Aprendizagem Cognitiva Social - Bandura

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Aprendizagem e Memória
Anna Carolina T. A. Estefan
Mestre em Psicologia Clínica – Neurociências
Especialista em Neuropsicologia 
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental
Formação em Terapia Cognitiva 
Bibliografia
Textos complementares : O conceito de “modelo” como estratégia de ensino.
Desengajamento Moral na Perspectiva da Teoria Social Cognitiva.
Livro didático da disciplina pg. 56-63
“As crianças precisam mais de modelos do que de precisam de críticos.”
Albert Bandura 
Um dos psicólogos mais influentes do século. 
Fundados da Teoria Social Cognitiva 
Estudou amplamente a aprendizagem por observação.
Nem todas as aprendizagens ocorrem por experiência direta como no caso dos condicionamentos.
A aprendizagem ativa acontece por meio de experiências diretas, que são comportamentos apresentados com suas respectivas consequências. Logo, a aprendizagem ativa ocorre mediante a reflexão do comportamento e da avaliação das suas consequências. As consequências dos comportamentos, por sua vez, têm como funções informar os efeitos das ações, motivar comportamentos antecipadamente e reforçá-los. 
Aprendizagem observacional ou por observação
Ocorre quando comportamentos são adquiridos ou modificados após a exposição a outras pessoas (modelos) que estão realizando o comportamento, é um instrumento de adaptação. A maioria da nossa aprendizagem seria por observação
Estudo 1 
Crianças em idade pré-escolar assistiram a um filme no qual um adulto interagia com um boneco chamado João Bobo.
Grupo 1 : viam o adulto brincar tranquilamente com o boneco.
Grupo 2: viam o adulto ser agressivo com o boneco
Aprendizagem por Observação
Mais tarde em uma sala com outros brinquedos a criança poderia brincar livremente.
As que viram o adulto ser agressivo tinham duas vezes mais chances de reproduzir o comportamento.
Modelação
A imitação do comportamento observado , geralmente, é referida como modelação. 
No sentido de o comportamento dos modelos é reproduzido. 
Modelação: ação de um modelo significativo sobre o comportamento do observador. 
É mais provável que imitemos o comportamento de modelos mais atraentes. Por exemplo: status, afetividade, similaridade...
Modelação
Além disso, a modelação só é eficaz se o observador for fisicamente apto para tal. 
Modelação
A modelação é seguida por um processo cognitivo, o que implica dizer que esse tipo de aprendizagem não é uma pura imitação, já que necessita de representações simbólicas peculiares a cada indivíduo e situação.
Esse processo envolve mecanismos de atenção, representação, produção comportamental e motivação. 
Modelação – Atenção 
	Há uma maior tendência a observar indivíduos com os quais se tem mais contato, modelos atraentes e comportamentos de natureza que se considera importante ou valiosa. Assim, o processo de atenção ocorre de acordo com as características do modelo, afetividade que desperta, a prevalência com é visto, a complexidade e o valor funcional do comportamento, a capacidade sensorial do observador, seu nível de excitação, motivação, sua percepção e os reforços recebidos no passado. 
Modelação – Retenção 
	A representação, também chamada de processo de retenção, é necessária à obtenção de novos padrões de reação, pois o que é observado deve ser representado simbolicamente na memória.
Modelação – Produção Comportamental
	Depois de reter o comportamento e ensaiar cognitivamente, reproduz-se o comportamento na produção comportamental ou processo de reprodução motora. A aprendizagem é mais eficaz quando existe motivação, e isso se traduz no desempenho em realizar um comportamento. A motivação pode ocorrer por meio de reforços externos, vicariantes ou por interiorização de processos motivacionais. 
Fases da Modelação
Atenção : direcionar os processos atencionais para o comportamento do modelo. Modelos atrativos tendem a ter maior atenção do imitador.
Retenção : representar o comportamento no sistema mnemônico ou seja representa-lo na memória. 
Reprodução do comportamento : reproduzir o comportamento aprendido
Motivação : a aprendizagem é mais eficaz quando o sujeito está motivado para tal seja por questões externas (reforço vicariante ) até questões internas (identificação com o modelo)
Reforço Vicário
Outro fator que determina a imitação do modelo pelos observadores é o fato de o modelo ser reforçado por executar o comportamento.
Ou seja, comportamentos reforçados são mais prováveis de serem imitados. 
Estudo 2
Crianças assistem a um filme de adultos sendo agressivos com o João-Bobo com três finais diferentes:
 Nenhuma consequência (grupo controle)
Adulto recompensado com balas e doces
Adulto punido fisicamente e verbalmente 
Conclusão
As crianças que tinham observado o modelo ser recompensado apresentavam uma probabilidade muito maior de agir agressivamente em relação ao boneco do que o grupo-controle.
Em contraste, as que tinham visto a punição tinham uma probabilidade menor de repetir o comportamento do que o grupo-controle. Isso significa que não aprenderam?
Não! Quando mais tarde receberam pequenos presentes para reproduzir as ações do modelo, o fizeram. 
Aquisição # Desempenho
Aprendizagem Vicária
Todas as crianças aprenderam o comportamento, mas as que viram o modelo ser recompensado executam , em maior frequência, aquele comportamento. 
