Buscar

Dislexia: dificuldade de leitura

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 
1 Trio Help Med – Ana Luísa Uzêda 
A dislexia é caracterizada por dificuldade inesperada 
de leitura em pessoas que de outra forma possuem 
inteligência e motivação necessárias, o que deveria 
permitir uma leitura precisa e fluente. 
A dislexia é a mais comum das deficiências de 
aprendizagem. 
Na tentativa de ler em voz alta, a maioria das crianças 
e adultos com dislexia mostra uma abordagem de 
esforço para decodifificar e reconhecer palavras 
simples, uma abordagem em crianças caracterizada 
por hesitações, erros de pronúncia e tentativas 
repetidas de pronunciar palavras desconhecidas. 
Em contraste com a difificuldade que experimentam 
na decodifificação de palavras simples, as pessoas 
com dislexia tipicamente possuem vocabulário, 
sintaxe e outras habilidades de nível superior 
envolvidas na compreensão. 
ETIOLOGIA 
Existem diversas teorias sobre a etiologia da dislexia, 
incluindo as que implicam défificits no processamento 
temporal de estímulos auditivos e visuais, e aquelas 
que levantam a hipótese de prejuízos específificos de 
linguagem. 
A última categoria postula que, em nível cognitivo-
linguístico, a dislexia reflflete défificits dentro de um 
componente específifico do sistema de linguagem, o 
módulo fonológico, que está envolvido no 
processamento dos sons da fala. Como predito por 
esse modelo, as pessoas com dislexia têm 
difificuldades de desenvolvimento de uma consciência 
de que as palavras, faladas e escritas, podem ser 
segmentadas em pequenas unidades elementares de 
som (fonemas) — uma habilidade essencial, dado que 
a leitura de uma língua alfabética exige que o leitor 
mapeie ou ligue símbolos impressos ao som. 
As habilidades linguísticas relacionadas à 
aprendizagem da leitura envolvem fonologia, e 
défificits na consciência fonológica são um forte 
preditor de dislexia. Há alguma evidência de que 
outros processos cognitivos estão envolvidos na 
leitura, incluindo mecanismos de atenção cujo 
rompimento pode desempenhar o papel causal nas 
dificuldades de leitura. 
A dislexia é tanto familiar quanto hereditária. A 
história familiar é um dos fatores de risco mais 
importantes. 
A dislexia reflete um modelo multifatorial da 
interação entre fatores genéticos e ambientais. 
Múltiplos genes podem influenciar na doença, sendo 
que cada gene individualmente contribui com 
pequena quantidade de variância e com um único 
fator etiológico insuficiente para causar ou explicar a 
dislexia. Os sistemas neurais são a via final comum 
para várias influências, e é improvável que um único 
gene ou mesmo vários genes causem ou expliquem a 
dislexia. 
EPIDEMIOLOGIA 
 A dislexia se encaixa em um modelo tridimensional 
em que a habilidade e a inabilidade de leitura 
ocorrem ao longo de um contínuo, com a dislexia 
representando a extremidade inferior da distribuição 
normal de habilidade de leitura. 
A dislexia afeta meninos e meninas; amostras 
epidemiológicas indicam que afeta os meninos um 
pouco mais. 
A dislexia é uma condição crônica persistente, em vez 
de um atraso transitório de desenvolvimento. Embora 
os disléxicos e leitores ruins mantenham suas 
posições relativas ao longo da distribuição da 
habilidade de leitura, abordagens que utilizam 
intervenção intensiva, precoce e focada fornecem 
indicações de que essas tendências, possivelmente, 
podem ser modifificadas. 
Não há relatos de fechamento da diferença na 
flfluência da leitura entre leitores típicos e disléxicos, 
e esse objetivo parece evasivo neste momento. 
Dislexia 
 
Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 
2 Trio Help Med – Ana Luísa Uzêda 
Em contrapartida, nos leitores disléxicos, a 
inteligência e a leitura são bem separadas e não estão 
ligadas dinamicamente, fornecendo evidências 
empíricas para a natureza “inesperada” da 
difificuldade de leitura na dislexia. 
PATOGÊNESE 
Uma série de investigações neurobiológicas que utiliza 
imagens do cérebro principalmente funcional sugere 
que existem diferenças na regiões temporoparieto-
occipital esquerdas do cérebro entre disléxicos e 
leitores não defificientes. 
