Buscar

Farmacologia - Eletrólitosfera e Antidiarréicos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2021.1 – MED UNIFTC Melissa Cristina Turma A – TUT 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diarreia 
o Definição: 
dia (sem parar) rheein (fluir ou escorrer). 
• É caracterizada pela evacuação muito rápida de fezes 
líquidas; 
• No geral, a massa das fezes tem uma quantidade de 
água que permite que o bolo fecal seja sólido/pastoso. 
A maioria dos casos de diarreia são resultado de 
distúrbios (dificuldade, demora, atraso) do transporte 
intestinal de água e eletrólitos. 
• Em geral, 200g/dia representam o limite superior de 
peso de água nas fezes para pacientes saudáveis em 
países ocidentais. 
o Prevalência no mundo: 
• Segunda causa de morte em crianças abaixo dos 5 
anos 
Þ Prevenível e tratável. 
• 1,7 bilhões de casos de doenças diarreicas em crianças 
por ano. 
• 525.000 mortes anuais < 5 anos. 
• Diarreia é a causa líder de má nutrição em crianças 
abaixo dos 5 anos. 
• Estão entre as 10 doenças que mais matam no mundo, 
ocupando o 8º lugar. 
 
 
 
 
 
 
Água X Trato Intestinal 
• Pode-se ter a falsa impressão de que a maior parte da 
água que sai nas fezes advém da alimentação, mas isso 
é um engano. Passam pelo nosso TGI aproximadamente 
9L de água por dia, sendo que desses 9L, 2L vem da 
água ingerida, alimentos etc. Todo o restante é água 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
secretada pelo TGI, só de saliva é secretado cerca de 
1,5L/dia. Logo, a maior parte da água que transita no 
TGI, vem do próprio organismo. Com base nisso, pode-
se sugerir algumas estratégias antidiarreicas, como por 
exemplo aumentar a absorção de água no TGI. Mas 
além disso tem-se a redução de absorção de água do 
nosso organismo. 
• Tem-se fármacos hidroscópicos, os quais são 
adsorventes, ou seja, não são absorvidos pelo corpo. 
Eles são administrados por via oral, passam pelo TGI, e 
ao chegar na região intestinal adsorvem a água da 
superfície e deixa o bolo fecal mais consistente, pois, 
está retendo a água em sua estrutura química, sendo 
um exemplo de fármaco que não estimula a absorção e 
não diminui a motilidade intestinal, mas é um fármaco 
que altera a consistência. 
 
 
• A dejeção intestinal normal não deve provocar nem 
dor nem desconforto. 
• Diz-se que uma diarreia aguda tem uma duração < 
2 semanas, já uma diarreia crônica tem uma 
duração > 4 semanas. 
• Normalmente, a diarreia é autolimitada, mas pode-se 
ter casos mais graves que podem levar o indivíduo à 
morte, devido a perda rápida de água e eletrólitos 
que ocasionam à desidratação, choque hipovolêmico 
e outros graves distúrbios eletrolíticos no paciente. 
o Diarreia aguda: 
• Características: 
Þ Eliminação diária de 250g de fezes por 2 a 3x/dia. 
Þ Náuseas, vômitos, mal-estar, cólicas e febre. 
Þ Nas infecciosas agudas ocorrem entre 6 e 48h após 
a ingestão do contaminante. 
Farmacologia 
ELETRÓLITOS E ANTIDIARREICOS 
 
ELETRÓLITOS E ANTIDIARREICOS 
Diarreia agudas altas: Costumam ser aquosas, volumosas, 
com náuseas, vômitos, pouca ou nenhuma febre ou 
prostração. Afeta o jejuno – íleo. 
Diarreias agudas baixas: Cólicas mais frequentes, presença 
de muco, pus e sangue, além de febre e sensibilidade à 
palpação. Afeta o cólon. 
o Diarreia crônica: 
O diagnóstico nesses casos depende muito das queixas do 
paciente, da história clínica, características da diarreia, 
exame físico e exames laboratoriais. Em geral as diarreias 
crônicas estão relacionadas com condições patológicas 
pré-existentes. 
• Diagnóstico: 
Þ Queixas do paciente; 
Þ História clínica; 
Þ Características da diarreia; 
Þ Exame físico. 
• Mecanismos fisiopatológicos da diarreia crônica: 
Deficiência secretora ou de absorção, doença exsudativa, 
motora ou associada com doenças metabólicas. 
Etiologia 
As principais são infecções intestinais bacterianas ou 
toxinas, viróticas ou parasitárias. A diarreia também pode 
se apresentar em razão do efeito indesejado de 
medicamentos, por exemplo a metformina, antibióticos e 
quimioterápicos. 
Observação: 
Antibióticos e quimioterápicos propiciam a diarreia porque 
desregulam a flora intestinal e afetam as células do TGI. 
• Sintomas da desidratação: 
Þ Oligúria; 
Þ Sede; 
Þ Boca seca; 
Þ Hipotensão postural; 
Þ Perfusão capilar diminuída; 
 
