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Patologia Básica - Robbins cap. 12 Bogliolo - cap. 15 Endocardit� Inflamação do endocárdio O epitélio pavimentoso simples do endocárdio reveste as valvas, as cordas tendíneas, músculos papilares e parede mural (de ventrículo e de átrio) A inflamação do endocárdio pode acontecer em qualquer uma dessas estruturas A região que possui maior incidência de inflamação são as valvas cardíacas Principais valvas que sofrem inflamação: - valva atrioventricular esquerda (mitral) - valva aórtica Mais comum no lado esquerdo A endocardite pode ser: - infecciosa/bacteriana: causada por bactérias ou fungos - não infecciosa/trombótica não bacteriana (ETNB): possui duas apresentações a) ETNB Marântica: comum em em pacientes com adenocarcinoma mucinoso. A mucina produzida em decorrência desse câncer é um fator pró-coagulante, padrão favorável à formação de trombo. Paciente fica em estado de hipercoagulabilidade. Paciente também apresenta caquexia, perde massa magra muito rápido b) ETNB Libman-Sacks: associada à lúpus eritematoso sistêmico (doença autoimune). Nesses pacientes há grande formação de complexo imune. Grande quantidade desse complexo, quando depositado no endocárdio gera inflamação Características dessas duas apresentações (infecciosa e não infecciosa) Aparecimento de vegetações -> trombo, principalmente na valva Vegetação: trombo na valva O que leva formação de trombo: ● lesão do endocárdio ou disfunção do endocárdio Complicação da endocardite: Embolia -> um fragmento do trombo pode soltar-se e ficar livre na circulação, podendo parar em qualquer lugar da vasculatura, levando a diferentes repercussões Vegetações Paciente pode apresentar algum problema no fechamento das valvas, ocorrendo mau fechamento delas apresentando a característica clínico de sopro Além da formação de sopro está havendo necrose, inflamação, destruição da valva 1 Camila Guimarães Santos Endocardit� � Miocardit� Disfunção total Endocardite Infecciosa: tipo mais comum Inflamação do endocárdio provocada por microrganismos, principalmente bactérias Etiologia: bacteriana Essa inflamação pode ocorrer nas: valvas cardíacas cordas tendíneas próteses valvares defeitos nos septos endocárdio mural Região mais comum de vegetações: valvas cardíacas do lado esquerdo Endocardite formada em valva nativa: valva normal Endocardite formada em valva não nativa: próteses valvares Pacientes com prótese valvar possuem maiores chances de desenvolver endocardite, devido à remoção cirúrgica da prótese nativa, ocasionando uma grande lesão, levando a formação de trombo que é alta por causa da lesão. Na maioria dos casos, para haver endocardite, deve haver uma lesão prévia do encardido. A lesão pode ser: - congênita - adquirida Exemplos de lesões prévias que favorecem a formação de trombo e o desenvolvimento de endocardite infecciosa: cardiopatia reumática prolapso da valva AVE valvas aórticas bicúspides estenose valvar calcificada próteses valvares cardíacas marca-passos cateteres vasculares Patogenia Sequência de eventos da colonização bacteriana Até a formação do trombo podemos chamar de endocardite não infecciosa, quando há colonização de bactérias no trombo, é endocardite infecciosa Antes de ter evolução para endocardite infecciosa, há passagem pela endocardite não infecciosa Endocardite infecciosa pode ser classificada de acordo com sua manifestação clínica: - Endocardite infeciosa aguda - Endocardite infecciosa subaguda Tem como base a velocidade e a gravidade da evolução clínica Quem determina a apresentação clínica aguda ou subaguda é a virulência do microrganismo ↪ Endocardite infecciosa aguda: apresenta sintomas mais rápidos e intensos Agente causador possui alta virulência Agente agressor: Staphylococcus aureus Pode ocorrer em valvas não lesadas ou com lesão prévia Possui rápida lesão necrosante e destruição Traz