Imagem funcional do cérebro em crianças com 
dislexia e leitores adultos disléxicos demonstra uma 
falha dos sistemas do cérebro posterior do hemisfério 
esquerdo para funcionar adequadamente durante a 
leitura, com maior ativação nas regiões frontais, um 
padrão conhecido como assinatura neural da dislexia. 
Assim, a imagem cerebral funcional tem pela primeira 
vez tornado visível o que sempre foi uma defificiência 
escondida. Esses dados sugerem que, além do bom 
funcionamento e dos sistemas de leitura integrados 
observados em crianças não defificientes, o 
funcionamento ineficiente dos sistemas posteriores 
de leitura resulta na tentativa de crianças disléxicas de 
compensar mudando para outros sistemas auxiliares, 
por exemplo, regiões anteriores, como o giro frontal 
inferior. Em leitores disléxicos, o funcionamento 
ineficiente dos sistemas posteriores de leitura subjaz à 
falha do desenvolvimento de leitura hábil, ao passo 
que uma mudança para sistemas auxiliares apoia a 
leitura precisa de palavras, mas não automática. 
MANISFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Difificuldades da língua falada são tipicamente 
manifestadas por erros de pronúncia, falta de 
loquacidade, fala sem flfluência com muitas pausas ou 
hesitações e “ums” ouvidos, difificuldades de 
encontrar palavras com a necessidade de tempo para 
convocar uma resposta oral e a incapacidade de 
chegar a uma resposta verbal rápida quando 
questionado; isso reflflete difificuldades baseadas no 
som, e não baseadas na semântica ou no 
conhecimento. 
Esforços na decodifificação e no reconhecimento de 
palavras podem variar de acordo com a idade e o nível 
de desenvolvimento. 
Os sinais cardinais da dislexia observados em crianças 
em idade escolar e adultos são uma abordagem de 
esforço e trabalho de decodifificação, 
reconhecimento de palavras e leitura de texto. A 
compreensão auditiva é geralmente ótima. Crianças 
mais velhas apresentam melhora na precisão da 
leitura ao longo do tempo, embora sem os ganhos 
proporcionais na flfluência da leitura; elas 
permanecem leitores lentos. Difificuldades na 
ortografifia tipicamente reflfletem difificuldades de 
base fonológica observadas na leitura oral. A 
caligrafifia também é frequentemente afetada. 
A história dos pais frequentemente identififica 
difificuldades precoces sutis de linguagem em crianças 
disléxicas. Durante os anos do pré-escolar e do jardim 
de infância, crianças em risco apresentam 
difificuldades em jogos de rimas e em aprender os 
nomes de letras e números. Avaliações do jardim de 
infância dessas competências linguísticas podem 
ajudar a identifificar crianças com risco para dislexia. 
Apesar de a criança disléxica gostar e benefificiar-se 
de que leiam para ela, ela pode evitar a leitura em voz 
alta para os pais ou ler independentemente. 
A ansiedade está muitas vezes presente e aumenta 
com o tempo. 
A dislexia pode co-ocorrer com o transtorno de 
défificit de atenção e hiperatividade. 
DIAGNÓSTICO 
Diagnóstico clínico, e a história é especialmente 
crítica. 
O médico procura determinar, através da história, 
observação e avaliação psicométrica, se existem 
difificuldades inesperadas na leitura (com base na 
capacidade cognitiva da pessoa, como mostrado por 
idade, inteligência ou nível de educação ou status 
profifissional) e problemas linguísticos associados ao 
nível do processamento fonológico. Não há 
pontuação de teste único que seja patognomônica 
de dislexia. O diagnóstico da dislexia deve reflfletir 
uma síntese ponderada de todos os dados clínicos 
disponíveis. 
 
Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 
3 Trio Help Med – Ana Luísa Uzêda 
A dislexia é distinta de outros distúrbios que podem 
apresentarem destaque dificuldades de leitura pela 
natureza circunscrita e única do défificit fonológico, 
que não interfere em outros domínios linguísticos e 
cognitivos. 
