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MED UNIFTC | 2021.1 Melissa Cristina Turma A | TUT 03 Conceito • Os agentes imunossupressores são utilizados para atenuar a resposta imune dos pacientes que receberam transplantes de órgãos e dos pacientes com doenças autoimunes. No transplante, os grupos principais de agentes imunossupressores utilizados hoje são: glicocorticoides, inibidores da calcineurina, agentes antiproliferativos/antimetabólicos e biológicos (anticorpos). Esses fármacos têm conseguido elevado grau de sucesso clínico no tratamento dos distúrbios como rejeição imune aguda dos órgãos transplantados e doenças autoimunes. Entretanto, esses tratamentos devem ser utilizados por toda a vida e suprimem inespecificamente todo o sistema imune, razão pela qual os pacientes ficam expostos a riscos significativamente maiores de infecção e câncer. Os inibidores da calcineurina e os glicocorticoides são particularmente nefrotóxicos e diabetogênicos, respectivamente, o que limita sua utilização em várias situações clínicas. Os fármacos utilizados para modular a resposta imune por três mecanismos: imunossupressão, tolerância e imunoestimulação. Caso Clínico: Uma mulher de 40 anos de idade sem história clínica pregressa conhecida, além de suspeita de artrite reumatoide (AR), apresenta-se para a avaliação de sua dor. A paciente relata rigidez matinal, edema e sensibilidade das articulações das mãos, dos ombros e dos joelhos por mais de seis meses. Também relata fadiga e uma história familiar materna de AR. Trouxe seus prontuários antigos que mostram critérios laboratoriais e clínicos suficientes para o diagnóstico de AR. Não tem sido acompanhada por seu médico de cuidados primários ou seu reumatologista e vem tentando auto tratar-se com ibuprofeno e paracetamol, os quais não necessitam de prescrição. Durante o exame, apresenta sinovite de ambas as mãos, punhos, ombros e joelhos. Ela tem algumas alterações iniciais da AR, como desvio ulnar dos dedos das mãos, e alguns nódulos reumatoides em seus braços. Com base na história e no exame você diagnostica uma exacerbação aguda da AR. Você também explica para ela que a doença em geral não está sendo adequadamente tratada. Assim, você começa um tratamento com prednisona oral e metotrexato. Observações: 1- Paciente se automedica com AINES: Ibuprofeno e Paracetamol. 2- Apresenta uma patologia de base imunológica: os ossos “sofrem” com a exacerbação do Sistema Imunológico. 3- A doença não estava sendo tratada de maneira correta, por isso, foi necessário substituir os antigos remédios por prednisona e metotrexato. Dúvida: — Qual a diferença de um anti-inflamatório e um Imunossupressor? O anti-inflamatório age nas consequências (diminui a cascata de inflamação) e o Imunossupressor na causa (afetam a dinâmica do SI). Resposta Imune Þ Imunidade Inata: Responsável pelas primeiras 12h de resposta contra a infecção. É uma resposta com baixa especificidade (Barreiras epiteliais, CD, fagócitos e NK). Þ Imunidade Adaptativa: Imunidade mais elaborada e com grande especificidade. Possui resposta humoral e celular (Linfócitos e anticorpos). É o foco da imunossupressão, principalmente os linfócitos T. Farmacologia IMUNOSSUPRESSORES IMUNOSSUPRESSORES Aloenxertia Xeno-enxertia Entre espécies Nã o idê nt ico s Dentro de um indivíduo Na imagine anterior, nota-se desde o reconhecimento dos antígenos pelos linfócitos T até suas funções efetoras. 1- A primeira etapa, é a fase de reconhecimento do antígeno. Onde a célula apresentadora de antígenos transfere o patógeno para o linfócito TCD4 ou TCD8. 