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LUCIANA CARBONI DIREITOS HUMANOS – 1º BIMESTRE Direito fundamentais Estão previstos no contexto/plano interno do Estado, em plano constitucional primeiramente e depois no plano infraconstitucional. São todos aqueles bens jurídicos que nos são inerentes. Direitos humanos Englobam os mesma direitos/bens jurídicos presentes nos direitos fundamentais, entretanto são de plano internacional. São geridos pela Nações Unidas e grupos regionais (Ex: Corte Europeia dos DH). Dimensões São categorizados em dimensões os direitos humanos, conforme a teoria clássica de Norbeto Bobbio. 1ª geração: direito civis e políticos que compreendem a liberdade clássica, como direito a vida, manifestação, expressão, crença, sufrágio universal, locomoção, etc. Primeiros do artigo 5º CF. 2ª geração: são os direitos sociais, culturais e econômicos, referindo-se aos direitos de igualdade entre os indivíduos. 3ª geração: são os nomeadamente exercidos por uma titularidade coletiva, são os direitos difusos e coletivos. Progresso, paz, autodeterminação dos povos, defesa do consumidor, etc. São os direitos de fraternidade. 4ª geração: a sua existência e categorização é uma discussão doutrinária. Os autores que a defendem, colocam aqui os direitos que são relativamente novos, por conta do avanço da tecnologia. O biodireito e biotecnologia tocam no plano da dignidade humana. Característica dos direitos humanos e fundamentais Imprescritibilidade: os direitos humanos/fundamentais não se perdem no tempo, não prescrevendo, tanto a cerca do seu exercício quanto a sua exigibilidade perante as instituições. Inalienabilidade: não é possível transferir ou ceder os próprios direitos humanos ou ainda direitos alheios. Atualmente existe uma certa flexibilidade, pois por exemplo, em reality shows o direito a privacidade e locomoção ficam temporariamente cedidos. Irrenunciabilidade: eles não podem ser renunciados, não podem ser objetos de abandono, por seu titular. Entretanto, existem, em determinadas jurisdições, a flexibilização desse direito, como: eutanásia, aborto, suicídio, greves de fome. Inviolável: as sanções jurídica pelo anterior comportamento de violação de direito humanos alheio no sentido criminal, são aceitas visto que é uma pratica punitiva prevista na lei. Entretanto, a violação e desrespeito pelas instituições pública sem justificativas não são aceitas, sob pena de sanção administrativa, cível e criminal. LUCIANA CARBONI Universalidade: de certa maneira é entendido que os direitos humanos são assegurados a todas as pessoas, independentemente de qualquer condição. Entretanto, a critica estabelecida é que a universalidade é relativa. Tal ponto vem da noção de que cada individuo tem suas crenças, então o que para algumas sociedades algo é uma violação de direito, para outras aquilo é o direito assegurado, trazendo o relativismo. Ex: poligamia, países islâmicos... Efetividade: a atuação do sistema público e as organizações do mesmo, deve ser de maneira que satisfaça plenamente tais direitos. É uma garantia que favorece os indivíduos de que o Estado ira atuar para proteger e promover tais direitos. Indivisibilidade: os direitos humanos devem sempre ser vistos como um todo, sempre juntos, em relação de interdependência. Assim, por essa característica, os direitos humanos devem ser apreciados, principalmente pela sua usufruição, de que existe relação de interdependência para sua satisfação e não autonomia, para tornar plena a ideia de dignidade humana. Evolução histórica dos direitos humanos pela antiguidade clássica Os quatro grandes marcos da história da humanidade civilizada são: Código de Amurabe, destinado a toda população da antiga Babilônia, criado no século 13 A.C, continha a famosa lei “olho por olho, dente por dente”. Havia comumente diversas penalidades físicas, mas variava de acordo com as camadas sociais que praticava a infração. Através da sua de Talião, colocou meto de transgredir as regras na população, fazendo com que o crime e o desrespeito diminuíssem consideravelmente na sociedade sírio-babilônia. Em segundo lugar, existe a grande contribuição da reflexão grega em prol de construção de ideias como: democracia, dignidade e etc. Protágoras, 490 AC “O homem é a medida de todas as coisas”. Terceiro lugar. O Império Romano teve grande influência. A lei das 12 tábuas fez com que surgisse a necessidade de publicidade de normas e atos normativos. Isso porque as 12 tábuas ficavam expostas em praça pública, dando ampla divulgação verbal de seu conteúdo pelas autoridades, já que muitos não sabiam