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MED UNIFTC | 2021.1 Melissa Cristina Turma A | TUT 03 Anti-Inflamatórios Não Esteroidais (AINES) • Os AINES são empregados no tratamento da inflamação, dor e febre. Mais comumente agem inibindo as prostaglandinas sintases, enzimas conhecidas como ciclo-oxigenase (COX). Esses anti-inflamatórios não possuem a estrutura parecida ao colesterol e não atuam via receptor glicocorticoide. Caso clínico: Uma mulher de 53 anos, de outra forma saudável, foi admitida no pronto-socorro após dois episódios de hematêmese e uma única fezes melênicas. Ela negou dor ou desconforto abdominal e não relatou história pessoal ou familiar de úlcera gástrica. O paciente relatou ter recebido naproxeno 500 mg duas vezes ao dia durante os 2 dias anteriores para uma entorse de tornozelo. Ao exame, a paciente apresentava-se hipotensa em decúbito dorsal, com pressão arterial de 90/30mmHg, e taquicárdica, com frequência cardíaca de 130 batimentos por minuto. O exame abdominal foi benigno, sem sensibilidade. A hemoglobina era de 10,2g/dL e o hematócrito de 33,4%; todos os outros valores laboratoriais avaliados estavam dentro dos limites normais. A endoscopia revelou úlcera gástrica hemorrágica de 1×1 cm no antro com vaso visível, que foi cauterizado no momento da endoscopia. As biópsias do antro e do corpo foram negativas para Helicobacter pylori. O cauterização foi bem-sucedido e o paciente foi tratado com um inibidor da bomba de prótons (IBP) intravenoso e permaneceu hospitalizado para observação e avaliação de ressangramento. Durante a internação, a paciente fez a transição para um IBP oral. Após 2 dias sem evidência de ressangramento e com os sinais vitais da paciente voltando ao normal, ela recebeu alta para casa com um IBP oral. Seu naproxeno não foi continuado. Observações: 1- O uso do remédio naproxeno causou a úlcera gástrica na paciente. Esse remédio é um AINES. 2- O inibidor de bomba de prótons reduz a produção de H+ para assim, diminuir o dano da parede gástrica. 3- Compreende-se então que, um dos efeitos adversos dos AINES é as complicações gastrointestinais (dispepsia, hemorragia, úlceras e entre outros). Junto a isso, com efeitos renais e inibição de coagulação. Histórico dos AINES Þ O pesquisador Vane relatou o mecanismo de ação de três AINES: Indometacina, aspirina e solicilato de sódio. Observou que, conforme aumentava a concentração dos AINES diminuía mais a síntese de prostaglandinas. Fisiopatologia da Inflamação • Inflamação é uma sucessão de mudanças que ocorre em um tecido vivo quando este for danificado (trauma, infecção, temperatura, tumores e toxinas). Os pilares que sustentam a inflamação são: calor, edema, dor, rubor e quando não resolvido perda de função. O organismo tem capacidade de produzir substancias pró- inflamatórias (prostaglandina, IL-1 B e TNF- alfa) e anti- inflamatórias (TGF-B, IL-13 e IL-10). 400 a.C -> Uso de folhas de Salix alba para dores e cicatrizações. Farmacologia AINES AINES 1500 a.C -> Efeitos anti- piréticos e anti- inflamatórios da folha do salgueiro (Salix alba). 1897-> Foi adicionado o grupamento acetil ao ácido salicílico. 1994-> Consumo de 50 mil toneladas de aspirina, 1- Lesão tecidual libera histamina e aumenta o fluxo sanguíneo; 2- A histamina provoca extravasamento dos capilares, liberando fagócitos e mediadores inflamatórios no meio; 3- Fagócitos englobam bactérias, células mortas e resíduos celulares; 4- Plaquetas se movem para fora dos capilares a fim de iniciar o processo de controle e reparo da lesão; Þ Uma vez que o medicamente reduz essa sinalização inflamatória, torna-se um anti-inflamatório. Pois assim, a quantidade de moléculas pró-inflamatórias no tecido é diminuída. 1- A partir da lesão tecidual, inicia-se a produção de citocinas pró-inflamatórias. 