica; 
-Neurônio é uma célula com pouca capacidade de 
regeneração e mitose. Qualquer degeneração no tecido 
neural causará comprometimento duradouro; 
-Assim, as doenças neurodegenerativas são graves, com 
impacto grande na qualidade de vida e 
morbidade/mortalidade acentuadas; 
-No geral, são doenças de manifestação lenta (devido a 
degeneração lenta); 
-Existe uma grande dificuldade de reconhecer os 
mecanismos das doenças e conseguir estabelecer 
tratamentos adequados. 
 
Doença de Alzheimer: 
-Principal doença neurodegenerativa (60-70%); 
-Principal causa de demência (entretanto, Alzheimer não é 
sinônimo de demência); 
-Prevalência: 10% dos indivíduos acima de 65 anos e 40% 
acima de 80 anos; 
-Mais comum em idosos; 
-Neurônios são degenerados, perdem seu formato (núcleo 
difuso, perde citoesqueleto e axônios deixam de ter a 
conformação inicial); 
-Há a perda de sinapse e função cognitiva; 
-O Alzheimer não faz parte da velhice – a morte celular que 
pertence a esse momento. Processo senil para qualquer 
indivíduo envolve apoptose – devido ao acúmulo de danos 
e mutações de DNA e mitocondriais (há um grau de atrofia 
cerebral). Se esse prejuízo funcional interferir na qualidade 
de vida, já podemos considerar que há uma fisiopatologia 
envolvida; 
-Além disso, há produção e depósito de placas senis ou 
amiloides no tecido nervoso (substâncias amorfas e 
extracelulares, compostas por proteínas); 
 
AMILOIDOGÊNESE: 
-É o processo de produção de proteínas amiloides 
(geralmente são pouco produzidas, mas nas doenças 
especificas elas são abundantemente produzidas e não são 
degradadas, assim, se depositam); 
-O depósito pode ocorrer em qualquer órgão, mas no 
Alzheimer ocorre no cérebro; 
-Desvio para a via de produção das proteínas amiloides 
devido a mutação e essas proteínas geram morte celular; 
 
DEMÊNCIA SENIL: 
*Diminuição progressiva das funções cognitivas e de 
memória. Demência corresponde a perda de memória e não 
da consciência da realidade. A demência é uma síndrome 
clínica que pode ocorrer em qualquer indivíduo em qualquer 
idade – no entanto, a senil é específica para o idoso; 
-Causas: Alzheimer (60-80%), vascular; corpos de Lewy e 
frontotemporal; 
-A vascular é o diagnóstico diferencial. O indivíduo que 
apresenta demência devido a essa etiologia tem uma queda 
abrupta do seu nível cognitivo e isso estabiliza/ um tempo 
depois, subitamente, diminui novamente. Isso ocorre, pois 
há microinfartos, o que causa piora súbita; 
-O Alzheimer tem o componente vascular – mas sua 
principal base é a neurodegeneração de forma progressiva. 
Ou seja, o nível cognitivo do paciente vai caindo (de forma 
lenta); 
 
QUADRO CLÍNICO: 
-Problemas de linguagem: dificuldade de encontrar a 
palavra apropriada ou nome para uma pessoa da família, 
objeto ou lugar; 
-Perda da memória recente; 
-Perda da noção de tempo e lugar; 
-Diminuição das atividades diárias; 
-Mudanças de personalidade (pode apresentar 
agressividade); 
-Diagnóstico: por anamnese. Nenhum exame 
complementar dá ou descarta o diagnóstico de Alzheimer 
(já que exame de imagem mostra muito pouco). Entretanto, 
RM é melhor do TC (não vê muito a diferença da substância 
branca e cinzenta) e serve para descartar as outras 
etiologias de demência; 
Uma RM normal não descarta Alzheimer; 
RM alterada = perda de massa cinzenta/branca e atrofia 
cerebral; 
 
 
 
-Aumento a profundidade dos sulcos e giros; 
-EXAME PADRÃO-OURO: biópsia cerebral. Entretanto, é 
um procedimento muito invasivo e não é feito normalmente. 
É comum o diagnóstico ser por exclusão e clínico; 
 
POR QUE O INDIVÍDUO APRESENTA ALZHEIMER? 
FATORES DESENCADEANTES: 
-Genéticos; 
 
 
-Ambientais. 
 