2- A partir disso, os linfócitos se ativam e iniciam a expansão clonal. Com isso, haverá a participação da citocina IL-2, fundamental para a ativação/expansão de outros linfócitos. 3- Ademais, haverá a fase de diferenciação onde serão efetores ou de memória. Tipos de Transplante Os fármacos imunossupressores servem para diminuir a rejeição de transplantes. o Importância dos linfócitos CD4 e CD8 pós transplante: Observe na imagem que demonstra um experimento com a taxa de sobrevivência do enxerto (vertical) e o tempo pós transplante (horizontal). A linha que sinaliza controle (seta preta) mostra que, se o individuo não utilizar um Anti-CD8 (seta rosa) e Anti-CD4 (seta azul), o enxerto foi rejeitado 100% em 15 dias. Nos animais transplantados que foram utilizados apenas Anti-CD8, os mesmos 15 dias. Nos animais transplantados que foram utilizados apenas Anti- CD4, demorou 30 dias para a rejeição do enxerto. E em animais transplantados que foram utilizados Anti-CD8 e Anti-CD4 (seta verde) demorou 60 dias para a rejeição. Mostrando que, o mecanismo de rejeição de enxerto é conjunto entre resposta TCD4 e TCD8, sendo a CD4 mais importante apesar de serem conjuntas. o Resposta imune efetora a partir de um órgão transplantado: Þ A célula apresentadora de antígenos irá ativar os linfócitos que ainda não estão diferenciados em CD4 e CD8. A citocina Il-2 é o principal alvo dos imunossupressores, é uma citocina que ativa a expansão clonal linfocitária. Þ Haverá a diferenciação nas populações celulares que irão participar da rejeição do enxerto e ações celulares sobre o tecido transplantado. Þ Acontecerá o aumento de enzimas que irão lesionar o tecido, aumento da expressão de MHC que facilita o reconhecimento do tecido como estranho, células efetoras iniciando dano tecidual e moléculas do complemento estimulado a lise do tecido. Classes o Glicocorticoides: Essa classe de fármaco tem capacidade de agir como anti-inflamatório e como imunossupressores. o Antimetabólito - Azatioprina: Foi a primeira droga imunossupressora utilizada para transplante, é um pró-fármaco (precisa passar por uma reação dentro do organismo para se transformar na molécula responsável por sua atividade). A Azatioprina é a molécula administrada e a Mercaptopurina é a molécula ativa. Seus principais usos são para artrite reumatoide, transplantes e lúpus eritematoso sistêmico. Þ Efeito da azatioprina no enxerto de pele: O primeiro experimento utilizado para demonstrar o efeito da azatioprina contra a rejeição de enxerto em coelhos. Foi realizado uma transposição de enxerto de uma orelha para outra de coelhos diferentes. Repare que, em ambas figuras, há uma orelha que sofre enxerto de outro animal (orelha esquerda) e uma orelha que sofreu auto-enxerto (orelha direita). Acontece que, na figura 1 o coelho não foi tratado com azatioprina e 12 dias depois ocorreu uma Auto-enxerto grande rejeição. Já no coelho da figura 2, foi tratado de há uma menor rejeição. Esse mesmo experimento foi demonstrado em gráfico. Relatando o efeito da azatioprina no percentual de rejeição do enxerto. Em animais não tratados (controle), há uma rejeição de 100% em 8 dias. Conforme os animais foram sendo tratados com dosagens diferentes a rejeição foi diminuindo. Þ Mecanismo de ação: É um fármaco antimetabólico que tem capacidade de interferir na produção de purinas (adenina/guanina). Sem essas substancias é impossível a produção de novo material genético, por tanto impossível a expansão clonal dos linfócitos T. A enzima alvo desse fármaco é a hipoxantina-guanina fosforibosil transferase (HPRT). A anzitioprina atua como um falso metabólico, enganando a HPRT. A sua estrutura química é similar a estrutura química das purinas. Então, a enzima alvo confunde o fármaco com seu substrato e acaba inserindo a mercaptopurina no novo DNA e quando chega na etapa de verificação do material genético, é identificado que foi introduzido a base errada, assim começa um processo de destruição. Nessa imagem, decorre todo o processo do fármaco. 