2- Quando liberadas, estimulam a saída dos fosfolipídeos de membrana. Estes, por sua vez, são substâncias iniciais da cascata de produção de mediadores inflamatórios. São substrados da enzima fosfolipase A2, que irá converte-los em ácido araquidônico. 3- O ácido araquidônico é convertido pela COX em Prostaciclinas, Prostaglandinas e Tromboxanos. Prostaciclina: Vasodilatação e Inibição de agregação plaquetária. Prostaglandina: Dor, febre, vasodilatação, inibição da secreção do ácido gástrico e aumento da secreção de muco gástrico (ao se utilizar AINES, pode causar lesões gástricas). Tromboxano: Agregação plaquetária e vasoconstricção. Se há um fármaco capaz de inibir a COX, isso significa que irá ter uma redução dos efeitos inflamatórios. Tratamento O objetivo do tratamento é aliviar os sintomas, preservar a função e retardar ou deter a lesão tecidual. Essa classe de substância são fármacos que normalmente possuem propriedades anti-inflamatórias, antipiréticas e analgésicas. Cicloxigenase 1 e 2 Os AINES são antagonistas, competitivos e reversíveis da COX. Impedindo assim, a conversão do ácido araquidônico. Importante: Þ O canal de acesso ao sítio ativo da COX 1 é mais estreito do que o da COX 2. Þ Os AINES possuem ação reversível a COX, com exceção ao ácido acetilsalicílico e seletivos COX 2, que se ligam de forma irreversível. o COX-1: Acreditava-se que a COX-1 era apenas uma enzima constitutiva (produzida fisiologicamente sem estímulo inflamatório). Þ Rins: Tem funcionalidade de produzir prostaglandina renal, importante para a manutenção do fluxo sanguíneo dos rins. Þ Plaquetas: Possui apenas a isoforma COX-1. O fato da COX-1 ser bloqueada nas plaquetas, faz com que o AAS seja utilizado para o tratamento de doenças tromboembólicas, isso porque esse fármaco possui ação irreversível (diminuindo a quantidade de COX livre dentro das plaquetas). Þ Gestação e Parto: Importante para a indução das contrações uterinas durante o parto, manutenção de uma gravidez saudável e importante para a implantação do óvulo. o COX-2: Acreditava-se que a COX-2 era uma enzima induzida (só era expressa quando a inflamação acontecia). Porém, esta por sua vez, também participa de processos fisiológicos. Exemplo: Observe na imagem acima, a evolução da expressão de COX-2 após um estímulo inflamatório. Esse experimento foi Lesão Tecidual Citocinas Pró- inflamatórias Fosfolipídio Ácido Araquidônico Prostaciclinas (PCI) Prostaglandinas (PGE) Tromboxanos (TxA2) Fosfolipase A2 COX realizado em ratos, onde administrou-se carragenina (provoca irritação no tecido) nas em suas patas. E, mediu- se a expressão de COX-2 ao longo do tempo, conforme o tempo passava a expressão aumentava. Þ Lembre-se que o canal de acesso ao sítio ativo da COX 1 é mais estreito do que o da COX 2. Isso significa que, um fármaco pequeno vai conseguir acessa ambos canais. Dessa forma, criou-se fármacos que possuem afinidade com o sítio ativo da COX, entretanto grande o suficiente para não conseguir entrar na COX-1. Dessa forma, tornando-se seletiva para a COX-2. Þ Rim: Expressa constitutivamente na mácula densa. O aumento da renina renal que ocorre depois da restrição de sódio na dieta necessita da indução de COX-2. Þ Sistema Gastrointestinal: O uso de seletivos COX-2 em animais com mucosa colônica inflamada resultou em bloqueio da síntese de PGs e aumento importante na severidade do dano na mucosa; O tratamento contínuo resultou em perfuração da mucosa e morte de 100% dos animais - papel protetor da COX-2; Animais KO para COX-2 tem resolução de úlcera gástrica diminuída. Þ Útero e Ovário: Facilita a ovulação: importante na ruptura do folículo e implantação do embrião; Sua inibição previne a ovulação; Animais fêmeas KO (Animais KO: são mutáveis geneticamente) não ovulam, múltiplas deficiências no sistemareprodutor; COX-2 expressa no parto -> Tratamento de parto prematuro com inibidores seletivos para COX-2. Þ Vasos sanguíneos: A produção de PGI2 (vasodilatadora