A aprendizagem vicária ocorre quando a pessoa as consequências de uma ação. 
Aprendizagem Vicária
Bandura destaca que os reforços diretos não são essenciais à aprendizagem, apesar de fornecerem incentivos ao desempenho.
 Dessa forma, a aprendizagem por observação pode ser considerada mais eficiente, já que não expõe os indivíduos a reforços ou punições e, assim, evitam que o processo cognitivo e o desenvolvimento social sejam atrasados.
Bandura destaca que os reforços diretos não são essenciais à aprendizagem, apesar de fornecerem incentivos ao desempenho. 
Imitação x Identificação 
Imitar envolve um comportamento restrito.
Identificar-se envolve adotar e reconhecer-se nos comportamentos, valores, crenças e atitudes observados da pessoa-modelo. 
Identificar-se amplia o comportamento observado para diversos outros objetos animados e inanimados (generalização), enquanto imitar é muito mais restrito. 
Modelo Congruente
Modelos que possuem a mesma modelação verbal e comportamental.
Dizer = Fazer. 
São mais eficazes
Modelo Incongruente
Modelos que possuem modelação verbal e comportamental opostas. 
Dizer não é fazer.
Menos eficazes. 
Modelos anti-sociais (na família, vizinhança, na TV) podem ter efeitos anti-sociais.
Modelos pró-sociais podem gerar atitudes pró-sociais . 
Agência Humana
Agência humana, que é a capacidade do ser humano de exercer o controle sobre sua vida.
Alguns traços da agência humana são... a intencionalidade, que é um planejamento com proatividade; a premeditação ...
E a autoeficácia! 
Autoeficácia
A autoeficácia é a crença na capacidade de realizar ações que produzirão um efeito desejado e que interfere na escolha dos comportamentos, no desempenho e, por isso, no controle da vida. 
Atingirá um objetivo devido as suas qualidades pessoais. 
Relaciona-se com a crença de si; a autoestima 
Autoeficácia
A autoeficácia depende de experiências de domínio (experiências passadas), da modelagem social (experiências vicárias), da persuasão social e dos estados emocionais e físicos.
Predição 
Antecipação das possíveis consequências do seu comportamento. 
“Bandura propôs o conceito de desengajamento moral para mostrar como as pessoas podem encontrar justificativas para cometer atos antissociais sem se sentirem culpadas ou censuradas por isso. Daí o uso do termo ‘desengajamento’, mostrando que é possível se desprender ou desengajar dos próprios padrões morais para cometer atos antissociais deliberadamente, sem autocondenação (Iglesias, 2008, p. 165)
Desengajamento Moral
Justificativa moral : “Não há problemas em bater em alguém quando sua honra é ameaçada”. 
 Comparação vantajosa: “Não há mal em insultar um colega, porquebater nele seria pior”.
Linguagem eufemística : “Dar tapas e empurrões em alguém é só uma forma de brincadeira”. 
Minimização, ignorância ou distorção das consequências: “As crianças não se importam de serem caçoadas porque isso mostra que elas estão recebendo atenção”. 
Desumanização : “Alguém que é desagradável não merece ser tratado como um ser humano”. 
Atribuição de culpa: “Se as pessoas são descuidadas com seus pertences, então a culpa é delas se forem roubadas”. 
Deslocamento de responsabilidade: “Se uma criança está vivendo sob más condições, ela não pode ser culpada por se comportar agressivamente”. 
Difusão de responsabilidade : “As crianças não podem ser culpadas por falar palavrão quando todos os seus amigos o fazem”. 
Teoria de Aprendizagem Social
A teoria da aprendizagem social tem como princípio considerar que as crianças aprendem comportamentos sociais a partir da observação e imitação de modelos.
Outra característica é que a teoria da aprendizagem social considera o aprendiz como sujeito ativo, com isso, a pessoa atua sobre o ambiente, e em até certo ponto, cria o ambiente. (BANDURA; POLYDORO; AZZI, 2008)
Aprendizagem Social e Neurociências 
Neurônios espelhos (córtex pré-motor) : são ativados no momento da observação de outro humano.
Assim, quando você observa uma ação circuitos similares são ativados como se a pessoa estivesse reproduzindo aquela ação. São neurônios em espelho. Por exemplo: no aprendizado da linguagem
Aprendizagem Social e Neurociências 
Porém, eles não produzem a ação. O que conduz a outra hipóteses: os neurônios espelhos estão envolvidos na predição do comportamento do outro. 
Para além dos neurônios espelhos...
Todos aprendem imitando.
Mas estamos longe de compreender todas as bases neurais da imitação.
Método de mentalização, compreensão de estados mentais... 
Mentalização 
Cognição Social: Teoria da Mente 
Inferir (algo não observável) e compreender estados mentais de outras pessoas.
Podem ser usadas para orientar e predizer comportamentos.
Um déficit na TOM que impulsiona as dificuldades na interação social de indivíduos com TEA foi proposto em 1985 por Baron-Cohen.
Esse déficit apareceria em diversas esferas da TOM como: inferência emocional (reconhecimento de faces); falsas crenças; reconhecimento de estados mentais em situações desconfortáveis. 
Uma literatura robusta apoia essa teoria. 
Quando Sally voltar aonde ela vai procurar a bola?