Observação: 
Em adultos a redução de turgor, elasticidade da pele e 
enoftalmia não é tão característica. 
Mecanismos que levam 
à quadros diarreicos 
• Vibrio cholerae: 
Tem um quadro de diarreia muito forte e o paciente, de 
fato, tem evacuações extremamente volumosas e perde 
muita água em uma velocidade muito rápida. Tem-se um 
agente que libera a toxina da cólera no TGI, nisso, tem-
se um transportador que tem afinidade com a toxina da 
cólera e a coloca no citoplasma do enterócito. Já no 
reticulo endoplasmático, essa toxina é metabolizada e 
transformada em uma substância que é um produto do 
metabolismo da cólera que tem afinidade com o adenilato 
ciclase, fazendo com que ele trabalhe mais, com isso, há 
o aumento de AMPc no enterócito. Ele ativa fosfoquinase 
A, a qual diminui a absorção de sódio e consequentemente 
de água, logo, uma menor absorção da água dos fluídos 
leva a uma maior secreção ou diarreia muito intensa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Rotavírus: 
Diferentemente da cólera, tem uma função de destruição 
dos enterócitos, infectando-o e utilizando da maquinaria 
celular para se replicar, após isso, sai para infectar novos 
enterócitos e os enterócitos em questão morre, com a 
morte de enterócitos, há uma perda da capacidade 
absortiva. 
 
 
• Alimentos alérgenos: 
Um indivíduo alérgico pelas proteínas do amendoim, 
consumiu o amendoim, esse alérgeno foi absorvido, caiu 
na corrente sanguínea, e nos vasos periféricos próximos 
já se tem o desenvolvimento de uma resposta imune como 
a APC, linfócitos Th2, IL-4, lL-13, recruta mastócitos, libera 
histamina, libera serotonina, as quais são substâncias que 
no TGI, próximo aos enterócitos vão provocar 
vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular e 
contração da musculatura lisa, aumentando o 
peristaltismo, logo, a consequência disso é a diarreia. Além 
da liberação dos mediadores já citados, os mastócitos 
também estimulam os neurônios secreto motores que vão 
estimular a secreção dos líquidos intestinais, logo, o 
aumento do líquido é equivalente ao aumento de água no 
bolo fecal. A nível de secreção a acetilcolina estimula a 
secreção de líquido e a nível de contração ela estimula o 
peristaltismo. 
 
 
 
 
• Problemas de absorção intestinal: 
Correspondem a colite ulcerativa, doença de Chron, 
doença celíaca, as quais culminam na diminuição da 
eficiência da absorção pelas microvilosidades, ou seja, as 
áreas absortivas das microvilosidades com os nutrientes, 
eletrólitos ou água no intestino delgado diminui com essas 
doenças. Logo, com a diminuição da superfície de contato 
tem-se a diminuição da absorção de água, nutrientes, 
eletrólitos e consequentemente tem-se o aumento do 
volume de água nas fezes. 
 
 
 
Tratamento 
A maioria dos casos ocorrem sem toxemia ou prostração, 
sem sensibilidade abdominal e sem sangue nas fezes e 
normalmente requerem hidratação oral e, eventualmente, 
a administração de alguns antidiarreicos. 
Em adultos, o tratamento farmacológico é reservado para 
sintomas persistentes ou significativos. 
 