ler, não poderia mais invocar a desculpa de não saber sobre as normas. O Imperador naquele tempo era Justiniano. Quarto lugar. Cristianismo. Movimento lançado por Jesus Cristo, sendo a sua própria ideologia. É um divisor de águas, pois Cristo utilizava a lógica do bem comum, solidariedade e dentre outros. Muro das lamentações, restos dos templos de Davi e Salomão, onde judeus choravam nos escombros desses. Muito importante para o desenvolvimento dos Direitos Humanos, principalmente pela fala “Da ao Imperador o que é do Imperador, e o que é de Deus, de Deus”. Através dessa frase, identifica-se o Secularização, que é a separação das identidades religiosas com as identidades políticas, gerando a laicidade dos Estados atualmente (neutralidade), garantindo liberdade de religião. LUCIANA CARBONI Evolução histórica dos direitos humanos pela idade média Bizanzio, Constantinopla e Istambul são historicamente a mesma cidade. O povo bárbaro conseguiu entrar nas fortalezas do Império Romano com a ajuda do inverno, pois os rios congelaram e possibilitou que os utilizassem como caminho. Isso possibilitou, em 470, a queda do Império Romano do Ocidente. Em 1215 foi criada a Magna Carta, garantia a liberdade de constituição da propriedade privada e a discricionaridade tributária do rei. A intenção era evitar o acumulo de riquezas do Papa daquela época. Também surgiu o Habeas Corpus Act, era uma garantia processual. Bill of rights, Inglaterra, tolerância religiosa em que o catolicismo suportava outras religiões mas não garantia os mesmos direitos a ela. Em ordem cronológica seria: Magna Carta Libertatum, Bill of Rights e Habeas Corpus Act. Evolução histórica da idade moderna Importantes movimentos de emancipação do colonialismo e de monarquias opressoras. A Revolução Francesa foi o que deu origem a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Entretanto, a declaração de independência, liberdade e fraternidade foram inspiradas nas lutas em busca de independência dos Estados Unidos da América, que lutavam contra o exército britânico em suas próprias propriedades. A constituição dos Estados Unidos, é a única que prevê a felicidade como direitos humanos e fundamental, inspirada na declaração de Virgínia e da Independência Americana. A violência que a nova república se impôs, foi o próprio motivo pela a qual ela foi derrubando, ressurgindo novos impérios, como Napoleão Bonaparte. Assim, deve-se cuidar com o discurso de direitos humanos, pois pode acabar sendo mais opressor do que aquele outro discurso que o grupo critica. Evolução histórica da idade contemporânea A revolução industrial influenciou a criação da OIT pelo tratado de Versalles em 1919. Em plano constitucional, no México, a constituição mexicana de 1917 (Const de Quieretro), foi importante não apenas por formalizar a independência do México, mas também por proteger a livre iniciativa e o trabalho seguro, influenciando o documento- base da OIT. A constituição de Wiemar, Alemanha pós primeira guerra mundial, também possui previsões internas que valorizavam as pessoas, que posteriormente foi modificada pelos nazistas. Esses documentos eram internos, então ainda não havia a internacionalizaçãodesses direitos, de maneira geral. Internacionalização dos Direitos Humanos 03/09/2020 O Partido Nacional Socialista Alemão buscava pela etnia perfeita, os arianos, e os que não se caracterizavam como tais, eram considerados como inimigos, pelo seu próprio Estado Nação. Após a 2ª guerra, pela Carta de São Francisco, foi pedido a internacionalização dos direitos humanos, visto que, o Estado Nação, tinha sido o LUCIANA CARBONI principal violador de tais direitos, e foi considerado necessário e urgente após o fim da 2ª guerra, demonstrando o que um Estado não vigiado era capaz de fazer com a própria população. A Carta de São Francisco criou a ONU. A Declaração Universal dos Direitos Humanos não foi o primeiro documento que tipificasse tal. Existe também a Carta dos Direitos dos Refugiados, junto com o seu anexo, em 1967. Ainda, existe a terceira vertente, o Direito Humanitário, também conhecido por Direito da Guerra/Direito Humanitário Internacional, em campos de conflitos armados interno ou internacional, tipificando a Convenção de Genebra, que surgiram antes da Carta dos Direitos Humanos, mas esses eram destinados para situações armadas. A proteção dos refugiados iniciou nos 20 anos de crise que intermediaram a 1ª GM e a 2ª GM. A Declaração de 48 possui apenas caráter de recomendação, visto que é uma soft law, e em um primeiro momento só haviam 15 países inscritos. Assim, foi visto