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Entre o texto e o contexto: a Filosofia a partir da percepção de retorno Autor: Cássio Fernando Bachmann Bolsista PIBID / CAPES Palavras-chave: conceito, significado, espaço Introdução O ensino de filosofia está em constante construção, nesse sentido a troca de experiências desenvolvidas vem a somar na qualidade da aula e por consequência no próprio processo do filosofar. Talvez um dos primeiros passos seja a compreensão do espaço onde a atividade é realizada, há que se perceber que ainda que sejam adolescentes com idades semelhantes e com conteúdo atrelados a proposta curricular, ainda assim cada escola vai ter sua peculiaridade, ou podemos até ampliar essa percepção, cada sala age e reage de forma distinta. Isso significa dizer que mesmo uma atividade bem formulada não implica que possa funcionar como modelo onde sempre se alcançará os mesmos resultados, portanto, partimos do proposito que cada atividade deve ser uma proposta e nunca uma receita, dessa maneira compreendemos também que toda atividade proposta num livro didático por exemplo pode ser adequado ao ambiente. Muito se questiona sobre a resistência dos alunos em ler textos filosóficos, o que em certa medida é compreensível visto que são densos e que se opõe a tudo que o adolescente gosta, que em tese tem a ver com novas tecnologias, desse modo, talvez também, seja mais viável a adaptação dos professores. Nossa proposta é entao desenvolver um mecanismo que possibilite o aluno ter um contato a priori com um tema, a partir desse significado inicial se possa abrir uma discussão a luz da filosofia, com seus textos e linguagem específica, e que esse segunda percepção possa servir a um terceiro momento que seria a prática social, acreditamos que ao retornar dessa atividade, pesquisa entre outros, o aluno possa dar um novo olhar aos conceitos anteriormente formulados e dessa forma sendo capaz de produzir um novo conceito, o que entendemos ser próprio da filosofia, a esse último estagio denominamos percepção de retorno. Objetivos Segundo RODRIGO o objetivo não é tornar o aluno um especialista, mas sim, cabe ao professor ser ativo no sentido do despertar para as questões inerentes a filosofia. E sendo assim é preciso rever as atividades, as formas que são realizadas, como envolve-las dentro desse contexto tecnológico. É importante dizer que toda resistência de aluno está vinculada ao fato de que se trata de um ser humano em formação que tende por sua racionalidade a gostar das coisas que lhe convém, no entanto toda resistência de professores jamais poderá ser aceita, porque entendemos que ao escolher essa profissão é lidar com o novo todo dia, a escola diferente de outros espaços de trabalho não fornece rotina, ela possibilita um questionamento novo a cada instante, cabe aos professores, e no caso da filosofia de forma mais veemente a capacidade de ouvir. A capacidade de ouvir é muito importante porque quando o aluno indaga dentro de uma aula de filosofia, carrega consigo um pouco de si, de tudo aquilo que ele acredita, inclusive preconceitos, visão política, moral, religiosa etc. É nesse momento que abre a possibilidade do filosofar, de incluir uma leitura, de sugerir uma atividade fora do contexto, por isso nunca a atividade pode ser uma receita, porque aniquilaria o imprevisível , a pergunta do aluno, ou seja o grande momento da aula em nosso entendimento, porque a partir dela pode se repensar a atividade e adaptar aquele momento, daí a importância de conhecer o espaço de trabalho, o bairro , os problemas mais comuns dentro desse espaço geográfico, a cultura local. O que estamos propondo é que a filosofia tem por função na escola ir além de seus muros, entendemos que ela será mais dinâmica e porque não dizer até mais valorizada como disciplina quando ela for capaz a partir dos questionamentos de atividades realizadas em sala ela interferir na sociedade. Para isso é necessário identificar onde ela pode ser efetiva de fato, nesse sentido o próprio planejamento deve ser maleável na intenção que ao longo do trabalho aparecerão questões que envolvem diretamente a vida dos alunos e de suas famílias, um exemplo disso, uma chuva forte, alaga a escola e as aulas são suspensas, no retorno porque não debater como são investidos nossos impostos, quais são os órgãos responsáveis na cidade quando acontece algo desse gênero. Nota- se a filosofia não se encerra no texto, mas sim no contexto, é a partir dele que agora podemos propor uma leitura, vídeo, enfim algo que possa ser a junção entre o teórico e a prática. Segundo Rodrigo, compete a filosofia articular o ponto de partida através de mediações mais