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APOSTILA 3 - Sucessão testamentária

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DIRIETO CIVIL - SUCESSÕES
III – SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
• Se alguém falece sem deixar testamento à sucessão legítima (sucessão por força de
lei) à obedece a ordem da vocação hereditária.
• Se o testamento não compreender todos os bens do testador ou o testamento for invalidado ou caducar à também haverá sucessão legítima.
• Sucessão testamentária à representa a vontade do testador.
• Se não foi feito testamento, presume-se que a pessoa tenha concordado com a ordem da vocação hereditária.
• Sucessão legítima à representa, portanto, a vontade presumida do testador.
• Contudo, do ponto de vista quantitativo, no Brasil prevalece a sucessão legítima (há a limitação da liberdade de testar).
1. Conceito:
A noção de testamento está clara no art. 1.857 e 1.858 do Código Civil, sendo considerado um “ato personalíssimo e revogável pelo qual alguém dispõe da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte” (GONÇALVES, 2012, p. 228).
Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte.
§ 1o A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento.
§ 2o São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador somente a elas se tenha limitado.
Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo.
Assim, para que o testamento tenha validade jurídica é preciso:
* capacidade de testar do testador
* capacidade de receber do herdeiro instituído ou legatário
* ato jurídico revestido das formalidades legais
Mas essa noção do art. 1.857 limita a vontade do testador a disposições de caráter patrimonial. Contudo, sabe-se que o testamento serve, também, para disposições de caráter diferente do patrimonial:
· Reconhecimento de filhos fora do casamento (art. 1.609, III)
· Nomeação de tutor para filho menor (art. 1.729, § único)
· Reabilitação do indigno (art. 1.818)
· Instituição de fundação (art. 62)
· Imposição de cláusulas restritivas se houver justa causa (art. 1.848).
2. Características:
a) Ato personalíssimo: é privativo do autor da herança. Não se admite testamento por procuração.
b) Ato revogável (mudado a qualquer tempo): a expressão revogável é mais adequada e correta; é a principal característica dos testamentos. A revogabilidade é da essência do testamento.
c) Negócio jurídico unilateral: aperfeiçoa-se com a vontade única do testador. Não há a necessidade de manifestação da vontade do beneficiário.
d) Unipessoal: um só agente pode testar, num só ato. O testamento de mão comum é defeso em lei, visa garantir a liberdade das disposições e evitar o pacto sucessório - proibido art. 1.863 CC. Assim é vedado o testamento conjuntivo (mão comum), feito por duas ou mais pessoas, seja simultâneo (disposição conjunta para beneficiar terceira pessoa), recíproco (instituindo benefícios mútuos) ou correspectivo (disposições em retribuição de outras correspondentes). Nada impede, contudo, que o casal faça cada um seu testamento em que um deixa os bens para o outro. O que não pode é isso ser feito em um mesmo ato. Podem fazer, no mesmo momento, mas em atos diferentes.
e) Solene: é um negócio jurídico não apenas formal, mas provido de formalidades essenciais, prescritas em lei. A solenidade assegura a existência, a validade e a eficácia. O formalismo constitui garantia e salvaguarda à liberdade de testar.
Exceção: testamento nuncupativo (de viva voz), admissível como espécie de testamento militar (art. 1.896).
f) Gratuito: não exige do contemplado qualquer correspectivo, contrapartida ou reciprocidade, ou seja, não há vantagens para o testador. Mesmo que haja encargo para o beneficiário, o testamento segue sendo gratuito. Está contida na unilateralidade. Não existe contraprestação (exigível). Entretanto, o herdeiro responde pelas dívidas (arts. 1.792 e 1.821).
g) Revogável: a vontade testamentária é essencialmente revogável (art. 1.969), é ato de última vontade, desde que não tenha sido modificado; A revogabilidade é conceito legal e da essência do testamento. É irrenunciável a liberdade de revogar ou modificar o testamento. Toda renúncia é considerada não escrita. Pode, contudo, o testador, modificar o testamento a qualquer momento e quantas vezes quiser (art. 1.858). Exceção: o testamento é irrevogável com relação a cláusula na qual eventualmente o testador tenha reconhecido filho fora do matrimônio (art. 1.609, III). Se houver vários testamentos sucessivos, feitos pelo mesmo testador, com seu falecimento, terá validade apenas o último, a não ser que sirva para completar o anterior.
h) Patrimonialidade não necessária: serve para dispor de parte ou de todo patrimônio (parte disponível), bem como para instituir herdeiros, deserdá-los ou retratar a deserdação (1.857, § 2º).
i) Ato causa mortis: a morte do testador é condição de eficácia do testamento, com imediata abertura do processo sucessório. Assim, o testamento só produz efeitos com a morte do testador. A abertura da sucessão é essencial para o cumprimento das disposições contidas no testamento.
3. Capacidade para testar: art. 1.860
A capacidade testamentária pode ser ativa (quem pode dispor) ou passiva (quem pode adquirir por testamento). A capacidade do agente é requisito de validade do testamento. O art. 104 do CC trata da validade do negócio jurídico:
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Além desses requisitos gerais, para o testamento ainda são exigidos os requisitos da inteligência e da vontade, de compreender e de querer, ou seja, a possibilidade de compreender o caráter e os efeitos do ato e querer praticá-los.
A regra, portanto, é a capacidade e a incapacidade é a exceção, de forma que a capacidade se presume e a incapacidade se prova.
Nesse sentido, o art. 1.860 dispõe:
Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento.
Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos.
O dispositivo legal dispõe sobre os que não podem testar, por não terem discernimento, de forma que se subentende que todos os demais possuem capacidade para testar.
Assim, podem testar os cegos e os analfabetos, por exemplo. A norma do art. 1.860 é restritiva e só abrangem os casos específicos, não permitindo interpretação extensiva.
a. Incapacidade para testar (art. 1.860)
São os casos que mais ocupam os tribunais.
i. Em razão da idade: os menores de 16 anos, por serem absolutamente
incapazes não podem testar. Não possuem maturidade e firmeza suficiente para dispor de seus bens. É nulo o testamento elaborado por menor de 16 anos.
Os relativamente incapazes (maiores de 16 anos) podem testar, mesmo sem a assistência do representante legal. Essa desnecessidade de assistência dos pais ou representantes legais para o feitio do testamento se dá em razão de que o testamento é personalíssimo e só o maior de 16 anos mesmo poderá fazer o testamento.
ii. Por falta de discernimento: aquelas pessoas que não tem discernimento não são amentais, ou seja, se encontram, momentaneamente, fora de seu juízo perfeito, em razão de uma patologia (arteriosclerose, excessiva pressão arterial, etc), embriaguez, uso de entorpecente, etc. Trata-se de uma situação transitória.
iii. Incapacidade testamentária dos relativamente incapazes: os relativamente incapazes são proibidos de testar, exceto os maiores de 16 anos, cujo § único do art. 1.860 prevê a possibilidade. Não podem testar, portanto os ébrios habituais e os viciados em tóxicos, por não terem consciência dos atos praticados. O surdo mudo só não testa se não conseguir expressar sua vontade. O surdo, mas não mudo, poderá testar, conforme art. 1.866.
iv. Hipóteses não geradoras da incapacidade: exceto as hipóteses previstas no art. 1.860, todas as pessoas podem fazer testamento válido. A idade avançada, por exemplo, não é suficiente para negar a capacidade testamentária. O que determina aincapacidade testamentária é a falta de discernimento. Deve-se destacar que, em razão do Estatuto da Pessoa com Deficiência, houve alteração dos arts. 3.º e 4.º do CC. Sendo assim, os deficientes mentais não são mais incapazes podendo, portanto, testar.
