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Apelação Criminal


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EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA CRIMINAL DA JUSTIÇA 
FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO 
 
 
 
Autos nº ... 
 
 
 
 
 
JOÃO, já qualificada nos autos de ação penal que lhe move o 
Ministério Público, vem, por intermédio de sua advogada que infra subscreve, 
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, insatisfeito com a sentença 
condenatória proferida pelo juízo ‘a quo’, interpor, tempestivamente RECURSO DE 
APELAÇÃO com fundamento no artigo 593, inciso I, do Código de Processo Penal. 
Requer que, após o recebimento destas, com as razões inclusas, ouvida a parte 
contrária, sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal, onde serão processados 
e provido o presente recurso. 
 
 
 
Termos em que, 
pede deferimento. 
 
 
 
 
 
Local, data. 
 
Advogado 
OAB 
 
EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA CRIMINAL DA JUSTIÇA 
FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO 
 
Recorrente: João 
Recorrido: Ministério Público 
 
Autos de origem nº ... 
 
RAZÕES DE APELAÇÃO 
Egrégio Tribunal, 
Colenda Câmara 
Ínclitos julgadores 
 
 
DOS FATOS 
João, requerente, foi denunciado pela prática de crime de 
descaminho, no valor de 280 reais. Acontece que, procurado em seu endereço, a fim 
de ser citado, sua mãe informou ao oficial de justiça que ele estaria viajando ao 
Paraguai e que retornaria apenas em 60 dias. Porém, o oficial de justiça, sem cumprir 
todos os meios cabíveis de citação, certificou o ocorrido e concluiu que o acusado 
estaria se ocultando para não ser citado. Foi determinada sua citação por hora certa 
e, sem constituir defensor ou participar do processo, foi ao final condenado a cumprir 
a pena de 1 (um) ano de reclusão, em regime inicial aberto, substituída por pena 
restritiva de direitos. 
Assim, descontente com a decisão proferida em primeira instância, 
com o devido respeito e acatamento, se apresenta a sentença ser reformada, 
consoante os fatos e fundamentos a seguir expostos. 
 
DO DIREITO 
1) Da Nulidade 
 
De acordo com os autos, o oficial realizou apenas uma tentativa de 
citar o requerente e, não o encontrando de caráter imediato, o auxiliar da justiça 
certificou, sem esgotar os meios legais e cabíveis de citação pessoal, e concluiu que 
o acusado estaria se ocultando para não ser citado. 
Contudo, dispõem os artigos 353, 362, do CPP: 
“Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz 
processante, será citado mediante precatória.” 
“Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial 
de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma 
estabelecida nos artigos. 227 a 229 da Lei no 5.869”. 
Nesse contexto, comprovado que o oficial agiu de forma consciente, 
uma vez que não esgotou todos os meios cabíveis de citação pessoal, conforme 
previsto nos artigos 353 e 362 do CPP, desprezando seu dever de auxiliar da justiça, 
ao não zelar pelo devido andamento do processo, ferindo os direitos a um devido 
processo legal e não oportunizando o direito à ampla defesa do requerente, resta 
evidente a nulidade do ato. 
A afronta legal ora mencionada diz respeito a um requisito essencial 
para prosseguimento da ação penal. Desse modo, constata-se a nulidade dos atos do 
oficial, com fulcro no art. 564, III, alínea “e” e inciso IV do CPP, que dispõem: 
“Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: 
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: 
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando 
presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa; 
IV - Por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do 
ato”. 
Além disso, ainda no mesmo artigo 564, inciso III, na alínea “c”, há 
determinação expressa da nomeação de defensor ao réu o que não ocorreu no caso 
em tela. 
Em virtude disso, conforme previsto pelo Art. 261 do Código de 
Processo Penal, ninguém será processado, mesmo que ausente, sem advogado para 
efetuar sua defesa, seja constituído ou nomeado. 
Portanto, a falta de citação, bem como da não nomeação de 
defensor/advogado feriu demasiadamente o princípio da ampla defesa e do 
contraditório, estampados no artigo 5º, LV, da Constituição Federal. 
Corroborando com essa tese, têm-se a Súmula nº 523 do Egrégio 
Tribunal Federal que determina que, em havendo graves prejuízos ao réu, a falta da 
defesa constitui nulidade absoluta do processo, razão pela qual merece ser revista a 
condenação, posto que o apelante não teve oportunidade de defender-se no curso de 
toda ação penal. 
 