-Toda doença possui seus fatores desencadeantes. 
Genericamente, os fatores genéticos e ambientais (que 
modulam a genética) interferem muito nas doenças, 
incluindo no Alzheimer; 
 
Genética + fatores ambientais = EPIGENÉTICA 
 
-Genes podem ser somáticos (herdados dos pais) ou 
podem ser frutos de mutações. Alguns genes são 
neuroprotetores e outros são de doenças. Em uma pessoa 
normal, os neuroprotetores estão ativos, entretanto, por 
algum fator externo, eles podem ser desligados. 
-Alguns genes herdados pelos nossos pais podem ser 
neurotóxicos - geralmente inativos até que sejam ativados 
por algum motivo (podem desencadear o processo de 
produção da proteína beta-amilóide, por exemplo). 
 
FISIOPATOGENIA: 
-Acetilcolina; 
-Peptídeo beta-amiloide e proteína tau; 
-Mecanismo mitocondrial e oxidativo; 
-Mecanismo inflamatório; 
-Mecanismo vascular; 
 
-Todos os mecanismos acima fazem parte da fisiopatogenia 
do Alzheimer e a fisiopatologia final é a deposição de placas 
senis que causam a degeneração neurofibrilar, 
principalmente no córtex (por isso é cognitivo); 
-Essa patologia final leva ao fenótipo: apresentação clínica 
de comprometimento cognitivo e de transtorno 
comportamental, pela morte neuronal/ falta de sinapses nas 
vias cognitivas; 
 
PATOLOGIA: 
-Placas senis + degeneração neurofibrilar 
(córtez cerebral, hipocampo, córtex entorrinal e estriado ventral) 
 
 
 
 
 
Comportamento cognitivo + Transtorno comportamental 
 
 
FATORES GENÉTICOS: 
-Formas familiares de início precoce (<10%): 
-autossômicas dominantes - famílias inteiras 
acometidas de Alzheimer de início precoce; 
-genética como fator determinante – genes no 
cromossomo 14 (pressenilina 1), no cromossomo 
1 (pressenilina 2); 
-Formas esporádicas de início tardio (mais comum): 
- Acontece sem ter necessariamente uma previsão 
ou história familiar. Pode ter sido uma mutação ou 
não ter um fator genético pré-estabelecido, mas 
em 30% dos casos achamos um histórico familiar; 
 
-70% dos casos não há história familiar; 
-O principal gene está no cromossomo 19 que é o 
gene que codifica a apolipoproteina E-APOE. Além 
dele, também: PICALM, CLU, CR1, BIN1, TREM2; 
-Para Alzheimer, tudo que há de hipótese para 
fator ambiental não é muito comprovado. Ativar 
cérebro é um fator muito protetor para outras 
doenças e para déficit de memória da senilidade, 
mas não exatamente para doenças 
neurodegenerativas. 
 
A) DIMINUIÇÃO DA ACETILCOLINA: 
-O primeiro fator de fisiopatologia é a acetilcolina. Ela é um 
neurotransmissor; 
-A maioria dos neurônios do córtex cerebral são da via de 
produção de acetilcolina, ou seja, atuam principalmente 
usando a acetilcolina; 
-A ACh é liberada na fenda sináptica pelo neurônio pré-
sináptico e se liga nos receptores nicotínicos e muscarínicos 
– ativa, então, o neurônio seguinte; 
-Quando os neurônios começam a degenerar, já existe uma 
redução na atividade da colina-acetiltransferase (enzima 
que ajuda a produzir acetilcolina); 
-O paciente com Alzheimer, mesmo antes do neurônio 
morrer, tem diminuição da produção de acetilcolina e, 
consequentemente, diminuição da transmissão colinérgica 
e da sinapse/ativação dessas vias; 
-Hoje, o principal alvo terapêutico para o Alzheimer é a via 
da acetilcolina. 
 