Observação:
· A capacidade deve ser verificada no momento da elaboração do testamento.
· Na dúvida, decide-se pela validade do ato, em respeito ao princípio do in dubio pro capacitate.
· Os Tribunais (STF, especialmente) têm entendido que para a decretação da nulidade de testamento deverá haver prova inequívoca da incapacidade do testador.
b. Momento em que se exige a capacidade – capacidade superveniente (art. 1.861)
A capacidade, o juízo perfeito deve existir na época da elaboração do testamento. Neste instante que deve ser aferida. Se no momento de realizar o testamento o testador tinha lucidez, o ato será válido, mesmo que perca o juízo após a lavratura do ato. Se, contudo, no momento de realizar o testamento o testador estava embriagado, por exemplo, mesmo que no dia seguinte esteja curado, o testamento será nulo. Neste caso, somente testando
novamente para que o ato não seja nulo (ver art. 169, CC – o negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação).
c. Impugnação da validade do testamento (art. 1.859)
A validade do testamento só pode ser discutida/questionada após a morte do testador. Enquanto estiver vivo, não há o que se discutir, mesmo porque o testamento pode ser alterado.
Assim, prevê o art. 1.859 que se extingue em 5 anos o prazo para impugnar a
validade do testamento, contando da data do seu registro. O lapso quinquenal é contado da Ação de Registro, Abertura e Cumprimento do Testamento (arts. 735 a 737 do CPC/2015). A ação de Registro só pode ser proposta a partir do óbito.
Por sua vez, o art. 1.909 afirma que são anuláveis as disposições testamentárias que sejam viciadas por erro, dolo ou coação, extinguindo-se em 4 anos o direito de anular a disposição a partir do momento em que o interessado tiver conhecimento do erro.
Significa dizer, portanto, que, ainda que se trate de um testamento nulo (realizado sem a observância da forma legal ou que o testador deliberou mediante dolo) só pode ser anulado até 4 anos após a ciência do vício.
4. Formas ordinárias de testamento
Art. 1.862 – testamento ordinário: público, particular e cerrado;
Art. 1.886 – testamentos especiais: marítimo, aeronáutico e militar.
Se o testamento não for feito através das formas e solenidades estabelecidas na lei, O ATO SERÁ NULO DE PLENO DIREITO, SEM PRODUZIR QUALQUER EFEITO (art. 104, III). O que se percebe, portanto, é que ao lado do casamento, o testamento é um dos atos mais solenes do direito brasileiro, não admitindo outra forma que não a prevista em lei.
Neste caso, aplica-se o art. 166, IV - não revestir a forma prescrita em lei, de forma que será inválido o testamento que não observar a
forma prescrita em lei.
a. Testamento conjuntivo (ou de mão comum) – art. 1.863.
Quando duas pessoas, como marido e mulher, fazem conjuntamente, no mesmo ato e no mesmo instrumento, o testamento, dispondo de seus bens. Esta espécie de testamento é vedado pelo direito brasileiro, nos termos do art. 1.863, CC.
Formas de testamento conjuntivo:
Simultâneo: quando os testadores contemplam terceiros
Recíproco: testadores instituem um ao outro. O que sobreviver fica com todo o
patrimônio.
Correspectivo: quando o benefício outorgado por um dos testadores ao outro
retribui vantagem correspondente.
Não se impede, porém, que, SEPARADAMENTE, marido e mulher façam testamento um para o outro. Pode até ser na mesma data, com termos semelhantes, mas em ATOS DISTINTOS, separados.
b. Testamento Público – arts. 1.864 a 1.867, CC:
O testamento público é aquele escrito pelo Tabelião de Notas, no Tabelionato, nos termos das declarações prestadas pelo testador. O Tabelião pode servir-se de notas, minuta ou apontamentos do testador para realizar a escritura, devendo, para sua validade, haver a presença de duas testemunhas durante todo o ato. Diz-se PÚBLICO não apenas por estar registrado no livro de notas, mas também porque é feito perante duas testemunhas. Logo, não é reservado, nem sigiloso, podendo qualquer pessoa dele tomar conhecimento.
Requisitos – Art. 1.864 CC:
1. Lavratura do ato notarial pelo Tabelião. O ato é privativo do notário (tabelião) ou seu substituto legal.
2. Presença de testemunhas – (número = 2). As testemunhas devem presenciar todo o ato e ter capacidade plena.
3. Leitura do Testamento. Tão logo seja redigito o testamento, este deve ser lido pelo Tabelião, na presença do testador e das testemunhas ou pelo testador, na presença do Tabelião e das testemunhas. Esse requisito é fundamental e serve para que se verifique a coincidência da vontade do testador e o que se encontra expresso no testamento. Deve ser feito em ato contínuo, de forma que as testemunhas acompanhem todo o processo (declaração do testador, redação e leitura). No caso do cego (art. 1.867) a
leitura deve ser feita duas vezes: uma pelo Tabelião e outra por uma das
testemunhas (designada pelo testador). Não pode fazer testamento público o surdo-mudo. Podem fazê-lo o surdo, o analfabeto, o cego e o alfabetizado.
4. Assinaturas. Depois de lido o testamento, deve ser coletada a assinatura do testador, das testemunhas e do Tabelião.
Cumprimento, registro e abertura do testamento: Realizado o testamento público, deve-se, com o falecimento do testador, se realizar o registro do testamento. Isto é feito através de uma ação judicial através da qual o portador do traslado do testamento (ou de uma certidão) pede ao juiz que determine o cumprimento do mesmo. Art. 736, CPC/2015.
c. Testamento cerrado – Arts. 1.868 a 1.875, CC:
O testamento cerrado é aquele pelo qual o testador elabora o termo (ou alguém a seu rogo e pelo testador assinado), com caráter sigiloso, que depende de instrumento de aprovação do Tabelião, realizado na presença do testador e duas testemunhas, seguindo-se do seu fechamento e costura do instrumento, sendo o documento entregue ao testador. Só tem eficácia com a lavratura do auto de aprovação, pelo tabelião, na presença de 2 testemunhas.
Art. 1.872 – O testador deverá saber ler, pois precisa ter meios de se certificar
que, no caso de terceiro redigir o testamento a seu rogo, seguiu corretamente e fielmente as suas instruções. Neste caso, o testador pode não saber escrever, mas, necessariamente, deve saber ler.
Art. 1.873 – O surdo-mudo pode fazer testamento cerrado, desde que escreva e assine.