que foi necessária uma regulamentação de tais direitos como força obrigatória (jus cogens) ao surgir da Guerra Fria, pelo medo e tensão que o período causou, trazendo a aperfeiçoamento de tais direitos de modo internacional. Carta Internacional dos D.H Atos conjuntivos internacionais que envolve a Carta da Declaração de 1948 + os dois documentos de 1966. Pacto dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto dos Direitos sócias e culturais. A ONU precisou subdividir tais direitos, para que a ratificação fosse de maior abrangência. No mesmo ano, a ONU criou o documento que discriminava todos os atos racistas e discriminação. Em 1969 surgiu o Pacto San Juan da Costa Rica. Direito Internacional dos Refugiados 10/09/2020 O direito dos refugiados é ligado ao fluxo migratório que envolve a ameaças das guerras e violência social, sendo que os refugiados de tragédias naturais, são distintos. O primeiro apresenta um grupo extremamente sensibilizado, pois o próprio ato de migração é perpetuada por um ato de violência, por isso que os direitos dos refugiados é resguardado para apenas esses. Então, os refugiados do clima não são considerados refugiados na parte jurídica da situação e também não comove a ajuda internacional. O primeiro registro histórico de um grande fluxo migratório de maneira forçada são dos hebreus com Moisés. No decorres dos séculos ocorreram diversas vezes a migração forçada. No século 19/20 ocorreu a migração de Bolcheviski na Rússia, onde ocorreu a criação da Liga das Nações em 1920 – 1940. A finalidade primordial da Liga das Nações era o estabelecimento de mecanismos de cooperações internacionais, prevendo sanções politicas, econômicas e sociais, até mesmo militar. Isso era considerado um problema, pois a L.N buscava a paz das nações mas poderia usar força militar. LUCIANA CARBONI Assim, a soberania do Estado passa a ser atenuada, pois era necessário que fosse aceito a intervenção da sociedade internacional em assuntos polêmicos internacionais. Devido ao fracasso dos países que a compunham e da eminência da 2ª Guerra Mundial, fez com que a Liga acabasse (livro 20 anos de guerra). Com a criação da ONU e da Declaração dos Direitos Humanos, a sociedade começou a se organizar para a definição de conflitos armados e a proteção dos refugiados. Em 1946 ocorreu a criação de órgão subsidiário para tal situação, O Alto Comissionariado das Nações Unidas, que surgiu para defender os refugiados a partir dos seguintes documentos: ACNUR – Alto Comissionariado das Nações Unidas para os Refugiados e Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951. “ A. Para fins da presente Convenção, o termo “refugiado” se aplicará a qualquer pessoa: (...) 2) Que, em consequência dos acontecimentos ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951 e temendo ser perseguida por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, encontra-se fora do país de sua nacionalidade e que não pode ou, em virtude desse temor, não quer valer-se da proteção desse país, ou que, se não tem nacionalidade encontra-se fora do país no qual tinha sua residência habitual em consequência de tais acontecimentos, não pode ou, devido ao referido temor, não quer voltar a ele” Existe uma reserva temporal e geográfica com o artigo acima, pois cobriam as pessoas apenas que eram do âmbito europeu e das grandes guerras. O Protocolo Adicional dos Refugiados das Nações Unidas de 1967 resolveu esse problema. Ainda, esse primeiro estatuto possui alguns requisitos que os refugiados deveriam cumprir para serem considerados como tal. Ex: a vítima deveria demonstrar que era realmente uma pessoa perseguida, que não tem como pedir ajuda de seu país de origem, devendo efetivamente apresentar algum tipo de identificação (hoje já flexibilizado, visto que muitos não tem como se identificar por motivos óbvios). Na convenção de 1951 existe o princípio da Não Devolução (non refoulement), em que estipula que os refugiados não poderiam ser mandados de volta para os países em que sua dignidade, vida, direito poderiam voltar a ser violados que foi o que os levaram a fugir do país. A partir do momento que o status de refugiado é conferido, o principio da não devolução deve ser cumprido. Entretanto, antes de ocorrer qualquer procedimento jurídico quando esses chegam nos países, são destinados para campos, onde ainda não possuem direitos de tal. As políticas de resiliência de auxilio emergencial são ajudas do Estado em que os refugiados buscam ajuda. O auxilio emergencial é assim que chegam no país, devendo o Estado conferir roupa, comida, médicos. As políticas de