e antitrombótica) endotelial em humanos saudáveis parece depender da COX-2. Cicloxigenase 3 Provável isoforma da COX encontrada no SNC. Medula a dor e febre no Sistema nervoso central. AINES não Seletivos contra COX-2 Classificação o Salicilatos: O ácido acetilsalicílico foi “acetilado” do ácido salicílico. • Os salicilatos possuem propriedades analgésicas, antipiréticas, anti-inflamatórias e de agregação plaquetária. Þ Possuem efeitos gastrointestinais como: dispepsia, erosão, anemia e ulceração. Þ Possuem efeitos Renais como: alteração na homeostasia, diminuição na excreção de sódio, ganho de peso, edema periférico, aumento da pressão sanguínea, diminui a secreção de potássio (hipercalemia) e insuficiência renal aguda. Þ São rapidamente absorvidos por via oral, um pouco no estômago e a maior parte nas porções iniciais do intestino delgado. Fármacos lipossolúveis, se ligam as proteínas plasmáticas e são excretados na urina. o Derivados para-aminofenóis - Acetaminofeno: Também chamado de Paracetamol. • O paracetamol possui efeitos terapêuticos como: antipirético, analgésico e baixa ação inflamatória. Dúvida: — Por que o paracetamol tem baixa ação inflamatória? EX1: IC50 = é a concentração necessária para inibir 50% da quantidade de certa enzima. Þ A concentração de acetaminofeno para inibir 50% da atividade da COX-1 é > 1000 micromolar. Assim como, para a COX-2 e para a COX-3 é necessário 460 micromolar. Þ A concentração de Aspirina para inibir 50% da atividade da COX-1 é 10 micromolar. Þ A concentração de diclofenaco para inibir 50% da atividade da COX-1 é 0,035 micromolar. Þ A concentração de ibuprofeno para inibir 50% da atividade da COX-1 é 2,4 micromolar. Observe-se então, que comparado com os outros fármacos é necessário uma alta concentração do remédio para inibir apenas 50% da enzima. O diclofenaco é o mais potente, pois necessita de uma concentração baixa para inibir 50%. EX2: Esse experimento também foi analisado a IC50 (em condições distintas) de um fármaco sobre a COX-1 e COX- 2. Þ A primeira parte do experimento, temos COX-1 + acetominofeno e SEM glutationa peroxidase, isso resultou em um IC50 de 0,76 milimolar para conseguir inibir a COX-1. Þ O mesmo experimento foi realizado: COX-1 + acetaminofeno e COM glutationa peroxidase, isso resultou em apenas 0,033 milimolar de acetaminofeno para inibir 50% da ação enzimática da COX-1. Þ A mesma situação aconteceu na COX-2. ! Isso significa que, a presenta da peroxidase aumenta a potencia do paracetamol. Þ Em um tecido inflamado há muitas espécies reativas de oxigênio. Assim, haverá pouca glutationa peroxidade, o que não irá favorecer a ligação Paracetamol + COX. Dúvida: — E como a presença da peroxidase junto com o acetaminofeno interfere na ação da COX? Ciclo de formação das espécies reativas de oxigênio: um dos produtos desse ciclo, participa da ativação da prostaglandina (para a cicloxigenase converter o ácido araquidônico em prostaglandina, ele precisa de um produto da peroxidase: COMPOSTO – 1 (forma ativa, formada com a presença de peróxidos) que fornece elétrons para o intermediário – 2 e transfere os elétrons para a cicloxigenase para produzir prostaglandina. Acontece que, o acetaminofeno parece participar na redução do composto – 1 em composto – 2 (forma inativa), reduzindo assim a ação da COX, pois haverá baixa quantidade de elétrons, diminuindo a formação de prostaglandina. o Diclofenaco: • O diclofenaco possui efeitos terapêuticos de analgésico, antipirético e anti-inflamatório. Sua absorção é completa via oral e no intestino. Absorção após alimentação é retardada, mas a concentração final é semelhante. Possui ligação a proteínas plasmáticas de 99,7%, biotransformação hepática e excretado na urina (60% como conjugado glicuronico – é uma estratégia do nosso corpo em que há conjugação de moléculas exógenas com endógenas, para aumentar a hidrossolubilidade