Requisitos:
O art. 1.868, CC estabelece os requisitos e formalidades do testamento cerrado. O testamento cerrado se compõe de algumas fases:
a) a elaboração do testamento. O Tabelião pode escrever e aprovar o testamento (1.870). Assinatura do testamento é imprescindível. Entrega ao Tabelião, acompanhado de 2 testemunhas. Requer a lavratura do auto de aprovação (art. 1.869).
b) entrega do testamento. O testamento deve ser entregue pessoalmente pelo testador ao tabelião, constituindo-se de ato personalíssimo, não admitindo a utilização de portador.
c) Participação das testemunhas. As testemunhas participam do ato de entrega do testamento, mas não precisa que conheçam o seu conteúdo.
d) Lavratura do auto de aprovação pelo Tabelião. Depois de aprovado, o auto de aprovação será lido pelo oficial e assinado pelas Testemunhas, Testador e Tabelião. O auto de aprovação deve vir, conforme o art. 1.869, CC, logo após a última palavra do testador. A solenidade de aprovação deve ser feita sem interrupções.
e) Cerramento. Trata-se da última fase do testamento cerrado. O tabelião dobra a cédula e costura-a com cinco pontos de retrós e lança pingos de lacre sobre cada um. Se houver o rompimento do lacre pelo testador, não terá validade o testamento. Se for feito o rompimento contra a vontade do testador, deverão os interessados demonstrar ao juiz tal fato, para que não anule o ato.
Abertura, registro e cumprimento.
O art. 1.875, CC dispõe acerca da abertura, registro e cumprimento do testamento cerrado. Assim, falecendoo testador, deverá o testamento ser apresentado ao juiz que o abrirá, o fará registrar e determinará seu cumprimento. Deve-se observar, portanto, que, quem abre a cédula testamentária devidamente cosida é o juiz. Será extraída cópia autêntica do testamento para juntar ao inventário.
Art. 735, CPC/2015 = se não houver vício externo que o torne suspeito de nulidade ou falsidade, o juiz abre o testamento e mandará que o escrivão leia na presença do apresentante. Depois de ouvido o MP, estando tudo nos conformes, o juiz mandará registrar, arquivar e cumprir o testamento. Uma vez registrado o testamento, deverá o testamenteiro (indicado ou dativo) assinar o termo de testamentaria.
Testamento dilacerado (1.972): ter-se-á como revogado. É o risco desta modalidade de testamento: uma deterioração ou dilaceramento acidental.
d. Testamento particular – Art. 1.876/1.880
O testamento particular ou hológrafo é aquele no qual o testador elabora o ato
de disposição de última vontade de próprio punho (ou digitado e impresso), sendo
assinado pelo testador e lido para três testemunhas, que também o subscreverão.
As testemunhas terão o dever de, com a morte do testador, confirmar a autenticidade do testamento.
Requisitos:
O art. 1.876 apresenta os requisitos e formalidades do testamento particular.
a) Deve ser escrito e assinado pelo testador.
b) Inquirição das testemunhas em juízo (confirmar o testamento);
c) Pode ser feito em idioma estrangeiro;
d) A lei permite que terceira pessoa redija, pois pode ser datilografado;
e) Se for escrito a mão, deverá ser feito pessoalmente pelo testador.
f) Uma testemunha pode confirmar (Leite, 393).
g) Leitura e assinatura de 3 testemunhas
Publicação e confirmação do testamento particular
O art. 1.877, CC determina que, falecido o testador, o testamento deve ser publicado em juízo, sendo citados os herdeiros legítimos. Neste processo, as três testemunhas serão inquiridas pelo juízo e, havendo o reconhecimento da autenticidade, o juiz confirmará e determinará seu cumprimento.
Art. 737, CPC/2015: com o falecimento do testador deverá haver o requerimento de registro do testamento. Poderão requerê-lo o herdeiro, legatário, testamenteiro ou outra pessoa, detentora da cédula testamentária. O herdeiro que não tiver requerido a publicação do testamento deverá ser intimado (§ 1.º). Uma vez que esteja tudo nos conformes e ouvido o MP, o juiz confirmará o testamento.
e. Testemunhas instrumentárias
A atuação das testemunhas no testamento tem a função de conferir validade ao ato.
Em princípio, todas as pessoas capazes, podem ser testemunhas. Contudo, o art. 228, CC determina as pessoas que não podem ser testemunhas (cuidado com as alterações do Estatuto da Pessoa com Deficiência):
Art. 228. Não podem ser admitidos como testemunhas:
I - os menores de dezesseis anos;
II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
III - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
IV - o interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital das partes;
V - os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o terceiro grau de alguma das partes, por consanguinidade, ou afinidade.
§ 1o Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz admitir o depoimento das pessoas a que se refere este artigo.
§ 2o A pessoa com deficiência poderá testemunhar em igualdade de condições com as demais pessoas, sendo-lhe assegurados todos os recursos de tecnologia assistida. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
f. Codicilos – Art. 1.881/1.885
Toda pessoa capaz de testar pode dispor em codicilo. É um ato de última vontade pelo qual o testador dispõe sobre questões mais pessoais ou sobre bens de pequeno valor. O objeto do codicilo é inferior ao do testamento, sendo, portanto, limitado. Não pode instituir herdeiro ou legatário, efetuar deserdações, legar imóveis ou disposições patrimoniais de valor considerável. 
Pode ser usado para:
a) destinar coisas de pouca monta, pouco valor;
b) pode conter nomeação ou substituição de testamenteiro;
c) disposição sobre o enterro;
d) legar joias, móveis e roupas de pouco valor, de seu uso pessoal;
e) reconhecer filho havido fora do matrimônio;
f) indicação de divisas e limites;
g) liberalidade não pode ultrapassar 10% do acervo imobiliário.
Formas:
- é hológrafo; simplificada; sem formalidades;
- é válido datilografado, desde que datado e assinado pelo testador;
- não exige testemunhas;
- pode ser escrito por meios mecânicos (jurisprudência dominante);
- deve ser escrito pelo disponente ou por terceiro;
- não exclui a forma pública, embora indique a particular.
Execução:
As mesmas regras do testamento particular. Se público ou cerrado, segue-se as normas de execução destes (art. 737, § 3.º, CPC/2015).
Art. 1885 – Se fechado, para manter secreto, a abertura se processa como o testamento cerrado: será aberto pelo juiz que fará registrar.
Consequências:
Art. 1.882 – O codicilo pode ser autônomo, ou pode existir como parte integrante de um testamento.
- Não revoga testamento. Por este é revogável (1.884);
- É revogável por outro codicilo;
- Mais de um codicilo: Na dúvida, vale a última disposição;
- É válido exista ou não testamento;
- Sendo o codicilo parte integrante ou complementar do testamento, anulado ou revogado este, deixa de existir aquele;
- As regras da capacidade no testamento valem para o codicilo.
5. Formas especiais de testamento:
Além das formas ordinárias de testamento previstas (público, cerrado e particular), o CC prevê formas especiais de testamento, as quais não podem ser livremente escolhidas pelas pessoas (como nas formas ordinárias), mas sim são determinadas por circunstâncias e situações excepcionais nas quais se encontra a pessoa que pretende manifestar sua vontade. Estes testamentos têm como características a redução das formalidades, em razão da presença destas circunstâncias ou situações excepcionais.
Art. 1.886. São testamentos especiais:
I - o marítimo;
II - o aeronáutico;
III - o militar.
Art. 1.887. Não se admitem outros testamentos especiais além dos contemplados neste Código.
