Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
BIANCA ABREU- MD3 1 Sistema Cardiovascular BIANCA ABREU- MD3 2 Anamnese IDENTIFICAÇÃO • Idade: Crianças e jovens: predominam anomalias congênitas, e os episódios iniciais da moléstia reumática; Adultos: doença de Chagas e a hipertensão arterial são mais frequentes; A partir de 50 anos: doença arterial coronariana • Sexo: Em mulheres: são mais prevalentes as lesões mitrais Em homens: aterosclerose coronária • Cor da pele: Negros: possuem maior prevalência de anemia falciforme e hipertensão arterial sistêmica • Profissão: Nos pacientes cardíacos que exercem profissões que exigem esforço físico intenso, é mais frequente a ocorrência de insuficiência cardíaca. Por outro lado, as atividades que se acompanham de estresse emocional ou que o provocam constituem um fator importante no aparecimento de hipertensão arterial e cardiopatia isquêmica. • Naturalidade e procedência: Relacionam-se com as doenças endêmicas, salientando-se em determinadas regiões a alta incidência da doença de Chagas. ANTECEDENTES PESSOAIS Destacam-se a relação entre as infecções estreptocócicas, principalmente da bucofaringe, e as lesões orovalvares de etiologia reumática. Estão bem comprovadas as relações entre alimentação rica em lipídios e aterosclerose, entre lesões renais e hipertensão arterial e entre perturbações emocionais e manifestações cardiovasculares de ansiedade e/ou depressão. ANTECEDENTES FAMILIARES A influência de fatores genéticos pode ser avaliada pela análise dos antecedentes familiares, sendo indiscutível sua importância na hipertensão arterial essencial e na cardiopatia isquêmica. BIANCA ABREU- MD3 3 HÁBITOS DE VIDA Dentre os hábitos de vida, destacam-se o tabagismo, o alcoolismo e o sedentarismo, relacionados com o aparecimento de aterosclerose e hipertensão arterial condições socioeconômicas e culturais, as quais quase sempre estão associadas, também influem nas doenças do coração. Assim, a moléstia reumática é mais frequente em pessoas de renda mais baixa, seja em consequência das más condições alimentares e habitacionais ou por falta de tratamento precoce e adequado das infecções estreptocócicas. É certo que as péssimas condições das habitações rurais e da periferia das cidades estão entre as causas determinantes da endemia chagásica. SINAIS E SINTOMAS Dor precordial Dor precordial ou retroesternal pode ter origem no coração ou na pleura, no esôfago, na aorta, no mediastino, no estômago e na própria parede torácica. Por isso, é muito importante no raciocínio diagnóstico distinguir a dor decorrente de alterações do coração e dos grandes vasos da originada em outros órgãos. Os cinco principais grupos de etiologias de dor torácica, por ordem decrescente de prevalência, são as causas: musculoesqueléticas; gastrointestinais; cardíacas; psiquiátricas; e pulmonares Ex: Pericardite, Embolia pulmonar, miocardite, angina estável, colescistite, pneumotórax, DRGE. • Características a serem avaliadas na dor precordial ❖ INÍCIO: súbito ou insidioso ❖ LOCALIZAÇÃO ❖ IRRADIAÇÃO: A irradiação da dor está relacionada com sua intensidade; quanto mais intensa, maior a probabilidade de irradiar-se. ❖ CARÁTER: Angina (constritiva), em queimação, formigamento, etc ❖ DURAÇÃO: A dor da angina de peito tem duração curta (2-10 minutos). Na angina instável a dor é mais prolongada (20 minutos). No IAM a dor dura mais que 20 minutos, podendo chegar a horas. ❖ INTENSIDADE: A intensidade da dor varia de acordo com o grau de comprometimento isquêmico, podendo ser classificada em leve, moderada e intensa, ou medida em escala de 1 a 10. ❖ FATORES DESENCADEANTES OU AGRAVANTES : A dor da angina de peito ocorre quase invariavelmente após esforço físico, mas pode ser desencadeada por todas as condições que aumentam o trabalho cardíaco, tais como emoções, taquicardia, frio ou após refeição copiosa. No infarto agudo do miocárdio, a dor costuma ter início com o paciente em repouso. BIANCA ABREU- MD3 4 ❖ FATORES ATENUANTES: alívio da dor pelo repouso é uma das características fundamentais da angina de peito. O uso de vasodilatadores coronários também faz a dor desaparecer. ❖ SINTOMAS ASSOCIADOS: Precordialgia intensa, acompanhada de náuseas, vômitos e sudorese fria, sugere infarto agudo do miocárdio. ❖ SINTOMAS NEGATIVOS ❖ EVOLUÇÃO ❖ MOMENTO ATUAL Dispneia TIPOS • DISPNÉIA AOS ESFORÇOS: É o nome dado ao surgimento ou agravamento da sensação de dispnéia por atividades físicas. É uma queixa bastante comum e inespecífica entre portadores de pneumo e cardiopatias • ORTOPNÉIA: É a denominação dada ao surgimento ou agravamento da sensação de dispnéia com a adoção da posição horizontal. O sintoma tende a ser aliviado, parcial ou totalmente, com a elevação da porção superior do tórax pelo uso de um número maior de travesseiros ou pela elevação da cabeceira da cama. Classicamente, surge em pacientes portadores de insuficiência cardíaca esquerda e é associada com o estabelecimento de congestão pulmonar. • TREPOPNÉIA: É a sensação de dispnéia, que surge ou piora em uma posição lateral, e desaparece ou melhora com o decúbito lateral oposto. Exemplos dessa condição seriam a ocorrência de derrame pleural unilateral ou paralisia diafragmática unilateral. • PLATIPNÉIA: É o nome dado à sensação de dispnéia, que surge ou se agrava com a adoção