Buscar

A inclusão digital no contexto social da Educação de Jovens e Adultos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A inclusão digital no contexto social da Educação de Jovens e 
Adultos: estudo exploratório nas escolas de Macau - RN 
Victória Gabrielle da Silva Alves1, João Helis Bernardo2, Maria Clara L. de Lemos3 
Curso Técnico Integrado em Informática 
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) 
Macau – RN, Brasil 
victoria.grabrielle@escolar.ifrn.edu.br, 
{joaohelis,clara.lucena}@ifrn.edu.br 
Resumo. Este artigo trata-se de um estudo exploratório sobre a inclusão digital no 
contexto social da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na cidade de Macau/RN. Foram 
entrevistados professores e alunos desta modalidade de ensino, a fim de identificar como 
as escolas da rede municipal está lidando com o processo de inclusão digital dos alunos 
da EJA. Adicionalmente, buscou-se compreender se estas escolas estão estruturalmente 
preparadas para incluir digitalmente seus alunos, bem como se os professores possuem 
capacitação para utilizar as novas tecnologias de informação e comunicação em sala de 
aula. Os resultados demonstraram-se divergentes daquilo que se espera de uma escola 
pertencente a uma sociedade marcada por um período denominado de Era da 
Informação. De acordo com a análise das entrevistas realizadas, os professores não 
recebem cursos de capacitação na área de informática para formação de EJA, assim 
como nenhuma das escolas presentes na pesquisa possuem laboratórios ativos de 
informática, logo, os alunos sofrem o impacto de não receberem a devida formação que 
merecem, sendo assim, excluídos digital e socialmente. 
Palavras chaves: Inclusão digital, Informática, EJA, Exclusão social, Capacitação. 
Abstract. This a is an exploratory study on digital inclusion in the social context of 
Educação de Jovens e Adultos (EJA) in the city of Macau/RN. Teachers and students of 
this type of education were interviewed in order to identify how schools in the municipal 
network are dealing with the process of digital inclusion of students from EJA. In 
addition, we sought to understand if these schools are structurally prepared to digitally 
include their students, as well as whether teachers are qualified to use the new 
information and communication technologies in their classes. The results differed from 
what is expected of a school belonging to a society marked by a period called the 
Information Age. According to the analysis of the interviews, teachers do not receive 
training courses in the area of computer science for the formation of EJA, just as none of 
the schools present in the research have active computer laboratories, so students suffer 
the impact of not receiving due training they deserve, thus being digitally and socially 
excluded. 
Keywords: Digital Inclusion, Informatics, EJA, Social Exclusion, Training. 
 
1 Discente do Curso Técnico Integrado em Informática – IFRN – Campus Macau. 
2 Professor Me. João Helis Junior de Azevedo Bernardo (Orientador) - IFRN – Campus Macau. 
3 Professora Esp. Maria Clara Lucena de Lemos (Coorientadora) - IFRN – Campus Macau. 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Atualmente, vivemos em uma Era Tecnológica, Digital, ou período Pós-Moderno 
(existem diversos termos), estabelecido pelos avanços tecnológicos e pela introdução de novos 
meios de comunicação na vida dos seres humanos que, além de transformar padrões, valores e 
conhecimentos, fazem com que toda estrutura das relações humanas se reconfigure. Ou seja, 
todas as instituições que normatizam a vida humana também são alteradas e as inovações 
tecnológicas presentes na nossa sociedade atuam diretamente em áreas de grande importância 
da vida humana como a saúde, o lazer e, principalmente, a educação. 
Nesse sentido, a informatização tem se tornado um dos conhecimentos e requisitos 
principais da educação básica, assim como ler e escrever, essenciais para a realização de tarefas 
simples do cotidiano. No entanto, conforme informações divulgadas no site da web G1, segundo 
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), “o Brasil ainda tem cerca de 11,8 
milhões de analfabetos, o que corresponde a 7,2% da população de 15 anos ou mais” 
(FERREIRA, 2017), sem mencionar a questão estrutural que o analfabetismo representa por 
predominar na terceira idade. 
Há uma questão estrutural do analfabetismo. Ele está muito mais presente 
entre a população idosa. O que vemos é algo histórico, mais concentrado em 
uma população mais velha. Vamos diminuir o analfabetismo na medida que 
essa população mais velha for morrendo, porque atualmente há mais crianças 
na escola. Basta olhar os percentuais por faixa etária para comparar isso 
(Informação verbal) ¹. 
Esses dados são um indicativo de que, para a alfabetização e a introdução de Jovens e 
Adultos na educação brasileira, as políticas públicas que as promovem devem ser revisadas. Na 
reintrodução dos Jovens e Adultos na educação, ou até mesmo na inicialização destes nessa 
área, a EJA destaca-se. Um dos fatores que conduzem um jovem ou adulto a reingressar ou 
iniciar nos estudos são as exigências acadêmicas contidas no atual cenário do mercado de 
trabalho, que transformou também numa exigência básica (além de ler e escrever, como dito 
anteriormente) o domínio e habilidades na área da informática. Contudo, se o nível de 
alfabetizados entre o grupo de jovens e adultos é aquém das expectativas, é de se esperar que 
estes se desloquem mais ainda quando o assunto é inclusão digital. 
Inclusão digital “se refere à democratização das tecnologias da informação, com a 
intenção de garantir o acesso de todas as pessoas, independentemente da condição econômica” 
(CUNHA & GURGEL, 2016, p. 418). Nesse sentido, pode-se dizer que existem dois grupos, 
os incluídos digitais, que refere-se aos que nasceram (nativos digitais), cresceram ou se 
desenvolveram dentro das tecnologias atuais, comum na Educação Infantil, Ensino 
Fundamental e Médio; e os excluídos digitais, onde situam-se os jovens, adultos e idosos que 
não sabem ler e escrever e acabam fazendo parte da segunda categoria, pois o processo para 
encaixá-los no âmbito tecnológico torna-se demorado visto que não tiveram formação escolar 
na idade certa e necessitam de uma atenção maior. Portanto, promover o acesso e a utilização 
dessas novas tecnologias, trazendo significado à vida individual desse grupo, possibilitará que 
este desenvolva habilidades e competências para uma melhor integração social. Sendo assim, a 
inclusão digital na EJA torna-se extremamente necessária e relevante. 
Nesse viés, o objetivo desta pesquisa é explorar e analisar se as escolas que trabalham 
com a Educação de Jovens e Adultos, na cidade de Macau, Rio Grande do Norte incluem 
digitalmente seus alunos, e se o corpo docente destas escolas é composto por profissionais com 
formação necessária para agirem ativamente neste processo. Além disso, analisar se as escolas 
 