Seu registro e cumprimento se dará de acordo com o art. 737, § 3.º, CPC/2015, obedecendo as regras do testamento particular.
a. Marítimo
É a declaração de última vontade, feita a bordo de navios, embarcações: em alto mar. Pode ser feito pelos tripulantes ou pelos passageiros (art. 1.888). Justifica-se em caso de emergência e necessidade. Não prevalece se a embarcação estiver em local onde o testador poderia ter desembarcado e testado de forma ordinária (art. 1.892). Caducará se o testador não morrer em viagem, nem nos 90 dias subsequentes ao seu desembarque em terra, onde possa fazer, na forma ordinária, outro testamento (art. 1.891).
Requisitos
- viagem realizada em navio nacional (extensão do território nacional);
- navio de guerra ou mercante (transporte de pessoas de um porto a outro).
- testador esteja a bordo do navio.
- cédula testamentária seja registrada no diário de bordo.
- testamento fique sob a guarda do comandante.
Formas
- na forma do Público ou cerrado;
- exige apenas duas testemunhas;
- será lavrado, em regra, pelo Comandante;
- se o testador não puder assinar, alguém assina a rogo;
Parágrafo único do artigo 1888 – o registro do testamento será no diário de bordo
b. Aeronáutico: 1.888 e 1.889
É aquele feito por quem estiver em viagem, a bordo de aeronave militar ou comercial, perante pessoa designada pelo comandante. É feito por perante pessoa designada pelo Comandante. A garantia da entrega ao Comandante é o registro no diário de bordo. A integridade do testamento fica sob guarda do Comandante.
Formas e requisitos
- público ou cerrado, nos termos do art. 1.888, CC
- requisitos: os mesmos do marítimo.
- o comandante não se envolve na elaboração do testamento pois está conduzindo a aeronave.
Caducidade: Efemeridade
Art. 1.891 – Caducará: Tem eficácia temporal e condicional:
a) não morrer na viagem;
b) 90 dias subsequentes ao desembarque não testar da forma ordinária
c) É nulo o testamento feitoem portos – neste caso, poderia ser feito através de uma forma ordinária de testamento. Tem que ser em alto mar (Art. 1892).
O prazo de caducidade: 90 dias após o último desembarque: no fim da viagem. Perde a eficácia: 90 dias (não três meses). Se o testador ficar impedido de fazer pela foram ordinária (doença), valerá a disposição (prova).
c. Militar – Art. 1.893
É o realizado pelo militar e outras pessoas a serviço das Forças Aéreas em campanha (médicos, enfermeiros, engenheiros, ...), que estejam participando de operações de guerra dentro ou fora do país. Justifica-se pela excepcionalidade da situação.
Requisitos
- Que a Força esteja “em campanha” (dentro ou fora do país) – mesmo missão de paz.
- Que o testador esteja participando da guerra, em campanha, sem possibilidade de se afastar para realizar o testamento pela forma ordinária.
- Qualquer pessoa envolvida – civil ou militar.
- Que não haja, no local, um tabelionato onde o testador possa dispor de seus bens através de testamento público.
- Que a situação de perigo seja real.
Formas
Pode ser de 3 formas: público, cerrado ou nuncupativo.
- Público: o comandante da tropa ou diretor do hospital ou oficial de saúde funcionará como tabelião. Lavrado perante duas testemunhas ou por três, caso o testador não saiba assinar (uma delas assinará a rogo).
- Cerrado: o testador entregará o escrito, devidamente assinado, ao oficial de patente mais acima, que o datará, indicará o lugar em que lhe foi apresentado, assinando-o com as duas testemunhas, devolvendo-o ao apresentante.
- Nuncupativo: é feito de viva voz, perante duas testemunhas, por alguém que esta empenhada em combate ou ferida, ou seja, a pessoa está exposta a risco de vida e impossibilitada de usar a forma escrita. Se findar a guerra ou o testador convalescer, cessarão os motivos que autorizam esta forma de testamento.
As declarações são feitas a duas testemunhas: que devem escrevê-las e confirmar em juízo. É exceção e possui o risco, pois se o testador falecer, ficará nas mãos das testemunhas.
Caducidade: Art. 1.895
a) Noventa dias possa fazer da forma ordinária. Caduca da mesma forma que o marítimo.
b) Não era prazo de eficácia se apresentar as formalidades prescritas (art. 1.895): segurança e definitividade. Não caducará.
6. Disposições testamentárias em geral - Art. 1.897/1.911
As disposições testamentárias contemplarão unicamente pessoas naturais ou jurídicas. Inadmissível a contemplação de animais. São de natureza:
a) pessoal - nomeação de tutor, reconhecimento de filho, etc.
b) patrimonial - referente aos bens
a. Interpretação do testamento:
Quando da interpretação das cláusulas testamentárias, deve-se atentar para buscar a verdadeira intenção do testador, ainda que não tenha se saído bem com as palavras escritas. É nesse sentido a determinação do art. 1.899, CC.
b. Regras proibitivas:
· Nomeação a termo: Art. 1898
A designação do tempo: é vedada, com exceção do Fideicomisso. É cláusula não escrita. A herança se transmite imediatamente, a partir do óbito. Aberta a sucessão o herdeiro não tem o que aguardar. Reafirma o princípio da saisine – a herança transmite-se com a morte. Nesse caso, não há o prejuízo da nomeação em si, mas sim da designação do
termo (inicial ou final).
· Instituição de herdeiro sob condição captatória: Art. 1.900, I
Não admite nenhuma espécie de pacto sucessório (vedação de contrato que tenha por objeto herança de pessoa viva – art. 426, CC). Essa condição captatória “é a que representa um induzimento, mediante nomeação e favorecimento de outrem, como herdeiro, para que este também inclua o captador, ou terceiro, em suas disposições testamentárias, como beneficiário” (Gonçalves, p. 331).
Ex.: lego tal quantia para Fulano se ele me contemplar em seu testamento.
Ex.: deixo a Fulano, que instituo como meu herdeiro, o quanto ele me transmitir em seu testamento.
Essa vedação é em razão de que a instituição de herdeiro deve ser através da plena liberdade e vontade do testador e, sendo possibilitada essa hipótese, poderia haver influência do captador sobre o testador.
· Referência a pessoa incerta: Art. 1.900, II
Não há como ser cumprido um ato de disposição de última vontade se o beneficiário não puder ser identificado. Nesse sentido, não é válida a disposição testamentária em que conste: “benefício meus amigos” ou “benefício a pessoa mais digna da cidade”. Trata-se de expressões vagas, de forma que não há como precisar quem é a pessoa que o testador pretende beneficiar. Quanto mais claro, melhor será. Contudo, não é preciso indicar o nome da pessoa, desde que existam características possíveis de identificar o beneficiário.
Ex.: deixo x% dos meus bens para o primeiro filho da minha irmã Fulana, que nascer após a minha morte.
· Beneficiar pessoa incerta, a ser identificada por terceiro: Art. 1.900, III
É simples. Neste caso, não seria uma liberalidade personalíssima do falecido, mas sim do terceiro, que determinaria quem seria beneficiado.
· Beneficiar ao herdeiro, ou a outrem, da prerrogativa de fixar o valor do legado: Art. 1.900, IV
É simples. Neste caso, não seria uma liberalidade personalíssima do falecido. Quem deve fixar o valor do legado é o testador e não terceiro, ainda que a sua ordem.