da posição ortostática, particularmente em pé. Classicamente, esse fenômeno ocorre em pacientes com quadros de pericardite ou na presença de shunts direito- esquerdos. • DISPNEIA PAROXÍSTICA NOTURNA: É o nome dado à situação na qual o paciente tem seu sono interrompido por uma dramática sensação de falta de ar, levando-o a sentar-se no leito, ou mesmo levantar-se e procurar uma área da casa mais ventilada, visando obter alívio da súbita sensação de sufocação. É uma condição comum em pacientes portadores de insuficiência cardíaca congestiva. Síncope Desmaio é a perda súbita e transitória da consciência (síncope) decorrente de perfusão cerebral inadequada. Nem sempre, contudo, o desmaio ocorre em sua forma completa, podendo ser parcial a perda da consciência (pré-síncope ou lipotimia). BIANCA ABREU- MD3 5 As alterações na origem ou na condução do estímulo podem causar síncope quando há bradicardia com frequência inferior a 40 bpm ou taquicardia com frequência acima de 180 bpm. Batimentos ectópicos (extrassístoles em salva) também podem acompanhar-se de perda parcial da consciência. Um dado clínico que merece realce é o relato de palpitações imediatamente antes do desmaio. As taquiarritmias (fibrilação atrial e taquicardia paroxística), ao diminuir o fluxo cerebral, causam isquemia cerebral manifestada por tonturas, lipotimia, paralisias focais e transitórias e confusão mental. Excepcionalmente, a insuficiência cardíaca é capaz de reduzir o fluxo sanguíneo cerebral a ponto de produzir sintomas cerebrais. Isto pode ocorrer na insuficiência ventricular esquerda aguda após infarto agudo do miocárdio e nos casos de insuficiência cardíaca grave. Causas Cardíacas: Arritmias; Bradiarritmias (bloqueio atrioventricular); Taquiarritmias (taquicardia paroxística e fibrilação atrial paroxística); Diminuição do débito cardíaco; Insuficiência cardíaca aguda (infarto do miocárdio); Obstrução do fluxo sanguíneo pulmonar; Miocardiopatia hipertrófica; Diminuição do volume sanguíneo] Palpitação Podem ser definidas como a percepção incômoda dos batimentos cardíacos. Os pacientes as relatam com várias denominações: taquicardia, palpitações, “batecum”, falhas, disparos, arrancos, paradas, tremor no coração. Devem ser analisadas quanto à frequência, ritmo, horário de surgimento, modo de instalação e término, fatores desencadeantes e sintomas associados; Quanto à frequência de aparecimento, podem ser ocasionais, episódicas ou paroxísticas, e permanentes.Ocasionais sugerem extrassístoles; As episódicas ou paroxísticas caracterizam-se por terem início e fim bem definidos, como nas crises de taquicardia e na fibrilação atrial paroxística. São chamadas permanentes quando o paciente não relata períodos de ausência de sintomas, como na fibrilação atrial crônica e na extrassistolia frequente. Quanto ao ritmo, as palpitações podem ser de origem aleatória ou sempre ligadas a algum evento, como alimentação, decúbito ou uso de medicamentos; Quanto ao horário, ao horário, deve-se observar se guardam alguma relação com o ritmo circadiano. Edema BIANCA ABREU- MD3 6 O edema é resultante de aumento do líquido intersticial, proveniente do plasma sanguíneo. Embora possa haver edema intracelular, do ponto de vista semiológico, a expressão se refere ao extracelular ou intersticial. No edema cardíaco, o acúmulo de líquido não se restringe ao tecido subcutâneo, podendo acumular-se, também, nas cavidades serosas, seja no abdome (ascite), no tórax (hidrotórax), no pericárdio (hidropericárdio) e na bolsa escrotal (hidrocele). Por influência da gravidade, o edema cardíaco aumenta com o decorrer do dia, atingindo máxima intensidade à tarde; daí a denominação de edema vespertino, diminuindo ou desaparecendo com o repouso noturno. Quando o edema é de origem cardíaca, encontram-se os outros sinais de insuficiência ventricular direita, ou seja, ingurgitamento das jugulares, hepatomegalia e refluxo hepatojugular; isso é importante no diagnóstico diferencial. Nos casos em que há lesão da valva tricúspide e na pericardite constritiva, a ascite predomina sobre o edema das extremidades. Cianose Cianose significa coloração azulada da pele e das mucosas, em razão do aumento da hemoglobina reduzida (desoxigenada) no sangue capilar, ultrapassando 5 g por 100 mℓ. A quantidade normal de hemoglobina reduzida é de 2,6 g. • CIANOSE CENTRAL: Caracteriza-se pela colocação azulada das mucosas. Resultado de hipoxemia arterial; é causada por doenças do coração ou dos pulmões ou por tipos anormais da hemoglobina como a meta-hemoglobina. É de origem cardiopulmonar (hipóxia-hipóxica) sendo sua observação mais visível na língua e nos lábios, é própria das doenças pulmonares e cardíacas, devido à má ventilação e perfusão. • CIANOSE PERIFÉRICA: ocorre em consequência da perda exagerada de oxigênio no nível da rede capilar por estase venosa ou diminuição, funcional ou orgânica, do calibre dos vasos da microcirculação. Este tipo de cianose ocorre em áreas distais, principalmente nos membros inferiores, e sempre se acompanha de pele fria. A causa mais comum é a vasoconstrição periférica devido ao frio. • CIANOSE MISTA: A cianose do tipo misto é assim chamada porque se associam os mecanismos da cianose do tipo central com os do tipo periférico; exemplo típico é a cianose da insuficiência cardíaca congestiva