1- Administração da azatioprina e sua conversão em mercaptopurina. 2- A mercaptopurinaacessa os linfócitos e se instalam no mecanismo de produção da adenina e guanina. 3- A HPRT “se confunde” e usa o fármaco ativo para produzir as bases erronias prontas para serem adicionadas ao DNA. 4- Porém, nas fases de verificação esse futuro linfócito é induzido a apoptose. Diminuindo assim, a replicação do DNA e síntese de purinas. Þ Farmacocinética: É um fármaco bem absorvido por via oral e atinge capacidade máxima de 1-2h. Tem metabolização hepática pela xantina oxidase (XO) resultando no ácido tioúrico, possui interação medicamentosa com alopurinol (inibe a XO) aumentando a toxidade hepática e é excretado principalmente por via renal. Þ Efeitos Adversos: Supressão da medula óssea e hepatotoxidade. o Inibidores da Calcineurina: Ciclosporina Figura 1 Figura 2 1 2 3 4 Þ Histórico e Definições: A ciclosporina foi descoberta na década de 70, mas foi aprovada em 1983. É um polipeptídeo cíclico produzido por um fungo – Beauvaria nivea. Tacrolimus Þ Histórico e Definições: É um macrolideo derivado do fungo Streptomyces tsukabaensis. Foi aprovado em 1994 e é 100 vezes mais potente que a ciclosporina, porém apresenta maior toxicidade. Þ Mecanismo de ação: Nessa imagem, tem-se o linfócito T (citoplasma e núcleo) e uma molécula intracelular denominada de calcineurina (CaN), que é o alvo dessa classe de fármaco. Dúvida: — ˜Como a calcineurina funciona? (observe da linha azul para a direita). A calcineurina é uma substância intracelular presente no linfócito T que tem a capacidade de desfosforilar o fator de transcrição nuclear (é uma molécula que quando ativada estimula o núcleo da célula a expressar determinada região do DNA) – NF-ATC. Este por sua vez, é responsável por estimular a leitura do código genético que expressa IL-2. Então, sem a utilização de um imunossupressor em uma resposta normal, a função da calcineurina é desfosforilar o NF-ATC levando a sua ativação e estimulando a expressão de IL- 2. A ativação da calcineurina depende do cálcio. — Como o inibidor da calcineurina modula a resposta imunológica? Existe particularidades entre ambos fármacos (ciclosporina e Tarolimus). (Seta Vermelha): Tem-se a ciclosporina (CsA). Esta uma vez que acessa a célula, tem a capacidade de se unir a outra molécula – Ciclofilina (CpN). Essa junção é responsável por inibir a calcineurina, reduzindo a ativação do NF-ATC e expressão de IL-2. (Seta Roxa): Tem-se o Tacrolimus (FK506). Acessa o linfócito T e depende de uma interação com a proteína chamada de FKBP para inibir a calcineurina, reduzindo o NF-ATC e expressão de IL-2. Þ Farmacocinética: Absorção da CsA e do tracolimus é variável e incompleta, com biodisponibilidade que varia de 4% e 89%. A concentração máxima de CsA e tracolimus é alcançada em 1-4h e circula ligada a proteínas plasmáticas, linfócitos e hemácias. Sofrem metabolização hepática e sua excreção é hepática, apenas 6% por via renal. A grande estratégica para evitar a toxidade desses fármacos, está no monitoramento da imunossupressão. Este gráfico mostra a variabilidade das concentrações séricas de CsA entre