Ex.: A, B e C são meus herdeiros, cada um com a proporção que Fulano decidir.
· Beneficiar às pessoas indicadas nos arts. 1.801 e 1.802: Art. 1.900, V
Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários:
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos;
II - as testemunhas do testamento;
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos;
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento.
Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa.
Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder.
c. Regras permissivas:
· Nomeação pura e simples: art. 1897
Puro e simples: não tem condição suspensiva e nem resolutiva. Não há qualquer encargo, condição ou contraprestação.
Ex.: nomeio Fulano como meu herdeiro, que receberá x% da minha herança.
· Nomeação sob condição: art. 1897
Condição é acontecimento futuro e incerto do qual depende a eficácia do negócio jurídico.
Ex.: deixo minha casa para Marcelo se ele me sobrevier. Se houver uma condição suspensiva a aquisição do direito pelo herdeiro dependerá do implemento da condição. O implemento da condição terá efeito retroativo (ex tunc). Se não houver o implemento da condição, a cláusula testamentária caducará.
Ex.: Fulano receberá “x valor” mensal enquanto for estudante de direito. Neste caso, havendo uma condição resolutiva, se Fulano parar de estudar, não mais receberá o valor definido pelo testador.
· Nomeação com a imposição de encargo: art. 1897
A herança pode vir subordinada a um encargo que o beneficiário deverá cumprir, caso aceite a herança.
Ex.: instituo Fulano como meu herdeiro, que receberá x% do meu patrimônio, com o encargo de alimentar Cicrano até os 24 anos de idade.
Há discussão doutrinária e jurisprudencial quanto ao descumprimento do encargo e a perda da validade da disposição testamentária. A maioria da doutrina entende que, descumprido o encargo, os interessados deverão propor ação judicial para que seja declarada a ineficácia da deixa testamentária.
· Disposição motivada: art. 1897
É possível a nomeação de herdeiro por certo motivo. O testador ao nomear alguém como seu beneficiário não é obrigado a indicar o motivo, mas, caso queira, não pode haver a confusão com obrigação modal (de encargo), pois se trata de fatos passados.
Ex.: nomeio Fulano como meu herdeiro, pois foi ele quem salvou a vida do meu filho no acidente de carro sofrido em 2006.
· Disposiçãocom cláusulas de inalienabilidade: art. 1.911
O art. 1.911 dispõe sobre a possibilidade de o testador estabelecer ônus ou gravame sobre os bens que integram a herança. Essa cláusula de inalienabilidade que pode ser imposta, traz como consequência a impenhorabilidade e a incomunicabilidade desses bens. Trata-se, portanto, da transferência do domínio de forma limitada. Quando se faz a interpretação do art. 1.911 em conjunto com o art. 1.848, verifica-se que a restrição imposta ao testador de justa causa, refere-se tão somente a imposição de cláusulas para a legítima. Quanto ao testamento ou legado, não há a imposição de justa causa.
7. Invalidade das disposições testamentárias
O TESTAMENTO É ATO SOLENE E FORMAL – tais exigências são para a segurança e proteção do testador, contra o abuso da influência alheia. Se o testamento não for apresentado, o juiz pode determinar a sua busca e apreensão.
A INVALIDADE por vício de forma obedece a tríplice finalidade:
a) estabelecer a autenticidade do testamento em relação a terceiros e assegurar as de última vontade;
b) distinguir a verdadeira vontade do de cujus;
c) proteger o de cujus contra decisões precipitadas.
8. Rompimento do testamento
Ocorre a ruptura do testamento quando “há a superveniência de uma circunstância relevante, capaz de alterar a manifestação de vontade do testador, como, verbi gratia, o surgimento de um herdeiro necessário” (Gonçalves, p. 457) Enquanto a revogação depende da vontade do testador, o rompimento independe de sua vontade, sendo determinado pela lei.
a. Superveniência de descendente sucessível (art. 1.973):
Ex.: ação de investigação de paternidade procedente posterior ao testamento, sem o conhecimento prévio do testador. A existência de qualquer filho quando da feitura do testamento afasta a caducidade, mesmo que, após, surjam outros.
Hipóteses:
a) Nascimento posterior de filho, ou outro descendente. Só no caso do testador que não tinha nenhum descendente.
b) Aparecimento de descendente, que o testador supunha falecido, ou cuja existência ignorava. Se o testador sabia da existência do herdeiro e, ainda assim, testou, o testamento subsiste.
c) Reconhecimento voluntário ou judicial do filho, ou a adoção, posteriores à lavratura do testamento.
b. Surgimento de herdeiros necessários ignorados, depois do testamento (art. 1.974)
Surgimento, depois do feito do testamento, de outros herdeiros necessários, que o testador não conhecia.
c. Subsistência do testamento se conhecida a existência de herdeiros necessários (1.975)
Se o testador dispõe somente de sua metade disponível, a exclusão dos herdeiros necessários não implica na ruptura do testamento. Se o testador avançou na legítima do herdeiro necessário de que tinha conhecimento, o testamento não se rompe, mas reduz-se a liberalidade, para o efeito de restaurar por inteiro a quota legalmente reservada.
9. Revogação do testamento
CADUCIDADE – o ato perde a validade por uma causa que o esvazia, ou em razão de um fato que lhe retira o objeto.
NULIDADE – há um vício, embora as consequências sejam idênticas: deixa de existir a disposição testamentária, ou se invalida, ou perde todo o efeito. Entretanto, a nulidade depende de declaração judicial, enquanto a revogação é ato unilateral.
REVOGAÇÃO – O testamento é essencialmente revogável. Trata-se de mudança na redação feita pelo próprio testador.
a. Espécies de revogação
- REVOGAÇÃO EXPRESSA: dá-se mediante a confecção de novo testamento,
onde é indispensável mencionar a revogação do anterior, ou parte dele. Observa-se a mesma solenidade para a celebração (art. 1.969 CC). Não é necessário que a revogação seja efetuada por outro testamento da mesma modalidade, mas, necessariamente, tem de ser feita por outro testamento. Ex: testamento marítimo pode revogar público; cerrado pode revogar particular.
- REVOGAÇÃO TÁCITA: decorre do surgimento de novo testamento, cujos dizeres e o conteúdo apresentam-se incompatíveis com o anterior. Ante a contradição, permanece sempre a disposição mais recente. O simples fato de existir novo testamento não significa que tenha revogado o anterior. Ambos podem coexistir, desde que não sejam contraditórios, ou seja, desde que se complementem.
b. Formas de revogação:
Segundo o art. 1.970, CC, a revogação do testamento pode se dar de forma total ou parcial.
1) Total = revogação pura e simples: declara-se, em novo testamento, a revogação do anterior, não fazendo qualquer limitação ou reserva.
2) Parcial: limita-se ao tópico atingido – art. 1.970 CC
3) A revogação de um testamento, mas existindo outro, sem que a este haja alguma referência, leva a concluir quanto à revogação de apenas um, perdurando o
outro.
4) A revogação do testamento de reconhecimento de filho é válida. Contudo, revoga-se o testamento, não a declaração de reconhecimento – esta é intangível – única forma irrevogável do testamento.