grave, na qual, além da congestão pulmonar que impede uma oxigenação adequada do sangue, há estase venosa periférica com grande perda de oxigenação (mecanismo periférico). Exame dos Pulsos BIANCA ABREU- MD3 7 O aparelho circulatório e o próprio funcionamento do coração podem ser avaliados pela análise das pulsações arteriais, venosas e capilares. Para isso é necessário examinar sistematicamente os seguintes pulsos: • Pulsos arteriais • Pulso venoso • Pulso capilar Pulso Arterial (Radial) SEMIOTÉCNICA: Para palpá-la, empregam-se as polpas dos dedos indicador e médio, variando a força de compressão até obter-se impulso máximo. O polegar fixa-se delicadamente no dorso do punho do paciente. O examinador usa a mão direita para examinar o pulso esquerdo do paciente e vice-versa. Além disso, a mão do paciente deve repousar no leito ou na mesa de exame em completa supinação. CARACTERÍSTICAS SEMIOLÓGICAS DO PULSO RADIAL (LFRATES) • LOCALIZAÇÃO Entre o processo estiloide do rádio e o tendão flexor dos dedos. o • FREQUÊNCIA Em pessoas adultas, considera-se normal a frequência de 50 a 100 ppm, em repouso. Acima de 100 pulsações designa-se taquisfigmia, abaixo de 50 ppm denomina-se bradisfigmia. • RITMO É dado pela sequência das pulsações. Se elas ocorrem a intervalos iguais, diz-se que o ritmo é regular. Se os intervalos são variáveis – ora mais longos ora mais curtos –, trata-se de ritmo irregular • AMPLITUDE Esta característica é avaliada pela sensação captada em cada pulsação e está diretamente relacionada com o grau de enchimento da artéria durante a sístole e seu esvaziamento durante a diástole. É avaliada em cruzes (1+, 2+, 3+ ou 4+). • TENSÃO DA PAREDE Valia-se a tensão ou dureza do pulso pela compressão progressiva da artéria. Se a pressão necessária para interromper as pulsações for pequena, caracteriza-se o pulso mole. Ao contrário, se a interrupção da onda sanguínea exigir forte pressão, trata-se de pulso duro. • ESTADO DA PAREDE BIANCA ABREU- MD3 8 Em condições normais, percebe-se uma parede lisa, sem tortuosidades e que se deprime facilmente. Quando se nota uma parede vascular endurecida, irregular e tortuosa, é sinal de uma vasculopatia que se denomina genericamente de arteriosclerose. • SIMETRIA Averigua-se a igualdade ou a desigualdade dos pulsos arteriais palpando-se simultaneamente as duas artérias. Procura-se, desse modo, comparar a amplitude das pulsações. A desigualdade dos pulsos aparece nas afecções da crossa aórtica ou dos vasos que dela emergem quando são sede de constrições ou oclusões, congênitas ou adquiridas Pulso carotídeo LOCALIZAÇÃO: Medial a borda anterior do músculo esternocleidomastoideo ao nível da cartilagem cricóidea. Obs: Realiza-se a ausculta das carótidas antes da palpação, com o objetivo de identificar possíveis sopros, sugestivo de aterosclerose, com presença de placas de ateroma nas artérias. SEMIOTÉCNICA: Para examinar as artérias carotídeas, o médico fica de frente para o paciente, que deve estar de pé ou sentado. Com os dedos indicador e médio, o examinador, de frente para o paciente palpa com a mão direita a artéria carótida direita do paciente, e com a mão esquerda palpa a artéria carótida esquerda do paciente. NUNCA palpar as duas simultaneamente, devido ao risco de desencadear uma síncope. Pulso Braquial LOCALIZAÇÃO: Medial ao tendão distal do músculo bíceps braquial, na fossa cubital. SEMIOTÉCNICA: Para o exame das artérias braquiais, o examinador deve ficar de pé do lado que estiver sendo palpado, mantendo-se o paciente em decúbito dorsal ou sentado. Assim se procede para o exame de artéria braquial direita: com a mão direita, o examinador sustenta a mão direita do paciente ao mesmo tempo em que o braço é levantado e mantido em leve flexão. A mão esquerda do examinador abarca a parte média do braço imediatamente abaixo do músculo deltoide. O polegar funciona como ponto de fixação, enquanto as pontas dos dedos médio e indicador se insinuam por baixo do bíceps até encontrarem a artéria braquial. Para o exame da artéria braquial esquerda, basta fazer a necessária adaptação. Pulso Tibial Posterior LOCALIZAÇÃO: Posterior ao maléolo medial do tornozelo SEMIOTÉCNICA: O paciente deve estar em decúbito dorsal com leve flexão do joelho. O médico posiciona-se do lado do membro em exame, firmando o pé do paciente, em dorsiflexão, com uma das mãos. Com os dedos indicador, médio e anular da mão contralateral, procura BIANCA ABREU- MD3 9 sentir as pulsações da artéria. As artérias tibiais posteriores localizam-se imediatamente atrás do maléolo interno. Pulso Pedioso LOCALIZAÇÃO: No dorso do pé, na região lateral ao tendão do músculo extensor do hálux. SEMIOTÉCNICA: As artérias pediosas são palpadas da seguinte maneira: para a pediosa direita, o examinador usa a mão esquerda, fixando o polegar na planta do pé, enquanto as polpas dos dedos indicador, médio e anular procuram no dorso do pée artéria ali situada. Para o exame do lado esquerdo, faz-se a adaptação conveniente. IMPORTANTE! Características semiológicas dos pulsos periféricos: localização; frequência; ritmo; amplitude e simetria Pulso venoso – pressão venosa central (PVC) Definição: Pulso venoso são pulsações observadas na base do pescoço, dependentes das modificações de volume que ocorrem nas veias jugulares internas. O pulso venoso reflete a