História familiar, observação do professor e em sala 
de aula, e testes de linguagem (particularmente 
fonologia), leitura, incluindo flfluência, e ortografifia 
representam uma avaliação nuclear para o 
diagnóstico de dislexia em crianças; testes adicionais 
de capacidade intelectual, atenção, memória, 
habilidades de linguagem em geral e matemática 
podem ser administrados como parte de uma 
avaliação mais abrangente da função cognitiva, 
linguística e acadêmica. 
Diagnóstico permanente, não precisa ser 
reconfirmado por novas avaliações. 
Para triagem informal, além de história cuidadosa, o 
médico de atenção primária em consultório pode 
ouvir a criança ler em voz alta a partir de leitura 
apropriada ao seu nível escolar. Manter 
um conjunto de leituras graduadas no consultório 
serve ao mesmo propósito e elimina a necessidade de 
a criança trazer livros escolares. 
Leitura oral é uma medida sensível de precisão de 
leitura e fluência. O sinal mais consistente e que 
mostra deficiência de leitura realizada em adulto 
jovem é a leitura e a escrita lenta e laboriosa. 
Deve ser enfatizado que a falha em reconhecer ou 
medir a falta de flfluência na leitura é talvez o erro 
mais comum no diagnóstico de dislexia em crianças 
maiores e jovens adultos. 
Tarefas de simples identifificação de palavras não 
detectarão a dislexia em uma pessoa que é preparada 
o sufificiente para acompanhar as aulas do ensino 
médio, para a graduação da faculdade ou para obter 
um diploma de graduação. 
Testes que contam apenas com a precisão da 
identifificação da palavra não são apropriados para 
diagnosticar a dislexia porque eles mostram pouco ou 
nada do esforço de ler. É importante reconhecer que, 
uma vez que avaliam a precisão da leitura, mas não 
automaticidade (velocidade), os tipos de testes de 
leitura comumente usados para crianças em idade 
escolar podem fornecer dados enganosos sobre 
adolescentes e jovens adultos brilhantes. 
Os testes mais críticos são aqueles que são 
cronometrados, pois são os mais sensíveis na 
detecção de dislexia em adulto brilhante. 
Há poucos testes padronizados para os leitores jovens 
adultos que são administrados sob condições 
cronometradas e não cronometradas; o Teste de 
Leitura Nelson-Denny é uma exceção. O útil Test of 
Word Reading Effificiency (TOWRE) examina a leitura 
de palavras simples em condições cronometradas. 
Qualquer pontuação obtida em testes deve ser 
considerada em relação a colegas com o mesmo grau 
de ensino ou formação profifissional. 
MANEJO 
Exige uma perspectiva ao longo da vida. 
Logo no início, o foco está na remediação do 
problema de leitura. A aplicação do conhecimento da 
importância da linguagem no início do 
desenvolvimento e habilidades fonológicas levam a 
melhora signifificativa na precisão da leitura infantil, 
mesmo em crianças predispostas. 
Conforme a criança amadurece e entra no ritmo mais 
exigente das séries mais avançadas do ensino 
fundamental, a ênfase desloca-se para o importante 
papel de fornecer adaptações. Com base no trabalho 
do Painel Nacional de Leitura (National Reading 
Panel), são identifificados métodos e programas de 
intervenção de leitura fundamentados em evidências. 
Programas de intervenção efificazes fornecem 
instrução sistemática em cinco áreas fundamentais: 
consciência fonêmica, fonética, fluência, vocabulário e 
estratégias de compreensão. Esses programas 
também oferecem amplas oportunidades para escrita, 
leitura e discussão de literatura. 
Considerando cada componente do processo de 
leitura por vez, as intervenções efificazes melhoram a 
consciência fonêmica: a capacidade de focar e 
manipular fonemas (sons da fala) em sílabas e 
palavras faladas. Os elementos considerados mais 
efificazes na melhora da consciência fonêmica, leitura 
e habilidades de ortografifia incluem ensinar as 
crianças a manipularem fonemas com letras, focar a 
 
Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 
4 Trio Help Med – Ana Luísa Uzêda 
instrução em um ou dois tipos de manipulações de 
fonemas em vez de múltiplos tipos, e ensinar as 
crianças em grupos pequenos. Fornecer instruções 
sobre a consciência fonêmica é necessário, porém não 
sufificiente para ensinar as crianças a ler. Programas 
de intervenção efificazes incluem o ensino de fonética 
ou certifificar-se de que o leitor iniciante entenda 
como as letras estão ligadas aos sons (fonemas) para 
formar correspondências letra-som e padrões de 
ortografifia. A instrução deve ser explícita e 
sistemática; a instrução fonética aumenta o sucesso 
das crianças em aprender a ler, e a instrução fônica 
sistemática é mais efificaz do que a instrução que 
ensina pouco ou nenhum fonema, ou os ensina de 
maneira casual ou aleatória. 