resiliência são as ajudas governamentais do país em que os refugiados foram acolhidos e reconhecidos, dando a mínima condição para que uma vida digna fosse atingida (escola, dinheiro, etc). LUCIANA CARBONI Protocolo são sempre acessórios, complementar a um documento principal. Assim, o protocolo de 1967, mudou a definição do que é considerado um refugiado, eliminando a reserva temporal e geográfica do estatuto da convenção dos refugiados de 1951 (parte tachada do artigo descrito anteriormente). Em sede regional, no continente americano, A Declaração de Cartagena (soft law) de 1985, com aplicação complementar do estatuto de 1951 e protocolo de 1967. Tal declaração ocorreu após a redemocratização dos Estados americanos. A Declaração de San Jose sobre Refugiados e Pessoas deslocadas de 1994. Em decorrência da Declaração de Cartagena, o México criou um Plano de Ação para dar efetividade as declarações americanas, em situações em que os refugiados viessem buscar socorro no continente americano, independentemente de onde esses venham. Os Estados Unidos não se subscreveu em nenhuma dessas declarações, tanto é que está ocorrendo uma intensa crise humanitária lá pelas imigrações dos mexicanos. 17/09/2020 Direito internacional humanitário surge até mesmo antes da internacionalização de tal direito. Ex: não utilizar bandeira branca para emboscada, não ir para combate durante a noite, etc. Criar limites para a conduta ofensiva em campos de batalha. Em 1858 ocorreu a batalha de Soferino, em que tropas italianas e tropas francesas se encontraram em uma pequena cidade italiana, que causou a morte violenta de diversos civis Ela é uma batalha emblemática porque, na data em que tais tropas se encontraram, um riquíssimo empresário suíço estavade passagem na cidade, conseguindo testemunhar o massacre naquela cidade. Assim, utilizou-se de seus próprios recursos para tentar regulamentar a guerra, escrevendo a obra “Memórias de Soferino”. A conduta dos combatentes devem ser regulamentadas, e aqueles que estavam para prestar socorro devem ter uma proteção distinta, foram observações realizadas por tal empresário. Assim, ocorreu a primeira Convenção de Genebra em 1864, por Jean Henry Dunant. E também Hugo Grotius (“Do Direito da Guerra e da Paz”), que no século 15/16 também inspirou a inicialização do direito humanitário. Com apelos de regulamentação, desde o fim da idade média, o direito internacional humanitário, somente veio a ser regulamentado a partir de 1864 com a 1ª Convenção de Genebra, resultante dos esforços do suíço Jean Henry Dunant, na lógica de mobilizar a sociedade internacional para tal regulamentação. As Convenções de Haia de 1899 e 1907 ainda não se referem as técnicas de guerra. Dizem respeito não a condução técnica das práticas do combate (isso é competência das Convenções de Genebra). As Convenções da Haia foram celebradas com o intuito de Eger e criar mecanismos de resolução pacífica de controvérsias internacionais, visando previnir a eclosão de novos conflitos armados. LUCIANA CARBONI Em 1864 as duas maneiras de guerra eram terrestres e navais. Assim, a primeira convenção de Genebra teve o foco de limitar os conflitos armados terrestres. Ela trouxe limitações a prática do conflito armado terrestre, contemplando também ordens de respeito e assistência aos militares feridos ou adoecidos sem nenhuma discriminação. Com a primeira convenção, também foi criada a instituição atualmente conhecida como Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Em 1906 ocorreu a celebração da 2ª Convenção de Genebra, estendendo todas as obrigações e proteções (toda a lógica limitador e protetora) da 1ª convenção para os combatentes em campanha bélica marítima/naval. Em 1929 ocorreu a celebração da 3ª Convenção de Genebra. Havia um esforço internacional para manter as relações diplomáticas. Ela foi celebrada no auge da época dos 20 anos de crise. Ela definiu os termos “ prisioneiro de guerra “ e regulamentou limites e proteções a serem garantidos aos prisioneiros, a saber: a possibilidade de atendimento pelo comitê da Cruz Vermelha, a abstenção da prática da tortura e de quaisquer tratamento desumano, o respeito as convicções religiosas dos prisioneiros e a observância das regras sanitárias relativas a higiene, cuidados médicos e alimentação. A 4ª Convenção de Genebra, ela estabeleceu a proteção aos civis aos conflitos armados. Foi celebrada em 1949 e ela revisou as três convenções anteriores e estabeleceu regras de proteção aos civis atingidos pelo combate. Em sede de direito humanitário o pacta sun servanda é absoluto, mesmo que não tenha feito parte da convenção. Para os não signatários, ocorrerá a votação do Conselho de Segurança da ONU, mas ainda assim, a proteção desses direitos é superior a soberania estatal, a partir dos protocolos adicionais de Genebra. Ambos protocolos adicionais foram celebrados em 1977, eles estabeleceram a aplicação das 4 convenções tanto aos conflitos armados internacionais (1º protocolo) quanto aos conflitos armados internos (2º protocolo). Posteriormente, foi celebrado em 2015 o terceiro protocolo adicional as Convenções de Genebra, disciplinando e instituindo o terceiro símbolo oficial do comitê internacional da Cruz vermelha (o chamado cristal vermelho). Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos No plano global, os mecanismos de proteção dos direitos humanos estão sobretudo ligados ao sistema ONU, em duas vertentes. O TPI possui uma estrutura permanente e independente, entretanto é ligado de certa forma a ONU. A primeira vertente do sistema global são os instrumentos convencionais, estrutura convencional da ONU, como tratados internacionais de DH, tanto como de maneira geral como de matérias específicas, e a segunda vertente os não convencionais, são os escritórios, comissariados, que exercem uma função mais fiscalizadora. Não possuem sua criação em tratados, mas sim na Carta das Nações Humanas. LUCIANA CARBONI Mecanismos convencionais de proteção D.H Principais tratados que protegem tais direitos perante as Nações Unidas. São organismos compostos por especialistas de cada tratado. São permanentes e funcionam por tempo indeterminado em caso de países que violam os direitos humanos ou de maneira periódica em situação esporádica em países que possuem apenas alguns problemas pontuais com os Direitos Humanos. Irão verificar o implemento e cumprimento dos países-membros da ONU apenas, em um primeiro momento. - Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados: Monitora a implementação da Convenção de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados da ONU - Comitê de Direitos Humanos: Monitora a implementação do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (art. 28) - Conselho Econômico e Social das Nações Unidas - ECOSOC: Monitora a implementação do Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, também realiza a fiscalização contábil dos outros comitês de mecanismo convencional de proteção dos Direitos Humanos. - Comitê contra a Tortura e Outros Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes Monitora a implementação da Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes (art. 22) - Comitê sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial: Monitora a implementação da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (art. 14) - Comitê sobre os Direitos da Criança: Monitora a implementação da Convenção sobre os Direitos da Criança (art. 43) - Comitê sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher: Monitora a implementação da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (art. 21) - Comitê sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa com Deficiência: Monitora a implementação da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa com Deficiência. Mecanismos não-convencionais Ele é criado pela própria Carta das Nações Unidas de 1945. É uma criação institucional, pois foi criado pela própria carta de São Francisco. A Assembleia Geral das Nações Unidas se reúne anualmente entre os meses de setembro e dezembro na sede principal da ONU em Nova Iorque, inclusive por aqueles que possuem status de membros assistentes/honorários, como a Palestina e Santa Fé. Todos terão um acento e representação igualitária. O Secretário Geral da ONU é aquele quem coordenada a reunião. Discutirá quais Estados estão violando os Direitos Humanos, o que pode ser feito para coibir tais ações em médio e longo prazo. É nesta assembleia que Estados serão acusados publicamente de violações de Direitos Humanos. Pode ocorrer sanções jurídicas, envolvendo bloqueios diplomáticos e políticos, podendo suspender inclusivamente de maneira representativa, visto que o Estado pode ser sancionado de participar das próximas Assembleias. LUCIANA CARBONI Relatores especializados são contratados para exercer uma observação periódica mais incisiva em países que costumam a violar mais forte e frequentemente os direitos humanos. Relatorias Especiais para a fiscalização do respeito aos direitos humanos no plano dos membros da ONU: - Relator Especial sobre Execuções Sumárias, Arbitrárias ou Extra-judiciais - Relator Especial sobre a Independência dos Juízes - Relator Especial sobre