 
 
 
 
 
possuem a infraestrutura necessária para lidar com a utilização das novas tecnologias de 
informação e comunicação nas suas atividades educativas. 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 Nesta seção, apresentar-se-á a fundamentação teórica que utilizada para subsidiar o 
desenvolvimento deste trabalho, dividida em dois subtítulos, para melhor entendimento da 
pesquisa: A Importância da Informática e a Inclusão Digital na Educação de Jovens e Adultos. 
2.1 A importância da Informática 
Conforme Castells (1999, p. 43) “a tecnologia é a sociedade, e a sociedade não pode ser 
compreendida ou representada sem as suas ferramentas tecnológicas”. Logo, a tecnologia é 
inerente a sociedade, faz parte de sua trajetória. É também um dos recursos que diferenciam a 
humanidade dos outros seres vivos, pois somos capazes de criar ferramentas tecnológicas que 
auxiliam na compreensão de nós mesmos, além de transformar culturas, valores e costumes. A 
tecnologia faz parte da humanidade, e a humanidade faz da tecnologia uma extensão do corpo. 
Nessesentido, o processo de modernização tecnológica pode transformar a sociedade em 
poucos anos. Segundo Castells (1999, p. 44): 
A habilidade ou inabilidade de as sociedades dominarem a tecnologia, e em 
especial, aquelas tecnologias que são estrategicamente decisivas em cada 
período histórico, traça seu destino a ponto de podermos dizer que, embora 
não determine a evolução histórica e a transformação social, a tecnologia (ou 
sua falta) incorpora a capacidade de transformação das sociedades, bem como 
o uso que as sociedades, sempre em um processo conflituoso, decidem dar ao 
seu potencial tecnológico. 
Não basta que se tenha todas as ferramentas materiais (e. g., computadores) para sermos 
incluídos digitalmente, mas sim estar em condições e participar dos processos evolutivos das 
tecnologias. É necessário que todos os indivíduos, de todas as idades, tenham acesso as 
tecnologias para que não fiquem à margem da sociedade (LÉVY, 2000). 
2.2 Inclusão digital na Educação de Jovens e Adultos 
A inclusão digital é um avanço da informática, logo, se os indivíduos e a sociedade não 
se adaptarem as mudanças que as tecnologias vêm estruturando nas instituições, serão excluídos 
desse processo (TAVARAYAMA, SILVA & MARTINS, 2012). Incluir alunos da Educação 
de Jovens e Adultos (EJA) digitalmente garante maiores possibilidades de inserção social. 
Conforme Joaquim (2015), há um enorme número de adultos que não foram incluídos na cultura 
digital, e isso se deve ao fato de que os adultos são entendidos como coadjuvantes da inclusão 
digital. 
Na reintrodução dos Jovens e Adultos na educação, ou até mesmo na inicialização destes 
na área, a EJA destaca-se. A Educação de Jovens e Adultos (EJA), conforme Limberger et al. 
(2015, p. 2), “tem amparo legal na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394/96, 
na qual consta no Título V, Capítulo II, Seção V, dois Artigos relacionados especificamente a 
essa modalidade”. Um dos fatores que conduzem um jovem ou adulto a reingressar ou iniciar 
nos estudos são as exigências acadêmicas contidas no atual cenário do mercado de trabalho, 
que transformou também numa exigência básica (além de ler e escrever) o domínio e 
habilidades na área da informática. Contudo, se o nível de alfabetizados entre o grupo de jovens 
e adultos é aquém das expectativas, é de se esperar que estes tornem-se ainda mais deslocados 
 
 
 
 
 