A fluência é de suma importância, pois permite o 
reconhecimento rápido e automático das palavras. 
Embora seja geralmente reconhecido que a flfluência 
é um componente importante da boa leitura, ela é 
frequentemente negligenciada na sala de aula. 
O método mais efificaz para construir a flfluência de 
leitura é um procedimento conhecido como leitura 
oral repetida e guiada: o professor lê um trecho em 
voz alta como modelo, e o aluno relê o trecho várias 
vezes para o professor, outro adulto ou um colega e 
recebe feedback até que seja capaz de ler o trecho 
corretamente. As evidências indicam que a leitura oral 
repetida e guiada tem certo efeito positivo no 
reconhecimento das palavras, flfluência e 
compreensão em uma variedade de níveis de 
escolaridade. A evidência é menos clara para os 
programas para leitores com difificuldades que 
incentivam grande quantidade de leitura 
independente, isto é, leitura silenciosa, sem qualquer 
feedback para o aluno. 
Assim, embora a leitura silenciosa independente seja 
intuitivamente atraente, nesse momento a evidência 
é insufificiente para dar suporte à noção de que, em 
leitores com difificuldade, a flfluência de leitura 
melhora. Em contraste com o ensino da consciência 
fonêmica, fonética e flfluência, as intervenções para o 
desenvolvimento de vocabulário e compreensão de 
leitura não são tão bem estabelecidas. 
Os métodos mais eficazes de ensinar a compreensão 
de leitura envolvem ensinar vocabulário e estratégias 
que estimulem interação ativa entre o leitor e o texto. 
Para aqueles no ensino médio e na graduação, o 
fornecimento de adaptações, em vez de remediação, 
na maioria das vezes representa a abordagem mais 
efificaz para a dislexia. Estudos de imagem agora 
fornecem evidências neurobiológicas para a 
necessidade de tempo extra para alunos disléxicos e, 
consequentemente, os universitários com histórico 
infantil de dislexia requerem tempo extra em 
trabalhos que envolvem leitura e escrita, além de 
exames. 
Muitos estudantes adolescentes e adultos têm sido 
capazes de melhorar a sua precisão de leitura, mas 
sem ganhos proporcionais na velocidade. 
Outras adaptações úteis incluem o uso de 
computadores portáteis com verifificadores 
ortográfificos, uso de livros gravados, o acesso a 
anotações de aula, serviços tutoriais, testes de 
alternativas de múltipla escolha, e uma sala separada 
e tranquila para fazer testes. Além disso, o impacto da 
fraqueza fonológica primária requer especial 
consideração durante os exames orais para que os 
alunos não recebam notas por sua falta de 
loquacidade ou hesitações de discurso, mas pelo seu 
conhecimento de conteúdo. 
 Infelizmente, muitas vezes as hesitações de discurso 
ou dificuldades na recuperação de palavras são 
erroneamente confundidas com conhecimento 
inseguro do conteúdo. Assim, esses testes de 
“desempenho” são inadequados para crianças e 
adultos disléxicos. 
PROGNÓSTICO 
A aplicaçãode métodos com base em evidências para 
crianças jovens (jardim de infância ate o 3.° ano), 
desde que com sufificiente intensidade e duração, 
pode resultar em melhora na precisão de leitura e, em 
muito menor grau, fluência. 
Em crianças mais velhas e em adultos, as intervenções 
resultam em maior precisão, mas não em fluência. As 
adaptações são fundamentais para permitir que a 
criança disléxica possa demonstrar o seu 
conhecimento. Os pais devem ser informados de que, 
com o apoio adequado, as crianças disléxicas podem 
ter sucesso em uma variedade de ocupações futuras 
que possam parecer fora do alcance delas. 
REFERÊNCIA 
BEHRMAN, Richard E; KLIEGMAN, Robert M; JENSON, Hal B. Nelson: Tratado de Pediatria. 19. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

Outros materiais