a Tortura e Outros Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes - Representante Especial sobre Refugiados Internos - Relator Especial sobre Intolerância Religiosa - Relator Especial sobre o Usode Mercenários como Meio de Impedir o Exercício do Direito à Auto-determinação dos Povos - Relator Especial sobre Liberdade de Opinião e Expressão - Relator Especial sobre Racismo, Discriminação Racial e Xenofobia - Relator Especial sobre a Venda de Crianças, Prostituição e Pornografia Infantil - Relator Especial sobre a Eliminação da Violência contra a Mulher - Relator Especial sobre os Efeitos do Lixo Tóxico e Produtos Perigosos para o Gozo dos Direitos Humanos - Relator Especial sobre o Direito à Educação - Relator Especial sobre Direitos Humanos e Extrema Pobreza - Relator Especial sobre o Direito à Alimentação - Relator Especial sobre o Direito Moradia Adequada - Expert Independente sobre os Efeitos do Ajuste Estrutural nas Políticas de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e Direito ao Desenvolvimento - Representante Especial sobre Defensores de Direitos Humanos Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, existem algumas competências mais especializadas para fiscalização, atuando de maneira complementar com as demais instâncias da ONU. Não atuam de maneira paralela e independente, devem sempre estar andando de maneira complementar. O Conselho de Direitos Humanos é relativamente novo. Anteriormente era a Comissão de D.H que foi criada pela Carta de São Francisco, mas não estava funcionando com o seu regimento e modo de atuação. Assim em 2006 ela foi dissolvida, criando o órgão de substituição com regras novas, poderes mais incisivos, etc que é o Conselho de Direitos Humanos da ONU. Atualmente são 47 países membros, pois possui uma rotatividade de membro, para garantir uma participação mais efetiva dos Estados que fazem parte das Nações Unidas. Distribuição das cadeiras junto ao Conselho de Direitos Humanos: As 47 cadeiras do novo conselho serão distribuídas entre grupos regionais: 13 para a África, 13 para a Ásia, 6 para a Europa Oriental, 8 para a América Latina e Caribe, e 7 para Europa Ocidental e Outros, que inclui a América do Norte, a Oceania e a Turquia. A principal função é aconselhar a Assembleia Geral sobre situações que os Direitos Humanos foram violados. Não entra em uma fiscalização periódica. Recebem relatórios dos relatores especiais. O Conselho então irá apresentar seu posicionamento LUCIANA CARBONI com base nas análises dos relatórios e o que pode ser feito naquele sentido. Conferir pareceres consultivos no tocante a quadros já entendidos como violação. Conselho de Segurança da ONU. Paz e segurança são direitos humanos fundamentais, por isso que o Conselho de Segurança foi incluído no Sistema ONU de proteção. É o único órgão que terá a legitimidade de adotar ações obrigatórias para todos os 195 países participantes da ONU. Zelar pela paz e proteção da coletividade, podendo inclusive utilizar da força militar. Não é uma força militar ostensiva, são os capacetes azuis da ONU (operações da paz). Quando ocorre uma ação massificada de violação de direitos humanos, pode ocorrer a homologação na Assembleia Geral a utilização de missão de paz. Militares dos países partes são emprestados para realizar tais missões de paz. A composição do Conselho de Segurança é feita por 15 membros, sendo 5 destas permanentes e essas possuem o poder de veto (Reino Unido, Rússia, França, Estados Unidos e China) e os demais membros são eleitos pela Assembleia Geral das Nações Unidas com duração de 2 anos. 29/10/2020 Sistema Intramericano de Direitos Humanos Os sistemas regionais atuam com o intuito de complementariedade com o sistema global de proteção dos Direitos Humanos (ONU) e nunca de maneira antagônica. Apesar de existir a complementariedade, existem também a hierarquia, pois é necessário esgotar todas as ferramentas nacionais. O mecanismo de integração regional inicia em 1948, com a criação da OEA (Organização dos Estados Americanos) em que o objetivo é fortalecer a paz entre os países americanos, juntamente com a ideia de democracia, viabilizando uma solução pacífica para conflitos americanos. A promoção dos direitos sociais, culturais e econômicos faz parte dos objetivos da OEA, fazendo com que gere uma proteção generalizada de D.H de diversas gerações. No texto de criação de 1948 de OEA haviam pontos não esclarecidos suficientemente, como a “necessidade da proteção dos direitos humanos e individuais dos indivíduos”. Tal ponto só foi esclarecido com a Declaração Americano de Direitos e dos