 
quando o assunto é inclusão digital. Corroborando com essas informações, Bonilla (2010, p 
.44) afirma que “como a escola deve ser espaço-tempo de crítica dos saberes, valores e práticas 
da sociedade em que está inserida, é da sua competência, hoje, oportunizar aos jovens a vivência 
plena das redes digitais”. Ou seja, é prioridade para a sociedade, incluir os jovens (crianças e 
adolescentes) e adaptá-los a essa sociedade digital, enquanto isso os adultos e idosos são 
colocados à margem dessa realidade social. 
É importante que todos, em qualquer faixa etária e classe social, tenham acesso à 
educação. A EJA, além de reintroduzir jovens e adultos novamente no ambiente escolar, 
também apresenta pela primeira vez o mundo da educação para aqueles que nunca tiveram 
acesso. Apesar disso, é nessa modalidade de ensino que se torna mais difícil implementar a 
inclusão digital, visto que muitas dessas pessoas não sabem ler e escrever (FRANCO, 2003). A 
inclusão digital na Educação de Jovens e Adultos atua como mediadora, e tem por finalidade 
aproximar o discente as tecnologias atuais, gerando um novo âmbito para esse aluno. 
Outrossim, promovendo a introdução dele na sociedade e o tornando habilitado para ingressar 
no mercado do trabalho – o que é, provavelmente, o motivo que o faz retornar ao ambiente 
escolar. 
3 METODOLOGIA 
A presente pesquisa é definida como quali-quantitativa, considerando que os 
instrumentos utilizados para o levantamento de dados passaram por análises de cunho 
interpretativista e positivista. Com isso, a escolha do método adotado é justificada pela 
compreensão de que, dessa forma, a validação das informações irá aumentar 
consideravelmente, pois grande parte do estudo pode ser analisado de forma qualitativa, logo 
que predominam entrevistas e questões abertas. No entanto, na mesma pesquisa também estão 
presentes dados que são melhor identificados e compreendidos por um tratamento quantitativo, 
a exemplo de questões objetivas nos questionários aplicados. O objetivo é identificar o maior 
número de elementos específicos possíveis, a partir da experiência dos professores e alunos que 
contemplam a modalidade de ensino EJA. 
3.1 Levantamento de Dados 
Este estudo exploratório tratou-se de uma investigação sobre a inclusão digital em três 
escolas que utilizam a Educação de Jovens e Adultos (EJA), uma modalidade de ensino cujo 
foco é voltado para, basicamente, três categorias: 
I. Alunos que, depois de certa idade, sentem necessidade/obrigação (pelos atuais 
requisitos do mercado de trabalho, por exemplo) de voltar para as salas de aula depois 
de um longo período afastados; 
II. Indivíduos que, por vezes, nunca estiveram em uma sala de aula enquanto alunos; 
III. Alunos que não estão tão distantes no quesito idade/série e pretendem serem nivelados; 
O universo de aplicação da pesquisa se constitui a partir da investigação das seguintes 
escolas da cidade de Macau (RN): (i) Escola Municipal Edinor Avelino; (ii) Escola Municipal 
Maura de Medeiros Bezerra; e (iii) a Escola Municipal Alferes Cassiano Martins. Esta é uma 
pesquisa necessária, tendo em vista que, até onde vai o conhecimento dos autores, nunca foi 
aplicada no município. A abordagem quali-quantitativa foi escolhida porque entrevistas abertas, 
questionários com questões objetivas e descritivas, e algumas técnicas de observação foram 
utilizadas. Acerca disso, o objetivo é ter uma melhor compreensão do que acontece com relação 
a inclusão digital na Educação de Jovens e Adultos, nas respectivas escolas da cidade de Macau 
(RN). 
 
 
 
 
 
 
3.2 Análise de dados 
Para a interpretação de dados, o método utilizado foi o de análise de conteúdo, que na 
definição de Bardin (1977), 
se refere a um conjunto de técnicas de análise das comunicações 
(procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das 
mensagens) de indicadores quantitativos ou não, que permitam a inferência de 
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis 
inferidas) das mensagens. 
A análise do conteúdo das entrevistas e questões abertas foi realizada por meio da Análise 
Categorial, que possibilita o agrupamento dos textos semanticamente correlacionados, a partir 
de categorias. Torna-se uma boa opção quando se trata de estudos que buscam compreender as 
opiniões, valores e atitudes de indivíduos sociais. Portanto, recortes dos textos são feitos e 
analisados posteriormente pelo tipo de análise escolhido. 
A metodologia desta pesquisa foi organizada em concordância com a proposta de 
sistematização do método de Análise de Conteúdo Temático-Categorial, elaborado por Oliveira 
(2008), estruturada nas seguintes etapas: 
3.2.1 Preparação das informações 
Tudo aquilo que pode ser transformado em texto também pode ser explorado pelo 
método de análise de conteúdo. Tendo em vista que nesta pesquisa foram utilizados dois tipos 
de métodos para levantamento de dados, entrevistas e questionários, os dados advindos destes 
instrumentos foram transformados em texto por meio da transcrição das entrevistas, juntamente 
com as questões abertas presentes nos questionários, para posterior avaliação. 
3.2.2 Transformação do conteúdo em unidades de registro (UR) 
Unidades de registro implica em tudo aquilo que o pesquisador resolver adotar como 
significativo no decorrer da análise. Neste caso, foram utilizados como UR’s determinados 
pontos, como falas nos textos que se relacionassem com o objetivo da pesquisa, bem como, 
relatos que fogem aoobjetivo principal, mas que é notoriamente importante de ser observado. 
3.2.3 Classificação das Unidades de Registro em Temas 
Nesta etapa, cada Unidade de Registro é associada a um tema, com o propósito de 
conectar UR’s, dentro de um mesmo contexto de sentido. Sendo assim, cada tema pode ser 
composto por uma ou mais UR’s, além de não serem pré-estabelecidos, os temas surgiram no 
decorrer da análise. 
3.2.4 Classificação das Unidades de Registro em Categorias 
Cada categoria pode ser associada a um conjunto de temas, no entanto, cada tema só 
pode ter uma categoria. Ou seja, esta etapa refere-se ao agrupamento de temas e suas respectivas 
UR’s em categorias. Sendo assim, foram determinadas cinco categorias principais de análise. 
Dessa maneira, realizou-se marcações em todo o texto para cada UR encontrada, conforme 
ilustrado na Figura 1, onde são elencadas quatro URs distintas, cada qual pertencente ao 
conjunto de falas de professores ou alunos de EJA. 
 
 
 
 
 