dinâmica do coração direito, e as várias ondas que o constituem expressam as modificações pressóricas do átrio direito durante o ciclo cardíaco. Em condições normais, as jugulares tornam-se túrgidas apenas quando o paciente se encontra em decúbito; na posição semissentada e, principalmente, na de pé ou sentada, as veias jugulares ficam colabadas, restando visível apenas o pulso venoso Se as veias jugulares permanecem túrgidas quando o paciente adota a posição semissentada (formando um ângulo de 45° entre o dorso e o leito) ou sentada, caracteriza-se o que se denomina turgência ou ingurgitamento jugular. Este achado traduz hipertensão venosa no sistema da veia cava superior e manifesta-se quando há compressão desta veia, insuficiência ventricular direita e pericardite constritiva. Pressão venosa central: Reflete a dinâmica do pulso venoso. Pela altura do pulso pode-se estimar a pressão de enchimento do átrio direito (PVC) SEMIOTÉCNICA: Obs: Deve ser avaliada a veia jugular externa direita, localizada na margem anterior do músculo esternocleidomastóideo. 1. Primeiramente, com o paciente em decúbito dorsal, avalia-se a ondulação do pulso venoso e a turgência jugular fisiológica. Pode pedir para o paciente inclinar a cabeça levemente para esquerda para uma melhor visualização. BIANCA ABREU- MD3 10 2. Elevar a cabeça do paciente em 45°. Observar até que ponto do pescoço ainda consegue se observar o pulso venoso. 3. Localizar o ângulo de Louis (é uma saliência transversal na junção do manúbrio do esterno com o corpo do esterno). 4. Colocar uma régua sob o ângulo de Louis e outra no último local que observou o pulso venoso jugular. Deixar essas réguas perpendiculares entre si. 5. Observar qual foi a medida em cm de água encontrada e somar mais 5 cm a esta (distância entre o átrio esquerdo e a parede anterior do tórax). • Normal: 8 – 10 cm de água. • Acima de 10 cm de água: PVC alterado pode ser por insuficiência ventricular direita, tamponamento cardíaco e insuficiência cardíaca congestiva. Pulso Capilar Pulso capilar é o rubor intermitente e sincrônico com o pulso radial que se observa em determinadas regiões da pele ou das mucosas SEMIOTÉCNICA: Faz-se uma leve compressão sobre a borda de uma unha até ver uma zona pulsátil que marca a transição da cor rósea para a pálida. Desfaz-se a compressão e aguarda o retorno do fluxo sanguíneo, este deve ser de, no máximo, até 3 segundos. CARACTERÍSTICAS SEMIOLÓGICAS AVALIADAS NO PULSO CAPILAR • GRAU DE ENCHIMENTO: Em condições normais, é de até 3 segundos, considerado grau de enchimento rápido. Um tempo maior do que 3 segundos é considerado um grau de enchimento lento. • TEMPERATURA: Com o dorso da mesma mão, o examinador avalia a temperatura das extremidades da mão do paciente. Nesse caso, é importante a comparação em ambos os lados. Hipertermia deve chamar atenção para inflamação local, já a hipotermia relaciona-se com obstrução arterial. BIANCA ABREU- MD3 11 • COLORAÇÃO: É avaliada visualmente. Em condições normais, as extremidades devem ser rosadas, porém podem estar cianóticas ou pálidas. Exame físico do precórdio O precórdio é a área de projeção do coração na parede torácica anterior. LIMITES ANATÔMICOS: • SUPERIOR DIREITO: segundo espaço intercostal direito (borda superior 3ª costela), a 1cm do osso Esterno. • INFERIOR DIREITO: junção da cartilagem do sexto arco costal direito com o osso Esterno. • SUPERIOR ESQUERDO: segundo espaço intercostal esquerdo, a 2cm do osso Esterno. • INFERIOR ESQUERDO: ictus cordis (é ponta do coração, mais precisamente do ventrículo esquerdo, que se choca com a parede torácica anterior, geralmente localizado na junção da linha vertical Hemiclavicular Esquerda com o quinto espaço intercostal esquerdo). Inspeção do precórdio Na inspeção procura-se por SEIS itens: abaulamentos, retrações, lesões elementares, circulação colateral, batimentos ou impulsos patológicos e ictus cordis. Deve ser feita pelas vistas frontal e tangencial com o paciente em decúbito dorsal, sem camisa e sem colar Descrição da Inspeção do Precórdio: sem abaulamentos, retrações, circulações colaterais, lesões elementares e impulsos, com ictus cordis visível na junção de linha hemiclavicular BIANCA ABREU- MD3 12 esquerda com o 5º espaço intercostal esquerdo (localizar utilizando a linha hemiclavicular esquerda e o espaço intercostal esquerdo) ou não visualizado. Descrição da Inspeção do Precórdio com lesão: sem abaulamentos, retrações, circulações colaterais e impulsos, apresentando nódulo avermelhado, de aproximadamente 3,5cm, com contornos regulares e limites nítidos, na porção superior esquerda do precórdio, com ictus cordis visível na junção de linha hemiclavicular esquerda com o 5º espaço intercostal esquerdo (localizar utilizando a linha hemiclavicular esquerda e o espaço intercostal esquerdo) ou não visualizado. Palpação do precórdio Na palpação procura-se pelo ictus cordis, frêmito catáreo e batimentos ou impulsos patológicos. Ictus Cordis O ictus cordis é estudado tanto na inspeção como na palpação, investigando-se na palpação a localização, extensão, intensidade e mobilidade. 1. Pedir para o paciente ficar em decúbito dorsal e explicar o procedimento a ele. 2. Com a mão espalmada, palpando-se a região utilizando a superfície palmar de vários dedos, procura-se o ictus cordis. Quando achado, muda-se a mão espalmada para polpas digitais (utilizar quantas forem necessárias para cobrir o ictus cordis). 