os pacientes. Cada linha desse gráfico sinaliza um paciente, observe que, houve pacientes com picos de 300 ug/mL de concentração sérica e outros com 1400 ug/mL. Em verde, temos a janela terapêutica. Com isso, abaixo de 150 haverá rejeição do enxerto e acima de 400 haverá inicio da nefrotoxicidade. Þ Interação de drogas: O clearance da CsA e tacrolimus é aumentado pela coadministração com indutores do CYP p450: fenobarbitúricos, fenitoina ou rifampicina, se não monitorar pode levar a rejeição do enxerto. E o clearance é diminuído com administração de inibidores do CYP p450: eritromicina ou cetoconazol, se não monitorar pode levar a toxicidade. Ciclosporina: Concentração <150 = rejeição. Concentração >400 = toxicidade. Tacrolimus: Concentração < 5 = rejeição. Concentração >15 = toxicidade. Þ Efeitos Adversos: Nefrotoxicidade (Tacrolimus > CsA) é reversível, Neurotoxicidade (Tacrolimus > CsA), hipertensão e susceptibilidade a infecções. Þ Uso terapêutico: Rejeição aguda a transplantes sólidos (renal, cardíacos, hepático, pancreático e pulmonar) e doenas auto-imunes (psoríase grave, uveíte, síndrome nefrótica, artrite reumatoide, glomerulonefrite e diabetes tipo 1). o Anti-Proliferativo – Sirolimo (Rapamicina): Þ Aspectos gerais: Macrolídio derivado do Streptomyces hygroscopicus com estrutura similar ao tracolimus. Liga-se a uma imunofilina da família FK, mas não inibe a calcineurina. Inibe a enzima mTOR, uma serina-treonina quinase, que é critica para a transdução da sinalização da IL-2 (reduzindo ativação linfocitária e expansão clonal). Dúvida: — Porque a ligação tacrolimus/FK consegue inibir a calcineurina e a ligação Sirolimo/Fk não inibe? Pois, apesar da semelhança, quando o sirolimo interage e forma um complexo com o FK, este não haverá afinidade com a calcineurina. A estrutura tridimensional é diferente. Þ Mecanismo de ação: Função da IL-2 (lado direito): O IL-2 liga-se ao seu receptor, que ativa o mTOR que tem como função celular estimular fatores que irão produzir IL-2 e progredir o ciclo celular a produzir mais linfócitos. Com sirolimo (imagem completa): O sirolimo acessa o linfócito T, se liga ao FKBP e esse processo bloqueia a ação doo mTOR, com isso a sua funcionalidade estará diminuída. Þ Uso Terapêutico: Rejeição aguda a transplantes sólidos: renal e cardíacos. Ação sinérgica com a ciclosporina. Þ Farmacocinética: Baixa absorção oral, metabolismo hepático pelo CYP450 3a4 e meia vida longa de 60 horas. Þ Efeitos Adversos: Trombocitopenia. Leucopenia. Hiperlipidemia. Disfunção gastrointestinal, hepatotoxicidade. Apresenta baixa toxicidade renal. EX: Nefrotoxicidade do sirolimo X ciclosporina: Observe que, pacientes que usaram sirolimo tiveram desde o inicio a quantidade de proteínas séricas muito menor do que os que usaram ciclosporina. Þ Representação dos diferentes alvos: Temos: Ciclosporina interagindo com a ciclofilina; Tracrolimus interagindo com FKBD; Sirolimo interagindo com FKBD. Quando a ciclosporina e o tracolimus interage com seus respectivos alvos intracelulares, tem-se uma diminuição da ativação da calcineurina. Com isso, haverá uma diminuição da ativação do NFAT e menor transcrição de IL-2. Já o sirolimo, diminui a ação da mTOR o que diminui a proliferação linfocitária. Þ Outros fármacos anti-proliferativos: A azatioprina é um fármaco que inibe a síntese de novas purinas, com a forma de reduzir o metabolismo de outros linfócitos. Incorporando uma base purínica errada que será reconhecida na fase S do ciclo celular. o Imunobiológicos: Muromonad-CD3, Basiliximabe e Daclizumabe. Þ Definições: Possuem