5) O novo testamento não atinge os legados, pois estes são especificações dos bens.
c. Efeitos da revogação:
- priva-se o testamento de qualquer eficácia, se total, ou da eficácia na parte atingida, se parcial;
- passa a vigorar a sucessão (legítima) hereditária, em todos os seus efeitos.
d. Anulabilidade – nulidade do testamento:
Tal como em todo negócio jurídico, a vontade do testador é válida e eficaz se isenta de erro, dolo ou coação. Tais vícios nodoam, comumente, disposições testamentárias, mas também podem manchar o próprio testamento.
Bem pode ocorrer que alguém teste sob coação ou dolo. Provado o vício da vontade, deve ser anulado o testamento, a requerimento do interessado.
O erro, obstáculo e a violência física determinam a nulidade e não a simples anulabilidade do testamento, visto que determinam a falta de vontade, não sendo, rigorosamente, vícios de consentimento.
Certas formas testamentárias excluem a possibilidade de ocorrência de alguns vícios de vontade.
O erro determina a anulabilidade quando se dá:
a) nos motivos;
b) na designação;
c) na indicação dos bens.
Nulificam por duas razões: o testamento é um ato personalíssimo (art. 1.858) e, unilateral (art. 1.863). A disposição testamentária deve resultar de uma vontade livre de qualquer influência ou pressão, interna ou externa. Haja dolo, ou simplesmente pacto sucessório nas disposições captatória, a instituição está viciada, porque contraria a liberdade essencial às disposições de última vontade, e transforma em convocação o que a lei quer que seja espontânea manifestação unilateral.
10.Legados – art. 1.912 e seguintes, CC
* Destinação de bens a título particular, singular.
* Prédio, cifra em dinheiro, automóvel, etc.
* Coisa certa e determinada deixada a alguém via testamento ou codicilo.
a. Situações OU Classificação:
Legado de coisa alheia – não pode o testador legar coisa certa que não lhe pertença no momento da abertura da sucessão (art. 1.912).
Exceções:
Art. 1.912 – será válido o legado de coisa alheia, se a coisa, mesmo não pertencendo ao testador na época do testamento, após o testamento, vier a integrar o patrimônio do testador.
Art. 1.913 – o testador determina que o herdeiro entregue bem seu (dele herdeiro) a terceira pessoa. Trata-se, na verdade, de um encargo que, se não cumprido, equivale à renúncia.
Art. 1.915 – confuso. Como deve o herdeiro cumprir o legado.
Legado de crédito. Art. 1.918 – trata-se de uma cessão de crédito, em que o legatário substitui o testador e primitivo credor e pode promover a respectiva cobrança.
Legado de alimentos. Art. 1.920 – engloba o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor. Via de regra, cabe ao testador fixar o valor. Caso não o faça, o Juiz deverá fixar estes alimentos, atendendo para as forças da herança e para as necessidades do alimentário.
Exemplo: compelir herdeiro a pagar alimentos a terceiros.
b. Nulidade por incapacidade do herdeiro ou legatário
São nulas as disposições em favor de incapazes de suceder, ainda quando simulem a forma de contrato oneroso ou os beneficiem por interposta pessoa, o pai, a mãe, os descendentes e o cônjugedo incapaz (art. 1.802 CC). Ex.: não podem suceder as pessoas definidas no art. 1.801.
c. Direito de Pedir:
Desde a morte do testador o legatário tem direito de pedir a coisa deixada por legado.... art. 1.923 CC.
d. Caducidade dos legados
Art. 1.939 e art. 1.940
CONCEITO: “Caducar é perder a eficácia, decair, ficar sem efeito, inutilizar-se. Ocorre pela superveniência de fato, independente da vontade do testador”. (nulidade pressupõe um vício de origem) (Leite, p. 560) Não se confunde com revogação. Nesta, há uma declaração de vontade. Na caducidade, ocorre a perda da eficácia, total ou parcial, da disposição testamentária, por fato alheio à vontade do testador.
Formas de caducidade dos legados – Hipóteses de caducidade – art. 1.939:
a) herdeiro ou legatário pré-morto;
b) um dos beneficiários recusa sua parte na herança ou abre mão do legado;
c) quando o herdeiro é afastado por qualquer causa de exclusão por indignidade.
11.Direito de acrescer entre herdeiros e legatários
Art. 1.941 CC
a. Conceito:
Ocorre quando o testado contempla vários beneficiários no testamento, deixando para todos a mesma herança, em porções não determinadas e um deles vem a faltar.
O direito de acrescer ocorre, também, no direito das coisas (art. 1.411, CC), como nos casos em que o usufruto é constituído em favor de duas ou mais pessoas. Nestes casos, havendo o usufruto simultâneo (e deve estar expresso no documento), a parte do usufrutuário que falecer, acrescerá ao do sobrevivo. Ex.: imóvel com usufruto para o casal João e Maria, de forma simultânea (50% para cada). Neste caso, falecendo João, o usufruto será 100% de Maria. Este direito de acrescer, no caso do direito sucessório, ocorre apenas na sucessão testamentária, pois na sucessão legítima o direito de representação impede a aplicação deste instituto, salvo os casos de direito de renúncia. Exemplo:
Sucessão legítima - representação:
Considerando que C é pré-morto, se tiver filhos, estes herdarão. Havendo
representação, A ficará com 1/3; B, igualmente com 1/3; e, a parte de C (1/3) será dividida entre D e E.
Sucessão legítima - renúncia:
Considerando que A renuncie, sua parte será acrescida à de B e C (cujos filhos herdarão por representação, no caso de ser pré-morto).
Sucessão testamentária:
Se o falecido tiver deixado 10% de seu patrimônio (ou uma casa) para A e B, a herança será dividida: 90% (por sucessão legítima), entra A, B e C (30% para cada um); 10% entre A e B. Como, neste caso, o testador não deixou expresso como seria a divisão dos 10% entre A e B, caso B faleça, A receberá todos os 10% (pelo direito de acrescer). Diferente será se o falecido disser: “Deixo 10% do meu patrimônio para A e B, em parte iguais” (ou em qualquer percentual definido). Neste caso, não haverá o direito de acrescer. Desta forma, o direito de acrescer, na sucessão testamentária, ocorrerá na hipótese do art. 1.941, CC – caso do exemplo acima – ou, ainda, no caso do art. 1.942, CC – quando os nomeados em conjunto receberem uma só coisa (legado) ou quando esta não puder ser dividida sem risco de desvalorização.
Art. 1.941. Quando vários herdeiros, pela mesma disposição testamentária, forem conjuntamente chamados à herança em quinhões não determinados, e qualquer deles não puder ou não quiser aceitá-la, a sua parte acrescerá à dos co-herdeiros, salvo o direito do substituto.
Art. 1.942. O direito de acrescer competirá aos co-legatários, quando nomeados conjuntamente a respeito de uma só coisa, determinada e certa, ou quando o objeto do legado não puder ser dividido sem risco de desvalorização.
Portanto, não haverá o direito de acrescer quando o testador tiver deixado, de forma expressa, a especificação do quinhão de cada co-herdeiro ou co-legatário (um terço, metade, etc). Se isto ocorrer, a quota do herdeiro ou legatário que não quiser ou não puder aceitar a sucessão testamentária será devolvida aos herdeiros legítimos – art. 1.944, CC.