 
3.2.5 Descrição 
Trata-se da organização numérica, de forma resumida, das etapas anteriores, com o 
objetivo de apresentar a soma das Unidades de Registro presentes no texto de cada entrevista e 
questões abertas, por tema. 
3.2.6 Interpretação 
Por último, esta etapa tem grande relação com a pesquisa qualitativa, visto que é onde a 
pesquisadora realiza a análise das evidências no texto com base no seu olhar de interpretação, 
além de fazer suas ponderações a fim de deixar claro a importância de cada UR, tema e categoria 
emergentes da análise dos dados. 
4. RESULTADOS & DISCUSSÕES 
A presente pesquisa realizou um estudo exploratório para analisar a inclusão digital no 
contexto social da Educação de Jovens e Adultos (EJA), nas escolas da rede pública da cidade 
de Macau/RN. Foram aplicados questionários e entrevistas em três das cinco escolas que 
utilizam a modalidade de ensino EJA na cidade. A Escola Municipal de 1° Grau Edinor Avelino 
fica localizada no bairro Valadão, a Escola Municipal de 1° Grau Professora Maura de Medeiros 
Bezerra está situada na Cohab e a Escola Municipal de 1° Grau Alferes Cassiano Martins, em 
Barreiras, um dos distritos da cidade. As outras duas escolas que também utilizam EJA, mas 
não foram objetos de estudo, são a Escola de 1° Grau Municipal Professora Luzia Bonifácio de 
Souza, localizada em Diogo Lopes, distrito de Macau, e a Escola de 1° Grau Municipal Padre 
João Penha Filho, situada no bairro Porto São Pedro. Do total, 100% das escolas (5/5) que 
utilizam o modelo de ensino EJA em Macau/RN são da rede pública municipal. 
Para a realização da pesquisa, 16 discentes de três instituições, que utilizam a 
modalidade de ensino EJA, localizadas no município de Macau/RN, contribuíram com o estudo 
ao responder um questionário proposto pela pesquisadora, conforme Apêndices A e B. De 
acordo com os dados coletados, 62,5% dos discentes tem entre 15 e 30 anos, 25% entre 30 e 50 
anos e 6,3% entre 50 e 60 anos ou mais. 6,3% não declararam a idade. Os números apresentados 
não condizem com a realidade nacional, já que, segundo o IBGE (2018) o analfabetismo no 
Brasil atinge em maior escala grupos populacionais mais velhos, como é possível observar a 
partir da Figura 01. 
 
 
 
 
 
 
Figura 01. Taxa de analfabetismo do Brasil nos últimos três anos 
 
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por 
Amostra de Domicílios Contínua 2016-2018. 
Ao analisar a quantidade de discentes por sexo, notou-se que os homens são 
predominantes em relação as mulheres, que representam apenas 25% dos alunos entrevistados 
(4/16). 58,3% dos discentes do sexo masculino compreendem ao grupo populacional que 
apresenta entre 15 e 30 anos, 25% entre 30 e 50 anos e 8,3% entre 50 e 60 anos ou mais. 8,3% 
não declararam a idade (ver Gráfico 01). A realidade brasileira corrobora com esses dados, de 
acordo com o IBGE (2018) a taxa de analfabetismo entre homens e mulheres aponta 
superioridade para brasileiros do sexo masculino com 15 anos ou mais. Os números se invertem 
quando se trata de pessoas com 60 anos ou mais (ver Figura 01). 
Gráfico 01. Distribuição dos discentes do sexo masculino por faixa etária 
 
Fonte: Arquivo pessoal, 2019. 
 
 
 
 
 
 
No Brasil, a taxa de analfabetismo entre brancos, negros ou pardos é significativamente 
diferente (IBGE, 2018), Figura 01. Os dados colhidos nas três instituições de ensino confirmam 
a realidade do nosso país. Um quantitativo de 56,2% dos discentes participantes da pesquisa é 
negro ou pardo e 31,2% é de etnia branca. 12,5% não identificaram a etnia, Gráfico 02. Não é 
de hoje que esses números são observados, vários autores relatam a superioridade na taxa de 
analfabetismo para negros ou pardos em relação a brancos (e. g., ROSEMBERG & PIZA, 1996; 
SILVA, 2012). Ou seja, 131 anos após a abolição da escravidão, a desigualdade racial é notória 
em todos os âmbitos da sociedade. “Parte significativa dela não é atribuível a nenhuma medida 
de mérito ou esforço, sendo puramente resultado de discriminações passadas ou presentes” 
(THEODORO, 2018). 
Gráfico 02. Comparativo de etnia dos discentes 
 
Fonte: Arquivo pessoal, 2019. 
Entre as três escolas investigadas, duas não tem laboratórios de informática como parte 
da sua estrutura, ou seja, 66,66% (2/3). Apenas uma escola possui laboratório e os equipamentos 
tecnológicos necessários, no entanto, são mantidos em uma sala fechada, sendo assim, um total 
de 100% das escolas (3/3) não utilizam de computadores em suas atividades escolares. Apesar 
de 100% dos professores e alunos entrevistados concordarem que a inclusão digital é um 
requisito básico para a realização de atividades escolares, assim como inserir os alunos no 
ambiente digital através do uso de tecnologias, nenhuma das escolas investigadas possuem rede 
de internet. Um quantitativo de 75% dos professores entrevistados (3/4), alegaram que a 
secretaria de educação não disponibiliza formação de professores voltada para inclusão digital 
na formação de jovens e adultos. Adicionalmente, é importante destacar que nenhum dos 
professores entrevistados (0/4) possui formação acadêmica na Educação de Jovens e Adultos 
ou na área de informática. 
Tabela 1. Perfil dos professores entrevistados 
ID Sexo Experiência Duração da entrevista 
EN01 F 8 5 min 
EN02 F 14 10 min 
EN03 F 16 4 min 
EN04 M 16 5 min 
Fonte: Arquivo pessoal, 2019. 
 
 
 
 
 
 
4.1 Descrição dos Resultados 
De acordo com o estudo desempenhado sobre as entrevistas realizadas com os 
professores e questionários aplicados aos alunos das escolas investigadas, acerca da inclusão 
digital na era da informação, bem como a capacitação de discentes, docentes, e instituições para 
a utilização de tecnologias no quesito ensino-aprendizagem, foram identificadas cinco 
categorias principais de análise: 
I. Situação atual da modalidade de ensino EJA 
II. A importância da inclusão digital na Educação de Jovens e Adultos e os seus 
benefícios no processo de ensino-aprendizagem 
III. Dificuldades para introduzir a inclusão digital na modalidade de ensino EJA 
IV. Incentivo aos professores na utilização de tecnologias 
A primeira categoria apresenta relatos sobre a Situação atual da modalidade de ensino 
EJA, os temas mais citados pelos professores sobre o assunto, são: (i) Evasão escolar; (ii) 
Choque entre realidades; (iii) Forma de nivelar idade-série. 
A segunda categoria trata da Importância da inclusão digital na Educação de Jovens 
e Adultos e os seus benefícios no processo de ensino-aprendizagem, seus respectivos temas 
citados pelos professores e alunos, são: (i) Auxilia na introdução do indivíduo em sociedade; 
(ii) Influencia no processo de aprendizagem; (iii) Mais acesso à informação; (iv) Outras formas 
de conhecimento e autonomia; (v) Auxilio mercado de trabalho atual; 
A terceira categoria, Dificuldades paraintroduzir a inclusão digital na modalidade 
de ensino EJA, oferta os seguintes pontos trazidos por professores e alunos que colaboraram 
com a pesquisa: (i) Falta de laboratórios; (ii) Os laboratórios não funcionam; (iii) Os alunos não 
possuem prática para manusear tecnologias; 
A última categoria, trata-se do Incentivo aos professores na utilização de tecnologias, 
e tem os temas: (i) A secretaria não oferece cursos de formação; (ii) Não há mais incentivo; 
 