do fármaco para que tenha sua eliminação mais facilmente. E também como metabólico). o Coxibes: • São anti-inflamatórios inibidores seletivos da COX-2. Estrutura maior. Þ O remedeio Rofecoxib, foi o primeiro fármaco a ser produzido dessa classe. No entanto, fez-se um estudo com pacientes que possuíam câncer de cólon que tomaram o remédio por três anos, notou-se que, esses pacientes apresentaram duas vezes mais riscos de problemas cardiovasculares, como ataques cardíacos e derrame, do que os que tomaram placebo. Þ Atualmente, o remédio inibidor de COX mais utilizado é o Celecoxib. • O celecoxib possui absorção via oral e assim como o diclofenaco, se este for administrado com alimentos provoca um retardo em sua absorção (principalmente se for rica em gorduras – aumenta a biodisponibilidade do celecoxib em 20%, pois o lipídio se liga as moléculas do remédio o tornando mais lipossolúvel). Possui biotransformação hepática e excreção hepática. Efeitos Adversos o COX-1: Ao se inibir COX-1, tem-se eventos como: úlceras, sangramentos no GI e problemas renais. o COX-2: Ao se inibir COX-2, tem-se eventos como: hipertensão, infarto do miocárdio e problemas renais. Þ Efeito na parede gástrica: 1- Tem-se os AINES inibindo a ação da COX-1. 2- Ao bloquear a ação da COX-1, não haverá transformação do ácido araquidônico em prostaglandina. 3- Com menos prostaglandina, haverá menor produção de muco, menor secreção de bicarbonato e diminuição do fluxo sanguíneo. 4- Uma menor produção de muco, ocasionará menor proteção do epitélio gástrico ao ácido estomacal. O bicarbonato é importante para neutralizar o H+ e com menos HCO3- potencializa a ocorrência de lesão gástrica. A vasoconstricção permite menor disponibilidade de O2 e nutrientes para a célula. Þ Efeito Renal: Na imagem acima, é possível observar efeitos que promovem a redução a taxa de filtração glomerular. Ambas situações, o organismo até certo ponto consegue reverter produzindo vasoconstrictores (angiotensina 2, catecolaminas e vasopressina). Em paciente sem tratamento com AINE: a COX funciona normalmente e a síntese de prostaglandina antagoniza os efeitos intrarrenais dos vasoconstritores. Há integridade renal. Em paciente com tratamento AINE: Os AINES inibem a síntese de prostaglandina a nível renal, ou seja, haverá uma vasoconstrição acima do normal facilitando a redução da filtração glomerular. Þ Efeito cardiovascular: Condições normais, sem utilização do fármaco: nas plaquetas tendo COX-1 (produz prostaglandina -> agregação plaquetária). e no endotélio COX-2 (produz prostaciclina -> antitrombótica/vasodilatadora). Condições anormais: Paciente fazendo o uso de inibidor de COX-2. Ou seja, haverá um desbalanceamento na homeostasia, não haverá produção de prostaciclina, mas terá tromboxano (pró coagulatórios). Com isso, haverá maior probabilidade do paciente formar trombos. AINE Adequado Eficácia; Custo-eficiência; Segurança; Medicamentos associados; Adesão ao tratamento. Caso Clínico: Uma jovem de 16 anos de idade vai ao consultório médico decido a cólicas menstruais. Sua menarca foi aos 13 anos. Seu ciclo dura de 4/5 dias, e ela tem ciclos de 28 dias. Durante os primeiros 2/3 dias, afirma ter cólicas muito fortes. As cólicas tem ocorrido desde a menarca e parecem ter piorado no último ano. São tão fortes, às vezes que ela perde suas atividades de rotina. Ela toma paracetamol e pílulas para “cólica menstrual”, sem alívio adequado. Não possui nenhuma história clínica significativa, não toma medicamentos regularmente e não é sexualmente ativa. O exame é normal. Vocêalivia o problema com dismenorreia primária e prescreve diclofenaco para ser usado quando necessário. Questões: 1- Quais efeitos terapêuticos dos AINES? Anti-inflamatório, antipirético e analgésico. 2- Mecanismo de ação anti-inflamatória dos AINES? Inibição da COX.
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