B) AUMENTO DA PRODUÇÃO DE PBA: 
-Em um indivíduo sadio há uma série de proteínas 
transmembrânicas, entre elas a proteína especifica APP 
(proteína precursora amiloide); 
-Quando um neurônio quiser produzir fatores de 
proteção/de crescimento neuronal, a enzima alfa secretase 
quebra a APP (destaca uma parte dela, que vai ser 
degradada pelas células da glia e transformada em fatores 
de proteção/crescimento neuronal); 
-Já o indivíduo com Alzheimer, ao invés de ter predomínio 
da enzima alfa secretase,há uma mudança da via e começa 
a produção das enzimas beta secretase e gama secretase; 
-Enquanto a alfa quebra a proteína em baixo, a beta quebra 
a proteína em cima e, com isso, o peptídeo beta amiloide (o 
elemento “do meio”) é solto em grandes quantidades para o 
meio extracelular (fora do neurônio); 
-Assim, o PBA começa a se depositar e formar oligômeros 
e a placa senil/placa beta amiloide. Com isso, há depósito 
de peptídeos beta amiloides no interstício; 
-Essa placa senil é a grande responsável por começar todos 
os processos de degeneração, atrapalhando as sinapses, 
ativando células da glia para produzir substâncias 
neurotóxicas; 
-Ela interrompe sinapses e incentiva a produção de 
mediadores neurotóxicos pelas células da glia; 
-Ela não tem função, mas uma vez sendo produzida e 
depositada, inicia cadeias que levam a destruição dos 
neurônios; 
 
 
 
-No lado esquerdo há o peptídeo com funções neuronais 
protetores. No lado direito há o peptídeo beta amiloide 
neurotóxico; 
-O aumento da produção (secretase) e a diminuição da 
remoção (apolipoproteína) gera a deposição da PBA e 
formação de placas senis no meio extracelular, causando 
alteração das sinapses e liberação de mediadores 
neurotóxicos por células da glia; 
 
 
 
 
 
 
 
-A apolipoproteína é mutada, o que vai fazer com que tenha 
função diferente e ative a cascata de produção de peptídeo 
beta amiloide; 
-O gene apoE vai ser transcrito em RNAm, que vai para o 
citoplasma e nos ribossomos vai ser traduzido na proteína 
propriamente dita; 
-Essa apolipoproteina E tem diferentes isoformas. Os tipos 
1, 2 e 3 são os normais (o 2 é o mais comum) → essa 
proteína fica na membrana, ajuda a pegar um pouco de 
colesterol externo para entrar dentro no neurônio e manter 
produção de membrana citoplasmática e, além disso, a 
apoE 2 tem função neuroprotetora (quando está ativa 
quebra a proteína beta amiloide); 
-No Alzheimer, esse gene fica mutado para uma isoforma 
ApoE tipo 4, fazendo com que uma nova proteína seja 
produzida (a apolipoproteína do tipo 4) e tenha a sua função 
distorcida. Ela traz colesterol em grande quantidade para 
dentro da célula (o que é maléfico, pois vai se depositar no 
neurônio) e ao invés de destruir, induz a produção de 
proteína beta amiloide (pois ativa a produção da enzima 
beta-secretase); 
-Lembrando que a beta-secretase estimula o 
processamento da APP, quebra o precursor da proteína 
amilóide, aumentando, assim, os oligômeros; 
-Além disso, ativa a fosforilação Tau; 
-40-60% dos pacientes com doença de Alzheimer 
esporádica têm um alelo ε4 (essa mutação); 
-Obs: quem tem esse gene não necessariamente tem a 
doença, pois ele pode ficar inativo a vida toda. 
 
 
 
 
C) FOSFORILAÇÃO DA PROTEÍNA TAU: 
-A proteína Tau é responsável por estabilizar o 
citoesqueleto (citoesqueleto = configurações proteicas que 
dão forma a célula); 
-O citoesqueleto dos neurônios é de suma importância para 
que ele exerça sua função e realize sinapses; 
-No paciente com Alzheimer, essas proteínas são 
fosforiladas e perdem a função de estabilizar o 
citoesqueleto (elas “entortam”); 
-Com isso, há destruição do citoesqueleto → neurônio 
começa a ficar “deformado” e, além disso, as proteínas que 
foram fosforiladas se agregam (escondendo a parte 
hidrofóbica para dentro) formando emaranhados 
neurofibrilares; 
-Neurônio fica sem formato, cheio de depósitos, que são 
alvos de destruição – leva a morte celular; 
-Mesmo que sejam proteínas do organismo, quando estão 
em formatos diferentes elas são reconhecidas como corpos 
estranhos que vão ser destruídos pelas cascatas 
imunológicas e de estresse oxidativo (isso destrói os 
neurônios). 
 
