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Ética à Nicômacos: Conceitos de Justiça

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
DIREITO
VICTORIA JUNQUEIRA NETTO DENUNCI
RELATÓRIO DE LEITURA:
Ética à Nicômacos - Livro V
SÃO PAULO
2021
O Livro V da obra Ética à Nicômacos de Aristóteles aborda em onze capítulos o
conceito de Justiça. No primeiro capítulo o autor trata de ponderar as noções de Justiça
e Injustiça; onde o mesmo conceitualiza a primeira como “aquela disposição de caráter
que torna as pessoas propensas a fazer o que é justo, que as faz agir justamente e
desejar o que é justo”. Desta forma, a injustiça para Aristóteles seria “ a disposição que
as leva a agir injustamente e a desejar o que é injusto”. Sendo assim, vemos que a
justiça é o modo de agir em sociedade, onde o justo é aquele bom cidadão, o qual
respeita as leis; e por consequência o injusto é o “homem sem lei”. Conclui-se portanto
que a Justiça não é somente parte da virtude, mas uma virtude completa pois quem
exerce não faz somente a si mesmo mas também ao próximo. Da mesma maneira que
a Injustiça seria um vício inteiro.
No capítulo subsequente, Aristóteles discute as diferenças de Justiça e Injustiça
no sentido lato e no sentido particular. Nem toda injustiça é igual, em sentido particular
se refere ao ato que visa o lucro e a ganância, é ser injusto. Conforme elucida o autor,
“pois tudo que é ímprobo é ilegítimo, mas nem tudo que é ilegítimo é ímprobo”. O
mesmo acontece com a noção de Justiça, onde, em sentido particular, divide-se de
duas formas:
I. Na distribuição de honras e de dinheiro;
II. A que exerce papel corretivo nas transações entre indivíduos, subdividida
em:
a. Voluntárias: compras, vendas e empréstimos, por exemplo;
b. Involuntárias: furto, adultério, insultos, por exemplo.
Em seguida, no capítulo terceiro, Aristóteles trata de explicar a chamada Justiça
Distributiva. Conforme observado nos capítulos anteriores, a Justiça se faz na forma do
justo, o qual, segundo o autor, “deve ser ao mesmo tempo intermediário, igual e
relativo”. Em outras palavras, a Justiça se dá na busca pelo meio termo, na distribuição
igualitária; caso contrário há ocorrências de queixas e disputas. No entanto, Aristóteles
se aprofunda ainda mais no que tange à proporcionalidade da igualdade, e neste ponto
encontra-se a questão do mérito. Isto se dá devido a relações de desigualdade que
encontramos nas relações humanas, ou seja, na vida em sociedade; e onde o injusto
seria aquele que não respeita tal proporção.
No quarto capítulo, é analisado o conceito de Justiça Corretiva, a qual trata de
encontrar a igualdade no “intermediário entre a perda e o ganho”. Sendo a perda uma
espécie de injustiça, ou desigualdade, caberá ao juiz corrigi-la por meio da pena,
“tomando uma parte do ganho do acusado”. Aristóteles afirma que a justiça neste caso
deverá ser aplicada de acordo com uma proporção aritmética, onde o juiz, através das
leis, irá trabalhar para que a parte a qual sofreu a perda seja devidamente
recompensada.
Continuando a leitura, o capítulo cinco discorre acerca da Reciprocidade, a qual
não se enquadra nem na Justiça Corretiva ou Distributiva. Aristóteles defende que a
reciprocidade deve ser proporcional, e não exatamente igual conforme defendem os
discípulos de Pitágoras quando descrevem a justiça. Para ilustrar o conceito,
Aristóteles utiliza o exemplo de uma relação de troca entre um arquiteto e um
sapateiro, caso haja igualdade proporcional entre os bens a troca é concluída em
reciprocidade. Porém o trabalho de um, como no caso, poderá ser superior ao da outra
parte envolvida; sendo assim a troca não seria efetuada pois não seria justa. Portanto,
faz-se necessário o dinheiro para que ocorra a troca; uma vez que este agirá como
medida para tornar bens comensuráveis. A justiça ocorre quando há a troca “igual de
acordo com a proporção”, enquanto que injustiça seria ter demasiadamente pouco ou
muito na relação de troca.