2) Da Insignificância da Conduta 
Inicialmente, é mister salientar que a condenação do requerido à pena 
de reclusão de 1 (um) ano, em regime inicial aberto, substituída por pena restritiva de 
direitos, foi demasiadamente injusta, tendo em vista que o crime se refere ao valor 
irrisório de R$ 280,00. 
Cabe ressaltar ainda, que há entendimento jurisprudencial de que 
deve ser aplicado o princípio da insignificância nos casos de crime de descaminho, 
quando o valor devido ao erário público não exceder a R$ 2.500,00 (dois mil e 
quinhentos reais), o que é o caso, visto que importâncias abaixo de tal valor não têm 
relevância para o fisco. 
Segundo entendimento consubstanciado pelo doutrinador Ivan Luiz 
da Silva, “num Estado Democrático de Direito o princípio da proporcionalidade, em 
sentido amplo é chamado de “princípio da proibição de excesso”, o qual tem como fim 
proibir intervenções desnecessárias, excessivas e, consequentemente, 
desproporcionais”. Desta forma afirma o autor que “não há justificativa adequada para 
que uma lei opressiva incida sobre os direitos fundamentais de forma desproporcional 
ao grau de lesão e relevância do bem jurídico tutelado”. 
Nesse sentido, confere-se que o princípio da Insignificância, ao excluir 
do campo de incidência do Direito Penal as condutas penalmente insignificantes, 
materializa o princípio da proporcionalidade. Isso, pois impede a ocorrência de 
eventual desproporcionalidade entre o fato praticado pelo agente e a consequente 
resposta penal. 
Portanto, os princípios da Insignificância e da Irrelevância Penal do 
Fato fundamentam-se nos mais dignos valores do Estado Democrático de Direito, tais 
como: justiça social, proporcionalidade, dignidade da pessoa humana, liberdade e 
igualdade. 
Destarte, em atenção ao disposto, conforme demonstrado na 
instrução criminal, revela-se que há incidência do princípio da insignificância, em 
virtude do valor (R$ 280,00) pelo qual o requerente fora indiciado e condenado ser 
completamente irrisório e desproporcional ao delito incumbido. Bem como, ratificando 
o disposto estão dispositivos como o Art. 1º da Portaria MF n. 75/2012 e o disposto no 
Art. 20 da Lei nº 10.522/2002. 
Destarte, o valor do crime ora praticado pelo revisionando não 
ultrapassa o teto ora exigido, não possuindo relevância fiscal, razão pela qual não 
poderá ter consequências penais. Logo, admitindo que a conduta não ofendeu ao bem 
jurídico, vez que é insignificante, deve-se afastar a tipicidade e proceder à reforma da 
sentença de modo a absolver a apelante, nos termos do art. 386, III, do CPP, que 
dispõe: 
“Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte 
dispositiva, desde que reconheça: 
III - não constituir o fato infração penal.” 
 
DOS PEDIDOS 
Ante a todo o exposto, requer seja a sentença ora impugnada 
reformada de modo a: 
a) Reconhecer a nulidade da citação, decorrente da violação do 
disposto no art. 564, IV, do CPP; 
b) Por fim, requer seja o apelante absolvido, ante a evidente 
atipicidade da conduta pela insignificância, nos termos do art. 386, inc. III, do CPP; 
 
 
Nesses termos, 
Pede deferimento. 
 
 
Local, data. 
 
Advogada 
OAB