Tabela 2. Classificação numérica das Unidades de Registro das entrevistas e questionários 
CATEGORIA DE ANÁLISE TEMAS UR’s 
 
 
Situação atual da modalidade de 
ensino EJA 
Evasão escolar 3 
Choque entre realidades 3 
Nivelamento idade-série 4 
 
 
 
A importância da inclusão digital na 
Educação de Jovens e Adultos e seus 
benefícios no processo de ensino-
aprendizagem 
Auxilia na introdução do indivíduo em 
sociedade 
3 
Influência no processo de aprendizagem; 3 
Mais acesso à informação 5 
Outras formas de conhecimento e 
autonomia 
11 
Auxílio no mercado de trabalho 7 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dificuldades para introduzir a 
inclusão digital na modalidade de 
ensino EJA 
Falta de laboratórios 5 
Os laboratórios não funcionam 2 
Ausência de prática dos alunos para 
manuseio de tecnologias 
4 
 
 
Incentivo aos professores na 
utilização de tecnologias 
A secretaria não oferece cursos de 
formação 
4 
Não há mais incentivo 3 
 
Fonte: Arquivo pessoal, 2019. 
4.1.1 Situação atual da modalidade de ensino EJA 
Tendo como base os questionários aplicados nas turmas de EJA e as entrevistas feitas 
aos respectivos professores, a modalidade de ensino encontra-se em situação de grande evasão 
escolar. O seguinte trecho foi retirado da entrevista da professora com formação em língua 
inglesa, quando falava sobre a evasão na Educação de Jovens e Adultos e os fatores que 
contribuem para isso. 
“Se você olhar nossa folha de frequência, tem 50 alunos em cada turma, e se 
você olhar, a maior turma é essa (cerca de oito alunos).” (Entrevistada 02). 
A entrevistada justifica a desistência dos alunos nas turmas, e relata que tem a ver com 
o choque entre idades, e a colisão do comportamento entre elas. 
“Mas a EJA, a realidade dela em relação as pessoas que atende está 
mudando, ela está deixando de atender somente aquelas pessoas que 
abandonaram e estão retomando, para atender aqueles alunos que ficaram 
fora de faixa e foram sendo reprovados.” (Entrevistada 02) 
“... a gente encontra uma certa dificuldade, porque as pessoas mais idosas 
reprovam o comportamento dessas mais jovens, porque eles são muito 
exagerados em comportamentos, então choca. Há um choque. É tanto, que se 
você observar, não vai encontrar, mas a gente tinha, nessa série, alunos de 
70 e poucos anos, mas eles não conseguem se manter, e por causa dessa 
junção há evasão dos mais velhos.” (Entrevistada 02). 
Colocar em uma mesma sala pessoas de objetivos diferentes, idades diferentes e 
perspectivas diferentes pode ser um dos fatores que influenciam nos altos índices de evasão em 
turmas de EJA. Apesar de ser positivo no ponto de vista de diversificação e uma possível troca 
de experiências entre os alunos, a presente pesquisa nos mostra que isso não acontece. 
Segundo Silva & Arruda (2012) um dos grandes fatores que influenciam na permanência 
dos alunos na EJA é a falta de profissionais sem qualificação adequada para o educando, 
colaborando, desta forma, para a exclusão social do aluno. Ou seja, é preciso olhar com mais 
atenção para esta modalidade de ensino, visto que ela apresenta uma fragilidade maior com 
relação às outras. Os autores também afirmam que “tem que se usar uma metodologia com 
conteúdo que despertem a cada um o prazer de estar na sala de aula ou que motive os a 
permanecerem na escola utilizando uma linguagem simples.”. (2012, p.115). 
“E infelizmente, os mais novos, que deveriam permanecer, eles não dão 
ainda, a atenção devida, e aí vai acentuar os índices da EJA, que é um dos 
índices de maior desistência e evasão, infelizmente, e o IDEB da escola vai 
 
 
 
 
 