apropriadas. Uma vez definido o ponto de partida é necessário incluir a leitura do texto filosófico, cabendo aqui importante papel do professor na interpretação de conceitos e da linguagem própria da filosofia. Para Michel Tozzi cabe a filosofia atuar na sua área de influência, ou seja, no pensamento e por consequência no significado que damos as coisas. Deleuze e Guattari afirmam que cada conceito tem uma história, portanto parte de um determinado filósofo, de uma ideia e perpassa o tempo, que vai criando desdobramentos agregando e retirando fragmento, assim o conceito tem algo de singular, tem a capacidade de sugerir novos problemas, que pode até não ser o de sua época, mas que dentro da singularidade, dentro do tempo consegue fazer criar uma nova singularidade, um novo contorno, um novo conceito. Dessa forma Deleuze justifica a premissa da função da filosofia enquanto criadora de conceitos, porém um novo conceito é diferente de outros, pela singularidade de cada autor. Nosso objetivo então é a partir de uma atividade realizada em campo ou então de modo interdisciplinar possa ser rediscutida no âmbito da filosofia a fim de criar de forma autônoma um novo significado, um novo conceito, eis o que entendemos como percepção de retorno, é o ponto fundamental do pensar filosófico. Metodologia Pensamos em uma atividade que possa ser capaz não apenas de agregar valor de leitura, apropriação de conceitos e de resultados meramente ilustrados por notas. Nosso método se dará em quatro estágios, antes porém acreditamos que essa atividade possa ser feita em forma de oficinas com número determinado de alunos, bem como agregando em sala de aula. O primeiro estágio é perceber qual o conhecimento que o aluno tem de um determinado tema, para isso entendemos é preciso incluir o que está no contexto do aluno, música, revistas, jornais etc. O segundo momento se caracteriza justamente em não fixar meramente no conhecimento que o aluno ja dispõe, mas sim somar a partir de leituras de pensadores, agregar conceitos clássicos, é fundamental o educador domine os temas, bem como seja ativo na atividade, no despertar da curiosidade, nesse momento é importante que aluno consiga perceber o que ele pensava a priori, e pós conceitos e autores da filosofia, novamente, é determinante o papel do educador. A partir de então sugerimos uma nova forma de pensar a filosofia, acreditamos ser importante incluir ela dentro do contexto que aluno está inserido, não se trata de instrumentalizar a filosofia, mas sim de a partir da filosofia perceber o espaço seja de pesquisa ou mesmo de vida as posteriori da visão do senso comum e também dos conceitos analisados em sala. O quarto estágio ousamos chamar de percepção de retorno que é o novo significado, ou como sugere Deleuze um novo conceito a partir do contexto, na prática uma vez que o aluno, pensa a liberdade por exemplo,seja a priori pela visão cultural, quando trabalhada com Sartre por exemplo, claro está que ja modificou o modo de pensar, porém até aqui nenhuma novidade, em tese todos os professores de filosofia trabalham mais ou menos com essa dinâmica, porém usando o mesmo tema como exemplo, e passado os dois estágios, acreditamos que uma visita a um presídio, umaentrevista com um familiar de um preso, ou com alguém que eventualmente ja esteve privado de liberdade por qualquer outro motivo é capaz de dar um novo olhar ao estudante, mais que isso, o quarto estágio, ou seja, o retorno, a percepção do contexto, proporcionará ao estudante a capacidade de criar um novo conceito de forma autônoma, e isso é o que acreditamos ser ser o papel da filosofia na escola. Conclusão Não há conclusão visto que o trabalho está em fase de desenvolvimento, vale ressaltar que experiências similares ao proposto ja utilizadas em aula serão abordadas na sequência do trabalho, o que podemos identificar de momento é que há sim a possibilidade de realização das atividades, esta proposta de ensino de filosofia é fruto de alguns anos em sala de aula procurando uma forma que se ajuste a educação, mas também fiel a filosofia e a seus conceitos, podemos de momento concluir é que não existe uma fórmula, então o que resta é o debate afim de consolidar a disciplina etambém possibilitar ao educando um conhecimento filosófico responsável e eficaz. REFERÊNCIAS DELEUZE, G. & GUATTARI, F. O que é a filosofia? Rio de Janeiro: 34, 1992 (col. Trans). JAPIASSÚ,H.MARCONDES,D. Dicionário básico de filosofia. 5ºed.Rio de Janeiro,2008 RODRIGO, Lídia Maria. Filosofia em sala de aula. Campinas, SP, autores associados, 2009 TOZZI, Michel. Si può “didattizzare” I’ insegnamento filosofico?. 2004
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