O direito de acrescer também não ocorre no caso de haver substituição. Ex.: deixo 10% do meu patrimônio para João e Carla e, em substituição de qualquer deles, para Fernando. Se João ou Carla não quiserem ou não puderem aceitar, Fernando herdará.
b. Fundamentos:
a) Decorrência da vontade presumida do testador – quando nomeia vários beneficiários pela mesma disposição testamentária, para toda a herança ou parte dela, sem determinar a porção de cada um; ou quando deixa a vários legatários a mesma coisa ou parte dela. Presume-se que ele desejava que se um faltasse, os demais ficassem com a herança.
b) Quando ocorre o direito de acrescer, o acréscimo é forçado, pois não pode o beneficiário (co-herdeiro ou co-legatário) aceitar sua parte e renunciar ao direito de acrescer. Ademais, nos termos do art. 1.943, § único, os coherdeiros ou co-legatários, aos quais acresceu o quinhão daquele que não quis ou não pôde suceder, ficam sujeitos às obrigações ou encargos que o oneravam.
c. Pressupostos:
Para que ocorra o direito de acrescer, alguns pressupostos ou requisitos devem estar presentes:
a) Nomeação de vários herdeiros ou legatários na mesma disposição testamentária;
b) Atribuição sem discriminar as porções ou o quantum, no mesmo bem ou porção de bens.
c) A falta ou impossibilidade de herdar de um herdeiro ou legatário instituído no testamento.
d) O testamento não pode ter indicado uma pessoa determinada para que, na falta do herdeiro ou legatário, receba sua parte – não pode haver substituto.
e) Indivisibilidade do bem, no caso de legados.
f) Indeterminação das quotas hereditárias.
d. Espécies de disposições conjuntas
Existem três tipos de disposições conjuntas:
a) Conjunção real – re tantum – quando os instituídos são chamados para suceder na mesma coisa por frases distintas. Ex.: Deixo o imóvel X a José. Deixo o imóvel X a João.
b) Conjunção mista – re et verbis – quando a designação dos beneficiários é feita na mesma frase, para a mesma coisa. Ex.: Deixo o imóvel X a José e a João.
c) Conjunção verbal – verbis tantum – neste caso há a designação dos beneficiários na mesma disposição, e, ainda, a especificação do quinhão de cada um. Ex.: Deixo o imóvel X para José e para João, metade para cada um.
Deve-se destacar que só haverá direito de acrescer nas conjunções real e mista. Na verbal não há, pois o testador especifica o quinhão de cada um. Fica expressa a vontade do testador de que cada um receba a quota que ele determinou.
e. Direito de acrescer entre co-herdeiros
Quando os co-herdeiros, pela mesma disposição de um testamento, são conjuntamente chamados à sucessão em quinhões não determinados.
Ex.: Marília e Vinicius são meus herdeiros em 20% de meus bens.
Esta disposição estabelece uma solidariedade, uma conjunção entre herdeiros (RET ET VERBIS – UMA SÓ FRASE DE DISPOSIÇÃO).
Daí necessário que estejam presentes 3 (três) elementos:
a) a instituição de herdeiros numa só cláusula;
b) a identidade de bens ou quotas hereditárias;
c) indeterminação das quotas hereditárias.
f. Direito de acrescer entre legatários:
Arts. 1.941/1.942 CC: há um ou mais bens especificados, mas todos os legatários são nomeados para o recebimento em comum deste patrimônio, em que não é possível sua divisão (deterioração).
- inexiste acréscimo no legado em dinheiro (por ser genérico).
- também, no legado de alimentos (ao necessitado);
- o acrescentamento abrange-lhes os ônus (1.943, CC).
g. Legado de usufruto
Testamento institui o exercício do usufruto em favor de duas ou mais pessoas. O usufruto é o direito de usar e gozar da coisa, por tempo certo ou vitaliciamente. Haverá o direito de acrescer quando a nomeação for conjunta, sem especificação das quotas. Assim, são requisitos: a) que haja a nomeação conjunta, sem especificar as frações em que incide o usufruto; b) sempre sobre um bem individuado.
12.Substituições testamentárias
O testador pode, além de estabelecer o beneficiário de seu testamento, instituir o substituto, ou seja, a pessoa que, na impossibilidade do herdeiro testamentário (ou legatário) de herdar (seja por já ser falecido ou por não aceitar a herança, p.ex.),herdará em seu lugar. É o que estabelece o art. 1.947, CC:
Art. 1.947. O testador pode substituir outra pessoa ao herdeiro ou ao legatário nomeado, para o caso de um ou outro não querer ou não poder aceitar a herança ou o legado, presumindo-se que a substituição foi determinada para as duas alternativas, ainda que o testador só a uma se refira.
Segundo Gonçalves (2012, p. 399) a substituição é “a indicação de certa pessoa para recolher a herança, ou legado, se o nomeado faltar, ou alguém consecutivamente a ele.
Atualmente existem duas hipóteses de substituição: vulgar e a fideicomissária.
a. Substituição vulgar
Quando o testador designa uma ou mais pessoas para ocupar o lugar do herdeiro ou legatário que não quiser ou não puder aceitar o benefício. Trata-se de uma instituição condicional (que só ocorre quando o beneficiário não puder ou não quiser receber) e subsidiária (só produz efeitos se a disposição principal não produzir efeitos). Estabelece a vocação direta, pois o substituto herda diretamente do falecido. A substituição vulgar pode ser:
a) Simples ou singular, um só substituto para um ou muitos herdeiros instituídos
b) Coletiva ou plural, quando há mais de um substituto a ser chamado simultaneamente
c) Recíproca, quando são nomeados dois ou mais beneficiários, estabelecendo que reciprocamente se substituam. Neste caso, os herdeiros recolherão a cota do que faltar.
O substituto assume o lugar do substituído, com os mesmos direitos e deveres, sujeitando-se, inclusive, a condição ou encargo imposto ao substituído.
b. Substituição fideicomissária
Trata-se das situações nas quais o testador estabelece um beneficiário, mas com a incumbência de, após, por sua morte, ou em vida, transmitir o bem a outra pessoa, inclusive sob certa condição.
Existem três figuras:
a) Fideicomitente – o instituidor, testador, doador;
b) Fiduciário (ou gravado) – que recebe o bem para, após, efetuar a transmissão;
c) Fideicomissário (ou substituto) – pessoa que recebe o bem quando da morte do
fiduciário.
O testador fixa o tempo do fideicomisso: vitalício (até a morte do fiduciário); a termo (em tempo prefixado pelo testador) ou condicional (se depender de implementação de alguma condição resolutiva). Trata-se de uma vocação dupla, pois tanto o fiduciário, quanto o fideicomissário se tornam titulares da herança. O fiduciário enquanto estiver vivo ou não ocorrer a condição ou termo. O fideicomissário após estes períodos.
Há direito de acrescer – art. 1.956, CC: Se o fideicomissário aceitar a herança ou legado, terá direito a receber também aquilo que acresceu aos fiduciários. É proibido o fideicomisso sucessivo, ou seja, não pode o testador deixar o bem para A, com o dever de, com sua morte, transmitir para B e este, para C. A cláusula não será totalmente nula. Quando A falecer, B adquirirá a propriedade do bem.