 
 
 
 
 
-Em uma via fisiológica existe a alfa-secretase 
predominante, degradando o precursor da proteína amilóide 
e há produção de fator de proteção/crescimento neuronal; 
-Na via amiloidogênica (patológica) há a mutação da 
ApoE4, que vai ajudar a induzir a atividade da beta e gama-
secretase, assim como, não vai limpar os peptídeos beta 
amilóides. Devido a hiperativação da beta e gama-
secretase o precursor beta amilóide vai ser degradado em 
peptídios beta amilóides. Os peptídios se gregam formando 
oligômeros, que se agregam formando as placas amilóides. 
A placa amilóide pode, por si, matar o neurônio, mas, 
também, pode ser reconhecida como corpo estranho – o 
que ativa células inflamatórias, induzindo estresse oxidativo 
e dano mitocondrial – causando mais morte neuronal; 
O estresse oxidativo, o PBA e a mutação da apolipoproteína 
4 pode ativar a fosforilação da proteína TAU. Assim, há a 
perda de citoesqueleto e forma os neurofilamentos. Além de 
contribuir para a morte neuronal; 
Os neurofilamentos geram mais inflamação (reconhecidos 
como corpos estranhos). 
 
 
 
MECANISMOS MITOCONDRIAL E OXIDATIVO: 
 
-A mitocôndria tem como uma das suas funções fazer a 
limpeza dos radicais livres de oxigênio, que são 
extremamente tóxicos (podem ativar mecanismos de 
destruição/apoptose); 
-Os radicais livres são produzidos pela cadeia resporatória; 
-Entretanto, a célula idosa tem mitocôndrias com disfunções 
– portanto, há mais dificuldade em remover os radicais livres 
(estresse oxidativo) e proteínas (gerando a amiloidose); 
-O estresse oxidativo e a PBA são tóxicos e pioram a função 
mitocondrial – isso gera um ciclo vicioso. Além disso, eles 
aumentam a vulnerabilidade à tóxicos (efeito neurotóxico) e 
induzem a apoptose de neurônios por fosforilação. 
 
MECANISMO INFLAMATÓRIO: 
 
-Tanto os níveis elevados da PBA e das placas senis como 
os emaranhados neurofribrilares se comportam como 
corpos estranhos e ativam sistema imune; 
-Inicialmente são ativados os astrócitos e micróglia 
(macrófagos do SNC) que vão liberar citocinas, IL, TNF-a, 
INFY, neurotransmissores e espécies reativas de oxigênio 
(ROS), que mobilizarão macrófagos e linfócitos através da 
barreira hematoencefálica; 
-Eles vão atravessar a barreira hematoencefálica (BHE) e 
vão inflamar o SNC; 
-Essas interleucinas (IL) ainda fazem com que os astrócitos 
façam mais amiloigenese, ou seja, há maior produção de 
beta amiloide e consequentemente mais deposição de 
placas. 
-Essa inflamação leva à morte celular; 
-Os macrófagos do SNC reconhecem os PBA e são 
ativados, aumentando a expressão da COX2 e produzindo 
as interleucinas (IL-1beta, IL-6 e TNF-alfa); 
-Além disso, vai produzir óxido nítrico e radicais livres de 
oxigênio – oxidação necessária para tentar “matar” o corpo 
estranho, mas quem acaba morrendo é o neurônio; 
-As interleucinas vão “chamar” outras células do sistema 
imunológico periférico (como os astrócitos); 
-Os astrócitos ativados fazem o influxo de cálcio e 
produzem mais PBA. 
 
MECANISMO VASCULAR: 
 
-A deposição da PBA na túnica média e adventícia de 
artérias de pequeno e médio calibre é causa de micro-
hemorragias (a partir de destruição) e micro-infartos (a partir 
de obstrução): 
-Alteram suprimento de nutrientes celulares; 
-Alteram a remoção de produtos metabólicos; 
-Ativam mecanismos inflamatórios gliais. 
 