Dúvida: 
— Qual o grande problema de tratar um quadro 
diarreico farmacologicamente sem saber a 
etiologia? 
O problema é que, por exemplo, se for um quadro 
bacteriano, ao usar antidiarreico, inviabiliza que a 
bactéria seja expelida, mantendo a bactéria por mais 
tempo no organismo. Se não for uma diarreia provocada 
por bactéria e for feita a administração de atb, aumenta-
se a chance de outras bactérias desenvolverem resistência 
para tal. Assim, tratamentos inespecíficos podem mascarar 
o quadro clínico, atrasar a eliminação de microrganismos, 
toxinas e aumentar o risco de infecção sistêmica. Os 
antidiarreicos incluem fármacos antimotilidade, 
adsorventes e fármacos que modificam o transporte de 
água e eletrólitos. 
o Hidratação oral: 
Em grandeparte dos casos, essa opção é suficiente para 
cessar o problema. A OMS distribui o sachê contendo sais 
para que se faça o líquido de hidratação oral de forma 
adequada. Esse sachê contém: 
 - 3,5 g de cloreto de sódio. 
 - 2,9g de citrato de sódio dihidratado. 
- 1,5g de cloreto de potássio. 
 - 20g de glicose. 
 
Þ Tem-se a mistura de sódio e glicose nessa solução, 
devido a descoberta de um transportador específico 
que é um cotransportador de sódio e glicose. Ele só 
funciona se tiver esses sódio e glicose para serem 
transportados simultaneamente para os enterócitos, 
sem eles não há transporte, nem absorção. 
 
 
Þ Em função disso, é recomendado que a ingesta de 
sobremesas ou doces sejam feitas em outro período 
que não seja no “pós almoço”, visto que devido a 
ingesta de sal na refeição do almoço, ingerir doce em 
sequência amplifica a absorção de glicose devido a 
ação do co-transportador de sódio e glicose, que 
nesse momento, estará sendo exposto a ambos. 
Þ O soro caseiro é constituído por 1 litro de água, 1 
colher de chá de sal e 1 colher de sopa bem cheia de 
açúcar. Essa “receita” foi definida por Norbert 
Hirschhorn e foi considerado o avanço médico mais 
importante do século 20. 
Atualmente tem-se alternativas que são mais bem aceitas 
e conseguem restituir a hidratação. 
o Fármacos antimotilidade: 
Þ Loperamida: 
Imosec é o nome comercial. É um opioide, pois atuam 
reduzindo a motilidade intestinal à nível da musculatura 
lisa, com atividade MOR (miopióides) e DOR (deltaopióides), 
ativo por via oral. 40 a 50x mais potente que a morfina 
como antidiarreico. 
 
Possui baixa penetração no SNC (praticamente não possui 
efeitos adversos). Atividade antissecretória contra toxina 
da cólera, ou seja, ela se liga no receptor que tem 
afinidade com a toxina da cólera, impedindo que afete os 
enterócitos. Atua nos receptores ligantes da toxina, 
impedindo aumento da atividade da adenililciclase. A nível 
dos receptores MOR, a loperamida reduz os movimentos 
peristálticos, libera acetilcolina e movimenta menos a 
musculatura lisa. A nível dos receptores DOR, quando a 
loperamida se liga a eles, tem-se a diminuição da secreção 
de líquidos no TGI e o aumento da absorção. 
 
Casos de superdosagem podem causar constipação, 
depressão do SNC em crianças, visto que sua barreira 
hematoencefálica não está completamente formada, e íleo 
paralítico. 
Atenção: 
Seu uso não é recomendado para < 2 anos porque a 
loperamida consegue atravessar a barreira 
hematoencefálica. 
Em pacientes com doença inflamatória intestinal ativa 
envolvendo cólon, deve ser usada com cautela para 
prevenir megacólon tóxico. 
• O difenoxilato, meperidina e codeína são outros 
fármacos antimotilidade que são amplamente 
utilizados no tratamento da diarreia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Þ Clonidina: 
Uso principal como anti-hipertensivo, mas usado também 
como um antimotilidade. É uma agonista de receptor a2-
adrenérgico. Interage com neurônios entéricos e com 
enterócitos. Estimula a absorção e inibe a secreção de 
líquidos. Diminui o trânsito intestinal. Uso interessante em 
diabéticos e diarreicos crônicos. 
 