manifestações clínicas agudas porque rapidamente evolui para lesão necrosante e destruição de tecido Só a utilização de antibiótico não é suficiente, necessita de procedimento cirúrgico para correção valvar e remoção das vegetações 2 Camila Guimarães Santos Comum entre as endocardites: formação de trombo e vegetações Paciente evolui rapidamente para óbito ↪ Endocardite infecciosa subaguda: Baixa virulência do agente agressor Agente agressor: Streptococcus viridans Coloniza tecidos previamente lesados, principalmente valvas Baixa destruição tecidual Evolução lenta Uso de antibiótico Patogênese da endocardite infecciosa Fatores: 1) Lesão prévia do endocárdio 2) Bacteremia ou fungemia transitória ou persistente: presença de bactérias ou fungos no sangue -> favorece a colonização do trombo Quadros que favorecem bacteremia transitória Infecção urinária, infecção pulmonar, procedimentos odontológicos etc. A colonização de bactéria no trombo ativa o sistema imune ativando o processo inflamatório. O trombo aumenta por causa das citocinas inflamatórias que provocam disfunção das células. Quanto maior a resposta inflamatória no local maior é o estímulo de crescimento do trombo. Lesão prévia -> formação de trombo -> trombo é colonizado por bactéria -> resposta inflamatória do sistema imune para combater as bactérias -> monócitos induzem inflamação no local -> liberação de citocinas pró-inflamatórias -> aumenta estímulo para formação de trombo -> trombo aumenta de tamanho por causa do aumento do estímulo para formar trombo por citocinas ou pelas endotoxinas liberadas pela bactéria Macroscopia Vegetações friáveis : trombos que se desmancham facilmente A vegetação friável pode gerar êmbolo, por se desmanchar. A vegetação friável é grande, volumosa e potencialmente destrutiva Vegetações friáveis possuem capacidade de destruição por causa da alta virulência do agente e por causa da resposta inflamatória Vegetações friáveis possuem fibrina, células inflamatórias e o microrganismo Dependendoda virulência do agente agressor e da intensidade da resposta inflamatória as vegetações podem causar erosão, destruir o tecido valvar, alcançar o miocárdio e causar abscesso cavitário no miocárdio Erosão total da valva Microscopia da endocardite infecciosa - Fase inicial: fase aguda Presença de fibrinas, células inflamatórias e o microrganismo (agente agressor) - Estágio crônico 3 Camila Guimarães Santos Quanto maior a virulência maior a agressividade do agente e mais rápido o paciente pode evoluir para óbito Formação de tecido de granulação -> indicativo de cronicidade do processo Com o tempo no tecido de granulação há células inflamatórias que evoluem com fibrose e calcificação Complicações das vegetações - Embolização: pequeno fragmento da vegetação se solta e fica livre na circulação. Esse êmbolo pode gerar infartos sépticos (infarto branco ou vermelho) e aneurismas micóticos. Como o trombo está colonizado por bactérias, consequentemente o êmbolo também está colonizado -> êmbolo séptico Embolo séptico pode provocar aneurisma por causa da reação inflamatória que vai ocorrer nos vasos devido à presença de bactérias no êmbolo que leva ao enfraquecimento da parede Reação inflamatória na parede do vaso -> parede fica mais frágil -> aneurisma Se a vegetação é formado na valva atrioventricular direita, o órgão que vai sofrer infarto é o pulmão, por causa da embolização Pode ocorrer alterações locais na embolização, como erosão e abscesso Infarto branco renal Processo inflamatório Características clínicas de endocardite Presença de sopro Hemorragias no leito ungueal (petéquias na ponta das unhas Hemorragia de retina (manchas de Roth) Lesões eritematosas indolores na palma das mãos ou na sola dos pés (lesões de Janeway) Nódulos doloridos nas pontas dos dedos (nódulos de Osler) Paciente pode apresentar febre, calafrios. Diagnóstico Cultura de sangue