ALVOS TERAPÊUTICOS: 
1. Melhorar a função cognitiva: 
-As grandes e principais “armas” são os inibidores da 
acetilcolinesterase (enzima que degrada a ACh), eles são 
donezepil, rivastigmina e galantamina; 
-A acetilcolinesterase degrada o excesso de acetilcolina na 
fenda sináptica; 
-Pacientes com Alzheimer produzem pouca ACh, devido à 
redução da colina-acetiltransferase, então é essencial não 
degradar a ACh produzida; 
-Com os inibidores da acetilcolinesterase há mais sinapses 
na fenda sináptica – ou seja, mais atividade neuronal → 
melhora da função cognitiva. Entretanto, isso não age 
diretamente na doença, não impede a progressão; 
-Se houver a continuação da produção da PBA – como 
acontece – esses neurônios serão destruídos, então os 
inibidores da acetilcolinesterase não terão onde agir; 
-Funciona mais no início da doença, pois no final não há 
acetilcolina sendo produzida, então não tem como agir; 
 
2. Tentar controlar alterações comportamentais(controle 
dos sintomas): 
-Depressão (inibidores da recaptação da serotonina); 
-Anti-psicóticos ou psicoestimulantes; 
 
3. Tentar diminuir a progressão/evolução da doença (em 
pesquisa): 
-Atividade anti-amiloidogênica; 
-Anti-inflamatórios (Inibidores seletivos da COX2). 
 
Doença de Parkinson: 
-Segunda doença neurodegenerativa mais comum; 
-3% em maiores de 65 anos; 
-A doença de Parkinson é responsável por 70% das 
síndromes parkisonianas ou parkisonismo; 
-É uma doença mais prevalente em idosos; 
-Doença de Parkinson é um tipo de síndrome 
parkinsoniana/parkinsonismo, que é uma síndrome clínica 
composta por 3 principais alterações (tríade): tremor, rigidez 
e bradicinesia (movimentos lentos) ou oligocinesia (poucos 
movimentos); 
-A síndrome parkisoniana ou parkisonismo não é sinônimo 
de doença de Parkinson! 
 
 
 
PARKISONISMO 
1- Primário ou idiopático (doença de Parkinson); 
2- Secundário ou adiquirido: 
-Infecção: parkisonismo pós-encefálico; 
-Toxinas: manganês, monóxido de carbono; 
-Medicamentos: reserpina, alfa-metildopa, 
metoclorapramida, cinarizina, flunarizina; 
-Vascular: trauma e tumor; 
 
 
 
SINTOMAS DO MAL DE PARKINSON: 
-Tremor, rigidez e bradicinesia; 
 
EXAMES DIAGNÓSTICOS: 
-A RM é uma boa opção (muito boa para analisar a 
substância branca - neurônios), não confirma e nem 
descarta a doença, mas é importante para descartar 
diagnósticos diferenciais; 
-Os marcadores laboratoriais não ajudam muito; 
-No Alzheimer e no Parkinson a análise de líquor ajuda 
muito pouco; 
-Ou seja: o diagnóstico é clínico e por exclusão; 
-Pode existir a hipointensidade no núcleo putâneo visto na 
RM; 
-O padrão-ouro ainda é a punção cerebral, que, 
normalmente, não é feita. 
 
 
COMO E POR QUE ACONTECE? 
 
DESENCADEANTES: 
 
-Fatores Genéticos: 
 1. Formas Familiares (<10%): 
-As formas familiares são aquelas em que existe 
um acometimento característico na família. 
Possuem genes (mais de 15 conhecidos) 
diferentes do Alzheimer. Podem ter padrões de 
herança variados, não são todos dominantes. 
Essas formas familiares são raras; 
 
 2. Formas Esporádicas: 
-Fatores Ambientais- exposição crônica a 
neurotoxinas, como pesticidas, herbicidas, 
manganês, mercúrio, cianeto, dissulfeto de 
carbono, solventes e produtos petroquímicos; 
*Os fatores ambientais do Parkinson são mais 
conhecidos do que os do Alzheimer; 
 
FISIOPATOGENIA: 
 
-Presença de corpos de Lewy: 
-O que se destaca de diferente do Alzheimer, é que 
a proteína beta amiloide não está envolvida e, sim, 
os corpos de Lewy; 
-Os corpos de Lewy também são depósitos de 
proteína e são reconhecidos como corpos 
estranhos que vão induzir resposta inflamatória e 
estresse oxidativo – leva a morte de neurônios; 
-A proteína alfa-sinucleína existe no citoplasma do 
neurônio. Por conta de mecanismos genéticos 
típicos do Parkinson, elas não conseguem se 
dobrar; 
-Ao perder a conformação final, não há exposição 
de aminoácidos reconhecidos pelo organismo (é 
considerado, então, corpo estranho); 
-Há a exposição de resíduos hidrofóbicos, que não 
conseguem andar livremente pelo citoplasma, se 
juntam para “esconder” a parte hidrofóbica; 
-Quando se juntam formam agregados 
citoplasmáticos de proteínas neurofilamentares 
(chamados de corpúsculo de Lewy); 
-São intracelulares; 
 