 
cair, que é o índice de desenvolvimento, porque é um grande quantitativo.” 
(Entrevistada 02). 
4.1.2 A importância da inclusão digital na Educação de Jovens e Adultos e os seus 
benefícios no processo de ensino-aprendizagem 
“É de suma importância porque faz com que o aluno interaja mais com as 
aulas e faz com que conheça mecanismos diferentes de ensino-
aprendizagem". (Entrevistado 04). 
“Seria muito útil, porque eles ganhariam uma autonomia na busca do 
conhecimento, ele não dependeria somente do professor para estar 
compartilhando conhecimento, ele teria autonomia para buscar e construir 
seu próprio conhecimento, não dependendo só de livros e professores”. 
(Entrevistada 02). 
Todos, sem exceções entre os entrevistados, alegaram que a inclusão digital é essencial 
para a Educação de Jovens e Adultos. Conforme Lourenço et. al (2012, p. 2) Além de ler e 
escrever, é importante que o indivíduo tenha domínio dos meios digitais, pois isso pode garantir 
uma melhor inserção no mercado de trabalho e no mundo das informações. 
“É de grande importância porque é uma coisa mais moderna que a gente traz 
pra eles “visualizar” e trabalhar em sala de aula, porque só leitura e escrita 
tem um pouco de alunos, que ainda tem dificuldade né. E quando eles veem 
algo assim mais moderno, por exemplo, os slides ou apresentação com 
Datashow, eu acharia bem melhor principalmente pra disciplina de biologia 
né pra ver as imagens.” (Entrevistada 03). 
Ao responder o questionário, um dos discentes apontou alguns benefícios que ser 
incluído digital trás para um indivíduo: 
“estabelecer comunicação, acessar notícias, ver vídeos” (Discente 15). 
A resposta dos outros discentes entrevistados encontram-se no mesmo contexto, a 
maioria alegou os benefícios sobre introduzir o indivíduo no mercado de trabalho, e que a 
inclusão digital anda lado a lado com a autonomia, ou seja, o educando pode, por sua 
responsabilidade, buscar outras formas de conhecimento e ter mais acesso à informação. 
4.1.3 Dificuldades para introduzir a inclusão digital na modalidade de Ensino EJA 
O primeiro relato coletado, vem de um aluno retratando sobre um problema sério, que 
atrapalha a inclusão digital nas escolas analisadas: 
“A internet da escola é bloqueada para os alunos”. (Discente 14). 
Relembrando o tópico anterior, que trata da importância e os benefícios da inclusão 
digital na EJA, por possuir informações e formas de conhecimento dentro de uma mesma 
categoria, é nítido que deixar o aluno à margem disso, excluindo-o, enquanto o correto era 
introduzir o educando nos novos moldes da sociedade, implica em péssimos índices para a EJA. 
Isso porque, como já foi dito antes, a modalidade de ensino traz, por vezes, analfabetos digitais, 
e é dever da EJA nivelar isso também, bem como introduzir o aluno na sociedade moderna em 
que vivemos. 
“Olha, desde que eu cheguei aqui, em 2015, eu tinha conhecimento que tinha 
laboratório em uma dessas salas, eu não sei te dizer onde é, não lembro, 
também não sei te dizer se está em funcionamento. Porque muitos 
laboratórios nas escolas que eu leciono foram desconstruídos porque os 
 
 
 
 
 
 
equipamentos ficaram ultrapassados, não recebiam manutenção necessária 
no período, e isso foi fazendo com que eles fossem quebrando. Sem falar da 
internet que não chegava com sinal de qualidade, tanto que com exceção 
dessa daqui, nas outras escolas, os professores fazem um pacote pra manter 
a internet paga. Apesar de o estado fornecer, mas não chega em umas escolas 
com a qualidade que a gente espera.” (Entrevistada 02). 
“Não temos, em nenhuma das escolas. Quando a gente precisa, solicita o 
laboratório da UFRN, mas aqui eu nunca solicitei, para realizar com turmas 
de EJA.” (Entrevistada 02). 
Porque muitas vezes, como eles não têm acesso,causa susto, eles estranham 
e tem medo do que pode vir, até de mexer em uma tecla. (Entrevistado 01). 
Com base nos relatos dos professores, nota-se que além de professores sem capacitação 
para a formação dos alunos na área da informática, as escolas também não possuem a estrutura 
necessária para receber os materiais, ou atribuir laboratórios em seu espaço. Quando não é esse 
o problema, as escolas têm laboratórios como parte da sua estrutura, mas estão em desuso, e 
isso é uma dificuldade que vai além de capacitação de professores para a modalidade, é um 
impedimento por parte da gestão. 
4.1.4 Incentivo aos professores na utilização de tecnologias 
As seguintes falas referem-se às respostas dos professores, quando questionados sobre 
o incentivo da secretaria de educação na capacitação dos educandos com relação ao uso de 
tecnologias em salas de aula. 
“Durante esse tempo que trabalho aqui, nunca foi. Não foi oferecido nenhuma 
formação”. (Entrevistado 01). 
“Depois que eu estou na EJA, tanto na escola municipal, quanto estadual, eu 
não participei de nenhuma formação. Tanto que o estado fez uma formação 
agora pra EJA, depois de 10 anos, e nem foi pra formação continuada em 
relação a tecnologia, foi pra questão de reformulação do currículo. Uma vez 
que a ABNC está aí e EJA não tem ainda o currículo, aí tá em formação. Mas 
no estado, no município eu ainda não participei, não.” (Entrevistada 02). 
“Atualmente, nós estamos sem essa disponibilidade por parte da secretaria. 
Não que a secretaria não ache importante, mas devido aos fatores, estamos 
fracassados nessa área”. (Entrevistado 04). 
Os professores não relataram haver formação para Inclusão digital voltada à Educação 
de Jovens e Adultos, sequer em outras áreas. Esse dado é bastante grave, visto que as 
tecnologias vão avançando a todo momento e não caminhar ao lado disso, coloca educandos e 
educadores à margem da sociedade. A secretaria de educação deve olhar com mais atenção para 
com os novos moldes de ensino e atualizar as escolas da rede municipal o quanto antes. E, 
principalmente, olhar com mais cuidado para a formação daqueles que formam cidadãos e 
cidadãs, bem como investir nisso, para que os resultados sejam mais positivos. Pois, utilizando 
como base o relato da Entrevistada 02, o estado está mais preocupado em trazer mão de obra 
para o mercado, do que com o que importa, de fato, a educação dos alunos. 
 