13.Redução das disposições testamentárias:
A liberdade de testar é relativa, pois havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança. Assim, para resguardar a legítima, a lei permite a redução das disposições testamentárias. Desta forma, toda vez que as disposições testamentárias ultrapassarem a quota disponível do testador, poderão ser reduzidas. Não causa a nulidade, nem é hipótese de anulação do testamento, bastando que se reduza as disposições testamentárias. Assim, deve-se apurar o valor total do patrimônio na data da abertura da sucessão, abatidas as dívidas e despesas de funeral, adicionando-se os bens sujeitos a colação (art. 1.847, CC). A partir daí, o valor líquido é divido em duas metades – uma delas a legítima e a outra, a parte disponível. Os valores que
ultrapassarem a metade disponível devem ser reduzidos, proporcionalmente, nos termos do art. 1.967, CC.
Ordem:
1) herdeiro instituído (ou proporcionalmente, se houver mais de um);
2) legatário, na proporção do seu valor;
3) redução das doações (começando pela mais nova ou proporcionalmente se forem na mesma data).
O testador pode, ainda, estabelecer forma diferente para a redução (§ 2.º):
§ 2o Se o testador, prevenindo o caso, dispuser que se inteirem, de preferência, certos herdeiros e legatários, a redução far-se-á nos outros quinhões ou legados, observando-se a seu respeito a ordem estabelecida no parágrafo antecedente.
Em se verificando excederem as disposições testamentárias a porção disponível, será proporcionalmente reduzidas as quotas do herdeiro ou herdeiros instituídos, até onde bastem, e, não bastando, também os legados, na proporção de seu valor. Ex. Se alguém tem 2 filhos faz uma disposição a favor de um no montante de 60%, a redução ocorre em 10%.
Se o testador, prevenindo o caso de redução, dispuser que se inteirem, de preferência, certos herdeiros ou legatários, a redução far-se-á nos outros quinhões ou legados, observando-se ao seu respeito a ordem estabelecida na regra anterior.
Ex. Bens 70mil reais. Deu 20 mil a um amigo e 50 mil a um sobrinho. Tem filho, reserva da legítima. Desconta, visto que mencionou, primeiro do sobrinho.
14.Testamenteiro:
Testamenteiro é o executor do testamento. É a pessoa que o de cujus encarrega de fazer cumprir suas disposições de última vontade. O testador pode nomear um ou mais testamenteiros, conjuntos (quando a atuação é conjunta, cumulando funções) ou separados (quando o exercício da testamentaria é feito uns em falta dos outros).
Testamentaria – conjunto de funções que são realizadas pelo testamenteiro, o complexo de direitos e obrigações. Trata-se de encargo complexo na execução do testamento – não é múnus ou função pública, mas encargo de ordem privada, de caráter facultativo. Há ampla liberdade de escusar-se à testamentaria. Um ou mais, conjuntos ou separados, para cumprir a última vontade.
a. Espécies de testamenteiro:
O testamenteiro pode ser:
· Instituído: quando o testador o nomeia
· Dativo: quando não havendo testamenteiro nomeado ou, se o nomeado recusar a testamentaria, o juiz nomeia alguém para o encargo – art. 735, § 4.º, CPC/2015.
· Testamenteiro universal: a quem se confere a posse e a administração da herança ou de parte dela, caso não haja herdeiros necessários – art. 1.977. O art. 1.978 determina que o testamenteiro universal pode requerer o inventário e cumprir o testamento.
· Testamenteiro particular: não desfruta do direito de posse ou administração da herança por não tê-los ou por tê-los perdido.
b. Nomeação do testamenteiro: O testamenteiro pode ser nomeado no próprio testamento ou codicilo. O testador pode, ainda, instituir um ou vários testamenteiros para atuar em conjunto ou em separado. Se não houver testamenteiro, o cumprimento do testamento deverá ser cumprido pelo cônjuge ou companheiro sobrevivente ou qualquer herdeiro. Se não houver testamenteiro, o juiz nomeará dativo, obedecendo a ordem (§ 4.º, art. 735, CPC/2015).
c. Aceitação do encargo: A pessoa que é nomeada testamenteira pode aceitar ou não o encargo. Em se tratando de um múnus privado ninguém é obrigado a exercer.
d. Atribuições do testamenteiro:
- 1.979, CC – Registro do testamento – como o testamenteiro é o detentor (em regra) do testamento, a ele incumbe (compete/pode) levá-lo a registro.
- 1.980, CC – Obrigação do Testamenteiro: cabe ao testamenteiro a execução do testamento. Para tanto, deve:
1. apresentar o testamento em juízo para o registro.
2. depois de registrado o testamento, dar cumprimento, ou seja, executar as disposições nele constantes – prazo – 180 dias.
- 1.982, CC - O testamenteiro – executor da última vontade – age de acordo com os poderes conferidos pelo Testador.
- 1.983, CC - Prazo de 180 dias: suficiente. O prazo pode ser prorrogado (§ único)
- 1.984, CC – Na ausência de nomeação de testamenteiro, a execução testamentária, compete a um dos cônjuges ou herdeiro nomeado pelo juiz.
3. defender a validade do testamento – art. 1.981, CC
- 1.981, CC - Propugnar a validade do testamento: deve defender a validade do testamento, contra quem impugnar em juízo.
4. exercer as funções de inventariante, se estiver na posse e na administração da herança ou se nãohouver cônjuge, nem herdeiros necessários.
- 1.990, CC - O testamenteiro exerce as funções de inventariante, na hipótese do testador “tiver distribuído toda a herança em legados”.
5. prestar contas – art. 1.980.
- 1.985, CC - o encargo não se transmite aos herdeiros do testamenteiro. É encargo pessoal indelegável. O testamenteiro pode fazer-se representar em juízo por procurador (1.985) e mandatário (1.764)
- 1.986, CC - Mesmo conteúdo – responsabilidade solidária dos testamenteiros
aceitantes.
Remuneração do testamenteiro: a testamentaria é função remunerada. O testamenteiro tem direito a receber um prêmio ou vintena pelos serviços prestados, a ser fixado livremente pelo testador. Se não o fizer, o juiz fixará, dentre os limites de 1 a 5% da herança líquida.
- 1.987, CC - Direito ao prêmio – Vintena – de 1 a 5% sobre a herança líquida. Herdeiro ou legatário não recebe a gratificação.
- 1.988, CC - o herdeiro ou legatário nomeado testamenteiro pode escolher o prêmio (1 a 5%) ou a herança ou legado (o que lhe for mais favorável). Destaca-se, contudo, que este herdeiro a que o art. 1.988 refere-se é o herdeiro instituído ou o legatário e não o herdeiro necessário. No caso de herdeiro necessário nomeado testamenteiro, terá direito a receber o prêmio, pois não é obrigado a exercer gratuitamente o encargo. O pagamento da vintena deve ser feito em dinheiro, não sendo admitida a adjudicação de bens para pagamento, salvo se for o meeiro.
- 1.989, CC - Perda do prêmio:
a) O testamenteiro perde o direito à vintena quando é removido e não cumprir o testamento;
b) quando faz despesas ilegais;
c) quando é negligente ou prevaricador;
d) quando não inventariar os bens (por culpa). O novo testamenteiro receberá o prêmio.
falecido
A
B
C
D
E

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