• Mecanismos de ação: 
O receptor alfa2 é acoplado à proteína G do tipo “i”, 
assim, no momento em que a clonidina se liga a esse 
receptor, dispara a subunidade alfa, inibindo o adenilato 
ciclase, logo, tem uma diminuição da formação do AMPc, 
da ativação de PKA e a diminuição da ativação de canais 
de cálcio de modo que há uma diminuição do influxo de 
cálcio no neurônio pré-sináptico na região entérica, o que 
diminui a liberação de noradrenalina. 
 
São fármacos úteis em pacientes com diarreia causada 
pela abstinência opioide. Tem-se alguns efeitos colaterais 
como hipotensão, fadiga, boca seca e sedação. 
! Alguns pacientes apresentam disfunção erétil. 
o Fármacos antissecretores: 
Þ Ocreotida: 
É análogo da somatostatina, ou seja, mimetiza suas ações 
em nosso organismo. A somatostatina reduz a produção 
de hormônios, é eficaz na inibição da diarreia, provocada 
por tumores secretores de hormônios no pâncreas e TGI 
(inibição da liberação da gastrina, colescistocinina, 
glucagon, insulina, secretiva, suco pancreático e 
serotonina). A ocreotida reduz a secreção dos fluídos 
intestinais, além disso, diminui a velocidade da motilidade 
gástrica, pois, contrai o músculo vascular liso → Fluxo 
portal e esplênico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Efeitos indesejados: Normalmente são dependentes da 
duração do tratamento. Podem ocasionar náuseas, 
formação de cálculos biliares, inchaço ou dor local na 
administração, hipo/hiperflicemia e eventos 
cardiovasculares endócrinos. 
 
Þ Etiltelotristate: 
Pode ser chamado de telotristate. São usados em 
associação à somatostatina ou a ocreotida. É mais restrito 
à pacientes que têm tumores carcinoides. Faz a inibição 
da triptofano hidroxilase, a qual participa da cascata de 
produção da serotonina, a qual se relaciona diretamente 
com a secreção de líquidos e a motilidade GI. 
Serotonina → Secreção de líquidos e motilidade GI 
 
Efeitos indesejados: Constipação, náuseas, depressão, 
edema periférico, flatulência e redução do apetite. 
 
o Fármacos higroscópicos e formadores do bolo fecal: 
São fármacos que tem o mecanismo de ação físico-
químico. 
Þ Carboximetilcelulose e policarbofila cálcica: 
São polímeros. Possuem uma alta capacidade hidroscópica, 
logo, absorvem água e aumentam o volume fecal. 
Policarbofila absorve 60x sua massa em água. São úteis 
em diarreias agudas e em diarreais crônicas leves em 
pacientes com síndrome do intestino irritado. Também 
pode se ligar a algumas toxinas bacterianas. 
 
 
 
 
 
Þ Ácido hialurônico e dextranômero: 
Atuam de forma diferente, também possuem uma alta 
interação com a água, no entanto, são administrados por 
via subcutânea da região da mucosa do canal anal, assim, 
essas moléculas não retém a água para o bolo fecal, mas 
sim para a levar até a região da submucosa para que 
seja reabsorvida. É inviável em uso crônico visto que pode 
ocasionar dor na área da administração, sangramentos, 
inchaço dos grânulos. 
 
 
 
Þ Salicicato de bismuto: 
Diminui a secreção de líquidos no intestino, Se liga a 
toxinas bacterianas. Recupera o revestimento da mucosa 
gástrica. Possível efeito antibacteriano. É muito útil em 
diarreias do viajante. 
Efeitos colaterais: Língua e fezes escurecidas. 
 
Þ Probióticos: 
Atuam no tratamento das diarreias por tentar 
reestabelecer a microbiota comensal. Preparações 
contendo: Lactobacillus GG e Saccharomyces boulardii. Útil 
em quadros diarreicos com uso de antibiótico, porque é 
um quadro em que se sabe que a microflora do paciente 
tá afetada, logo, ao restabelecer essa microflora a 
diarreia cessa. 
Þ Antibióticos: 
Sempre deve ser usado? Não, deve-se usar sempre no 
tratamento de diarreia se for uma infecção bacteriana. 
Quais consequências de usar sem necessidade? 
Resistência, erradicação da flora intestinal (microbiota) e 
aumento do custo. Quando deve ser usado? Usar em 
idosos > 65 anos, diarreia > 14 dias (testar infecção por 
protozoário), imunossupressão e quadro de sepse.

Outros materiais