 
 
 
 
 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Esta pesquisa teve como objetivo principal analisar a inclusão digital oferecida pelas 
escolas que aplicam a modalidade de ensino EJA na cidade de Macau - RN, se os seus docentes 
têm a formação necessária para trabalhar com esta modalidade de ensino, bem como se as 
escolas dispõem de infraestrutura apropriada para utilização das novas TICs. Foram aplicados 
entrevistas e questionários em três escolas da rede municipal da referida cidade. O trabalho 
obteve resultados satisfatórios, alinhados aos seus objetivos. Adicionalmente, durante a 
aplicação da pesquisa foi possível elencar temas importantes que não estavam estritamente 
relacionados com o objetivo da pesquisa, a exemplo da evasão escolar na EJA. Contudo, é 
importante ressaltar que a pesquisa teve limitações reconhecidas pelos autores, a citar: 
I) A aplicação de questionários na turma de EJA foi bastante conturbada, tendo em vista 
a fragilidade da modalidade de ensino. As questões pareciam ser bastante difíceis e os alunos 
precisavam de auxílio para interpretação, assim como para responder, pois muitos estavam 
passando pelo processo de alfabetização. 
II) São cinco escolas que utilizam o modelo de ensino EJA, no entanto, nesta pesquisa 
foram coletados os dados de apenas três. Apesar de 60% das escolas (3/5) fazerem parte da 
pesquisa, ou seja, a maioria, a ausência dos dados nas outras poderia alterar algum resultado. 
Como mencionado anteriormente, alguns resultados obtidos não estavam 
intrinsicamente relacionados ao objetivo do trabalho, como por exemplo, a questão da evasão 
escolar na EJA, fato que possui diversos motivos. A exemplo disso, temos a promiscuidade de 
colocar em um mesmo ambiente, alunos de idades completamente diferentes. No que diz 
respeito a capacitação dos professores na formação de Jovens e Adultos, foi possível identificar 
a partir das entrevistas realizadas que nenhum professor tem especialização na modalidade. 
Este, dentre outros, é um agente influenciador na fragmentação da EJA e seus índices de evasão. 
A modalidade, portanto, precisa ser reavaliada com urgência, ao contrário, continuará excluindo 
seus educandos socialmente, corroborando com o princípio de que merece uma atenção maior, 
por tratar de pessoas que estão à margem da sociedade. 
 Por fim, tratando do objetivo proposto pela pesquisa e a análise das escolas como base, 
o que acontece atualmente na EJA, é uma exclusão digital. Além de trazer modelos de ensino 
ultrapassados, limitados ao livro didático e que não compactuam com a realidade de uma 
sociedade moderna, as escolas não possuem estrutura para laboratórios de informática, os 
professores não possuem formação na área, e os alunos têm seus direitos retirados. O exposto 
se deve ao fato de que vivemos em uma sociedade informatizada, em que temos uma vasta 
quantidade de informação advinda do uso de tecnologias, e os alunos da EJA na rede municipal 
são excluídos disso, gerando um quantitativo enorme de alunos excluídos digitalmente. 
Adicionalmente, é importante que as instituições governamentais e educacionais trabalhem para 
propor melhorias na modalidade de ensino EJA, como por exemplo, ser uma capacitação 
obrigatória na formação dos professores, o domínio das novas tecnologias, caso contrário, 
teremos educadores e educandos sempre à margem da era da informação em que vivemos. Para 
trabalhos futuros, sugere-se realizar uma replicação desta pesquisa nos demais municípios do 
Rio Grande do Norte e do Brasil, a fim de entender como todo o país vem lidando com a 
inclusão digital no contexto social da Educação de Jovens e Adultos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
BARDIN. L. Análise de conteúdo. Lisboa: Editora Edições 70, 1977. 
BONILLA, M. H. S. Políticas públicas para inclusão digital nas escolas. Revista 
Metrovivência, n. 34, p. 40-60, 2010. 
CASTELLS, M. A era da informação: a sociedade em rede. Rio de Janeiro: Paz e Terra, v. 1, 
1999. 
FRANCO, M. G. Inclusão digital: uma proposta na alfabetização de jovens e adultos. In: Anais 
do Workshop de Informática na Escola. p. 216-225, 2003. 
FERREIRA, P. 2019. Brasil ainda tem 11,8 milhões de analfabetos, segundo IBGE. O 
Globo, 2017. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/brasil-ainda-tem-
118-milhoes-de-analfabetos-segundo-ibge-22211755>. Acesso em: 18 Set. 2019. 
IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. 2018. PNAD 
Contínua, educação 2018. Disponível em: 
<https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101657_informativo.pdf>. Acesso em: 
01 dez. 2019. 
JOAQUIM, B. dos S. O empoderamento freireano a partir da inclusão digital na Educação 
de Jovens e Adultos. EJA em debate, Florianópolis, v. 4, 2015. 
LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: ed. 2. Editora 34. 2000. 
LIMBERGER, Diego Ildonei; DA CRUZ, Marcia Elena Jochims Kniphoff; MERGEN, Carla 
Cristiane. Inclusão digital de jovens e adultos em processo de alfabetização: relato de 
experiências a partir de programa institucional. Revista de Educação Ciência e Tecnologia, 
Canoas, v.4, n.1, 2015. 
LOURENÇO, É. S. et al. Inclusão Digital na educação de Jovens e Adultos (EJA). Revista 
Científica Eletrônica de Pedagogia, Garça, n. 19, ISSN 1678-300X, 2015. 
OLIVEIRA, D. C. de. Análise de conteúdo temático-categorial: uma proposta de 
sistematização. Revista Enfermagem UERJ, v. 16, n. 4, p. 569-576, 2008. 
ROSEMBERG, Fúlvia; PIZA, Edith. Analfabetismo, gênero e raça no Brasil. Revista USP, 
n. 28, p.110-121. 1996. 
SILVA, T. S. Educação e população negra: uma análise da última década 
(1999/2009). Relações raciais no contexto social, na educação e na saúde: Brasil, Cuba, 
Colômbia e África do Sul. Rio de Janeiro: Quartet, 2012. 
SILVA, Greice Palhão; ARRUDA, Roberto Alves. Evasão escolar de alunos na Educação de 
Jovens e Adultos - EJA. Eventos Pedagógicos, v. 3, n. 3, p. 113-120, 2012. 
THEODORO, Mário et al. As políticas públicas e a desigualdade racial no Brasil: 120 anos 
após a abolição. Brasília: Ipea, p. 69-99, 2008. 
TAVARAYAMA, R., FREITAS, R. C. M., MARTINS, J. R. A sociedade da informação: 
possibilidades e desafios. Nucleus, v. 9, n. 1, 2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
APÊNDICES 
APÊNDICE A. Informações dos discentes entrevistados. 
DISCENTE SEXO ETNIA FAIXA 
ETÁRIA 
INSTITUIÇÃO 
Discente 01 M Branca Entre 15 e 30 E. M. Alferes Cassiano Martins 
Discente 02 M Negra Entre 15 e 30 E. M. Alferes Cassiano Martins 
Discente 03 M Negra Entre 15 e 30 E. M. Alferes Cassiano Martins 
Discente 04 F Negra Entre 30 e 50 E. M. Maura Bezarra 
Discente 05 M Não 
identificado 
Não 
identificado 
E. M. Maura Bezarra 
Discente 06 M Parda Entre 30 e 50 E. M. Maura Bezarra 
Discente 07 M Branca Entre 15 e 30 E. M. Maura Bezarra 
Discente 08 M Negra Entre 15 e 30 E. M. Maura Bezarra 
Discente 09 M Branca Entre 30 e 50 E. M. Edinor Avelino 
Discente 10 M Parda Entre 50 e 60 
ou mais 
E. M. Edinor Avelino 
Discente 11 M Parda Entre 15 e 30 E. M. Edinor Avelino 
Discente 12 F Branca Entre 15 e 30 E. M. Edinor Avelino 
Discente 13 F Branca Entre 15 e 30 E. M. Edinor Avelino 
Discente 14 M Não 
identificado 
Entre 15 e 30 E. M. Edinor Avelino 
Discente 15 F Parda Entre 15 e 30 E. M. Edinor Avelino 
Discente 16 M Negra Entre 30 e 50 E. M. Edinor Avelino 
Fonte: Arquivo pessoal, 2019. 
 