positiva e pelos achados ecocardiográficos Critérios de Duke modificados: critérios que favorecem o diagnóstico de endocardite Critérios maiores e critérios menores Critérios maiores: hemocultura positiva que aponte o microorganismo, ecocardiográfica de massa ou abscesso relacionados a valva ou implante e presença de sopros novo Critérios menores: uso intravenoso de droga, febre, lesões vasculares associadas como hemorragias subungueais, presença de nódulos de Osler, manchas de Roth Resumindo... Endocardite infecciosa: formação de trombo com lesão prévia ou sem lesão prévia quando o agente possui alta virulência. Mais comum com lesão prévia. Ocorre formação de trombo + bacteremia Reação inflamatória 4 Camila Guimarães Santos Bacteremia pode ser causada por várias condições. Endocardite mais comum nas valvas esquerdas, pessoas usuárias de droga intravenosa possuem maior chance de endocardite das valvas do lado direito Endocardite pode ser classificado como aguda e subaguda, a virulência determina essa classificação. Principal fungo da endocardite: candida aureus Paciente imunocomprometido possui alta chance de bacteremia Vegetação colonizada por bactérias pode ocasionar alterações locais, como erosão, comprometimento do miocárdio, formação de abscesso Complicações extracardíacas da endocardite infecciosa: embolização que leva a aneurisma e infarto séptico. Valva comprometida do lado esquerdo: cérebro Vegetação do lado direito: pulmão Endocardite Trombótica Não Bacteriana (ETNB) Formação de pequenas massas trombóticas, ou seja, pequenas vegetações constituídas por fibrinas e plaquetas. Os trombos são formados por fibrinas e plaquetas São trombos estéreis e não destrutivos Estéreis: não colonizados por bactérias ou fungos Não destrutivos: ausência de agente agressor e ausência de inflamação Complicações da ETNB Embolia -> pode levar a um infarto asséptico Condições que favorecem a ETNB Hipercoagulabilidade Coagulação intravascular disseminada crônica (CID) -> comum em sepse Hiperestrogênicos -> favorece a hipercoagulabilidade Tumor maligno (adenocarcinoma mucinoso) -> a mucina é um fator pró-coagulante São condições que levam a um estado de hipercoagulabilidade que causam a ETNB Complicações Embolização: causa infarto no encéfalo, coração ou outros órgãos A formação da ETNB pode servir como ninho para colonização de bactérias e dar origem a endocardite infecciosa Microscopia Trombo mais frouxo, não fica tão aderido à superfície do endotélio Endocardite trombótica não bacteriana (ETNB). A. Fileira quase completa de vegetações trombóticas ao longo da linha de fechamento dos folhetos da valva mitral (setas) . B. Fotomicrografia de ETNB, mostrando um trombo ecido, praticamente sem presença de inflamação na cúspide valvar (c) ou no depósito trombótico (t). O trombo está apenas frouxamente fixado à cúspide (seta) Não tem resposta inflamatória associada Trombo: formado por fibrinas e plaquetas. Pode ter células inflamatórias, porém em menor quantidade ↪ Endocardite de Libman-Sacks: formação de vegetações estéreis, ausência de presença de microrganismo. As vegetações são formadas pela formação de complexo autoimune devido a doença autoimune, lúpus eritematoso sistêmico. Esses trombos são formados por deposição de complexos imunes. Na doença autoimune tem grande formação de complexos autoimunes que quando é depositado em uma superfície, como na valva, desencadeia uma resposta inflamatória Além da formação da vegetação há também necrose do tecido valvar, uma necrose fibrinóide associada 5 Camila Guimarães Santos Essa endocardite compromete além da valva, cordas tendíneas, endocárdio mural de átrio e de ventrículo Complicações da Endocardite de Libman-Sacks Embolia Miocardit� Inflamação do miocárdio, decorrente de uma reação infecciosa ou não infecciosa Uma endocardite pode levar a uma miocardite Miocardite é a mesma coisa que