Homens de 1948 que tais direitos foram postulados. Entretanto, conforme DIP, tal declaração tem força de soft law e não de jus cogens, não tendo força vinculatória. Em 1960 a OEA, com a necessidade da fiscalização de tais direitos fundamentais na América Latina, cria-se a Comissão Intramericana de Direitos Humanos. Em 1962 cria-se o pacto de San José de Costa Rica que entra no Brasil com poder de norma de constituição (status de lei ordinária federal). Após a EC 45, passa a ter força supra legal, estando acima das leis complementares, estando de maneira equiparada dos instrumentos constitucionais. LUCIANA CARBONI O Pacto de San Jose da Costa Rica possui força jus cogens, devendo todos os países membros a seguirem o pacto. As sanções, em respeito ao princípio da não- intervenção, podem ir desde sanções econômicas até boicotes diplomáticos. A Comissão Intramericana de Direitos Humanos permanece um órgão da OEA, sendo um órgão bivalente (OEA e Pacto de San Jose). Possui composição de 7 peritos, que não podem ser da mesma nacionalidade, de Estados que integram a OEA e que ratificaram o pacto de San Jose (EUA não faz parte). Eles são escolhidos pelo seu envolvimento acadêmico e profissional com os Direitos Humanos. Os comissários (7 peritos), vislumbram debilidades de proteção de Direitos Humanos nos países parte, fazendo um relatório dentro das leis daquele Estado, criando soluções (com caráter de recomendação), para que tal país consiga solucionar tal problema que afeta os Direitos Humanos. As petições de denúncia podem ser realizadas por grupo de pessoas ou queixas individuais ou até mesmo estatais. Elas serão avaliadas, se confirmadas serão feitos relatórios. Entretanto, uma petição só pode ser proposta quando todas as ferramentas nacionais judiciárias foram utilizadas, inclusive administrativo. Decorrido 06 meses da decisão nacional ter transitado em julgado, a Comissão entrará em cena. Excepcionalmente a Comissão poderá agir quando não tiver esgotado os mecanismos internos se for comprovado que o devido processo legal não estão sendo utilizados. A Corte Intramericana possui 7 juízes, que possui o cargo durante 6 anos mas pode ser reeleito, podendo ficar até 12 anos. O direito de votar na eleição dos juízes é permitido apenas para aqueles que ratificaram a Convenção Intramericana de Direitos Humanos, igualmente para eleger um nacional para ser juiz/perito. Entretanto, um Estado-Parte da Convenção pode indicar um perito/juiz que seja nacional de um Estado que não ratificou. Em situação de que o Estado é membro da OEA e ratificou o Pacto mas não entregou a declaração de que aceita integralmente a competência da Corte, a sanção a este Estado será votada em assembleia da OEA. 05/11/2020 Sistema Europeu de Proteção dos Direitos Humanos O sistema europeu de DH não está subordinado a União Europeia, que é um bloco econômico que reúne alguns dos países europeus. Já o sistema europeu é em nível continental, se relacionado ao Conselho da Europa, que conta atualmente com 47 Estados- Membros. O Conselho da Europa surgiu em 1949, com o objetivo do avanço social. Qualquer um dentro da sua jurisdição deve ser participante da proteção dos direitos humanos. Em 1950 o Conselho da Europa acolheu a convenção da Europa para proteção de Direitos Humanos e Fundamentais em que entre os artigos 2º e 14º sãopostos direitos importantes, como direito a vida, direito ao devido processo legal, direito ao respeito a privacidade e liberdade de expressão (...), e entrou em vigor em 1953. LUCIANA CARBONI Foi complementada por 14 protocolos adicionais, que acrescem no texto da próprio convenção e regras para interpretação, de maneira hermenêutica. Possui força jus cogens O mecanismo de controle dos Direitos Humanos foi transformado pelo 11º protocolo adicional, fazendo com que a Corte absorvesse a estrutura da Comissão Europeia dos Direitos Humanos, que costumava ser como os moldes do Sistema Americano. Entretanto, pela grande diversidade de Estados, fazia com que na Europa não funcionasse até 1998. A partir de 98, a estrutura da Comissão foi absorvida, e a atuação da Comissão continua, mas não são mais subordinados a uma figura autônoma, e sim aos juízes da Corte, em tempo integral. A Corte Europeia de Direitos Humanos é prevista em queixa individual ou estatal. Pode sofrer pedido de pareceres por ministros do Conselho da Europa. Assim, a convenção foi emendada 14 vezes por provocação de tais ministros, que sentiam a necessidade de atualizações, esclarecimentos, etc. O número de juízes funciona de acordo com a quantidade de Estados signatários, ou