uma nomenclatura do seu sufixo: A depender de sua nomenclatura, saberemos sua derivação/origem. É importante sabermos da nomenclatura, pois quanto “mais humano” for o anticorpo, menor a chance de reações imunológicas anti-anticorpo. Muromonab-CD3 (OKT-3) Þ É um anticorpo monoclonal murinho dirigido contra antígeno CD3 (quando ativado, estimula a apoptose dessas células – linfócitos) de células T humanas. O OKT-3 ativa mecanismo de morte células dos linfócitos. Þ É utilizado principalmente para o tratamento da rejeição aguda a transplantes (renal, cardíaco e hepático). Efeito na rejeição aguda resistente a glicocorticoides. Þ 85% dos pacientes tratados desenvolvem anticorpos humanos reativos anti-murino que, com o tempo, pode levar a taquifilaxia (perda da atividade a partir de poucas doses e em pouco tempo) e neutralização de OKT-3. Þ Efeitos Adversos: síndrome da liberação de citocinas atribuída a liberação de citocinas pelos linfócitosT ativados, é caracterizado por sintomas semelhantes aos da gripe: febre, dor de cabeça, náuseas, vômitos, fraqueza, artralgia e mialgia. Basiliximab e Daclizumab • São anticorpos monoclonais dirigido contra o receptor da IL-2 (CD25) de células T humanas. A ação do anticorpo é bloquear a ligação da citocina IL-2 com o linfócito T, ou seja diminui a ativação linfocitária e a expansão clonal. De cima: Basiliximab, o de baixo: Daclizumab Þ Basiliximab é um anticorpo quimérico com constituição protéica 25% murina (na região variável) e 75% humana. Þ Daclizumab é um anticorpo humanizado com constituição protéica de 90% humana e apenas as frações de hipervariabilidade são murinas. Þ Ligam-se a porção alfa do complexo CD25, na superfície dos linfócitos ativados, bloqueando a sinalização de IL-2 Þ Administrados por via intravenosa Þ Meia Vida longa: Essa diferença no tempo de meia vida de um para outro, se dá porque há uma indução da resposta imune. Nosso corpo produz anticorpos anti-basiliximab e anti-daclizumab fazendo com que neutralize; quanto maior a porção murina de um anticorpo, menor a meia vida, e maior chance do nosso organismo neutralizar esses anticorpos com mais velocidade. Basiliximab: 7 dias e Daclizumab: 20 dias. Locais de ação dos fármacos Ligantes de Imunofilinas: Rapamicina, Ciclosporina e Tacrolimus. Estes, se ligam as imunofilinas e tem seu papel principalmente na ativação e expansão clonal. Antimetabólicos: Função na expansão clonal. Caso Clínico: A Sra. W. tinha 59 anos de idade quando foi submetida a transplante de coração na primavera de 1990 devido a uma insuficiência cardíaca em decorrência de insuficiência mitral crônica grave. O esquema supressor inicial consistiu em ciclosporina, glicocorticóides e azatioprina. A evolução nos primeiros 3 meses após o transplante foi excelente; entretanto, a Sra. W. começou a desenvolver anorexia, e o ecocardiograma realizado revelou uma redução significativa da fração de ejeção cardíaca. A dose de glicocorticóide foi aumentada, houve melhora da fração de ejeção e ela recebeu alta. Quatro meses após a cirurgia, a Sra. W. é internada com dispneia e fadiga. A biópsia do ventrículo direito demonstra evidências de rejeição aguda moderada, com áreas localizadas de infiltração linfocítica e necrose. A paciente é tratada com um ciclo de 10 dias de OKT3 (um anticorpo monoclonal dirigido contra as células T), que produz efeitos adversos como febre, mialgias, náusea e diarréia. A paciente também se queixa: “Esse OKT3 me deixa sonolenta.” A Sra. W. tem alta após a melhora de seu estado cardíaco. Entretan to, poucos meses depois, ela volta ao hospital