 
 
 
 
 
 
 
APÊNDICE B. Questionário aplicado nas turmas de EJA. 
 
 
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO 
GRANDE DO NORTE – CAMPUS MACAU 
A Inclusão Digital No Contexto Social Da Educação De Jovens E Adultos: 
Estudo Exploratorio Nas Escolas De Macau – Rn 
QUESTIONÁRIO DE SONDAGEM SOBRE A PRÁTICA DE INCLUSÃO 
DIGITAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO 
ESCOLA: 
TURNO: ( ) MATUTINO ( ) VESPERTINO ( ) NOTURNO 
ETAPA/SÉRIE: 
GÊNERO: ( ) FEMININO ( ) MASCULINO ( ) NÃO-BINÁRIO 
ETNIA ( ) NEGRA ( ) INDÍGENA ( ) BRANCA ( ) PARDA ( ) 
MULATA ( ) OUTRA 
FAIXA ETÁRIA: ( ) ENTRE 15 E 30 ( ) ENTRE 30 E 50 ( ) ENTRE 60 OU 
MAIS 
 
Cara (o) aluna (o), 
 
É importante que responda em concordância com sua prática discente, o questionário 
é proposto no sentido de identificar pontos significativos para a análise, interpretação 
e conclusão de dados, visando a melhoria dos resultados para esta pesquisa. 
 
Agradecemos sua contribuição. 
 
 
 
 
 
 
 
Inclusão digital “se refere à democratização das tecnologias da informação, com a 
intenção de garantir o acesso de todas as pessoas, independentemente da condição 
econômica” (CUNHA & GURGEL, 2016, p. 418). 
QUESTÕES 
1. Por qual razão você decidiu retomar/inicializar os estudos? 
2. Você tem familiaridade com equipamentos de tecnologia? Computador, internet, 
celular? 
3. Como você se sente com relação a inclusão digital? 
4. Você sente que consegue utilizar facilmente equipamentos tecnológicos? 
5. Você acha que tem habilidades em informática que o atual mercado de trabalho 
exige? 
6. A escola oferece algum mecanismo de inclusão digital para os alunos da EJA? 
7. Com que frequência você costuma utilizar o laboratório de informática da sua 
escola (se existe)? 
a. ( ) Diariamente 
b. ( ) Semanalmente 
c. ( ) Mensalmente 
d. ( ) Semestralmente 
e. ( ) Nunca 
8. Na sua opinião, que benefícios os alunos podem obter fazendo as tarefas 
escolares utilizando tecnologias de informação e comunicação, a exemplo do 
computador? 
9. Marque qual é o seu grau de familiaridade com os seguintes equipamentos 
tecnológicos: 
Equipamento Não sei 
utilizar 
Utilizo pouco Utilizo bem Utilizo muito 
bem 
Caixa de som 
amplificada 
 
Data show 
Computador 
Celular 
Notebook 
TV 
Impressora 
 
	Victória Gabrielle da Silva Alves , João Helis Bernardo , Maria Clara L. de Lemos
	1 INTRODUÇÃO
	2 REFERENCIAL TEÓRICO
	2.1 A importância da Informática
	2.2 Inclusão digital na Educação de Jovens e Adultos
	3 METODOLOGIA
	3.1 Levantamento de Dados
	3.2 Análise de dados
	3.2.1 Preparação das informações
	3.2.2 Transformação do conteúdo em unidades de registro (UR)
	3.2.3 Classificação das Unidades de Registro em Temas
	3.2.4 Classificação das Unidades de Registro em Categorias
	3.2.5 Descrição
	3.2.6 Interpretação
	4. RESULTADOS & DISCUSSÕES
	4.1 Descrição dos Resultados
	4.1.1 Situação atual da modalidade de ensino EJA
	4.1.2 A importância da inclusão digital na Educação de Jovens e Adultos e os seus benefícios no processo de ensino-aprendizagem
	4.1.3 Dificuldades para introduzir a inclusão digital na modalidade de Ensino EJA
	4.1.4 Incentivo aos professores na utilização de tecnologias
	5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
	REFERÊNCIAS
	APÊNDICES

Outros materiais