seja, 47 Estados signatários, 47 juízes, com mandados de 6 anos, podendo ser reeleito, e quando chegarem aos 70 anos ocorre uma aposentadoria compulsória. Entretanto, se esses juízes ao completaram 70 anos estiverem trabalhando em algum caso em curso sobre relatoria desses magistrados, poderão terminar o cargo antes de se aposentar, e até que seu substituto seja eleito, ele poderá continuar trabalhando. A Corte se subdivide em comitês com 3 juízes, e esses se vinculam a Câmaras com 7 juízes e a última a outra Câmara com 17 juízes, que normalmente é a qual profere os acórdãos.As queixas são analisadas pela câmara de 3 juízes, depois passa para a decisão de 1 instância na câmara de 7 juízes, e o recurso decorre na de 17 juízes. 12/11/2020 Sistema Regional de Proteção dos Direitos Humanos – África e Ásia (subsidiariamente). A Oceania não possui um sistema regional próprio, visto que não possuem problemas decorrentes dessa área, apesar de menos de um séculos atrás terem sido colônias britânicas. Sistema Africano Dividido em duas etapas. Na primeira etapa, a carta de direitos humanos e dos povos africanos. Se unificaram, em 53 países. A segunda etapa teve início em 2004, com a Corte de Direitos Humanos e dos Povos, em que seu tratado surgiu em 2004 e sua estrutura foi finalizada em 2006. Muito emblemática as tradições africanas, junto com os direitos sociais, econômicos e culturais, juntamente com a obrigação de respeitar a vida e liberdade alheia, igualmente como a diversidade, ponto distinto dos outros continentes. LUCIANA CARBONI A proteção do desenvolvimento harmonioso da família e o amparo do membro da família sempre que for necessário, tendo a unidade familiar outra conotação na carta africana. Composto por 11 comissários, eleitos pelos chefes dos países, na Comissão Africana de Direitos Humanos e a eleição é realizado na Assembleia Geral Africana dos Direitos Humanos, podendo o mandado durar por até 6 anos (cada mandato), sendo possível reeleição mais uma vez (prorrogação não existe, deve ser reeleito novamente). As queixas são realizadas quando feitas contra uma coletividade As queixas individuais, baseadas em violações individuais são pouco comuns pois para serem aceitas possui um processo mais longo de verificação e etc, sendo mais comum uma queixa individual de uma violação coletiva. Os pareceres possuem caráter vinculatório aos Estados-Membros. A Corte Africana de Direitos Humanos funciona desde 2004 (o estatuto surgiu em 1988 mas só juntou as ratificações necessárias em 2004). Os juízes precisam ser nacionais dos países membros africanos, possuindo nacionalidade distintas. São aptos a serem partes, aqueles que apresentarem queixa na comissão ou forem réus e estiverem dentro da possibilidade da apresentação de recurso. Os Estados-Partes são vinculados aos acórdãos das decisões, e que tal aplicações das decisões serão fiscalizadas por um grupo específico da Corte. Existe também o mecanismo da vergonha, em que se um Estado que foi condenado desrespeita um acórdão da Corte, esse fato é levado a consciência da Corte, em que o Chefe-Estado que está desrespeitando a decisão, será levado em Corte para levar advertência em público, sendo um mecanismo coercitivo “Shaming mechanism”. Sistema Asiático dos Direitos Humanos A Declaração do Cairo é a declaração dos direitos humanos, no plano da religião islâmica, por todos aqueles países que seguem a religião islâmica, sendo celebrada em 1980, dentro da organização regional. A Liga dos Estados Árabes, reúne todos os Estados de tal etnia de maneira majoritária, entra em vigor de 2008, criada em 1984(?), mas não tinha todas as ratificações. Em 2012 foi feita a Declaração asiática dos direitos humanos, entretanto ainda não existe uma Corte, e entrou em vigor em 2015. No extremo oriente existe tal declaração, entretanto não existe a Corte, juntamente com a proteção institucional. Existem instrumentos normativos no Oriente Médio, mas não instituições para a implementação dos Direitos Humanos, não existindo uma proteção institucional. SISTEMAS REGIONAIS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS III - Sistema Africano - Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos - Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos LUCIANA CARBONI - Corte Africana dos Direitos Humanos e dos Povos - Mecanismos Asiáticos - Oriente Médio - Declaração do Cairo (Declaração Islâmica dos Direitos Humanos) - Carta Árabe dos Direitos Humanos - Extremo Oriente / Sudeste Asiático - Declaração da ASEAN sobre os Direitos Humanos
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