 
 
 
 
-Neuroinflamação: 
-Dentro do neurônio há um processo de mutação 
→ a proteína a-sinucleína não é dobrada, forma 
proteína anômala → se deposita em corpúsculos, 
que degeneram o neurônio → proteína passa a ser 
disponível no meio extracelular; 
-A proteína pode ser apresentada na superfície do 
neurônio ou pode ir para o meio extracelular 
quando causar a degeneração do neurônio; 
-A alfa-sinucleína anômala será exposta para as 
células da micróglia. O receptor que irá ser ativado 
por esse antígeno, nas células do sistema imune 
inato, são chamados de PAMP’S – no caso, os 
TLR; 
-O antígeno seria o DAMP (padrões moleculares); 
-Isso ativa o macrófago do SNC a produzir as 
interleucinas – as mesmas produzidas no processo 
inflamatório do Alzheimer; 
-As interleucinas ativam linfócitos, células 
dendríticas e monócitos na barreira 
hematoencefálica, que serão ativados pelos 
mesmos PAMP’S e interleucinas locais, e irão 
destruir os neurônios; 
-A relação é feita entre os DAMP’S e PAMP’s. Os 
PAMP’s recebem o DAMP’S. 
 
 
 
-Estresse oxidativo e disfunção mitocondrial: 
-A proteína estranha ativa as células do sistema 
imunológico que vão produzir radicais reativos de 
oxigênio, que atacam moléculas-chave → 
enzimas, fosfolipídios e DNA; 
-Degradação da dopamina em ácido 3,4-
dihidrofenilacético pela MAO → peróxido de 
hidrogênio (na presença de ferro) → radicais 
livres hidroxila → NEUROTOXICIDADE (a própria 
dopamina, na hora que o neurônio é destruído, 
reage com radicais de oxigênio e se torna uma 
substância muito neurotoxica); 
 
 
PATOLOGIA: 
-Tudo isso, no fim das contas, mata os neurônios 
dopaminericos (são neurônios da via dopaminérgica que 
tem seu corpo na substância negra e o axônio vai até os 
núcleos caudado e putamen), que perdem a substância 
negra; 
-No Alzheimer morriam neurônios de cortex cerebral, já no 
Parkinson há a morte progressiva de neurônios 
dopaminérgicos nigrais dos gânglios basais; 
-Se esses neurônios morrem há a queda da produção de 
dopamina, ou seja, tenho a clínica de um comprometimento 
principalmente motor (no início) que depois evolui para um 
comprometimento cognitivo; 
 
-Morte de neurônios da via nigroestriatal (mecanismos 
ainda não tão conhecidos): 
-Corpos celulares na substância negra; 
-Axônios para nucleos caudado e putamen; 
 
 
 
-Despigmentação (neuromelanina), já que houve a 
morte; 
-Diminui nível de dopamina para os núcleos; 
 
-Com a diminuição da dopamina, a acetilcolina 
aumenta seus níveis – gerando contração 
muscular e por isso esse paciente vai ter uma 
rigidez; 
-Ou seja: 
DOPAMINA é um neurotransmissor, que possui 
controle motor, cognição, compensação, prazer e 
humor; 
Os receptores dopaminérgicos (D1, D2, D3, D4 e 
D5) estão distribuídos SNC; 
 
 
ALVOS TERAPÊUTICOS: 
-Todo essas medicações só fazem sentidos serem 
administrados quando o paciente ainda tem neurônios, pois 
eles não diminuem a progressão da doença; 
 
1. Levodopa (L-DOPA): 
-Precursor metabólico da dopamina; 
-Quando chega no SNC, os neurônios conseguem captar e 
vão ter mais chance de tentar produzir a dopamina; 
-Nas terminações pré-sinápticas de neurônios 
dopaminérgicos do estriado, convertida em dopamina por 
descarboxilação; 
 
2.. Agonistas dopaminérgicos e inibidores da 
monoaminoxidase (MAO): 
-MAO é uma enzima que degrada neurotransmissores 
como a dopamina; 
 
3. Anti-colinérgicos: 
-Melhoram a rigidez do paciente. 
 
 
PLACA AMILÓIDE X CORPÚSCULO DE LEWY 
(extracelular x intracelular)

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