3. Em seguida, deve-se avaliar as seguintes características: LOCALIZAÇÃO Varia de acordo com o biotipo do paciente. Nos mediolíneos, situa-se no cruzamento do 5 espaço intercostal com a linha hemiclavicular esquerda; nos brevelíneos, desloca-se uns 2 cm para fora, ficando no nível do 4 espaço intercostal; nos longilíneos, costuma estar no 6 espaço intercostal, 1 a 2 cm para dentro da linha hemiclavicular; EXTENSÃO Procura-se determinar quantas polpas digitais são necessárias para cobri-lo. Em condições normais, de 1 a 2 polpas digitais, o ictus é dito circunscrito. Quando são necessárias mais de 3 polpas para cobri-lo o ictus é dito difuso e indica hipertrofia ventricular. INTENSIDADE Avalia-se a intensidade dos batimentos, medida em cruzes: + diminuído, ++ normal, +++ aumentado, ++++ muito aumentado. É mais intenso em pessoas magras, após exercício, emoções e em condições como hipertrofia e/ou dilatação ventricular esquerda. MOBILIDADE BIANCA ABREU- MD3 13 Em condições normais, ele se desloca 1 a 2 cm. Obs.: Depois de marcar o local do ictus cordis com o paciente em decúbito dorsal, o paciente adota o decúbito lateral esquerdo (Manobra de Pachón) e marca o local do ictus nessa posição, avaliando sua mobilidade. 1. Pedir para o paciente que sente na maca, com as pernas para fora, e explicar o procedimento. 2. Coloca-se a região da mão tenar e hipotenar (NÃO utilizar os dedos) sob os focos de ausculta. 3. Em seguida, deve-se avaliar as seguintes características: LOCALIZAÇÃO Usando como referência os focos de ausculta. INTENSIDADE Deve ser avaliada em cruzes + a ++++. Frêmitos É a sensação tátil de um conjunto de vibrações, produzidas no coração ou nos vasos, que formam os sopros. São palpados nos 5 focos de ausculta precordial Descrição da palpação: não foram palpados frêmitos, ictus cordis palpado na junção da linha Hemiclavicular esquerdacom o 5º espaço intercostal esquerdo, circunscrito, intensidade ++/+++ e móvel ao decúbito lateral esquerdo (Pachon). BIANCA ABREU- MD3 14 Ausculta do Precórdio Para a realização da ausculta é necessário que o examinador se posicione a direita do paciente, em um ambiente silencioso, posicionando o estetoscópio nos focos cardíacos. Os focos servem como pontos de referência semiológica, pois apresentam as informações mais pertinentes às respectivas valvas cardíacas. O paciente pode estar sentado, de pé, em decúbito dorsal, em decúbito lateral esquerdo (melhora a ausculta dos fenômenos da área mitral do coração). Ele pode estar sentado na beira do leito com o tórax inclinado para frente (melhora ausculta nos focos de base) Focos de ausculta • FOCO AÓRTICO: localiza-se no 2° EIC direito, justaesternal. • FOCO PULMONAR: localiza-se no 2º EIC esquerdo, justaesternal. • FOCO AÓRTICO ACESSÓRIO: localiza-se no 3º ou 4º EIC ligeiramente a esquerda, nas proximidades do esterno. Melhor compreensão dos fenômenos aórticos nessa área. • FOCO TRICÚSPIDE: localiza-se na base do apêndice xifóide, ligeiramente para a esquerda. • FOCO MITRAL: localiza-se no 5º EIC com a linha hemiclavicular, corresponde ao Ictus Cordis. Geralmente coincide com o mamilo. Antes de auscultar localiza o ictus cordis. Se este for visível, coloque o diafragma sobre o Ictus Cordis. Obs: os focos aórtico e pulmonar correspondem aos focos de base, enquanto que os focos tricúspide e mitral são focos de ápice. Bulhas Cardíacas PRIMEIRA BULHA (B1): corresponde ao fechamento das valvas mitral e tricúspide (atrioventriculares), o que marca o início da sístole ventricular, sendo mais intensa nos focos de ápice. O barulho de B1 pode ser representado pela onomatopeia “TUM”. SEGUNDA BULHA (B2): corresponde ao fechamento das valvas aórtica e pulmonar (semilunares), marcando o início da diástole ventricular, sendo mais audível em focos de base. Em condições fisiológicas, o componente aórtico precede o pulmonar. Durante a expiração, ambas as valvas se fecham sincronicamente, dando origem a um ruído único representado pela onomatopeia “TA”. BIANCA ABREU- MD3 15 Obs.: B1: fisiologicamente mais audível em focos mitral e tricúspide (focos de ápice ou ponta). B2: fisiologicamente mais audível em focos aórtico e pulmonar (focos de base). DESDOBRAMENTOS FISIOLÓGICOS DAS BULHAS • B1: crianças, em foco mitral por imaturidade da sincronia fisiológica da contração ventricular. (TLUM – TA) • B2: durante a inspiração por aumento da quantidade de sangue para o ventrículo direito e discreto retardo do fechamento da valva pulmonar (P2) em relação ao da valva aórtica (A2). (TUM – TLA) BIANCA ABREU- MD3 16 Depois da ausculta, define-se essas características: • Fonese das bulhas cardíacas (normofoéticas, hipofonéticas ou hiperfonéticas). • 2 tempos (b1 e b2, ou seja, primeira bulha e segunda bulha) ou 3 tempos (b3 ou b4, ou seja, terceira bulha ou quarta bulha). • Ritmo regular ou irregular. • Existência de: sopros, desdobramentos, clicks ou atrito pericárdico. • Frequência cardíaca: foco mais audível, em 60 segundos, normal (adulto) de 50 até 100 batimentos cardíacos por minuto (bpm). Descrição da ausculta NORMAL: bulhas cardíacas normofonéticas, rítmicas em 2 tempos, sem sopros, cliques ou estalidos e com frequência cardíaca de (exemplo) 65 bpm. Ausculta