Já o capítulo seis, nos é apresentado o conceito de Justiça Política:
Esta é encontrada entre homens que vivem em comum tendo em vista a
auto-suficiência, homens que são livres e iguais, quer
proporcionalmente, quer aritmeticamente, de modo que entre os que não
preenchem esta condição não existe justiça política, mas justiça num
sentido especial e por analogia (ARISTÓTELES, p. 69).
Aristóteles traz a ideia de que todos os homens, vivendo em sociedade, são
iguais perante a lei. E somente nestas condições é que encontraremos justiça, pois é
este sistema legal que aponta exatamente quais são as noções de justo e injusto. Além
disso, tal sistema é regido através da figura do magistrado no papel de protetor da
justiça. O qual deve exercer sua função em busca de honra e privilégio, pois “aqueles
que não se contentam com essas coisas tornam-se tiranos''.
No capítulo sete, Aristóteles se aprofunda ainda mais nas dinâmicas da Justiça
Política, diferenciando a mesma entre a justiça natural, a qual é imutável e universal a
todos os homens; e a justiça legal, é aquela criada para dar ordem a sociedade dos
homens através do estabelecimento de leis. O autor ainda ilustra:
Há uma diferença entre o ato de injustiça e o que é injusto, assim como
entre o ato de justiça e o que é justo. Como efeito, uma coisa é injusta
por natureza ou por lei; e essa mesma coisa, depois que alguém a faz; é
um ato de injustiça; antes disso, porém, é apenas injusta
(ARISTÓTELES, p. 73).
Aqui podemos traçar um paralelo entre a ética propriamente dita e a definição
material de crime, a qual argumenta que crime é todo fato humano que lesa um bem
tutelado; ou seja, não há crime são a efetiva ação do homem.
No capítulo oito, Aristóteles a escala gradativa das ações errôneas praticadas
pelos homens, as quais podem ser voluntárias, que é “tudo aquilo que um homem tem
o poder de fazer e que faz com conhecimento de causa”; e involuntário que é feito na
ignorância ou sem conhecimento de causa. E esta voluntariedade ou involuntariedade
é que fará com que o ato seja considerado desculpável ou indesculpável. Criando
assim relação com o conceito formal de crime, onde todos devem tratar-se de fato
típico, ilícito e culpável. E essa gradativa escala de atos é o que podemos chamar de
conduta e dolo.
Os conceitos de voluntariedade e involuntariedade são aprofundados com maior
afinco no capítulo nove, onde Aristóteles filosofa se todo injustiçado ocorre de um ato
involuntário. Concluindo-se que o homem é capaz de ser voluntariamente prejudicado
por si mesmo; mas que isto não significa ser injustamente tratado pois isto não faz
parte da concepção da natureza humana. O autor finaliza o capítulo dizendo que “a
justiça é algo essencialmente humano”.
No capítulo onze, Aristóteles se dispõe em desenvolver a noção de Equidade
perante a justiça legal. Ele verifica que as leis são universais, porém durante as
relações humanas surgem os casos de particularidades onde a lei, sendo universal,
não resultaria em ato justo. Nestes casos, Aristóteles defende que devemos utilizar a
equidade para que a justiça seja feita; na figura por exemplo de um juiz que utilizará
seu caráter de imparcialidade.
Por fim, no capítulo onze, Aristóteles conclui o Livro V da Ética à Nicômacos
discorrendo acerca da possibilidade do homem agir injustamente consigo mesmo. O
justo e injusto aflui geralmente em uma relação entre mais de uma pessoa. No entanto,
a justiça para si acontece na relação entre duas partes: a racional, ou alma, e a
irracional. Sendo assim, seria possível pensar que o homem é injusto consigo quando
tal dicotomia age contrário aos desejos.
Referência Bibliográficas:
LIVRO V. In: ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. 1. ed. LeBooks, 2019. cap. 5.
(Coleção Filosofia). Disponível em:
https://books.google.com.br/books?id=CfidDwAAQBAJ&pg=PT120&lpg=PT120&dq=Na
+a%C3%A7%C3%A3o+injusta,+ter+demasiado+pouco+%C3%A9+ser+v%C3%ADtima
+da+injusti%C3%A7a,+e+ter+demais+%C3%A9agir+injustamente&source=bl&ots=aih2
YnidHS&sig=ACfU3U06HeddQI7oNCVQ_NkmljwkW_cygg&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahU
KEwikz-nnv4bvAhUgJrkGHWsGDJ0Q6AEwAHoECAIQAw#v=onepage&q&f=false.Acesso em: 25 fev. 2021.

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