com dispnéia e fadiga. Embora a biópsia do ventrículo direito não demonstre nenhuma evidência de rejeição, há suspeita de rejeição com base na sua história e em seus sintomas. Efetua-se um teste para a presença de anticorpos anti-OKT3; entretanto, como não se detecta nenhum anticorpo neutralizante, administra-se um segundo ciclo de OKT3, e os sintomas desaparecem. Em dezembro de 2000, a Sra. W. chega ao hospital para efetuar seu exame anual regular. Está em boa saúde e sendo mantida com um esquema imunossupressor basal de ciclosporina, azatioprina e glicocorticóides. Não há evidências de rejeição desde 1990. A angiografia coronária revela artérias coronárias perfeitamente normais, talvez como resultado da estrita manutenção dos níveis plasmáticos de lipídios exigida pelos médicos. Todavia, os níveis sangüíneos de uréia (BUN) e de creatinina estão elevados, indicando lesão nos rins. Devido à sua doença renal, a terapia da Sra. W. é ajustada, e ela começa a tomar sirolimo. No decorrer dos próximos 2 anos, os níveis de creatinina permanecem estáveis, e ela pode aproveitar o seu tempo com os netos. Questões: 1- O esquema imunossupressor inicial da Sra. W. consistiu em ciclosporina, glicocorticoides e azatioprina. Qual o mecanismo de ação da ciclosporina na prevenção da rejeição do transplante cardíaco? A. A cidosporina é uma preparação de anticorpos dirigidos contra os timócitos. B. A ciclosporina é um análogo do folato que impede a função normal das células imunes. C. A cidosporina infra-regula a produção de citocinas inflamató- rias, o fator de necrose tumoral (TNF..), a interleucina-1 (IL-1) e a interleucina-4 (L-4). D. A cidosporina impede a ativação e a proliferação das células T mediadas pela IL-2. E. A cidosporina impede a formação do C5 derivado do complemento e a formação do complexo de ataque à membrana 2- A azatioprina é um agente imunossupressor antimetabólito. Qual das seguintes afirmações é correta no que concerne à sua ação? A. A azatioprina é um análogo do folato que impede a função normal dos linfócitos. B. A azatioprina é mais específica do que o micofenolato de mofetil na sua inibição dos linfócitos. C. A azatioprina inibe a síntese de pirimidinas. D. A azatioprina é um metabolito da 6- mercaptopurina, E. Os efeitos da azatioprina carecem de especificidade, causando efeitos adversos. 3- Qual a provável causa da doença renal da Sra. W.? A. nefrotoxicidade por aloimunidade B. nefrotoxicidade da ciclosporina C. doença de enxerto-versus-hospedeiro D. doença vascular aterosclerótica 4- Todas as seguintes combinações de imunossupressores são razoáveis, EXCETO: A. Basiliximabe, belatacepte, MMF e prednisona. B. Timoglobulina, ciclosporina, azatioprina e prednisona. C. Tacrolimo,MMFeprednisona. D. Tacrolimo,ciclosporinaeprednisona. E. Tacrolimo,sirolimoeprednisona. Resposta correta = D. O tacrolimo e a ciclosporina são inibidores da calcineurina e têm o mesmo mecanismo de ação. Os imunossupressores devem atuar sinergicamente em diferentes locais da cascata de ativação das células T. Além disso, ambos são extremamente nefrotóxicos e, quando usados juntos, causam dano ao paciente. 5- Qual dos seguintes fármacos usados para prevenir a rejeição de aloenxertos pode causar hiperlipidemia? A. Azatioprina. B. Basiliximabe. C. Belatacepte. D. MMF. E. Sirolimo. Resposta correta = E. Os pacientes que recebem sirolimo podem ter aumento dos níveis de colesterol e de triglicerídeos, controlado com o uso de estatinas. Nenhum dos demais fármacos apresenta esse efeito adverso.
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