Patológica • Hiperfonese e hipofonese das bulhas cardíacas • Desdobramentos patológicos das bulhas cardíacas. • B3 (terceira bulha) ou b4 (quarta bulha). • Sopros (sistólicos, diastólicos e sisto-diastólicos ou contínuos). • Clicks (cliques)/estalidos. • Atrito pericárdico. Terceira bulha (b3) Se origina do impacto da corrente sanguínea na parede do ventrículo, durante a fase de enchimento ventricular rápido. É normal ser encontrada em crianças ou em adultos jovens, durante um quadro de febre ou após exercícios físicos. É patológica em casos de insuficiência cardíaca. Corresponde a um ruído protodiastólico (no inicio da diástole) e de baixa frequência, sendo bem mais audível no foco mitral, com o paciente em decúbito lateral esquerdo. Sua onomatopeia é o “TU” e a percepção do som é de 1x2 (galope ventricular). Quarta bulha (b4) É o som que ocorre em consequência do impacto do sangue impulsionado pela sístole atrial, contra o sangue pré-existente no interior do ventrículo, no final da diástole (telediastólica ou pré- sistolica). Quase sempre é patológica, exceto em raras casos em crianças, adultos jovens e atletas. Pode ser representada pela expressão “TU”. A percepção do som é de 2x1. Sopros BIANCA ABREU- MD3 17 É o som do turbilhonamento do fluxo sanguíneo, que deixa de ser um fluxo laminar devido a obstruções (parcial) do calibre vascular. Podem ser causados por estenose, aneurismas, placas etc. CAUSAS DE SOPRO • ESTENOSE VALVAR: dificuldade para abertura da valva. • INSUFICIÊNCIA VALVAR: distúrbio no fechamento da valva. Durante a sístole ventricular, fisiologicamente, as valvas atrioventriculares (mitral e tricúspide) devem estar fechadas e as valvas semilunares (aórtica e pulmonar) abertas. Quando na ausculta cardíaca identificamos um sopro de ápice, significa que as valvas atrioventriculares, que deveriam estar fechadas, não estão fechadas da maneira correta, dando origem a um sopro por insuficiência ou da valva mitral ou da tricúspide, dependendo do foco acometido. Se durante a sístole ventricular, auscultamos um sopro de base, isso implica que as valvas semilunares que deveriam estar abertas, não estão abrindo corretamente, produzindo um sopro por estenose ou da valva aórtica ou da pulmonar. Na diástole ventricular, as valvas atrioventriculares deveriam estar abertas e as valvas semilunares fechadas. Quando as valvas atrioventriculares não se encontram abertas de maneira correta, temos um sopro de ápice por estenose das atrioventriculares. No mesmo período do ciclo cardíaco, as valvas semilunares deveriam estar fechadas e quando se ausculta um sopro de base, significa que as valvas semilunares não estão fechadas de forma adequada, produzindo um sopro por insuficiência semilunar. Atrito pericárdico BIANCA ABREU- MD3 18 Ocorre na pericardite fibrinosa, quando os folhetos desta serose se tornam espessos e rugosos. É um ruído de alta frequência, áspero e raspante, que não mantem relação fixa com as bulhas, podendo ser ouvido tanto na sístole quanto na diástole ou até mesmo em todo o período do ciclo cardíaco, mascarando as bulhas. É mais audível entre o no foco mitral e na borda esternal esquerda e não irradia. Cliques e estalidos CLIQUE: é um ruído sistólico, abertura das valvas semilunares estenosadas. ESTALIDO: é um ruído diastólico, abertura valvas atrioventriculares estenosadas Eletrocardiograma É o registro da atividade elétrica do coração por meio de eletrodos colocados externamente aos cardiomiócitos. Os eletrodos intracelulares mostram os potenciais de ação. É importante lembrar que o impulso segue do pólo negativo para o pólo positivo, e que o potencial de repouso da célula é negativo. O eletrodo é um observador de cargas positivas. Se elas se aproximam, a deflexão (traçado) formada será positiva. DESPOLARIZAÇÃO → processo que faz com que a célula fique positiva dentro e negativa fora. Ou seja, há inversão da polaridade da célula pela entrada de cargas positivas, como o sódio. REPOLARIZAÇÃO → processo que faz com que a célula fique negativa dentro e positiva fora. Ondas ONDA P → despolarização atrial. É a união da despolarização de ambos os átrios, direito e esquerdo. Sua resultante é uma onda positiva. COMPLEXO QRS → REPRESENTA A DESPOLARIZAÇÃO DE TODA A MASSA VENTRICULAR. DEVE DURAR ATÉ 0,11 SEGUNDOS. ONDA Q → despolarização septal. Sua resultante é negativa, sendo a primeiradeflexão negativa do complexo QRS, acontecendo antes da onda R. Nem sempre está presente, mas, se estiver, não deve ultrapassar 3 mm de profundidade. Isto indica isquemia. ONDA R → despolarização das paredes livres. Sua resultante é positiva, sendo toda deflexão positiva do complexo QRS. Se houver mais de uma, chamamos de R’. ONDA S → despolarização das porções basais dos ventrículos. Sua resultante é negativa, sendo toda deflexão negativa que vem depois de R no complexo QRS. Se houver mais de uma, BIANCA ABREU- MD3 19 chamamos de S’. ESSA ORDEM DE DESPOLARIZAÇÃO (ATIVAÇÃO) FAZ COM QUE OS VENTRÍCULOS EJETEM O SANGUE PARA CIMA, OU SEJA, DO ÁPICE PARA A BASE. ONDA T → repolarização ventricular. Deve ser avaliada em todas as derivações, pois indica isquemia. Sua morfologia deve ser assimétrica e arredondada, com ascendente lenta e descendente rápida. Sua polaridade deve seguir a do complexo QRS, sendo obrigatoriamente positiva em