infarto agudo do miocárdio (IAM)? Não Na miocardite o que vai gerar a lesão dos cardiomiócitosé o próprio infiltrado inflamatório. No IAM ocorre isquemia -> necrose -> células inflamatórias Na miocardite ocorre inflamação -> necrose de cardiomiócitos Na miocardite a morte de cardiomiócitos surge depois da inflamação e no IAM ocorre primeiro morte dos cardiomiócitos e depois resposta inflamatória O que causa inflamação: ERO, ERN, enzimas Diagnóstico da miocardite As sintomatologias são parecidas com IAM Padrão ouro: biópsia da região ventricular, biópsia endomiocárdica Análise histológica Clínica Paciente apresenta fadiga: se o ventrículo está inflamado a contratilidade é comprometida, a perfusão tecidual e o volume sistólico baixo. Paciente relata dispneia -> volume sistólico menor, sangue fica acumulado no ventrículo e depois no átrio em seguido no pulmão -> comprometimento pulmonar Angina, palpitações, febre Miocardite evolui para infarto? Não Infarto: necrose provocada pelo isquemia Miocardite: morte do tecido ocorre por inflamação Principais causas de miocardite (etiologia) Infecções virais, principalmente pelo Coxsackievírus A e B e Enterovírus Outros vírus: Citomegalovírus (CMV) Influenza, HIV, SARs-COV 2 A infecção viral causa a morte dos cardiomiócitos por lesão citotóxica direta ou por inflamação frente a resposta ao vírus Etiologias (causas) 1) Infecciosa Causa: vírus, bactérias, fungos, protozoários 2) Não infecciosa Causa: hipersensibilidade I e III 3) Idiopático: não se sabe a causa, mas há presença de células gigantes. Agente de difícil remoção, resistente Infecção viral - > causa mais comum de miocardite O Covid é capaz de provocar miocardite e inflamação sistêmica generalizada Miocardite provocada por vírus biópsia endomiocárdica Padrão celular: predomínio de células mononucleares (macrófago e linfócito) Infecção por bactérias: infiltrado neutrofílico Outros agentes etiológicos causadores de miocardite Protozoários Trypanosoma cruzi Toxoplasma gondii Fungos Candida Aspergillus Helmintos Schistosoma mansoni Echinococcus 6 Camila Guimarães Santos granulosus Causas não infecciosas que causam inflamação do miocárdio Lúpus eritematoso: grande formação de complexo imune -> gera resposta inflamatória Hipersensibilidade a fármacos: penicilina Morfologia Inflamação no miocárdio é variável Miocárdio após a agressão pode curar-se sem ter sequelas Lesão mais grave no miocárdio provoca cicatrização (por ser células permanentes), com vários focos de fibrose Focos de fibrose compromete a diástole e sístole do coração Miocardite aguda -> coração pode parecer normal ou dilatado Estágios avançados: coração com áreas pálidas, relacionadas com fibrose, e áreas hemorrágicas Miocardite linfocítica A miocardite aguda é caracterizada por edema, infiltrados inflamatórios intersticiais e miócitos lesados Dependendo do agente e do estágio, pode haver um predomínio celular Viral: predomínio mononuclear Bacteriano: predomínio neutrofílico Se há inflamação, as fibras sofrem necrose Espaços claros -> exsudato -> edema Miocardite por hipersensibilidade (fármacos e tóxicos) Os infiltrados intersticiais e perivasculares são compostos de linfócitos, macrófagos e de grande quantidade de eosinófilos Características clínicas da miocardite Fase final do processo Dilatação das câmaras por causa da fibrose, a função sistólica não fica normal e há tendência de acumular volume. Diminuição da espessura de parede, porque corre substituição de fibra muscular por fibra colágena Miocardite de células gigantes Idiopática É uma forma bastante grave de miocardite caracterizada por intenso processo inflamatório polimórfico, contendo muitos 7 Camila Guimarães Santos eosinófilos e numerosas células gigantes multinucleadas, associado a extensa lesão e necrose dos miocardiócitos 8 Camila Guimarães Santos
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