D1, D2, V3, V4, V5 e V6. ONDA U → repolarização das fibras de Purkinje. Sua gênese é a diferença de potencial entre as musculaturas subendocárdica e subepicárdica, durante a fase de repolarização ventricular. Ela nem sempre estará presente no eletrocardiograma. É uma onda pequena, arredondada, com a mesma polaridade da onda T e com, no máximo, 10% de sua amplitude. Intervalos e segmentos • INTERVALO → envolve pelo menos uma onda. • SEGMENTO → não envolve onda. INTERVALO PR → mede a condução do impulso elétrico desde o nó sinoatrial até a parada fisiológica do nó atrivioventricular. Ou seja, vai desde o início da onda P até o início do complexo QRS. Duração: 0,12 a 0,20 segundos (3 a 5 quadrados pequenos). SEGMENTO ST → intervalo entre o fim da despolarização e início da repolarização ventricular. Assim como a onda T, deve ser avaliado em todas as derivações, pois indica isquemia. Vai desde o ponto J (final do complexo QRS) até o início da onda T. Deve estar no mesmo nível do segmento PR, que é a linha de base. Pequenos desnivelamentos de até 2 mV (2 quadrados pequenos de amplitude) são considerados normais. Se a diferença for maior que este valor, teremos supradesnivelamento ou infradesnivelamento. INTERVALO QT → representa toda a atividade elétrica dos ventrículos, ou seja, despolarização e repolarização. Vai desde o início de QRS até o final da onda T. Sua duração normal é de 0,30 a 0,44 segundos, mas pequenas variações podem ocorrer de acordo com a frequência cardíaca (dura mais se o ritmo cardíaco estiver diminuído e vice-versa) e sexo (é maior nas mulheres). Desnivelamentos Em relação ao segmento PR ou à linha de base, o segmento ST pode ter uma diferença maior que 2 mV (dois quadrados pequenos de altura) para cima ou para baixo, caracterizando um supra ou infradesnivelamento. INFRADESNIVELAMENTO → ponto J está deslocado para baixo. Indica isquemia subendocárdica. A depressão de ST ocorre porque o vetor resultante é direcionado à área interna que está comprometida, e à cavidade ventricular. BIANCA ABREU- MD3 20 SUPRADESNIVELAMENTO → ponto J está deslocado para cima. Indica isquemia transmural. A elevação de ST ocorre porque o vetor se dirige para fora Eletrodos e derivações Derivação eletrocardiográfica é a medida de diferença de potencial entre dois pontos diferentes. Eletrodos são os dispositivos que ligam o paciente ao eletrocardiógrafo. O eletrocardiograma padrão contém 12 derivações, obtidas a partir de 10 eletrodos: A partir dos eletrodos periféricos, obtemos 6 derivações do plano frontal. Ou seja, determinam se o estímulo elétrico segue para cima ou para baixo, para esquerda ou para direita. 3 derivações periféricas unipolares: aVR, aVL e aVF. Estas registram a diferença de potencial entre um ponto teórico no centro do triângulo de Einthoven (ponto nulo, com valor 0) e os eletrodos em cada extremidade. • aVR: potencial absoluto do braço direito, com vetor na direção de -150°. • aVL: potencial absoluto do braço esquerdo, com vetor na direção de -30°. • aVF: potencial absoluto do pé esquerdo, com vetor na direção de +90°. 3 derivações periféricas bipolares: DI, DII e DIII. Medem a diferença de potencial entre duas derivações unipolares. • DI: vai de aVR para aVL, com vetor na direção de 0°. • DII: vai de aVR para aVF, com vetor na direção de +60°. • DIII: vai de aVL para aVF, com vetor na direção de +120°. BIANCA ABREU- MD3 21 Eletrodos periféricos Eletrodos precordiais A partir dos eletrodos precordiais, obtemos as 6 derivações precordiais restantes, do plano horizontal. Elas informam se o impulso elétrico está seguindo para frente ou para trás. • V1: fica no 4º espaço intercostal, na linha justaesternal direita. • V2: fica no 4º espaço intercostal, na linha justaesternal esquerda. • V3: fica entre V2 e V4. • V4: fica no 5º espaço intercostal, na linha hemiclavicular esquerda. • V5: fica no 5º espaço intercostal, na linha axilar anterior. • V6: fica no 5º espaço intercostal, na linha axilar média BIANCA ABREU- MD3 22 Derivações contíguas As derivações se relacionam anatomicamente com as paredes do coração, e as derivações contíguas avaliam a mesma região do coração. Elas ajudam a decidir se uma alteração é fisiológica ou patológica. Se pelo menos duas derivações contíguas mostram a mesma alteração, consideramos uma patologia que deve ser descrita. Caso contrário, a alteração não será considerada patológica. • Parede septal: V1 e V2. Avaliam o ventrículo direito e o septo interventricular. • Parede anterior: V3 e V4. Avaliam a parede anterior do ventrículo esquerdo. • Parede lateral: V5, V6, DI e aVL. V5 e V6 avaliam a parede lateral baixa, e DI e aVL avaliam a parede lateral alta. • Parede inferior: DI, DII e aVF. Eixo cardíaco É o vetor resultante da despolarização dos ventrículos. Para calcular o eixo, é preciso analisar a polaridade do complexo QRS nas derivações DI e aVF. Deve-se contar a resultante em cada uma destas derivações, e depois fazer o cruzamento das linhas na rosa dos ventos: • O valor normal a ser encontrado deve ser entre -30° e +90°. • Valores entre -30° e -90° são chamados desvios à esquerda. • Valores entre +90° e +180° são chamados desvios à direita. Todos sabemos que existem dois tipos de potenciais na célula miocárdica: o potencial de repouso e o de ação. Cada potencial de ação determina um vetor, isto é, uma forma de caracterização gráfica em que temos sentido, direção e tamanho determinados. A cada momento da despolarização da fibra miocárdica, é possível representar um vetor. Quando somamos todos os vetores decorrentes da despolarização completa do miocárdio, conseguimos determinar o vetor resultante, ou vetor médio, o que então chamamos de eixo cardíaco. BIANCA ABREU- MD3 23 Quando analisamos o eixo cardíaco do complexo QRS, estamos na verdade analisando a polaridade resultante da despolarização ventricular. Cada quadradinho contado para cima é igual a 0,1mV positivo e cada quadradinho contado para baixo é igual a 0,1mV negativo. Ex: Se obtivermos 6 quadradinho para cima e 2 para baixo teremos uma resultante do potencial elétrico de 4 quadradinhos ou 0,4 milivolts. Esse resultado será usado para definir se uma derivação está positiva ou negativa e representar na imagem abaixo com um vetor. COMO CALCULAR: A forma simples de calcular o eixo é identificando uma derivação que está isodifásica (não é nem positiva e nem negativa) e verificamos se a derivação perpendicular a ela está positiva ou negativa. Ora, se a derivação isodifásica não apresenta um vetor, a resultante do eixo será o vetor da derivação perpendicular a ela. Exemplo: Abaixo está demonstrado que a derivação aVR está isodifásica, e quando verificamos a derivação perpendicular a ela (DII) notamos que está positiva. Logo, o vetor resultante do eixo cardíaconesse ECG estará voltado para a derivação DII como ilustrado na 3 etapa da imagem pela seta em Azul. A segunda forma de calcular o eixo é mais complexa, entretanto com uma melhor precisão. Iremos analisar a polaridade (positiva ou negativa) do complexo QRS em derivações perpendiculares entre si. Por estarem no intervalo de normalidade (entre -30º e +90º) as derivações mais usadas são DI e aVF, sendo assim é necessário desenhar o cruzamento das duas linhas que representam cada derivação: DI (na horizontal em 0º) e aVF (na vertical em +90º). BIANCA ABREU- MD3 24 Em seguida, deve-se contar a resultante de quadradinhos, subtraindo a quantidade de quadradinhos negativos(para baixo) do número de quadradinhos positivos (para cima), se a maioria for positivo, naquela derivação (seja DI ou aVF) o vetor estará positivo para aquela derivação, e o contrário se a maioria for negativo o vetor estará negativo. O encontro dos dois pontos marcados em cada linha indicará onde será a direção do eixo (para onde a seta aponta). Nas imagens, DI tem aproximadamente 10 quadradinhos para cima e nenhum para baixo, resultando em 1mV ou 10 quadradinhos positivos. Já aVF tem aproximadamente (pode-se fazer arredondamentos para facilitar as somas) 6 quadradinhos para cima e 3 para baixo totalizando 3 quadradinhos positivos ou 0,3mV. Como DI está mais positivo, o vetor resultante estará mais próximo de DI, aproximadamente em +30°. BIANCA ABREU- MD3 25 Obs.: Algumas condições podem causar desvio do eixo para a esquerda, como gravidez (causa fisiológica: retificação do diafragma causa horizontalização do coração), obesidade (causa patológica), hipertensão arterial (causa patológica). O próprio biotipo influencia, pois pessoas brevilíneas geralmente apresentam o coração um pouco “deitado” (eixo mais próximo de DI), enquanto pessoas longilíneas apresentam o coração mais “em pé” (eixo mais próximo de aVF). Interpretação do ECG Ritmo O ritmo fisiológico é sinusal, ou seja, o impulso elétrico é iniciado no nó sinoatrial. Para afirmar que o ritmo é sinusal, a onda P deve obedecer a 3 critérios: • Preceder o complexo QRS em todas as derivações; • Ser positiva em DI, DII e aVF ou ser positiva em DI e V6, e negativa em aVR; BIANCA ABREU- MD3 26 • Ser simétrica. Frequência cardíaca Valor normal: entre 50 e 100 bpm. Para calcular, dividimos 1500 pelo número de quadrados pequenos entre duas ondas R consecutivas. Lembrando: 1500 é proveniente da multiplicação de 25 (25 mm/s é a velocidade do papel milimetrado do ECG) por 60 (60 segundos para completar 1 minuto). Segmento ST Deve ser avaliado em todas as derivações. Se houver supra ou infradesnivelamento em uma derivação, imediatamente avaliar a derivação contígua. Se pelo menos duas mostrarem a mesma coisa, devemos descrever. Lembrar que infradesnivelamento significa isquemia subendocárdica e supradesnivelamento significa isquemia transmural. Ex.: um supradesnivelamento observado em V4, V5 e V6 será descrito como isquemia transmural de parede lateral (lateral baixa, mais especificamente). Onda T Deve ser avaliada em todas as derivações quanto a: • Morfologia: assimétrica, com ascendente lenta e descendente rápida. • Polaridade: deve seguir a polaridade de QRS, sendo obrigatoriamente positiva em DI, DII, V3, V4, V5 e V6. Intervalo PR Avaliar duração: contar o número de quadrados pequenos desde o início da onda P até o início do complexo QRS, e multiplicar o resultado por 0,04 (duração de um quadrado pequeno). O valor normal está entre 0,12 e 0,20 segundos. Intervalo QT Avaliar duração: contar o número de quadrados pequenos desde o início do complexo QRS até o fim da onda T, e multiplicar o resultado por 0,04. O valor normal está entre 0,30 e 0,44 segundos. Eixo cardíaco Avaliar a polaridade do complexo QRS em DI e aVF, e depois cruzar os valores. Valor normal para o eixo: entre -30° e +90°.
Compartilhar